segunda-feira, 30 de junho de 2008

Lendo A Montanha Mágica - Thomas Mann



Refeição Cultural

Estou lendo este ano o grosso livro de Thomas Mann. Aliás, estou no ritmo em que ele comenta sobre narrar a história do jovem:

"Não será, portanto, num abrir e fechar de olhos que o narrador terminará a história de Hans Castorp. Não lhe bastarão para isso os sete dias de uma semana, nem tampouco sete meses. Melhor será que ele desista de computar o tempo que decorrerá sobre a Terra, enquanto esta tarefa o mantiver enredado. Decerto não chegará - Deus me livre - a sete anos."

Meu! O livro é fantástico!

Li o episódio "Pesquisas" do capítulo cinco. Fala sobre ciência, sobre a evolução. Questiona o que é a vida. Mesmo estando eu quase um século depois da reflexão e dos dados científicos de então, são fascinantes as elucubrações a respeito.

Sigo viajando nesta montanha...



Post Scriptum:

Terminei a leitura do livro em 09/1/10 (com arrepios no corpo).

domingo, 29 de junho de 2008

Sigo correndo... caminhando... refletindo...



As conchas do caminho.

Corrida de domingo.

O que dá prazer na vida? Fazer aquilo que se gosta é uma das respostas. Sem dúvida!

Adoro praticar esporte. Infelizmente tenho muito pouco tempo para praticá-lo e não o priorizo. Minhas últimas semanas foram muito cansativas por causa dos trabalhos de conclusão de disciplinas do semestre na faculdade, e também pela eleição em meu sindicato, e por meu trabalho na Contraf-CUT.

Andei cerca de 7 km em 70 minutos e corri 5 km em 31'30" e já fazia tempo que não corria esse percurso.

Bom, considero que hoje comecei meu treinamento físico para fazer minha caminhada em Minas Gerais, em agosto (85 km). Também comecei minha preparação para correr uma ou duas provas no segundo semestre (talvez a da AABB e mais uma de 10k). Além disso, pretendo correr pela segunda vez a São Silvestre. Quero fazer os 15 km em um tempo melhor que o do ano passado.

Vale lembrar que adiei minha ida para o Caminho de Santiago de Compostela este ano por comprometimento com o meu Sindicato, minha militância sindical e por minha faculdade. Mas sigo já fazendo o caminho, pois pretendo embarcar para a Espanha por volta de maio de 2009.

Sigo procurando, sigo refletindo sobre o que vale a pena na vida, refletindo sobre a minha vida... caminhando...

sábado, 21 de junho de 2008

Caminhos anteriores à Santiago



As conchas do caminho.

Minha chegada a solo Espanhol ainda demora.

Enquanto isso, tenho que seguir caminhando.

Em agosto, farei novamente minha caminhada de Uberlândia (MG) até a cidade de Água Suja (MG). São cerca de 85 km, feitos em um único dia.

Enquanto caminhamos, vamos escolhendo veredas que surgem a nossa frente. Muitas vezes nos deixamos levar por elas sem sabermos aonde vão dar. A vida é exatamente isto: escolha de trilhas a todo instante que podem dar aonde pensamos ou podem, ao contrário, nos levar ao oposto daquilo que mentalizamos.

Onde estarei daqui a pouco? A lógica da aparente estabilidade reconfortante que o bicho homem criou com o advento das cidades diz que estarei em casa para cumprir a rotina de minha existência já estabelecida como ator social. Será?

Não é tão simples assim. Por mais que isso assuste as pessoas em seus pseudo-mundos-estáveis-e-seguros, podemos encontrar o imponderável a qualquer minuto.

- Que bom que é assim!

Ao menos podemos lembrar, vez por outra, que somos mamíferos mortais e efêmeros.

Essa lembrança também é dialética porque tanto pode nos fazer egoístas para vivermos o carpe diem, a custo de não pensar ou lembrar do próximo, como também pode nos dar a sabedoria e discernimento de sabermos que todos são iguais dentro das leis naturais e caóticas que regem o mundo.

É... vamos caminhando...

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Artigo: Pra que serve o Banco do Brasil?


Secretário de Imprensa
 entre 2006/09.
Por William Mendes*

Quem deve responder a essa pergunta é o funcionário e a sociedade porque se depender do Conselho de Administração e do Conselho Diretor do Banco e, consequentemente, do governo federal, não serve pra nada mais a não ser encher o bolso das empresas privadas que usam a estrutura do Banco (como a Brasilcap, Brasilveículos, Brasilprev e outras do gênero), além de gerar superávit primário a custo de fraude trabalhista e exploração dos funcionários e clientes com taxas e tarifas escorchantes.

Devemos refletir sobre o papel do Banco do Brasil porque a cada 4 anos entra o debate das eleições majoritárias e naturalmente vem a discussão de privatizar ou não o que ainda resta de coisa pública ou estatal.

Quando faço reuniões com os colegas em agências e departamentos levanto a questão porque ela é decisiva para o corpo funcional:

- O Banco do Brasil deve transformar suas agências em lojinhas de venda de Ourocap, Brasilprev, Seguros, CDC crédito consignado a taxas de 1,75 a 3,10% ao mês para extorquir a população, e metas e metas e metas de cheque especial, cartão de crédito dentre outros "produtos"?

Ou 

- O Banco do Brasil deve ter agências com estrutura adequada para cada região com o intuito de ter bons profissionais recebendo bons salários - pisos maiores, adicionais de função adequados ao cargo e um plano de carreira, cargos e salários que lhes permitam pensar no futuro profissional?


- Deve ser um banco que atenda à sociedade não só em suas demandas diárias de pagamentos de contas, empréstimos pessoais e cartões, MAS SOBRETUDO, que ofereça crédito para projetos regionais (DRS), Proger e Finame a profissionais liberais e empresas que queiram expandir seus negócios a taxas de longo prazo competitivas?

Ou

- O BB deve concorrer com a Caixa Federal no crédito imobiliário ou ser o banco financiador da agricultura familiar para que o país consiga conter os riscos inflacionários puxados pelo preço dos alimentos e das commodities?


Estamos em campanha desde o início do ano por melhores condições de trabalho, mais contratações, volta do pagamento das substituições e menos metas e fim do assédio moral. No entanto, apesar da autorização do Dest na possibilidade de ter mais 2500 funcionários no teto nacional e de conseguirmos que o Banco chame algumas centenas de aprovados de 2006 em Brasília e São Paulo, o BB anuncia que seguirá reestruturando e copiando o que há de pior no mercado bancário.

O Conselho Diretor anunciou esta semana que vai aumentar a centralização dos serviços no CSO, pois diz que testou em São Paulo, Belo Horizonte e Natal e que isso melhora as condições de trabalho (!!). O BB está brincando com a inteligência das pessoas?

É chegada a hora de cada funcionário refletir se deve participar da luta para mudar os rumos do Banco ou deixar que caminhemos para uma futura privatização.

Quem vai a uma agência do BB e vê durante 30 minutos o descaso e humilhação por que passa um cidadão quando quer ou precisa utilizar o Banco, sabe que o governo e a atual diretoria estão criando uma bronca, um ranço contra nós como ocorreu na década de 90 quando havia uma estratégia de sermos odiados por todos para sermos privatizados.

Da parte do funcionalismo, o que percebemos ao conversar com nossos colegas é um desânimo total. NINGUÉM AGUENTA MAIS tanto assédio e pressão, tanto abuso como, por exemplo, trabalhar e não receber pela função exercida ou hora-extra realizada.

Quando superintendentes como o sujeito da SPI tira de sua imaginação brilhante que os gerentes de contas vendam R$ 50 mil em 8 dias úteis de BB Crédito Veículo, alegando que quem não cumprir tem que escrever dizendo o porquê, será que alguém lembra que a Brasilveículos é só 40% do Banco do Brasil e que o restante é de empresas privadas como a Sul América Seguros?

Volto a insistir com meus colegas que é preciso que os comissionados se envolvam nessa luta dos sindicatos contra os abusos e desgoverno deste Banco do Brasil 200 anos. A gerência média é linha de frente do Banco e com a mobilização de todos - escriturários, caixas, gerência média de varejo e atacado -, podemos chamar a atenção do Governo Federal para ver que seu maior banco estatal está tomando um rumo sem volta no sentido de não servir pra nada à sociedade brasileira.

Bancário do BB, discuta com seus colegas e seu sindicato da necessidade de fazer uma forte mobilização no próximo dia 25/06, dia de luta no BB.

Banco do Brasil 200 anos - terceirizado, fraudulento, sem papel social e que expulsa o cidadão de suas dependências... Fica a velha pergunta da música: "POIS É, PRA QUÊ?

* William Mendes é secretário de Imprensa da Contraf/CUT (2006/09) e funcionário do Banco do Brasil

Fonte: Contraf-CUT

domingo, 8 de junho de 2008

Crônica: O filho é o pai do homem II (2008)


Meu querido pai.
O filho é o pai do homem.
"Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança...


(Poema: Os ombros suportam o mundo. Carlos Drummond de Andrade - in: Sentimento do mundo)


A minha transformação em pai foi uma das coisas mais custosas da vida. Nunca havia pensado nisso. É o peso do mundo em suas mãos.

Acho que sempre fui de coração empedernido, apesar de um quê de bondade herdado de minha mãe, além de minha criação cristã.

Tenho me esforçado nesses onze anos para estar nos momentos marcantes da vida de meu filho. Reflito o quanto isso balizará suas ações no amanhã e deixará marcas no homem que será para todos ao seu redor e para o mundo.

Seria hipocrisia se dissesse que não é um sacrifício muitas vezes estar presente nesses momentos. Mas a vida e as recompensas são feitas de sacrifícios.

O que doo para meu filho não é a mensalidade da escola ou os demais custos de se criar uma criança.

O que doo ao meu filho é a massagem que ele pede antes de dormir. Esse tato é um toque de amor (do meu jeito).

O que doo ao meu filho é estar na sua mudança de faixa de judô. É levantar cedo para ir a uma apresentação em sua escola. É prestar atenção no que ele fala de vez em quando, pois as crianças falam tanto e a gente nunca escuta.

Quando reflito sobre o filho ser o pai do homem penso muito em meu pai. Nossa relação foi muito dura. Os tempos eram outros (apesar das relações entre pais e filhos serem milenares).

Não nos compreendemos durante grande parte de minha vida. E meu pai é uma pessoa extraordinária. Me passou o que tenho de melhor no sentido de buscar o que acho justo. Brigar para mudar o mundo é o que herdei de meu pai.

Mas minha relação com meu pai não foi de tato. Foi de distância.

Superei isso no dia que lhe dei um beijo. Já ia para meus quase 30 anos. (Nunca esqueci a imagem do filho recruta de meu professor na Faculdade de Educação Física dando-lhe um beijo na frente de uns 40 alunos para esperá-lo terminar a aula. Ao bater à porta da sala, o professor havia lhe dito que entrasse e aguardasse para irem embora juntos)

Creio que esse negócio de pais e filhos é uma coisa de doação. De quebrar barreiras. De mudanças diárias. De novos homens a cada instante - os de ontem e os de amanhã.

O filho é o pai do homem...

William Mendes


COMENTÁRIO 1º/12/12: me emocionei muito relendo hoje as duas crônicas sobre pais e filhos. 

sábado, 7 de junho de 2008

Crônica: O filho é o pai do homem (2008)


Filhão com troféu do judô.
Acordar cedo no sábado não é uma coisa que gosto muito. Ainda mais quando se vai dormir depois das duas da manhã.

Para complicar, teria que fazer meus trabalhos de escola que deveriam ser entregues dias depois.

Alguns momentos na vida devem contar com um esforço extra, sob risco de arrependimento futuro, caso não se faça aquilo que deveria ser feito.

Sábado foi o dia do primeiro campeonato de judô que meu filho participou - uma espécie de festa-apresentação com combates entre dezenas de judocas de várias idades.

Essas atividades de nossos filhos são cansativas, mas compensadoras.

Depois de acordar às oito, ficar na quadra sentado no chão frio e aguardar 3 horas até a hora dos combates do filho, finalmente o moleque entrou para a primeira luta. Foi contra uma garota, pois meninos e meninas lutam juntos. O filhão venceu imobilizando a adversária. A carinha dele nos procurando na arquibancada foi inesquecível.

Mais um tempo e ele vai lutar novamente. O adversário é um menino de doze anos, muito maior que ele. Fiquei gritando para ele derrubar o moleque ao invés de tentar imobilizar alguém maior que ele. (era um tal de pai ou mãe gritando daqui e dali...)

E não é que o moleque venceu de novo!

A carinha dele era uma coisa de louco. Ele não se cabia.

Valeu a pena!

Meu filho tem 11 anos e tenho tentado estar em todos esses eventos de sua infância que não voltarão mais. É provável que serão flashes de suas lembranças daqui a muitos anos. É agora que construímos nossas memórias saudosas que tanto nos fariam falta, caso não existissem. (pensem nessas cenas de filmes e novelas do pai que nunca chega na hora em que o filho vai participar de um evento)

"O filho é o pai do homem"

William Mendes


COMENTÁRIO em 1º/12/12: Hoje me deu vontade de reler as duas crônicas que fiz sobre momentos de pais e filhos. Me emocionei!


Post Scriptum (9/08/15):

Ao reler, fiz uma consulta sobre ter crase ou não a frase "valer a pena". Sempre tive dúvidas ao escrever. Segundo o site que consultei, o verbo "valer" é transitivo direto e, sendo assim, não tem necessidade de preposição "a". Ou seja, a frase não tem o "a" com crase.