domingo, 19 de julho de 2009

Formação Econômica do Brasil, Celso Furtado




E como a formação econômica do Brasil tem relação profunda com a expansão comercial europeia, notadamente neste caso, da portuguesa, iniciemos com Luís de Camões e o poema Os Lusíadas:


CANTO PRIMEIRO

19

Já no largo Oceano navegavam,
As inquietas ondas apartando;
Os ventos brandamente respiravam,
Das naus as velas côncavas inchando;
Da branca escuma os mares se mostravam
Cobertos, onde as proas vão cortando
As marítimas águas consagradas,
Que do gado de Proteu são cortadas,

20

Quando os Deuses no Olimpo luminoso,
Onde o governo está da humana gente,
Se ajuntam em concílio glorioso,
Sobre as cousas futuras do Oriente.
Pisando o cristalino Céu fermoso,
Vêm pela Via Láctea juntamente,
Convocados da parte do Tonante,
Pelo neto gentil do velho Atlante.


PRIMEIRA PARTE

Fundamentos econômicos da ocupação territorial

III. Razões do monopólio

Este capítulo é relativamente curto e basicamente nos apresenta um "curta metragem" do ocorrido na Espanha na época.

Enquanto vimos que Portugal precisou pensar uma forma de manter a posse das terras da América, trazendo para cá uma produção agrícola de cana-de-açúcar com a maior parte da mão de obra de escravos africanos, a Espanha optou por seguir com a exploração de metais, principalmente o ouro, e basicamente com a mão de obra dos povos da América.

As consequências econômicas vieram naturalmente para a Espanha. A fartura de metais preciosos levou a uma forte inflação, que piorou com o fato de a produção local ser deixada de lado em nome das importações dos produtos de outros países - que cresciam com isso - e a Espanha viveu a lua de mel do ouro da América para depois cair na lua de fel da falta de investimento na produção interna do país.

"Esse afluxo de metais preciosos alcançou enormes proporções relativas e provocou profundas transformações estruturais na economia espanhola (...) Sendo a Espanha o centro de uma inflação que chegou a propagar-se por toda a Europa."

COMENTÁRIO POSTERIOR DO BLOG: 

Alguém se lembrou de comparar os 2 últimos partidos que presidiram o Brasil entre 1995-2002, PSDB/DEM, e entre 2003-2010, PT/PCdoB? No (des)governo dos demotucanos, o Brasil era uma Espanha-Metrópole que quebrou a produção interna do país e no governo do PT de Lula da Silva, o Brasil se transformou num país com crescimento interno e que negocia com diversos países do mundo e não somente como país dependente de comércio com EUA e Europa.


VOLTANDO AO TEXTO DA POSTAGEM

Isso influenciou por 3 séculos tanto o desenvolvimento socioeconômico da Espanha quanto o de suas colônias na América. Esta, demorou sobremaneira para sair das culturas de subsistência. Aquela, caiu no atraso econômico em relação aos demais países da Europa.

Celso Furtado nos diz que caso a Espanha tivesse aproveitado melhor algumas condições existentes - como as terras de melhor qualidade para produzir o açúcar, terras da América Central mais próximas da Europa e a mão de obra nativa mais apropriada ao plantio - Portugal teria muita dificuldade de se estabelecer como ocorreu.


CONCLUSÃO DE FURTADO

"Cabe, portanto, admitir que um dos fatores do êxito da empresa colonizadora agrícola portuguesa foi a decadência mesma da economia espanhola, a qual se deveu principalmente a descoberta precoce dos metais preciosos"


COMENTÁRIO FINAL: da outra vez que li esse capítulo fiz a seguinte observação: "Várias casualidades resultaram em sermos brasileiros-portugueses e não brasileiros-espanhóis".


Bibliografia:

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. In: Grandes Nomes do Pensamento Brasileiro. Publifolha 2000.

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