terça-feira, 31 de dezembro de 2013

89ª São Silvestre - Feliz por completar minha 6ª participação



Pois é!

Finalizei o ano calendário de 2013 participando da 89ª Corrida de São Silvestre. Esta foi a minha 6ª participação nas últimas 7 corridas desde 2007. Fiz os 15 km em 1 hora e 50 minutos. Estou muito contente por mais esta participação e por ter corrido tudo bem.

Fui reler em meu blog sobre as participações anteriores e todas elas tiveram a sua história.

Para uma comparação rápida, minha primeira São Silvestre (2007) foi feita em 1 hora e 55 minutos. Eu tinha 38 anos. Meu melhor tempo foi em 2010 com 1 hora e 37 minutos (41 anos).

Em 2009, corri algumas semanas depois da morte de minha tia Alice e estava muito deprimido (corri inspirado pelo personagem Forrest Gump, que saiu correndo para queimar algumas tristezas). 

Em 2011 não me inscrevi por protesto por mudarem a chegada da prova, jogando os corredores para o Ibirapuera.

No ano passado, tive uma inflamação na planta do pé uma semana antes da prova e, apesar da frustração naqueles dias, comprei um tênis novo, fui para Av. Paulista disposto ao menos a caminhar e corri a prova inteira em 1 hora e 55 minutos.

Neste ano, já com 44 anos de idade, juro que os sinais de meu corpo eram de que eu não conseguiria completar a prova. Estou sem condições físicas. Estou perdendo musculatura por falta de treinamento de manutenção muscular e a seguir assim em minha vida...


A CORRIDA

Acordei cedo e fui para a Av. Paulista. Passei na Regional Paulista do nosso Sindicato e cumprimentei o pessoal - já virou uma tradição abrir o Sindicato para os corredores.

Entrei em um estado de concentração total e fui para o meio da multidão de mais de 30 mil pessoas. Só levei uma bebida isotônica para os momentos de prováveis necessidades de hidratação. Eu venho com dores constantes nos tendões de aquiles e também estava sentindo um pouco o adutor da coxa direita.

Só consegui passar pela largada após 20 minutos da partida. A cada ano tem mais gente inscrita na prova, pois além dos 27,5 mil inscritos deve haver mais alguns milhares sem inscrição.

Concentração total. Minha intenção era de fazer um trote de cerca de 7' a 7' e 1/2 o Km. Passei pelo 1º km nos 7'. Passei o 2º, 3º, 4º e 5º km. Estava tranquilo. Inclusive desci correndo aquela parte terrível do começo do Pacaembu. Fiz nos 35' previstos a primeira terça parte da prova.

O calor apertou. Já estava fazendo 27º. Mentalizei bastante porque previ que dos 5 aos 10 Km seria difícil. Me concentrei tanto que não vi passar o 6º km, passei pelo 7º com 47' e não vi nem o 8º nem o 9º. Cheguei ao km 10 com 1 hora e 10 minutos. Neste ano, não tenho sequer lembranças das pessoas fantasiadas ao meu redor, de tanto que me concentrei.

Durante esta 2ª parte da corrida comecei a sentir início de cãibras na parte posterior da coxa esquerda. Apareceu uma barraca salvadora com bebida isotônica bem gelada. Alguns minutos após ingerir a bebida, passou a fisgada na coxa e pude retomar o trote.

A 3ª parte da prova já foi a dureza de sempre. Passei perto da Contraf-CUT (na R. Líbero Badaró, depois do Viaduto do Chá) no km 12 com um calor imenso no corpo.

Começo da subida da Brigadeiro... Energia total para terminar os quilômetros finais. Já estava emocionado porque já sentia que tudo iria dar certo e logo mais estaria virando a esquina da Av. Paulista lá no fim da ladeira infinita.

O último quilômetro foi de arrepios no corpo todo e emoção só sentida por quem pratica corridas de rua.

Não sei se é exagero dizer isso em relação aos outros anos porque todos foram difíceis, mas a felicidade do trote final e cruzar a linha de chegada foi muito grande. Sugiro a experiência a todas as pessoas.

Consegui completar minha 6ª corrida de São Silvestre. Estou bem. Não fiquei arrebentado. Tenho muita lenha pra queimar ainda!

Mais uma vez, termino um ano em que minha romaria em MG (80 km) foi perfeita, não me arrebentei e rolou tudo bem hoje na corrida de fim de ano.

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Tenho tanta coisa pra decidir sobre as possibilidades de foco e desafios em 2014, mas tenho a certeza de que continuo sendo uma pessoa muito obstinada e com gana em tudo que me disponho a fazer.
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Feliz ano calendário de 2014 pra todas as pessoas progressistas e que têm uma ideologia mais humanista e que não concordam com as mazelas do sistema capitalista de exploração do homem pelo homem.

Desejo também que os projetos da direita fascista e dos lacaios dos capitalistas não se realizem.


SOMOS FORTES, SOMOS CUT!
ESPERO CONVENCER PESSOAS A MUDAR ESTE MUNDO INJUSTO QUE ESTÁ AÍ!

A vida secreta de Walter Mitty - Comentário do Blog





Refeição Cultural

Sinopse

O filme aborda a vida do personagem Walter Mitty (Ben Stiller). Ele trabalha na revista Life e é o gerente responsável pelo departamento de arquivos de fotografias. Ele foi um garoto bem ativo na infância e adolescência, era skatista, até que seu pai faleceu.

Ele está apaixonado por uma colega de trabalho, Cheryl (Kristen Wiig), e a empresa foi comprada e está enfrentando uma grave reestruturação que vai demitir muita gente e fechar a edição em papel da principal revista Life.

A principal característica de Mitty é que ele dá uns apagões e durante alguns segundos viaja em sua mente com coisas que gostaria de fazer, mas que não tem coragem.

Ele recebe um pacote com negativos do importante fotógrafo Sean O'Connell (Sean Penn), mas a foto que ele pede para ser capa da última edição da revista Life desaparece e Mitty faz o possível e o impossível para encontrar a foto e o fotógrafo.


Imagens e fotografia

O filme é belíssimo pelas imagens da Groelândia, Islândia e Himalaia.

Para mim, também foi legal ver um filme que se passa em Nova York logo depois de ter estado lá dias antes. A estadia na cidade foi a trabalho e tive contato diário com o movimento social novaiorquino. Isso me faz confessar que gostei daquela cidade e do povo de lá.


Roteiro dialoga com realidade capitalista

O drama da empresa que foi adquirida e vai sofrer reestruturação com demissão em massa e pouco respeito pela vida de dedicação de centenas de trabalhadores é uma dura realidade que acontece todos os dias nos países do mundo. Que lixo fazerem isso com as pessoas!


Emoção

“Ver o mundo e seus perigos, ver atrás dos muros, chegar mais perto, encontrar o outro e sentir. Este é o propósito da vida”

Algumas cenas me emocionaram bastante e com certeza voltarão em minhas reflexões futuras. 

Mitty precisa tomar decisões entre sair da condição de dar uns apagões da realidade e realizar aventuras em sua imaginação e precisa encarar aventuras de verdade. Foi muito legal isso e quase todo mundo precisa passar por tal coisa um dia.

A mensagem do fotógrafo no alto do Himalaia é o ponto máximo do filme para mim. Estou com aquilo na cabeça.


Bom, o filme é excelente. Vou assisti-lo novamente.

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INSTANTES... AGORA VAMOS DORMIR e acordar para meu maior desafio do ano: conseguir percorrer e completar a São Silvestre nesta manhã de 31/12/13. Só minha cabeça poderá me levar até o fim, inclusive controlando meu corpo, que não está em condições físicas. Acredito que tudo dará certo...

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Post Scriptum (madrugada de 2/11/14):

Acabei de rever o filme. A mensagem do fotógrafo na montanha me tocou novamente. Alguns instantes são para se sentir, sem necessidade inclusive de registros (para os outros). É um momento único. Alguns instantes são a essência da vida.


Sobre a São Silvestre de 2013, deu tudo certo. Foi um desses instantes únicos da vida da pessoa, da minha vida. 

domingo, 29 de dezembro de 2013

Reflexões de fim de ano: projetos do breve ano seguinte

Eu (dirigente eleito) e minha irmã Telma (cipeira eleita).
Natal de 2013.

Reflexões de fim de ano: projetos do breve ano seguinte


Refeição Cultural


Estamos de volta a nossa casa, em Osasco, SP. Passamos o Natal com meus pais em Uberlândia, MG. Como a viagem de volta foi em ônibus durante toda a noite, estamos com certa sonolência e marasmo neste domingo em casa.

Tenho que limpar meu aquário e temos que limpar o apartamento. Teríamos que jogar coisas fora, porque não se cabe mais nada em casa. Se isso vai acontecer ou não, acho pouco provável que sim.

Estou aqui pensando na minha vida e nas decisões que tenho que tomar sobre aquilo que é programável em nossa existência. Digo assim porque, na minha opinião, poucas coisas são passíveis de planejamento e previsão nesta nossa vida tão imbricada com cada acontecimento que ocorre no mundo ao nosso redor.

Que papel este cidadão vai desempenhar na vida profissional e ou militante em 2014? Em quais projetos estarei focado no breve ano seguinte?

Destes projetos nos quais estarei envolvido, algum deles terá relação com minha pessoalidade, com minha subjetividade? Com o meu gostar mais que com o meu dever político e social?

Nossa existência é feita de perguntas e feita de encruzilhadas que temos que decifrar e escolher diariamente. E uma coisa interessante há nessas escolhas e trilhas feitas: se não formos agentes delas, seremos passageiros das circunstâncias que nos envolvem querendo ou não. É assim a vida.


A corrida de São Silvestre


Ah, antes que termine o longo ano de 2013, longo sob a ótica de quem trabalhou tanto, mas tanto, que achei que o ano nunca iria acabar, tenho ainda um desafio imenso pelas circunstâncias: participar da 89ª corrida de São Silvestre e conseguir percorrer os 15 km da prova, cruzando a linha de chegada em condições normais.

As dificuldades de calendário e agenda de trabalho me afastaram dos exercícios físicos regulares e hoje estou na véspera de uma corrida que me impõe um grande desafio em concluí-la.

Mais do que em todas as participações anteriores que tive na prova desde 2007, neste ano minha determinação e minha força de vontade estarão à prova, bem como meu corpo, que precisará me levar até a chegada. Mas eu gosto e preciso de desafios assim, às vezes, até perigosos para a saúde.


É isso. Na próxima terça 31, estarei na Paulista para minha sexta participação na corrida de São Silvestre.



PS: sobre os projetos? Muitas reflexões estão sendo feitas! (e, como disse, circunstâncias nos levam pela vida...)

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Poema: Mãos (Dirce Mendes)




Mãos

*(Dirce Mendes)

Que coisa linda que são as mãos!
A mão é aquela que pode bater,
mas também pode fazer afago e acariciar.
É aquela que pode construir,
mas que também destrói a todo momento.
As mãos podem trazer uma vida ao mundo,
mas também podem matar.

Use suas mãos como uma ferramenta
de construção, e não de destruição.
Quando olho para a mão de alguém
fico imaginando 
quanto mal e quanto bem
aquelas mãos já fizeram.

Nós podemos usá-las para deixar mensagens de vida,
através da arte, dos livros, escrevendo grandes obras,
fazendo grandes peças na escultura, e no desenho.

Sempre quando vejo mãos,
fico observando os movimentos, os toques,
fico imaginando como o mundo seria belo,
se as pessoas só as usassem para o bem!


Sou admiradora das mãos!


* Dirce Mendes é goianiense de Piracanjuba, é mãe de William Mendes, responsável por este blog Refeitório Cultural. 


Post Scriptum (6/04/16):

Este momento que guardo abaixo foi em Uberlândia, no dia 27/12/13. Família jogando Master.


Família jogando Master. Uberlândia, 27/12/13.

Frase na postagem: 

"PENSA UMA DIVERSÃO SAUDÁVEL... Cá estamos em Uberlândia jogando uma partida de 'Master' um jogo tipo 'Show do milhão', bem mais antigo... Quando a gente erra a pergunta, aprende do mesmo jeito!"

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Correndo pelas ruas: da maneira errada, mas pelos motivos certos!


(Atualizado em 6/04/16)




Refeição Cultural


“I Just felt like running…” (Apenas quis correr…) 

Forrest Gump



Estamos chegando ao fim do ano de 2013. Daqui a poucos dias estarei na largada da 89ª Corrida de São Silvestre, uma das mais tradicionais corridas de rua do Brasil. Serão 15 km de muitas subidas e descidas, porque a altimetria da prova é horrível.

Eu participo desta prova desde 2007. Será minha 6ª participação porque não corri em 2011 por protesto de mudarem o local de chegada daquele ano para o Parque Ibirapuera e não na Avenida Paulista.

De todas as minhas participações, esta será a que estou menos preparado fisicamente. Meu ano de trabalho e militância me consumiu em tempo integral de maneira que quase não consegui fazer atividades físicas. Que merda reconhecer isso!

Mesmo assim, preciso participar desta prova. Quero estar lá e quero ir até o fim dela, nem que seja me arrastando.



Apenas quis correr...



Uma das cenas mais profundas do filme Forrest Gump (EUA, 1994) é a parte em que ele sai correndo pelos Estados Unidos por 3 anos, 2 meses, 14 dias e 16 horas. Ele alegou a todos que simplesmente corria porque deu vontade, sem motivo aparente.

Quem é apaixonado pelo filme como eu, sabe que ele corria por sua mãe falecida, por seu falecido amigo Bubba, pelo seu amigo tenente Dan, e, principalmente, por Jenny, que havia acabado de chegar com jeito de quem ia ficar e o deixou novamente. Por tudo isso, Forrest corria. Correu para lidar com tudo isso, digerir o passado e pra seguir adiante.


E durante todo aquele tempo, em todas aquelas paisagens por onde ele passou, eles estavam com ele. Jenny estava lá...

Eu faço minha romaria de 80 km em Uberlândia todo ano para fazer a mesma coisa, para digerir as coisas e para buscar um sentido de seguir adiante. Correr também tem esse sentido.

...



Precisando muito correr...


Minha nossa! Como estou precisando correr! E meu corpo terá que me aguentar...

- A morte trágica daquela garota na semana passada...

(como está sendo difícil compreender ou aceitar)

- O caminho da encruzilhada que tenho que escolher...

(na vida ora escolhemos, ora somos escolhidos)

- As perdas profundas que nunca nos deixaram...

(vivemos com a sombra de ontem e o olhar no amanhã)

- A medição do que está valendo a pena...

(é tão difícil ter sabedoria pra medir isso)

- As vidas que dependem de você...

(na juventude, alimentamos a falsa ideia do que é ser livre)

- Seus vínculos com esta vida...

- As escolhas do porque lutar...


Preciso correr e caminhar muito por tudo isso!


Neste domingo de sol, corri 45 minutos. No meio da semana passada corri meia hora. Pelo estudo que estou fazendo de meu corpo e minha condição física, terei que aguentar correr por quase duas horas em um trote super lento, na casa dos 7 minutos o quilômetro. Não será fácil para meus tendões, músculos, e para a energia que há em minhas baterias celulares (tenho que combater a deprê, reverter a energia...).

Preciso dar um tempo nas coisas por esses dias...



Post Scriptum (6/04/16):

Essa foto abaixo é do dia 25 de dezembro, Natal de 2013.


Eu e a Noni. É lógico que o cabelinho meu
 tá até escondendo ela...

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Reflexões sobre a morte não natural e a dor alheia




Refeição Cultural (indigesta)

Após quinze dias de trabalho ininterrupto, desejei um fim de semana de descanso. E um pouco de paz, porque nossa vida sindical não é um mundo de paz. E o coração carece disso, às vezes.

Estou aqui fechando o domingo, quase meia-noite. Passei o dia no velório e enterro de uma jovem menina mulher. Ela faleceu no sábado. Não resistiu ao mal da contemporaneidade: a depressão. Vinte e poucos anos de vida que se interromperam. Possibilidades que não mais.

Agora, sozinho aqui no canto com o computador, sinto um aperto no coração que não deve chegar perto daquele que a mamãe dela está sentindo. Que coisa mais não natural aquela mãe enterrando sua filha! Filha que minha esposa acompanhou por mais de vinte anos. Que lhe ensinou as letrinhas, que lhe deu o primeiro diplominha. Que a viu crescer. Virar menina moça. Fazer faculdade. Virar professora como aquela que lhe alfabetizou. Virar uma menina mulher.

Passei a noite e madrugada do sábado e este domingo pensando na vida. Pensando nos porquês de uma vida perdida assim. Do mundo em que vivemos hoje.

A minha impressão é que as pessoas que estão chegando nestas gerações recentes, ao que me parece, não suportam mais a dor da existência. Um não-ter-alguma-coisa; um “não” em meio a ter tudo; um amor não correspondido; uma aparência não padrão; um gosto não padrão; uma depressão ou patologia vária; p
arte das pessoas dizem faltar fé ou um deus; enfim, as coisas duras e complexas da vida complexa. A vida está escorrendo por aí nos ralos.

Estou aqui pensando na mãezinha dela. Fico pensando na minha mãezinha... Eu vivo há décadas com a dor da existência, com crises de depressão, mas sobrevivi todo esse tempo aos meus piores momentos. Eu e vários das gerações anteriores. E olhando para trás, avalio que valeu a pena estar aqui. Já fiz muita coisa. As possibilidades foram muitas e rolaram.

Valeu a pena os livros que já li (faltam tantos ainda...); virei sindicalista alguns anos depois de uma crise de dor da existência e fiz de corpo e alma mais de uma década de luta sindical (contribuí para a classe trabalhadora); já corri cinco São Silvestres (e olha que sonho em correr uma maratona...); saltei de paraquedas; já vi meu filho passar dezesseis primaveras; tive a sorte de ter até este momento meus queridos pais vivos; já conheci locais que nunca planejei; conheci muita gente boa que faz a vida valer a pena; vi um metalúrgico virar presidente e mudar a vida de milhões de brasileiros...

Minha nossa! Essas possibilidades não existem mais para aquela menina. Não existem mais de forma integral para os pais dela, para sua irmã. Para aquele monte de gente que chorou por ela hoje. Que merda de mundo duro!

Estou com uma grande dor no peito hoje...


Pensei muito na minha vida neste fim de semana. Estou pensando ainda. Venho pensando muito na minha existência e no fazer coisas que valem a pena. Coisas que tragam satisfação a mim também. Avaliando se é maioria a quantidade de companheiros com a minha ideologia no meu espaço de luta e se ainda faço a diferença nas decisões a serem seguidas...

"Estar vivo é bom!"

Semanas atrás, lendo O tempo e o vento, de Érico Veríssimo, fiquei com a frase do capitão Rodrigo na cabeça, a sensação dele ao sobreviver após semanas entre a vida e a morte: ele levantou, olhou lá fora e pensou em várias possibilidades que teria novamente e pensou: estar vivo é bom!

Tem que valer a pena estar vivo. E vale a pena! As possibilidades a cada dia são imensas... de ser feliz com coisas substanciais e com coisas simples, materiais e imateriais...

A morte prematura e trágica daquela menina mulher me tocou profundamente. Que dor pra todo mundo. Não é justo pais enterrarem uma filha dessa maneira. O mundo está muito errado. Os valores estão perdidos. Mas o sistema que predomina no mundo (capitalismo) é um só há décadas e o humano é só uma coisa descartável. E por mais que as massas sofram devido ao sistema, as coisas não mudam. A ideologia dominante é a ideologia da classe dominante.

Como vamos resgatar nossos jovens do mundo? Como vamos resgatar as gerações de hoje e amanhã para um mundo onde a depressão e as síndromes psicossomáticas não sejam algo que avassale grande porcentagem da população? Onde os valores humanos e o trabalho sejam para o bem comum e não para o endeusamento do supérfluo e vazio daqueles que toparem o jogo?

Chega! Descanse em paz menina. Desejo muita força pra sua mamãe e pra todos que te amavam. Também estou muito amargurado.

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Post Scriptum: imaginem só, a menina adorava Beatles... passei essas duas horas ouvindo Beatles em homenagem a ela... “Something”, “In my life”, “Let it be”, “A day in the live”, “Don’t let me down”, “And I love her”, “Lucy in the sky with diamond”, “Hey Jude”… E chorando. E tentando compreender o porquê de tudo isso...

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

São Silvestre: em treinamento, corri meus primeiros 10K do ano


São Silvestre 2009
Tive um fim de semana conturbado em casa. Problemas...

Sabe o que foi que fiz para abstrair, buscar o ar profundamente e sobreviver? 

Fiz como o personagem Forrest Gump naquela parte maravilhosa do filme, quando ele calça seu tênis e sai correndo pelo país.

Neste domingo, depois de uma noite mal dormida, peguei meu tênis velho, calcei e fui correr.

Me concentrei bastante nos sinais de meu corpo para ouvi-los, porque estou com pouco preparo físico, e saí por aí correndo... 

Foi cansativo, mas fiz meus primeiros 10 K do ano em 65'.

É isso, correr é tudo de bom!

Depois comi um belo prato com muitas proteínas, carboidratos e minerais.

Já é madrugada e vou dormir como uma pedra...

sábado, 30 de novembro de 2013

Nós que aqui estamos, por vós esperamos... (Sensação...)


Capa do filme.

Sexta-feira.

Semana cansativa. 

Tristezas domésticas comuns a qualquer joão....

"Grandes personagens, pequenas histórias. Grandes histórias, pequenos personagens".

Escolhi ver esse filme novamente porque era um dos que refletia melhor o sentimento interno que me vai na mente (n'alma!). A trilha sonora inteira é qualquer coisa que aperta o peito, inunda os olhos, arrepia o corpo.

Pessoas comuns. O mundo e toda a história da sociedade humana são feitos de personagens que ficam para a história, e de personagens que levaram uma vida tão lacônica que praticamente foram poeira na existência do mundo.

No mundo temos bilhões de tias alices, de vovós cornélias, de vovós deolindas, de mamães dirces. Temos milhões de gercirs, williams... em quase todas as famílias do mundo temos do mais simplório até aqueles de natureza rude por não se sujeitarem ao status quo e às injustiças presentes. O filme aborda os joãos, os pedros, as marias, alices, cornélias, deolindas, dirces, gercirs, williams...

Mas é como diz uma citação do filme: numa guerra não se morre milhares de pessoas. Se morre uma pessoa que gostava de macarrão, que escrevia poesia, que era pai, que tinha namorada...

Certo joão que apertou milhões de parafusos de Ford T e nunca teve um. Pedros que construíram centenas de prédios e moradias e nunca tiveram uma pra suas famílias...

Fico pensando como foi que meus pais com recursos tão parcos em termos de educação formal e em relação à condição financeira, conseguiram me dar uma base ética e um caráter, bem como me guiar pelo caminho correto nos anos setenta e oitenta. Eles me levaram vivo até o fim da adolescência. Do jeito deles me fizeram ultrapassar o período mais fatal do humano em todos os tempos: a juventude.

Hoje, fico pensando tanta coisa sobre a criação de filhos, a criação dos filhos do mundo nos anos 2013... nos anos 1913... nos anos 2113...

O filme é atemporal, mesmo focando em imagens o século vinte, é atemporal por refletir a sociedade humana.

Sempre encontramos pessoas que ainda não assistiram ao filme. Assistam!

Na existência, tudo é uma espera, TUDO!

domingo, 24 de novembro de 2013

Lazy days on the weekend...



Run William, run... read...

Refeição Cultural


Fim de semana. Fim de semana sem trabalho agendado. Lazy days on the weekend... (dias de vadiagem e de não fazer nada)


Flores do Oriente, 2011 (The flowers of war)

Assisti a um filme que me deixou meio down. O filme aborda o drama de um grupo de meninas chinesas durante a invasão japonesa à cidade de Nanquim durante a segunda guerra sino-japonesa em 1937. 

Em situação de guerras é possível ver o quanto animalescos podem ser os seres humanos.

Que horror! A condição das mulheres no mundo durante toda a história da humanidade nunca foi fácil.


O tempo e o vento, leitura interrompida...

Como era previsto, estou com dificuldades nas últimas semanas de ler a epopeia de Érico Veríssimo em sete volumes. Estou no final do segundo tomo, mas já faz uns vinte dias que não consigo pegar firme na leitura.

A previsão não é boa para as próximas semanas porque terei viagens seguidas de semana inteira até o meio de dezembro. Vida dura essa de desejar ser um leitor...

Tem uma sensação do personagem Cap. Rodrigo Cambará que me fez ficar pensando sobre ela desde que a li lá no primeiro volume semanas atrás: estar vivo é bom!

Não sei por que fiquei pensando nisso. Nunca pensei dessa forma em minha existência, pois tenho uma natureza um pouco melancólica e baseada na tecla foda-se desde que era adolescente.

“Estar vivo, recobrar as forças, poder de novo montar a cavalo, andar à toa, livre, conversar com as pessoas, dedilhar a viola, cantar, jogar... e, principalmente, poder de novo ter mulher, comer e beber!” (pág. 241, Tomo I)

Interessante! O personagem me cativou naquele instante da leitura, e da minha vida. Tem que valer a pena estar vivo. Temos que buscar fazer valer a pena estar vivo...

Corridas e São Silvestre

Veja como a vida nos conduz. Tenho o desejo de percorrer bem o percurso de 15 km da corrida de São Silvestre no último dia do ano. Porém, terei muita dificuldade nisso.

Se, por um lado, tive uma semana passada perfeita pra treinamento porque corri quatro vezes, por outro, tive uma semana sem nenhuma atividade física, nenhuma!

As agendas aparecidas em meu caminho me colocam em compromissos de semanas inteiras sem possibilidades de treinamento, alimentação e descanso adequados... que merda!

Vou sair para correr um pouco neste domingo, mas ainda estou na casa dos 5 a 7 km e não terei treinamento para alcançar, sem riscos, percursos de 12 a 15 km até 31 de dezembro...


Língua inglesa: pescando na memória a língua perdida

Eu me comunicava (me virava) em inglês muito tempo atrás, quando era adolescente, porque estudei pra isso. Depois a gente acaba perdendo o jeito por não utilizar a habilidade.

Talvez eu faça uma viagem a trabalho nos próximos dias e precise desta linguagem. Estou brincando com a língua inglesa neste fim de semana, mas não é fácil recuperá-la em tão pouco tempo assim...



Bom, vamos correr... (ouvi muita música da Enya e do Vangelis neste fim de semana)


PS (às 19:43h): realizei uma corrida super gostosa e concentrada. Corri 8 km no parque com forte subida no trecho. Fiz em 52' - um trote de 6'30" o quilômetro. Tô com uma preguiça agora...


PS 2 (2h da madrugada de sexta 29): nesta quinta 28 estive em casa depois de 3 dias em Brasília. Precisava tirar o trabalho do corpo e da mente. Saí com forte sol e corri 4 km em 27'25" no bosque - sendo os últimos 500 metros em 2'50". É interessante a sensação de qualquer esforço extra... é o que dá mais tesão e alegria corporal.


PS3: (11/12/13): estive nos EUA na semana passada, entre os dias 4 e 7. Não tive dificuldade alguma com meu inglês para conversar com os americanos. Farei postagem para falar de minha experiência lá.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Correndo... e enquanto isso, procurando caminhos


São Silvestre 2009.
Muita coisa acontecendo no mundo. Muita coisa acontecendo no meu país. Muita coisa acontecendo nas nossas vidas... e cada vida é uma vida, e é importante viver e estar vivo. E esse é um mundo grande, e caótico, e bárbaro! E as vidas nele são puras oportunidades a cada instante...

Eu gosto de caminhadas e corridas. É algo que proporciona um diálogo consigo próprio (monólogo interior, só que além de filosófico, de caráter físico). O esforço de superação em qualquer estágio de condição física rumo a um novo estágio de condicionamento vale a pena. Todo mundo deveria experimentar.

Bom, nesta semana que passou, tive um período considerado ideal de treinamento de corrida e condicionamento físico. Consegui emplacar uma sequência de atividades. É evidente que estou longe de atingir uma condição razoável para percorrer os 15 km da São Silvestre no último dia do ano, mas sempre acreditamos em achar uma energia extra quando se trata de alcançar objetivos pessoais em corridas.

Neste domingo, apesar da correria que foi para viajar a trabalho na parte da tarde, consegui correr em 36' um percurso de cerca de 5,5 km com trechos longos de subida.

Na sexta do feriado, também corri 5 km em pista de 500 m em 32'23". Foi uma corrida gostosa.

Na terça, já havia conseguido tempo para correr 3 km no parque pela manhã, antes de sair para o trabalho.

No domingo passado, tive aquele dia especial em que corri junto com meu filho a prova de 7 km da AABB SP. Fiz o percurso em 44'.

Ainda consegui caminhar mais duas vezes na semana.

Ou seja, foi uma semana boa pra mim em termos de buscar um pouco de saúde e condicionamento físico. Preciso fazer isso mais vezes porque ninguém fará isso por mim.


NO HAY CAMINO... PERO, EL CAMINO SE HACE ANDANDO

Estou em Nazaré Paulista (SP) para uma semana de curso de formação da Contraf-CUT.

Quando paro pra pensar o que anda acontecendo na política com a prisão política e linchamento público de líderes do PT na farsa chamada "Mensalão" me dá uma revolta muito grande.

Quando paro pra pensar e lembro que o Governo do PT não fez nada nada nada nada em uma década para regular os meios de comunicação monopolizados no Brasil desde séculos e vendo o quanto poder algumas famílias de capitalistas têm para nos foder... me dá uma revolta muito grande.

Estou fazendo a minha parte como aquela historinha do beija flor apagando incêndio na floresta... mas estou com uma revolta muito grande...

Daria pra se fazer muito mais se o Governo do PT não fosse FROUXO, se o movimento sindical não estivesse sempre dividido, disputando poder e máquina sindical... daria pra se fazer muito mais!

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Post Scriptum:

Dias depois (23/11/13) ao postar uma matéria da Carta Maior no Facebook, ainda sobre a questão das injustiças praticadas contra petistas pelo poder judiciário, comentei o seguinte:

"O SILÊNCIO DE LULA E DILMA NO CASO GENOÍNO... TEXTO MAGNÍFICO QUE VERBALIZA NOVAMENTE O QUE ESTOU SENTINDO... NOJO DAS CÚPULAS "LIMPINHAS" QUE DEIXAM À PRÓPRIA SORTE O COMPANHEIRO GENOÍNO... todo instante que me lembro desse caso, dá vontade de não participar de mais nada da militância formal e orgânica..."

domingo, 17 de novembro de 2013

Filme: O caminho (2010)... e nossos caminhos


Poster do filme

Filme: O caminho (2010)... e nossos caminhos


“Você não escolhe uma vida, você vive uma”


Sinopse:

Pai e filho, norte-americanos, têm relacionamento difícil. Após morte da mãe, filho único de meia idade abandona a formação superior e resolve viajar e conhecer o mundo. O pai é um oftalmologista bem estabelecido, escolheu a sua vida.

Um dia, o pai recebe um telefonema informando-lhe sobre a morte de seu filho que havia recém começado o caminho de Santiago de Compostela na Espanha. A saída havia sido pelo lado francês do caminho, San Jean Pied de Port, atravessando os Pirineus.

Lá chegando para identificar e cuidar do corpo do filho, o pai resolve fazer o caminho no lugar dele, levando suas cinzas. Pelo caminho vai encontrando pessoas e vidas que o fazem refletir sobre sua própria vida e sua relação com o filho.


Comentário sobre o filme:

O filme é bem feito. A história é boa.

O diretor aposta nas imagens maravilhosas das regiões ao longo do Caminho de Santiago. Também nos emociona o drama vivido pelo pai de Daniel, que se vê fazendo o caminho por seu filho falecido.

A trilha sonora é lindíssima. Quem não gosta de James Taylor... Alanis Morissette...

O final também é muito bonito.


Refeição Cultural

Por duas vezes na vida me programei para ir até a Espanha para fazer o Caminho de Santiago de Compostela. Esse era um de meus objetivos na famosa lista de coisas a realizar que quase todo mundo tem. Eu não seria diferente.

Na verdade, minha lista de objetivos a alcançar vem de longe, bem longe. Eu persigo algumas coisas desde que era adolescente. Depois, atualizei a lista na crise pessoal que vivi quando tinha uns 27 anos. Quando vejo a lista atualmente, de forma muito esparsa e sem gana de realizá-la, vejo que algumas coisas lá não têm mais nenhum sentido. Outras têm.

Me organizei pra fazer o Caminho no ano de 2002. Já vinha pesquisando e vendo como pagar passagens e tal, iria viajar em minhas férias de julho daquele ano. Daí, fui convidado para compor a chapa cutista do Sindicato dos Bancários e acabei virando dirigente sindical e tive que abortar minha viagem porque não era adequado ser eleito e viajar logo após, principalmente na época de construção da campanha dos bancários.

Depois, comecei novamente o planejamento para fazer o Caminho em 2008. Desta vez, cheguei a tirar meu passaporte e tudo. Acabou não dando certo de novo por várias questões. Por acasos da vida, acabei carimbando meu passaporte na Espanha, pois fui a Madri a trabalho em 2009. O Caminho de Santiago ficou pelo caminho de novo...


O filme reacendeu algo em mim

Pois é, assisti ao filme e me emocionei muito. As imagens, a lembrança de meu antigo objetivo, talvez o contexto que vivo hoje refletindo sobre os rumos de minha vida, sei lá mais o quê, me tocaram profundamente. E aí, devo fazer o caminho ou não devo?

Quando abortei a ida para o Caminho em 2008, acabei decidindo na época que não iria mais fazê-lo. Cheguei a pensar que, se já sei como é, não valeria o gasto e o trabalho em fazê-lo.

Antes do filme, dias atrás, vi um vídeo de meu primo Jorge (na companhia do amigo Wanderlei) que realizou um sonho recente de ir até Roraima de moto e subir ao Monte Roraima. Fiquei muito tocado ao ver as imagens da realização desta aventura de meu primo naquela montanha.

Vendo o filme nesta semana, fiquei pensando a respeito de minha decisão de 2008...

Na verdade, nada substitui estar lá no local que você sonha conhecer. Nada substitui isso. Nem imagens, nem nada. Fazer pessoalmente algo é único. Imagine se dá pra descrever a sensação de saltar de paraquedas e a pessoa sentir o que você sente no abrir da porta do avião, do salto, do tranco do paraquedas abrindo, do voar por até oito minutos entre as nuvens e pássaros, freando a descida para aproveitar cada minuto daquele momento no céu...

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Resumindo, voltei a pensar que vale a pena fazer o Caminho de Santiago de Compostela. Mesmo que eu já tenha prática de fazer a caminhada de 80 km em MG todos os anos. Mesmo sabendo “como” deve ser. Para cada caminhante, em cada oportunidade, o Caminho é único. Exatamente como é a vida...

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Filme: A Última Chance – 1996 (Last Dance)



Poster do filme de 1996

Filme: A Última Chance – 1996 (Last Dance)

Tema: Pena de morte


Sinopse: uma mulher branca espera o dia da execução de sua sentença de pena de morte. Ela assassinou um casal doze anos antes quando era adolescente e estava drogada, fora de si. Ela teve uma infância difícil. Um homem é destacado para cumprir um procedimento protocolar de pedir clemência por ela ao governador que nunca a concedeu a nenhum condenado porque as pesquisas naquele estado indicam 76% da população favorável à pena de morte.


COMENTÁRIO

Assisti a mais um filme sobre o tema da pena de morte. O filme é estrelado pela bela Sharon Stone vivendo o papel da condenada Cindi Liggett. O filme tem uma boa linha de desenvolvimento e nos prende à estória.

Que merda esse sistema americano de permitir aos seus estados determinarem como querem tratar de seus condenados – por pena de morte, por prisão perpétua, condenação independente de idade etc.

Nos EUA tudo é business, negócios. O sistema penitenciário não seria diferente. Sinceramente, não acho que aquele país é exemplo de nada para um mundo melhor, mais justo e igualitário.

Minha opinião sobre pena de morte: quando era mais jovem e com menos leitura política e ideológica do mundo, eu era um pobre que achava que criminoso tinha que morrer mesmo. Após me politizar mais nos últimos anos, mudei minha forma de analisar o tema sobre conceder a alguém ou algo o poder de matar pessoas.

O ser humano é um animal. Apesar de ser classificado na escala natural como um ser racional, ele é eivado de paixões e interesses. O ser humano é falível. Permitir que o Estado (O Leviatã) assassine, é dar chance para a injustiça.

Hoje não concordo com a pena capital em nenhum lugar do mundo como forma de punir crimes cometidos por seus cidadãos. Aliás, em alguns lugares do mundo o conceito de “crime” é coisa completamente esdrúxula. Tem lugar onde ter orientação sexual diferente da maioria é crime. Tem lugar onde ter uma fé ou religião diferente da maioria ou não ter crença religiosa alguma é crime.

Termino minha reflexão sobre pena de morte pensando um pouco nas palavras da personagem Cindi, que descreveu para seu defensor o ódio que tinha quando adolescente e que isso pesou na vida que ela levava e nos crimes que cometeu. Ela se arrependeu mas isso não muda o que fez.

Quanto ódio grande parte de nós já não sentiu de alguém, de alguma situação ou injustiça, ódio do próprio sistema onde estamos inseridos?

Continuo defendendo que o Estado não deve matar, por mais que crimes violentos ocorram. Também não sou inocente e reafirmo: não existe formas de coibir ninguém de exercer seu ódio e vingança contra alguém ou algo. No entanto, a pessoa deve responder depois aos códigos da lei para seu crime de ódio e vingança. Mas não no sistema institucional olho por olho, dente por dente. Não pelo código de Hamurabi.

Em O Leviatã, Hobbes nos diz inclusive que é natural que o condenado à pena capital se revolte, se rebele e tente de tudo para preservar sua própria vida. Não poderia ser diferente. O condenado estará invocando o seu estado de natureza.


É isso! Filmes sobre pena de morte sempre me deixam pensativo e cabisbaixo.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Refeição Cultural - O Tempo e a vida



Meu filho cresceu. Pesa mais que eu...
e eu que fazia aviãozinho com ele nos shoppings...

O Tempo e a Vida

Refeição Cultural

A rapidez das coisas do mundo atual marca o compasso da nossa vida. Nós não vivemos simplesmente, não estamos (not let it be). Temos que estar fazendo algo ou indo pra algum lugar, senão... estamos fora! Ah, temos também que possuir bens ou ter metas de...

Por outro lado, como somos pescados pelo sistema hegemônico do consumismo e modismo através dos meios de comunicação com as mensagens ideológicas do status quo, esta velocidade com que têm que ser as coisas traz o risco de que somente passemos pela vida... ao invés de vivermos a vida sentindo cada instante e cada evento que ela nos proporciona.


MEU FILHO CRESCEU

Passei a última década numa rotina de trabalho que me fez ser mais ausente em casa do que deveria. Meu filho passou de seus cinco ou seis anos a um adolescente.

Aquele sonho que acalentei dele crescer logo pra nós dois termos altos papos e fazermos esporte juntos, leituras e coisas do gênero (é incrível como os pais pensam isso!) foi pro beleléu. Sabemos que, na verdade, eles, filhos, têm a vida deles e nós, a nossa. É o curso natural da vida.

A relação entre pai e filho foi a mais comum possível no mundo moderno. Eu fui cuidando da minha vida de trabalho e ele foi levando a dele de criança virando adolescente.

Neste fim de semana corremos juntos uma prova no clube onde somos associados, a AABB SP. Foi um dia especial e muito legal. Vivemos um dia de pai e filho parecido com aquele desejo que acalentei no ontem.

A primeira coisa que fiquei pensando de nossa conversa matutina, indo de madrugadinha no trem para o outro lado da cidade, foi quando ele me disse seu peso. Caramba! O moleque pesa mais que eu, calça tênis maior que o meu, é mais alto que eu. 

Às vezes, a gente ainda tem a sensação de que nosso filho é aquele que a gente fazia aviãozinho com ele no shopping, carregando ele nos braços. 

- Que velocidade no tempo psicológico de nossa vida!


O CORPO HOJE É O REFLEXO DE NOSSA ATENÇÃO A ELE NO ONTEM

Outra coisa que é notável é a passagem do tempo sobre nós mesmos. Eu pratiquei esporte desde muito jovem. Também tive que levar meu corpo a adaptações diversas durante a vida de proletário. Trabalhos braçais, trabalhos intelectuais, diurnos, noturnos... desde uns doze anos de idade.

Sempre acreditei piamente que nossa condição de saúde no hoje é reflexo do nosso ontem, num acúmulo de coisas boas e porcarias feitas e ingeridas desde que nascemos, incluindo os acidentes de percurso. É um pouco aquela frase que jovem adora: viva hoje o que sobrou de ontem.

Sempre dei atenção ao meu corpo para ter boa resistência física. Isso dá trabalho porque exige disciplina e tenacidade com exercícios para o corpo e horas de dedicação semanal como rotina de vida.

Aquela rotina de trabalho que descrevi acima nos últimos anos, que me fez quase não ver o peso do meu filho sair de uns trinta quilos para pesar mais que eu, fez também com que eu não desse mais a atenção correta para manutenção de boa condição física ao corpo que me carrega.

Ou seja, deixei o tempo atuar sobre mim na fase que mais necessitava manter o corpo em condições para a segunda metade da vida (após os trinta e poucos anos). Recuperar tônus muscular após quarenta anos é muito difícil porque o metabolismo de nossos corpos muda muito. A natureza exerce suas prioridades nos corpos animais de forma indelével, a menos que haja estímulos criando resistências e aptidões novas. 

- E não me recomendem porcarias sintéticas, pois sou meio "naturista"! (não naturalista com aquelas regras todas contra isso e aquilo)


SÃO SILVESTRE E CORRIDAS

Vou correr a São Silvestre no último dia do ano. Neste momento, não estou preparado. Tenho que adaptar meu corpo pra isso. É possível, mas tenho que definir prioridades. Sou proletário e minha função atual tem agenda pesada até a véspera do natal. Que fazer?

Tenho agendas de viagens que me tiram semanas inteiras de treinamento e descanso. Estou aqui pensando em como conciliar o ser humano que sou, com meus sonhos e subjetivismos, com a minha condição de ser social pescado pelo sistema da velocidade e compromisso total com nossos trabalhos contemporâneos, para estarmos o tempo todo on...

E olha que ainda sonho em preparar meu corpo para correr uma maratona de 42 km. E já estou com 44 anos... E hoje estou com dificuldades de correr uns dez quilômetros e vou correr uma prova de quinze daqui a seis semanas.


Termino minha reflexão cultural sobre o Tempo em nossas vidas. 

Me dei o direito nesta manhã de segunda de fazer isso antes de trabalhar na parte da tarde.

domingo, 10 de novembro de 2013

O Tempo e o Vento - A vida nas Missões (Séc. XVIII)


Ruínas das Missões - Foto: Renato Costa (Wikipedia)

A FONTE


COMENTÁRIO:

Esta parte é importante para se conhecer o locus (as missões jesuíticas espanholas) onde surge Pedro, chamado missioneiro. Ele é filho de uma índia que morreu após o parto. Ele conhecerá Ana Terra no futuro. Ele também portará o punhal que acompanhará as gerações da família Terra Cambará.

Pedro foi educado pelo Pe. Alonzo nos Sete Povos de Missões (era domínio Espanhol), depois trocado pelos reis com a Colônia de Sacramento (era domínio Português) - Tratado de Madri (1750).

Achei a leitura muito interessante e me fez pesquisar um pouco sobre o tema por curiosidade e para melhorar meus conhecimentos.

Não há subtítulos no livro. Estes na postagem são criados por mim para melhor apresentação dos excertos.


(3)

A VIDA NAS MISSÕES EM 1745

Carta de Pe. Alonzo à família na Espanha:

“Se pensais que vivo no meio de bárbaros, estais completamente enganados. Nos Sete Povos começa a nascer uma das mais belas civilizações de que o mundo tem notícia. Enquanto vos escrevo, vejo através da janela a nossa bela catedral, toda de arenito vermelho, com seu tímpano grandioso, o seu átrio com uma longa fileira de colunas, e a sua resplandecente cruz de ouro. Seu estilo lembra o de certas igrejas do fim do Renascimento italiano (o que não é de admirar, pois foi ela construída por um milanês).

                Os índios das reduções vivem hoje mais cristamente que muitos brancos de Pamplona, Madrid ou Lisboa. Estão já redimidos do feio pecado da promiscuidade, pois todos se casam de acordo com as leis da Igreja e guardam o sexto mandamento; temem a Deus, são batizados e fazem batizar os filhos; no leito de morte nunca deixam de receber o Viático; e quando morrem são encomendados e finalmente enterrados em campo-santo.

                Pois muitos desses chamados selvagens sabem, além da língua nativa, o latim e o espanhol, e são hábeis escultores, pintores, oleiros, ourives, tecelões, fundidores de bronze, e músicos. Um destes dias, escutando um sexteto de índios que tocava com sentimento e correção peças dum compositor bolonhês, fiquei de tal maneira comovido que não pude reprimir as lágrimas.” (pág. 32)


(4)

A MÚSICA COMO CATEQUESE PARA OS ÍNDIOS NAS MISSÕES

“(...) Havia na redução excelentes organistas, harpistas, corneteiros e cravistas. Os instrumentos em sua maioria eram fabricados na redução pelos próprios índios, dirigidos pelos padres. A música havia sido e ainda era para os missionários um dos meios mais efetivos de catequização. Tocando seus instrumentos e cantando, eles se haviam aproximado pela primeira vez dos guaranis, desarmando-os espiritual e fisicamente e conquistando-lhes a confiança e a simpatia. No princípio a música fora a linguagem por meio da qual padres e índios se entendiam. E não teria sido porventura a música a língua do Paraíso – o primeiro idioma da humanidade? Por meio da música os jesuítas induziam os índios ao estudo, à oração e ao trabalho. Era ao som de música e cânticos que eles iam para a lavoura, aravam a terra, plantavam e colhiam – e era sempre debaixo de música que voltavam para a redução ao anoitecer. A música era por assim dizer o veículo que levava aquelas almas a cristo.” (pág. 34)


MISSÕES: A SOCIEDADE PROMETIDA NOS EVANGELHOS

“Uma tarde, à hora do crepúsculo (foi no ano de 1750, por ocasião da Páscoa) Alonzo parou no centro da praça, contemplou a catedral e sonhou de olhos abertos com o Mundo Novo. Havia de ser algo tão belo e sublime que a mais rica das imaginações mal poderia conceber.

                Os povos não mais seriam governados por senhores de terras e nobres corruptos. Seria a sociedade prometida nos Evangelhos, o mundo do Sermão da Montanha, um império teocrático que havia de erguer-se acima das nações, acima de todos os interesses materiais da cobiça, das injustiças e das maquinações políticas.

                Um mundo de igualdade que teria como base a dignidade da pessoa humana e seu amor e obediência a Deus. Nesse regime mirífico o homem não mais seria escravizado pelo homem. Não haveria mais exaltados e humilhados, ricos e pobres, senhores e servos. Que direito tinha de se apossar de largas extensões de terra? A terra, Deus a fizera para todos os homens. O que era de um devia ser de todos, como nos Sete Povos. Todas as criaturas tinham direito a oportunidades iguais. Não era, então, maravilhoso transformar-se um índio pagão num cristão, num artista, num músico, num escultor, num ourives, num arquiteto? Quantos milhares de seres havia no globo que vegetavam na ignorância e na miséria por falta apenas de quem lhes iluminasse o entendimento, despertando-lhes o desejo de melhorar, de criar coisas úteis e belas com a mão e o espírito que Deus lhes dera? Mas para conseguir esse mundo ideal era primeiro necessário combater todos aqueles que por indiferença ou egoísmo se negavam a baixar os olhos para os humildes. Alonzo, que fora sempre um estudioso da História, sabia que os homens em todos os tempos foram sempre levados ao pecado pelo diabo, e a arma de que o diabo mais se servia era o desejo de riqueza, poder e gozo. Para conseguir essa riqueza, essa força e esses prazeres, não hesitavam em escravizar as outras criaturas. E a melhor maneira de conservá-las em estado de escravidão era mantê-las na ignorância...” (pág. 40)


O PAPEL REVOLUCIONÁRIO DA COMPANHIA DE JESUS NO NOVO MUNDO

“Pagavam soldados não só para defender-lhes as vidas e os bens como também para alargar-lhes as conquistas. Mas esses senhores consistiam numa minoria. Ah! Um dia esses eternos humilhados, esses eternos escravos haveriam de tomar consciência de sua força e erguer-se! Mas era indispensável que tal levante se fizesse não em nome do ódio, da vingança e da destruição, mas sim em nome de Deus e da Suprema Justiça. A missão da Igreja – e neste ideal extremado Alonzo sabia que estava só – devia ser a de promover essa Revolução. O trabalho da Companhia de Jesus já havia começado na América. Era preciso primeiro conquistar o Novo Continente, livrar o índio da influência do homem branco, organizar uma grande república teocrática que depois, aos poucos, poderia estender a outras terras a sua influência e o seu exemplo. Ah! Mas para conseguir esse supremo bem os jesuítas seriam obrigados a usar meios aparentemente ignóbeis. Teriam de ser obstinados e implacáveis. No princípio seria necessário exercer uma ditadura justa mas inexorável. Não havia outra alternativa. Seriam os fiadores dessa Revolução em Nome de Deus, pois o povo não estava ainda esclarecido, não sabia o que lhe convinha, e portanto podia ser facilmente ludibriado pelos poderosos. Era pois imprescindível que os sacerdotes exercessem na terra a ditadura em nome de Deus até que um dia (Dali a quantos anos? Cem? Duzentos? Mil? Que importava o tempo?) fosse possível atingir aquele estado ideal, conseguir a igualdade entre as criaturas, a paz e a felicidade universal...” (pág. 41)


COMENTÁRIO FINAL:


Este trecho de reflexões acima é apresentado pelo Pe. Alonzo no momento em que ele fica sabendo que houve um acordo entre as coroas portuguesa e espanhola (Tratado de Madri - 1750):

“(...) Portugal e Espanha, para pôr termo às rixas em que viviam empenhados, tinham assinado um tratado iníquo, segundo o qual os portugueses cediam a seus velhos inimigos a Colônia do Sacramento, e os espanhóis, em troca, lhes entregavam os Sete Povos de Missões” (pág. 41)

A história de nosso país e de nossa América está o tempo inteiro entranhada na estória narrada por Érico Veríssimo. Muito legal!


Bibliografia:


VERÍSSIMO, Érico. O Tempo e o Vento – O Continente I. Editora Globo. 31ª edição. 1995