quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Literatura como experiência


Refeição Cultural

A sensação do cansaço de Louis Creed em "O Cemitério" de Stephen King

Church - bichano voltou em
Pet Sematary.
Acordei novamente com o corpo todo talhado. Fiz um esforço absurdo para completar os quinze quilômetros da Corrida de São Silvestre.

Sempre que estou assim, após um tremendo esforço físico feito anteriormente, associo o estado físico à sensação de cansaço descrita pelo escritor Stephen King para o personagem Louis Creed no livro O Cemitério (Pet Sematary - 1983).

A literatura tem essa característica fantástica. Quando lemos um romance, mesmo que seja na tenra idade, estamos alimentando nosso ser com novas experiências. Elas ficarão marcadas em nossas memórias, de maneira a, sempre que precisarmos, termos de onde puxar acontecimentos que vão nos servir de experiência ou de comparação.

Eu era adolescente quando li O Cemitério. No entanto, nunca esqueci a parte do livro que descreve a tremenda dificuldade que o pai teve para atravessar a montanha de gravetos com o corpo de seu filho Gage para enterrá-lo no antigo cemitério indígena.

Antes, o pai havia feito o caminho com o gatinho morto, Church, nas mãos, para encontrar o cemitério de animais e enterrá-lo lá, na esperança de que o gatinho voltasse vivo para casa, de maneira a atenuar o sofrimento de sua filha Ellie, a dona do gato.

O autor Stephen King conseguiu me passar o estado de cansaço de Louis Creed durante toda a aventura. Ele saiu de casa à noite, atravessou a floresta, cavou e enterrou o pequeno Gage e fez todo o caminho de volta. Me lembro que ele chegou e caiu prostrado na cama ainda todo sujo de terra.

Literatura é isso. Toda vez que estou com o corpo arrebentado após algum esforço físico no extremo, me sinto como Louis Creed após visitar o Pet Sematary.

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