quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

A vida era boa, era bela, tinha um sentido






Refeição Cultural

A vida era boa, era bela, tinha um sentido

“Rodrigo suspirou. Num ponto o poeta (Lamartine) se enganava. Cada homem tem, sim, seu porto. O dele, Rodrigo Terra Cambará, era Santa Fé, onde lançara profundamente sua âncora. O tempo, certo, não tinha margens, deslizava como um rio e o homem passava. Mas quantas coisas grandes e belas podia fazer durante sua passagem pela terra!”

(O Tempo e o Vento – O Retrato I, Chantecler, Capítulo V, parte 2, página 129)


Mais uma vez, paro cismando sobre as reflexões do personagem Rodrigo Cambará. Este é o neto do Rodrigo Cambará que chegou a Santa Fé lá nos anos 30 do século XIX e decidiu ficar e conquistar a bela Bibiana Terra. O neto está pensando sobre a vida valer a pena uns oitenta anos depois. Ele está entrando em 1910.

Essas reflexões desses Cambarás têm me levado a pensar aqui no século XXI sobre a vida e as coisas da vida. Esse é um dos muitos presentes que a leitura brinda a seus amantes: a análise e a reflexão dos fatos; a parada para olhar, pensar, sentir e avaliar aonde podem chegar as coisas.


“Estava decidido a conquistar Santa Fé, a submetê-la à sua vontade, a moldá-la de acordo com seus melhores sonhos. Não se deixaria dominar por ela. Jamais se entregaria ao desânimo e à rotina. Jamais seria um maldizente municipal como o Cuca Lopes, um indolente inútil como o Chiru Mena e muito menos um capacho como o Amintas. Não perderia de vista Paris, e não esqueceria nunca que o mundo não terminava nos limites do município de Santa Fé.”

(O Tempo e o Vento – O Retrato I, Chantecler, Capítulo V, parte 2, página 129)


Veja que belo propósito do personagem Rodrigo Cambará. Ele acaba de voltar de seu período de estudos de medicina fora de Santa Fé. Ficou cinco anos fora.

Nesta fala dele fiquei pensando em conversas comuns que tive com conhecidos nestes últimos dias de minhas férias. As pessoas falam o tempo todo as frases básicas de que estão desanimadas com as coisas, que ninguém faz nada mesmo pela cidade, pelo país, que não adianta acreditar em um partido ou em algum movimento, que todos e tudo é a mesma coisa...

É impressionante ouvir isso!

Não é verdade! Tudo e todos NÃO são a mesma coisa! 

Mas... francamente, em hipótese alguma ficar parado e não fazer nada traz o mesmo resultado de arregaçar as mangas e fazer alguma coisa!

“Sob as estrelas daquela última noite do ano de 1909, Rodrigo Cambará fez um silencioso juramento. Cumpriria seus propósitos, acontecesse o que acontecesse. Sentiu-se forte, nobre e bom. Se realizasse todas as belas coisas que projetava, sua passagem pela terra não teria sido em vão. E se de algum ponto do universo Deus pudesse vê-lo e ouvi-lo... Mas Deus existia mesmo? Tornou a olhar para o céu e, tocado pela tranquila e profunda beleza da noite, concluiu que Deus não podia deixar de existir. A terra era boa, a vida era bela, a vida tinha um sentido.”

(O Tempo e o Vento – O Retrato I, Chantecler, Capítulo V, parte 2, página 129)

Eu vou retomar a vida caótica que me impossibilita a leitura de literatura. Isso me faz muita falta...

O pouco que fuço nas obras de grandes autores, acho gotas de ânimo para seguir adiante na vida, na luta, buscando sentido para a dureza das coisas.

A gente relê um pouquinho do Dom Quixote e fica encantado com aquele senhor cinquentenário, que decide sair pelo mundo lutando pelos fracos e oprimidos em nome de sua honra e de seu país, que busca recuperar uma época de ouro que nunca existiu na vida real, somente nas obras literárias, mas é encantador toda essa utopia e esse ânimo de fazer as coisas.

Desânimo, todos nós temos, mas a luta e as melhorias em nosso mundo têm que ser feitas... então, não tem jeito, temos que fazê-las. É simples assim a nossa passagem pelo mundo.

É isso!


William Mendes


Bibliografia:


VERÍSSIMO, Érico. O Tempo e o Vento – O Retrato I. Editora Globo. 31ª edição. 1995

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

O Medo – Cenas literárias






O Medo – cenas literárias


In: O Tempo e o Vento – O Continente (capítulo: O Sobrado I)


Érico Veríssimo descreve através do personagem Liroca, José Lírio, a sensação do medo numa noite de São João, durante o combate entre maragatos e pica-paus, lá no ano de 1895, em Santa Fé, Rio Grande.


“Os segundos passavam. Era preciso cumprir a ordem. Liroca não queria que ninguém percebesse que ele hesitava, que era um covarde. Sim, covarde. Podia enganar os outros, mas não conseguia iludir-se a si mesmo. Estava metido naquela revolução porque era federalista e tinha vergonha na cara. Mas não se habituava nunca ao perigo. Sentira medo desde o primeiro dia, desde a primeira hora – um medo que lhe vinha de baixo, das tripas, e lhe subia pelo estômago até a goela, como uma geada, amolecendo-lhe as pernas, os braços, a vontade. Medo é doença: medo é febre.

                Engraçado. A noite estava fria mas o suor escorria-lhe pela cara barbuda e entrava-lhe na boca, com gosto de salmoura.

                O tiroteio cessara ao entardecer. Talvez a munição da gente do Sobrado tivesse acabado. Ele podia atravessar a rua devagarinho, assobiando e acendendo um cigarro. Seria até uma provocação bonita. Vamos, Liroca, honra o lenço encarnado. Mas qual! Lá estava aquela sensação fria de vazio e enjoo na boca do estômago, o minuano gelado nos miúdos.

                Donde lhe vinha tanto medo? Decerto do sangue da mãe, pois as gentes do lado paterno eram corajosas. O avô de Liroca fora um bravo em 35. O pai lhe morrera naquela mesma revolução, havia pouco mais dum ano – tombara estripado numa carga de lança, mas lutando até o último momento.

                “Lírio é macho” – murmurou Liroca para si mesmo. “Lírio é macho.” Sempre que ia entrar num combate, repetia estas palavras: “Lírio é macho.”

                (...)”


COMENTÁRIO

A literatura de qualidade tem uma beleza que muitas vezes não é percebida pelo leitor. Abrimos o livro e vamos embora pelas páginas, numa leitura rápida e descompromissada.

Os bons autores têm uma grande capacidade de por em palavras atos, fatos e sensações que nos satisfazem no ato da leitura.

Quantas vezes o leitor não se pega sozinho pensando ou falando alto que sempre pensou aquilo que acabou de ler, mas nunca tinha conseguido enunciar ou escrever tal coisa de maneira tão... tão perfeita e tão completa! Tão definitiva!

O ato da leitura de obras de qualidade tem o dom de introduzir em nós reflexões que estarão para sempre lá em nossa memória, nas sensações que tivemos durante o prazer da leitura. Lá adiante, nós não nos lembraremos exatamente das palavras, mas o significado delas terá ficado naquilo que nos tornamos.



A leitura nos dá oportunidades de avançar nos conhecimentos do mundo. A partir dela e mesclados com nossos atos no mundo em que vivemos, poderemos ser pessoas melhores atuando por um mundo melhor.



Bibliografia:


VERÍSSIMO, Érico. O Tempo e o Vento – O Continente I. Editora Globo. 31ª edição. 1995

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A inclusão social pelo consumo - Renato Janini Ribeiro


Apresentação do Blog

"Porque ser feliz é viver ao máximo o que se tem, não é buscar o máximo fora de si. Ser feliz não é depender do consumo. Mais que isso: ser feliz é não depender do consumo" (Janine)

Maravilhoso artigo do profº Janine. Abre reflexões profundas sobre o Brasil contemporâneo na era pós-Lula. Recomendo a leitura e o debate coletivo a respeito do tema.


William


Do: Valor Econômico 28/1/14



A sociedade brasileira projetou a realização social no conforto, no luxo, em bens de consumo prestigiosos. Há melhor símbolo disso do que a profusão de iPhones? Eles não se limitam a dar prazer. Eles nos realizam. Melhor dizendo: é o prazer que nos realiza. Mas esta visão do mundo, tão frequente no Brasil, não é nada óbvia. Um francês imbuído do valor da educação, um alemão formado na convicção do dever, um inglês convencido do valor ético do trabalho dificilmente enxergariam as coisas assim. Mas, aqui, é muito forte a ideia de que pelo prazer se vence. Basta ligar a Rede Globo, qualquer dia deste mês, em torno das 23 horas, para ver isso, parte ao vivo, tudo em cores.

Volto a comentar os rolezinhos. Eles foram uma surpresa pelo timing e pela dimensão, mas prolongam algumas tendências de nossa sociedade que não deveriam nos surpreender. As manifestações de 2013 foram uma exceção, como as Diretas-Já em 1984 e o impeachment de Collor, em 1992, espaçados momentos em que a cidadania toma o espaço público para defender a coisa pública. O rolezinho é político, mas porque tem um significado político, não porque se expresse em termos políticos. Ele responde a uma nossa tendência, para o mal - e para o bem -, que é carnavalizar.

Na sua melhor versão, é Oswald de Andrade, no "Manifesto Antropófago", de 1929: "A alegria é a prova dos nove". Naquela época, dizia-se que o Brasil era fruto de "três raças tristes", o português, o negro e o indígena. Oswald rompia com esse mito de uma tristeza originária. Contestava a herança jesuítica e religiosa da colônia. Abria lugar para o carnaval, a festa, as paixões alegres.

Rolês mostram que a ideologia do shopping venceu

Mas o fato é que carnavalizamos. Não é só o Big Brother que propõe o sucesso pela exibição do corpo. É quase toda a mídia popular que, sempre que vai contrastar esforço e lazer, estudo e diversão, mente e corpo, opta decididamente pelo segundo termo. Nossa cultura é sobrecarregada de hedonismo.

Já observei aqui que prazer não é felicidade, ao contrário do que se ouve todos os dias. O prazer é breve, instantâneo, intenso; a felicidade é um estado simples e permanente, modesto. Só é feliz quem reduz sua demanda de prazeres. Mas nossa sociedade construiu um sistema em que o prazer é requerido o tempo todo, com sua consequência, apontada pelos filósofos desde a Antiguidade: os prazeres não levam à satisfação. Eles formam uma adição. Uma sociedade que valoriza a este ponto o consumo, seja na Miami de classe média, seja no rolezinho de periferia, tem dificuldades de ir além do prazer. Porque ser feliz é viver ao máximo o que se tem, não é buscar o máximo fora de si. Ser feliz não é depender do consumo. Mais que isso: ser feliz é não depender do consumo.

Mas é o consumo que tem marcado a inclusão social, no Brasil. A inclusão dos últimos anos foi em boa medida um aumento do poder de compra a crédito. Os pobres compram mais - o que é ótimo, porque eles tinham e ainda têm acesso limitado a vários dentre os bens que asseguram o conforto. Mas esse foi o eixo mais marcante da inclusão. Embora a educação esteja melhorando, a dupla do bem - que seriam o mix de educação e cultura, e o de saúde e atividade física - não desperta igual atenção nem gera resultados rápidos. Aliás, se fosse outra a prioridade dos governos petistas, eles se teriam defrontado com uma oposição ainda maior. Aumentar o poder aquisitivo injeta dinheiro na veia da economia. Já melhorar o que chamei dupla do bem exigiria mais investimentos públicos, isto é, mais impostos. Não seria fácil nem, talvez, politicamente possível.

Estamos no limite do que pode ser a inclusão social pelo consumo. Beira o ridículo negar a inclusão social promovida pelo PT. Foi substancial. Mas se deu pelo que nossa sociedade consumista mais valoriza. Melhorar radicalmente as escolas teria exigido mais verbas e protagonismo do poder público. O mesmo vale para a saúde, o transporte e a segurança públicos. O choque com as classes mais ricas teria sido forte, porque a exigência tributária teria aumentado. Basta ver como é difícil a Prefeitura de São Paulo arrecadar o necessário a fim de melhorar um pouco os ônibus, para se ter o tamanho do problema.

Com o consumo, o PT escolheu a via do possível. Dificilmente seus adversários teriam feito melhor. Mas a trilha do consumo significa: a ideologia que ganhou foi a do shopping center. Dizia-se há alguns anos que a ideologia dominante numa sociedade é a ideologia de sua classe dominante. Se for verdade, os rolês mostram que a ideologia da classe média, seu "way of life", seduziram os mais pobres. O que muitos deles querem é estar no mundo da classe média. Não querem romper com ela nem eliminá-la. Querem fazer parte dela, claro que com os ajustes necessários.

Se a classe média não gosta disso, é outra coisa (essa batalha, a "velha classe média" vai perder, e as chances do PSDB estão - como bem entendeu Aécio, mas não os jornalistas favoráveis ao partido - em conseguir ser o partido de todas as classes médias, não só da antiga). Mas a classe média, ou sua maioria consumista, poderia ficar contente. Porque isso significa que os movimentos dos jovens chamados rolezinhos não acreditam que um outro mundo seja possível. O problema é que a inclusão pelo consumo tem um alcance limitado, chega uma hora em que você tem de produzir e não só consumir, e a produção requer hoje competências cada vez maiores, que se chamam educação, cultura, ciência. O engraçado é que também elas podem dar (algum) prazer, mas nossa sociedade, independentemente da classe social, não sabe disso. Prefere o shopping.


Renato Janine Ribeiro é professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo. Escreve às segundas-feiras no Valor.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Contraf-CUT: 8 anos de muitas lutas e conquistas


1º Congresso da Contraf-CUT em 2006.
Comentário: vendo o breve histórico da matéria abaixo, não tem como não nos emocionarmos e também sentirmos o peso do mundo em nossos ombros porque os desafios da luta de classes foram, são e serão sempre grandes, principalmente contra os gestores do capitalismo atual (o financeiro).

Eu busco há muito tempo compreender o que sou e porque a vida nos levou para onde estamos hoje. Desde muito cedo na minha vida de subproletário e depois de proletário, tive clareza sobre minha natureza. Eu nunca tive perfil para perseguir aquele objetivo que inculcam em nós desde pequenos de sermos capitalistas ou servidores desse sistema. Nunca quis acumular dinheiro e poder e propriedades e porcarias como essas. Olhando para trás, vejo que meus valores nunca foram esses.

Quando venho a casa de meus pais, onde estou neste minuto, e vejo toda essa simplicidade e falta de recursos, quando vejo que meus pais não conseguem atendimento médico digno, quando meu pai enfrenta as injustiças normais (infelizmente) na sociedade dos que têm poder e posses contra os simples e humildes, quando piso aqui e lembro de toda a raiz de minha vida, percebo quem sou e não quero mudar de lado no sistema. Quero mudar essa porcaria de sistema capitalista. (podem não entender, mas nunca me senti à vontade em usar plano de saúde, pois minha família sofre sem atendimento na fila do SUS)

Então, percebi logo que tenho uma natureza de servidor público, quero trabalhar direito, servir à coisa pública e gostaria que ela funcionasse. As coisas públicas são FUNDAMENTAIS para a imensidão de gente no país como meus pais, tios, avós etc. Aliás, é de minha natureza usar uniforme (me convenci mais ainda depois de um debate que fiz com um professor em 1997). Usei as camisetas do BB por dez anos nas agências... hoje, sempre busco apresentar a marca daquilo que represento, a CUT.

É por isso que tentei ser um bom funcionário do BB por dez anos atendendo pessoas da melhor forma possível. É por isso que sempre briguei contra "carteiradas". É por isso que brigava contra as injustiças nos locais de trabalho por onde passei e nas escolas por onde estudei. Gostaria que as coisas funcionassem bem para todas as pessoas, não só para privilegiados. Sei que o que estou falando é difícil e, vez por outra, sou um dos privilegiados perto dos milhões de miseráveis por aí.

É por querer mudar o sistema e é por ter uma natureza de servidor público, que acredito que fiz com tanto amor e empenho esses 11 anos em que sou bancário do BB dirigente sindical eleito pelos trabalhadores. 

Eu tive a oportunidade de ajudar a organizar os bancários, mobilizá-los, construir propostas e buscar soluções através de negociações e greves, e acredito que a construção da campanha unificada a partir de 2003, desejo bem mais antigo dos bancários, passou a ser uma realidade após a mudança de governo na época (saiu PSDB e entrou o PT). Os bancários acertaram e avançaram bastante em votar na nossa estratégia. Estive no debate com os trabalhadores nesses 11 anos. E é claro que diariamente surgiram novos problemas a enfrentar, porque estamos falando de luta de classes!

Neste aniversário de 8 anos de criação da Contraf-CUT, eu tanto me orgulho quanto agradeço a oportunidade que tive de participar do projeto. No primeiro congresso fui eleito para atuar na imprensa da confederação e nos dois congressos seguintes, me designaram para tocar o projeto de formação da Confederação, dando sequência a um trabalho que já vinha sendo feito pela companheira Deise Recoaro. Nunca começamos algo do zero, sempre damos sequência a um trabalho já realizado por dirigentes trabalhadores antes de nós.

Eu agradeço a oportunidade que tive nas gestões da Contraf-CUT. Só na área da formação, nós todos da direção, juntamente com a equipe de profissionais maravilhosos do Dieese, já tivemos a oportunidade de compartilhar conhecimentos e informações com cerca de 250 dirigentes e assessores de nossas entidades sindicais. Nos desafios que lideramos, sempre tem um quinhãozinho nosso, mas os resultados sempre são fruto de trabalho em equipe e coletivo.

Pensando meus mandatos na aniversariante Contraf-CUT, também não tem como não refletir sobre o quanto foi rica a minha experiência nos mandatos sindicais do maior sindicato de bancários da América Latina. Nestes 11 anos de mandatos dos trabalhadores no Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, tive o privilégio de dialogar com os bancários do BB nas 11 assembleias decisivas nas 11 campanhas com muita luta e muita greve que fizemos entre 2003 e 2013.

Aprendemos muito, muito mesmo, até este momento com a experiência de participar do movimento sindical e social. 

Somos humanos cheios de defeitos, mas quando as pessoas mais próximas observam que mudamos pra melhor após a vivência no movimento, só temos que agradecer pela oportunidade. Participar das lutas coletivas vale a pena e estar aberto a mudar todos os dias vale a pena. Temos que ter a humildade de murchar as orelhas quando erramos, e tentar melhorar até o último dia de nossa vida, pra sermos cidadãos melhores para nosso entorno e para uma sociedade mais justa, igualitária e melhor para todos viverem.

Acabei me alongando, mas é que estou em férias mesmo. Vamos lutar sempre pra fortalecer as entidades sindicais e de luta para que a classe trabalhadora tenha sempre a esperança de um amanhã em um mundo melhor.



Vida longa à nossa Contraf-CUT e às nossas entidades de classe!
Somos fortes, somos CUT!

William Mendes




Contraf-CUT completa 8 anos de muitas lutas e conquistas neste domingo


Fundada na histórica assembleia realizada em 26 de janeiro de 2006, em Curitiba, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) completa oito anos de muitas lutas e conquistas neste domingo. Com ousadia, unidade e mobilização, ela ampliou o espaço de atuação da extinta Confederação Nacional dos Bancários (CNB-CUT), construída em 1992, assumindo a representação dos trabalhadores do ramo financeiro. Os avanços são inegáveis, mas ainda há muito por fazer.

O primeiro presidente da Contraf-CUT foi o funcionário do Itaú, Luiz Cláudio Marcolino, que também presidiu o Sindicato dos Bancários de São Paulo e hoje é deputado estadual do PT de São Paulo. O 1º Congresso da Contraf-CUT aconteceu no dia 25 de abril de 2006, em Nazaré Paulista (SP). Vagner Freitas, empregado do Bradesco e hoje presidente nacional da CUT, foi eleito presidente.

O 2º Congresso da Contraf-CUT aconteceu nos dias 14 e 15 de abril de 2009, em São Paulo, que elegeu o bancário do Itaú e ex-secretário-geral Carlos Cordeiro para presidente. E o 3º Congresso da Contraf-CUT ocorreu nos dias 30 e 31 de março e 1º de abril de 2012, em Guarulhos (SP), onde Carlos Cordeiro foi reeleito presidente. 

A Contraf-CUT coordena o Comando Nacional dos Bancários e representa mais de 90% de todos os funcionários de bancos públicos e privados do Brasil.

A entidade é também referência internacional para os trabalhadores de todo mundo. É filiada à UNI Global Union, o sindicato mundial que representa cerca de 20 milhões de trabalhadores dos setores de serviços. Carlos Cordeiro é também o atual presidente da UNI Américas Finanças, que organiza os bancários do continente americano.

Uma longa tradição de luta


Olhando para a história, a Contraf-CUT é a herdeira institucional de uma longa tradição de luta dos bancários brasileiros, que remonta ao início do século 20, quando os trabalhadores das casas bancárias fundaram suas primeiras associações.

Todas as conquistas da categoria foram obtidas com organização e unidade, em um século de lutas - desde a jornada de 6 horas em 1933 até os aumentos reais de salário, a valorização do piso e o avanço no combate ao assédio moral e à igualdade de oportunidades dos últimos anos.

Essa trajetória foi brutalmente interrompida pelo golpe militar de 1964 e retomada em meados da década de 1970, quando bancários, metalúrgicos, químicos, professores e outras categorias profissionais criaram o que ficou conhecido como o "novo sindicalismo", convergindo para a criação da CUT em 1983.

Com a ascensão das lutas sindicais na década de 1980, os bancários sentiram a necessidade de reorganizar suas entidades nacionais, a fim de articular a organização e as mobilizações em todo o país. Assim nasceu o Departamento Nacional dos Bancários da CUT (DNB-CUT), em 1985, sucedido de 1992 a 2006 pela Confederação Nacional dos Bancários (CNB-CUT).

Muitas conquistas


Ao longo desses oito anos de muitas batalhas, a Contraf-CUT fortaleceu a unidade nacional dos bancários e esteve à frente de todas as campanhas salariais, coordenando o Comando Nacional e consolidando a convenção coletiva nacional de trabalho, que completou 21 anos em 2013, válida para funcionários de bancos públicos e privados de todo país.

Com a força da unidade nacional e da mobilização, os bancários concretizaram sonhos e ampliaram conquistas. Em 2013, os trabalhadores arrancaram aumento real pelo décimo ano consecutivo, elevação dos pisos, melhoria na participação dos lucros, além de importantes avanços sociais, como o vale-cultura. 

Além disso, os bancários estiveram presentes em 2013 na árdua luta que garantiu o adiamento da votação do Projeto de Lei (PL) 4330, do deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), que libera a terceirização para todas as áreas das empresas. Se ele fosse aprovado, os bancos poderiam substituir caixas e gerentes por terceirizados, o que levaria à extinção da categoria bancária.



Desafios


"Apesar de todas essas vitórias, os desafios ainda são numerosos, como o emprego decente, condições dignas de saúde, segurança e trabalho, igualdade de oportunidades, a regulamentação do sistema financeiro, uma inclusão bancária sem precarização e sem exclusões, e a proteção à vida dos trabalhadores e clientes, dentre outras demandas", destaca Cordeiro.

"Também é fundamental atuar cada vez mais na discussão dos temas que mexem com os trabalhadores, como a reforma política e a reforma tributária. Nós, do movimento sindical, precisamos ser a referência dos trabalhadores e disputar os rumos da sociedade, buscando construir um país mais justo e solidário", aponta.

O calendário de 2014 traz eleições em grandes sindicatos, na Cassi, na Previ, na Fenae, na Funcef, além das eleições para presidente, governadores, senadores e deputados. "Acredito que continuaremos trabalhando muito e venceremos todos esses processos eleitorais, em especial a presidência da República, pois sabemos que precisamos continuar avançando, com mais e melhores empregos, com mais inclusão social e precisamos urgente começar a mexer na estrutura de distribuição de renda do Brasil", salienta o dirigente sindical.

Para ele, mesmo com os avanços conquistados, as condições de trabalho são cada vez mais precárias nos bancos. "Sabemos que os bancários estão sofrendo muito porque os bancos privados e também os públicos, seus acionistas, presidentes e executivos, se preocupam apenas com a gestão do lucro, enxergam os clientes como máquinas de fazer dinheiro e os trabalhadores como números, custos que se contrapõem a lucro". 

"Enquanto houver demissões, corte de postos de trabalho, rotatividade, baixos salários, desigualdades, assédio moral, adoecimentos, insegurança, mortes, estaremos desafiados a acabar com essas violências. O maior desafio é sermos esperança para os trabalhadores e convencê-los que lutando juntos somos fortes", conclui Cordeiro.

Fonte: Contraf-CUT

domingo, 26 de janeiro de 2014

Os 10 mais... livros para toda a vida




Refeição Cultural

Os 10 mais... livros para toda a vida

Em uma brincadeira sobre leitura, daquelas em que as pessoas falam sobre os dez isso ou aquilo que levariam para uma ilha, pedi a minha esposa que listasse quais os dez livros em casa que ela escolheria para me levar, caso eu fosse passar algum tempo em um local isolado e fosse ter tempo para leituras e reflexões a partir delas.

A escolha feita por ela é bem interessante. Ela se baseou em livros e ou autores que sabe que gosto, que eu já li ou que tenho vontade de ler, e ficou muito boa e eclética para a idealizada brincadeira de passar um tempo com tempo para as leituras.

É evidente que é uma sacanagem pedir a um amante de filmes, leituras, músicas ou outras formas de cultura para escolher apenas dez preferidos. Todos nós os temos de montes. Dezenas, centenas...

Segue abaixo a lista dos livros pegos por minha esposa e que seriam levados a mim. Eu estaria muito bem servido!

1-      Don Quijote de La Mancha – Miguel de Cervantes (ESP)

2-      A Montanha Mágica – Thomas Mann (ALE)

3-      Grande Sertão: Veredas – Guimarães Rosa (BRA)

4-      Cien Años de Soledad – Gabriel García Marquez (COL)

5-      Ensaio Sobre a Lucidez – José Saramago (POR)

6-      Guerra e Paz – Leon Tolstoi (RUS)

7-      Vidas Secas – Graciliano Ramos (BRA)

8-      Ulisses – James Joyce (IRL)

9-      A Odisseia – Homero (GRE)

10-   Sentimento do Mundo – Carlos Drummond de Andrade (BRA)

Eu fiz a sacanagem de pedir para alguém que me conhece escolher os livros. A escolha ficou bem legal. O difícil seria agora eu fazer uma lista com apenas dez. Porque eu levaria esses e mais um monte de autores que faltaram... lógico!

Desses dez, só não li o de Tolstoi. Cada livro desses contém ensinamentos sobre a vida, as culturas de seus países, refletem o contexto de seus tempos, bem como são atemporais porque narram situações que valem a todos os humanos, por isso universais.

Dez autores de oito nacionalidades diferentes. A área é literária, porém os temas encontrados nesses livros são multifacetados. Literaturas de qualidade que abordam filosofia, história, psicologia, sociologia, antropologia, amor e ódio, amizade, intolerância, disputa pelo poder, política, filologia e linguagem, e por aí vai...

Dessa lista, temos livros que dialogam um com os outros. O Ulisses com a Odisseia, por exemplo. Todos nos põem em profunda reflexão pela nossa capacidade de fazer guerras, de nos matarmos ao longo dos séculos. Enquanto buscamos a paz, fazemos a guerra.

E a linguagem contida neles, com suas mais variadas formas e técnicas, então? Ali temos o mundo. Ali temos as mais diversas experiências literárias, de linguagem e gênero. Ali perpassamos uns três mil anos de dramas humanos.

Olha, com o respeito aos demais cinquenta ou cem autores que faltaram, esses dez livros aí têm a capacidade de fazer qualquer leitor aberto ao conhecimento, à reflexão e às mudanças, avançar muito enquanto ser humano.

É isso!


Vamos lê-los ou relê-los?

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Carta: Para meu filho William (1987)




Para meu filho William (1987)


"Filho!

Por que é tão difícil para você ser feliz?

Quando você vivia em nossa casa, começou a sentir-se preso como um pássaro na gaiola, queria ganhar asas e voar, conquistar seu próprio ninho.

Eu, como mãe, me senti na obrigação de abrir a porta da gaiola e deixar que você voasse quando quisesse, e então, você voou.

Tinha eu esperança que neste voo você encontrasse a felicidade, embora sabendo que não seria fácil ter o seu próprio ninho e ganhar o seu próprio sustento.

Fico triste de ver meu filhote tão encorujado, arrepiado sem saltar, sem cantar. Não se torture tanto filhote, logo passa a tempestade, e você poderá voar tranquilo com o sol brilhando sobre você.

Você há de ter o seu ninho feito com folhas da melhor qualidade, e há de ter também asas fortes, para voar bem alto e conquistar as estrelas mais brilhantes, para que sua vida seja sempre iluminada pelo criador.

Que você nunca bata o peito contra a parede por falta de luz.

Deus te abençoe, filhote querido!"


Dirce Mendes é goianiense de Piracanjuba, é mãe de William Mendes, responsável por este Blog Refeitório Cultural.


PS: minha mãezinha me mostrou hoje este texto que ela fez quando eu fui embora para São Paulo lá no ano de 1987. Voltei à minha terra natal para morar com minha avó e primos aos 17 anos de idade. Minha mãe é um sinônimo de amor e doação e este texto demonstra um pouco disso.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

O grande mestre, 2008 (reflexões e reminiscências)



Imagem de divulgação do filme de 2008.

Refeição Cultural

Sinopse:

O filme narra a história de Yip Man, desde o ano de 1935 até o período da ocupação japonesa da China entre os anos 1937-1945. Yip Man foi um mestre chinês de Wing Chu - um estilo da arte marcial Kung Fu. Seu estilo, sua filosofia e seu exemplo de vida deixaram milhões de seguidores pelo mundo e um dos mais famosos alunos do mestre Yip Man foi Bruce Lee.


Reflexões e reminiscências

Por algum motivo, este filme me fez percorrer o túnel do tempo de minha vida e ver instantes de possibilidades que não foram realizadas porque ficaram do lado que não escolhi nas encruzilhadas diárias da vida. Neste caso, eu poderia na adolescência ter seguido a vida como um professor de arte marcial se não tivesse ido tentar a sorte na minha cidade natal, São Paulo. 

O filme me fez pensar muito também no que sou, na formação de meu caráter e de minha ética. A todo instante, estou buscando respostas no passado para compreender meu presente, meus valores.

A arte marcial na sua mais pura tradição oriental é uma arte filosófica. É uma forma de aprender a se conhecer, a se dominar, a se superar e resistir à dor. Também é uma filosofia de vida para se viver em harmonia com o mundo ao nosso redor (não é essa violência de ataque gratuito que se vê por aí na atualidade).

Vendo flashbacks de minha vida durante o filme, vi instantes de um garoto como tantos outros vivendo nos anos 70 e 80 em um país com má distribuição de renda, sem liberdades, sob o regime militar (instalado a pedido de uma elite civil tacanha nos anos 60). Um garoto filho de pais simples, sem formação alguma, costureira e taxista. Um mundo de dificuldades básicas de sobrevivência e de intolerância ao seu redor.

Fui viver em Uberlândia (MG) com dez anos de idade. A infância paulistana até ali era repleta de bons momentos. Deixei meus pais em MG e voltei para SP com dezessete anos para viver primeiro com avó e primos, depois em república com estranhos e por fim sozinho em vários locais. Assim como foi até ali desde uns doze anos de idade, trabalhava no que oferecessem de serviço, por tostões e sem carteira assinada.

A lembrança que tenho de minha adolescência é de raiva e ódio. Para me estabelecer e frequentar as ruas do lugar onde cheguei, precisei aprender rápido. Me lembro logo de uma briga de rolar no chão na porta da escola Hortêncio Diniz com outro moleque. Estava na 5ª ou 6ª série. Eu era magricelo e branquelo. Vivia com medo dos outros. Até que chegou o dia em que eu encarei o moleque mais temido da minha rua e o cobri de porrada até a mãe dele vir apartar. Foi minha libertação. Ganhei respeito e minha liberdade.


Kung Fu – aprender a lutar para não lutar

“Vencedor é aquele que vence sem lutar,
mesmo tendo o dom de vencer lutando”

(frase que li por anos na parede frontal do dojô que frequentei)


Entrei em uma academia de Kung Fu quando tinha uns doze ou treze anos*. Olhando para trás e refletindo a respeito da filosofia desta arte marcial, acredito que devo ter sido salvo pelos ensinamentos que tive naqueles 4 ou 5 anos em que pratiquei o Kung Fu. Não tenho dúvidas de que os ensinamentos de meus pais também me salvaram e me fizeram sobreviver a um dos momentos de maior risco na vida humana: a adolescência.

* um adolescente dos anos 2014 não deve se balizar nos 12 ou 13 anos de idade de hoje (atualmente, acho que se é adolescente até uns 35). Nos anos 80, já trabalhávamos com 12 anos entre 8 e 12 horas por dia.

Eu aprendi a administrar meu ódio e minha raiva contra o mundo miserável e injusto em que vivemos, ouvindo por centenas de horas naqueles anos o mestre e seus auxiliares dizerem que não devemos lutar sem necessidade. Que não era para bater em ninguém nas ruas. Que tínhamos que aprender a dominar o corpo e suportar a dor. Eram centenas de abdominais por dia. Dezenas de flexões, barras e exercícios de abertura e de chutes e socos até chegar à perfeição dos movimentos. “Sem dor, sem dor...”

Mas a lição era dura também em relação ao adversário: se tiver que se defender e dar um golpe, que seja o mais eficiente possível para derrubar de vez o oponente.

Meu ódio pelo mundo injusto não diminuiu, mas foi administrado com inteligência e canalizado para fazer o bem. Parei de brigar na rua. Andava no meio das turmas (gangues) que frequentavam as ruas dos bairros Marta Helena, Industrial, Brasil, Roosevelt etc. Nas brigas violentas, eu ficava na minha. Nunca tive a índole de dar chute na cara de ninguém, ferir as pessoas. Fico muito feliz quando olho para trás e reflito sobre isso. Hoje sou representante eleito pelos trabalhadores e busco mudar a vida das pessoas através da política.


“A prática é o critério da verdade...”

(ouço essa frase o tempo todo de pessoas do movimento sindical)


Meu grande mestre.
PAI - Eu acho que dei muita sorte pelo pai que tive porque ele me ensinou - com exemplos - a brigar pelo que é certo, e ele tem a 3ª série primária. Assim, vi meu pai frequentar os órgãos de defesa do consumidor quando era lesado. Vi meu pai organizar vizinhos para brigar por algo errado no bairro. Entrar na justiça contra safados donos de empreendimentos imobiliários que lesaram centenas de pessoas. Vi a vida inteira meu pai brigar com o mundo para tentar conseguir atendimento em hospitais públicos e privados.

Não deu outra. Desde a 5ª série, lá estava eu organizando sala de aula nas escolas por onde andei. Depois na primeira faculdade no FITO em 1992. No Náutico em 1997, comprei briga com o diretor por fechar o portão e deixar de fora dezenas de alunos que pegavam trânsito em São Paulo para chegar a Mogi das Cruzes; também achei cópia de carta que fiz lá defendendo alunos maltratados por estarem inadimplentes. Depois na FFLCH-USP em 2002 na greve de 104 dias... depois no movimento sindical onde me encontro.

Minha grande mestra.
MÃE - Eu acho que dei muita sorte pela mãe que tive porque ela me ensinou, no seu jeito simples, a não violência. Enquanto meus colegas de infância e primos eram espancados em suas casas e até na frente dos outros, eu nunca apanhei. Só ficava de castigo. O critério ensinado a mim para lidar com o ser humano foi: não faça aos outros o que você não gostaria que fizessem com você. E assim acho que fui crescendo naquele mundo miserável e violento, passando por ele, mas de forma honesta, humana e inteligente. Eu nem religião tenho, mas acredito que os ensinamentos cristãos de minha mãe ficaram em meu caráter e é provável que os siga mais do que muito religioso por aí.


Grandes mestres: sou grato a meus pais e à filosofia do Kung Fu

É isso.

Olhando para trás, acredito que a filosofia e os ensinamentos da arte marcial influenciaram aquele garoto que fui, numa época e local difícil de minha vida. Nunca mais pratiquei Kung Fu depois da adolescência, mas quando a base é boa, não perdemos os valores que adquirimos.


Cada um de nós é o resultado de uma vida. É resultado de acontecimentos diários e fortuitos e da formação recebida, tanto em casa quanto pelas oportunidades e dificuldades ao nosso redor.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Corridas nas férias e arrumação de casa


Com meus amores no fim de ano em MG.

Corridas nas férias, e arrumação de casa

Refeição Cultural


Fiz uma corrida de 5 km que foi extremamente prazerosa.

O esporte de caminhar e correr, bem como outras atividades individuais em que a pessoa praticante busca melhorar a si mesma comparando os avanços com seus próprios limites anteriores é uma das coisas mais prazerosas do mundo.

Depois que perdi minha condição física por falta de treinamento, tenho feito trotes na faixa dos sete minutos. É o que posso fazer para não me arrebentar. Com o tempo, aprendemos a ouvir nosso corpo e saber os limites e as maneiras de estabelecer novas condições quando há um treinamento apropriado.

Nesta semana fiz mais duas corridas. Na primeira busquei correr somente 3 km com o tempo marcado de 18 minutos. Deu certo. Diminuir 3 minutos em um trote e manter o ritmo por 18 minutos não é brincadeira não, em termos de frequência cardíaca e resistência muscular.

Ontem, busquei aumentar o tempo de permanência nesta intensidade e corri 5 km, acompanhando o tempo a cada 500 metros e consegui fazer o percurso em 29’56”. Fiquei muito feliz e meu corpo eletrizado (depois tomei um belo copo de garapa...).

Para quem está com bom ritmo e faz tempos bem menores, isso não é nada. Mas como disse, corrida é uma atividade pessoal. Os milhões de corredores amadores disputam somente consigo mesmos, querem melhorar suas marcas, querem melhorar suas condições físicas e suas resistências.

Ai se eu pudesse dedicar parte de minha vida a praticar esporte umas cinco vezes por semana... sem dúvidas, eu seria um pouco mais feliz!


Arrumação de casa nas férias

A outra coisa boa de não ir pro trabalho diariamente e viajar o tempo todo como faço é poder fuçar nas coisas em casa. Estamos limpando a casa e jogando coisas fora, arrumando lugar que não existe para alocar livros, livros, livros, e outras coisas da companheira e do filho. E o apa(e)rtamento é bem pequeno...

Ai que sonho de poder ler essas pilhas de livros que fui adquirindo ao longo da vida pelos sebos e livrarias por aí... mas a vida vai nos colocando por aqui e por ali e vamos seguindo tentando ser condutores e, muitas vezes, somos conduzidos...

Mas o importante é levar uma vida digna, útil não só pra si mesmo mas para a sociedade em que você está inserido.

É isso!



PS: e com isso, não estou lendo porra nenhuma nas pseudoférias...

sábado, 4 de janeiro de 2014

Férias com corridas, leituras, filmes...


Inspira forte, companheiro William, com energia
vamos longe! São Silvestre 2013.

Refeição Cultural


Estamos nos primeiros cinco dias do ano calendário de 2014. O ano que entrou já marcado por ser o ano da Copa do Mundo de futebol no Brasil. O ano das eleições presidenciais após três mandatos do PT que deram nova fisionomia ao país. Esses dois eventos estarão imbricados de forma indelével até o final do ano. Ninguém na vida social brasileira estará isento ou livre de ver, ler, ouvir, falar sobre tais fatos - sejam eles bons ou ruins de acordo com o gosto da pessoa.

Bom, esta pessoa aqui do Blog Refeitório Cultural passou os primeiros cinco dias deste ano calendário correndo, lendo, estudando um pouco, e mexendo nas coisas em casa. Tentando fazer a vida ser um pouco boa e valer a pena também nos momentos de férias.


Exercitar a tolerância, pois não somos uma ilha

Como não vivemos sozinhos, estou em pleno exercício de tolerância nas horas em que a TV está ligada em casa naqueles canais comerciais do PIG (Partido da Imprensa Golpista), os canais dos poucos empresários bilionários que detêm todos os veículos de imprensa em sistema de propriedade cruzada de forma inconstitucional, ou seja, possuem de forma ilegal rádios, TVs abertas e fechadas, editoras de jornais e revistas etc. Esses veículos de comunicação de massa só têm olhos para falar mal do País e de um partido (PT) e torcer para que tudo dê errado e lutam para ver se ainda conseguem influenciar o povo a votar como eles querem.

Mas apesar desses defeitos de origem secular na jovem sociedade brasileira, que veio de Colônia e Império a ser República, sem mudar a organização de castas nos seus primeiros 500 anos, apesar disso, a vida deve valer a pena e devemos sempre olhar o presente e o futuro sob a ótica de corrigir os defeitos dessa nossa organização social e fazer o Brasil avançar como estamos no caminho nos últimos 11 anos.


Leituras, filmes e esportes

Terminei o segundo volume da epopeia de Érico Veríssimo, O tempo e o vento. Como o filme do Jayme Monjardim é baseado nos dois volumes de O Continente, que já li, não vi problemas em assistir à sua versão recente. Passou esta semana na TV. Tirando a sonoplastia que foi um lixo, porque não se conseguia ouvir a Fernanda Montenegro junto com a música de fundo, as imagens e os momentos escolhidos pelo diretor para narrar a história ficaram boas.

Corri hoje uns 6 km com muitas subidas (uns 2 km) em uns 38 minutos. Foi uma corrida intensa e gostosa. Ontem corri 2,5 km com um ritmo bom. Também estou andando bastante desde o dia seguinte à São Silvestre.

Fui ao cinema assistir a dois filmes nesta semana: Álbum de família (bem deprê) e A vida secreta de Walter Mitty. Bons filmes, apesar que gostei mais do segundo (Mitty).

Estou organizando a papelada e os livros em casa. Como falta espaço, vou fazer um aquário estante, já que meu aquário está vazio desde a morte do meu pangasius Dógão. A companheira em casa odiou a ideia...

É isso... férias em casa.


PS: minha esposa falou que também odiou a foto...