domingo, 30 de março de 2014

2001 Uma Odisseia no Espaço... Voltando a ser primatas?






2001 Uma Odisseia no Espaço

Refeição Cultural


Revi o fantástico filme de Stanley Kubrick, produzido em 1968. É uma catarse visual e auditiva este filme.

A primeira parte, A Aurora do Homem, é uma das entradas mais espetaculares de filmes que conheço. Eu já cheguei várias vezes a minha casa e coloquei aqueles primeiros 20 minutos de filme.

Fiquei pensando no comportamento de Hal, o computador HAL 9000 da nave espacial Discovery One, cuja missão se destinava a ir a Júpiter. Eu nunca confiei nem confio em computadores ou máquinas que fazem tudo por nós humanos.

Depois deste filme, o cinema jamais seria o mesmo. E também depois de 2001 Uma Odisseia no Espaço, outros filmes abordando a questão homem versus máquina iriam nos deixar a refletir sobre essa convivência e ou dependência na sociedade mundial.


Estaremos voltando no tempo?

Passei a primeira parte de minha vida, até uns vinte e poucos anos, acreditando na possibilidade de vida inteligente no Universo, vida além da que se desenvolveu aqui no planeta Terra. Hoje não acredito mais nisso. A casualidade da vida e das formas que aqui se desenvolveram é um nascer e morrer em meio ao ambiente agressivo e trágico à vida durante bilhões de anos.

Mas até aquela idade eu acreditava em várias coisas além do mundo físico e tridimensional, como religião e deuses, fenômenos paranormais etc. Hoje tenho uma visão mais pé no chão. Acredito que as coisas acontecem a todo instante por pura casualidade, por falta de atenção e ou por serem planejadas por nós mesmos. Também entendo que o homem, o ser racional de nosso Planeta, é um universo em miniatura (em seu funcionamento). 

Somos uma máquina de inventar coisas, somos muito eficientes em sobrevivência nas piores condições e temos a capacidade de amar e odiar, de sermos o melhor e o pior em tudo.

Mas fico sempre pensando nas máquinas que estamos criando há milhares de anos. Boa parte delas, criamos para matar. Outra parte delas para produzir sobrevivência em condições adversas. Mas estamos numa fase de construir máquinas que tenham independência em relação a nossos comandos. Aí é que eu não sei aonde vamos parar.

Vejo a humanidade andando com os olhos nas telas de seus aparelhos portáteis com o dedo correndo a tela para cima e para baixo, com letrinhas bem pequenas. Curtir, compartilhar, comentar... replicar e espalhar micro coisas que não querem dizer nada na maior parte do tempo. Horas e horas da vida real nesta vida virtual.




Humanos máquinas, máquinas humanas, hum... má... onde está a humanidade? Máquinas calculam que humanos são desnecessários... alguns humanos seguem o que lhes mandam por trás das máquinas... as redes sociais... que diabo é isso? A cada dia o Facebook e outras empresas que se instalam em qualquer e todo tipo de aparelho de comunicação direciona nossos filhos e conhecidos... ao acordar já nos plugamos e quando vemos estamos sendo guiados por aquilo...


Tenho a impressão que estamos voltando a ser primatas...

Um sábado de corrida, leitura e prazer em família



Adoro testar minhas superações físicas. 
Aqui foi nos 15 k da São Silvestre 2013.


Um sábado de corrida, leitura e prazer em família


Refeição Cultural

Que bom descansar depois de uma semana de muito trabalho, muita militância e viagens pelo país para conversar com os bancários e falar de nossas propostas para melhorar a nossa Caixa de Assistência dos Funcionários do BB (Cassi). Nesta semana estive em Florianópolis, Campinas, Ribeirão Preto, Belo Horizonte e na Central de Atendimento do BB na capital paulista.

Saí para correr neste sábado, depois de uma semana em que dormi pouco mais de 4 ou 5 horas por noite em camas boas e ruins de hotéis por aí, depois de ter ficado a semana toda em pé e fazer dezenas de reuniões com centenas de bancários. Acordei neste sábado antes das 8h por causa das britadeiras que estão demolindo uma construção em frente de casa. Corri com um dia lindo, lindo. Valeu a pena!

Comi alguma coisa leve. Li um pouco sobre a pedagogia de Paulo Freire no livro Educação como prática da Liberdade e saí para correr e tirar o estresse do corpo e da mente. Imaginem como meu corpo estava cansado. Mesmo assim, mentalizei que queria estender a corrida para um tempo maior que o sábado anterior, quando fiz a mesma coisa para aliviar corpo e mente e corri cerca de 45 minutos.

Comecei com dores nos pés e nos tendões. Aos poucos fui me soltando e me concentrando. Encarei uma subidona, fui para o parque e dei cinco voltas lá na pista e segui correndo. Passei pela subidona de novo e terminei minha corrida de 60 minutos em frente à barraca do caldo de cana do Sr. João. A corrida me deixou muito feliz por testar meus limites e insistir que eu posso atingir objetivos que mentalizo, sejam eles objetivos políticos, profissionais, de estudos e de superação física.

Depois fui almoçar com a esposa no Shopping Continental porque queríamos ver os bonsais que estão em exposição lá. A natureza me encanta muito e eu adoro plantas.

Dormi um pouco no final da tarde. O corpo estava pedindo. Agora de noite tomei uma breja, conversei pelo skipe com minha mãezinha e felizmente ainda tenho o domingo para curtir um pouco a vida ficando em casa e não fazendo nada.


É isso! Correr, ler um pouco, falar com os pais e estar em casa é muito bom! Não tem dinheiro e poder que pague isso (e olha que essas duas porcarias movem o mundo e fazem as pessoas fazerem muita merda por aí).

domingo, 23 de março de 2014

Ter a tranquilidade estoica no dia a dia





Refeição Cultural



Os estoicos

(excerto do livro O Mundo de Sofia)


Os cínicos foram de grande importância para a filosofia estoica, que surgiu em Atenas por volta de 300 a.C. Seu fundador foi Zenão, originário da ilha de Chipre, que se transferiu para Atenas depois de ter sobrevivido a um naufrágio. Ele reunia seus ouvintes debaixo de um pórtico. O substantivo estoico vem da palavra grega para “pórtico” (stoa). O estoicismo teria mais tarde grande importância para a cultura romana.

                Assim como Heráclito, os estoicos diziam que todas as pessoas eram parte de uma mesma razão universal, ou “logos”. Eles consideravam cada pessoa um mundo em miniatura, um “microcosmo”, que era reflexo do “macrocosmo”.

                Isto levou à ideia de um direito universalmente válido, o assim chamado direito natural. O direito natural baseia-se na razão atemporal do homem e do universo e, por isso mesmo, não se modifica no tempo e no espaço. Nesse sentido, os estoicos colocam-se ao lado de Sócrates contra os sofistas.

                O direito natural vale para todas as pessoas, inclusive para os escravos. Para os estoicos, as legislações dos diferentes Estados não passavam de imitações imperfeitas de um direito cujas bases estavam na própria natureza.

                Assim como apagavam a diferença entre o indivíduo e o universo, os estoicos também negavam a oposição entre “espírito” e “matéria”. Para eles existia apenas uma natureza. Chamamos tal concepção de monismo (em oposição, por exemplo, ao claro dualismo, à bipartição da realidade, de Platão).

                Os estoicos eram marcadamente “cosmopolitas”, o que significava que eram filhos legítimos de sua época. Sendo cosmopolitas, eram mais abertos para a cultura contemporânea do que os “filósofos de barril” (os cínicos). Os estoicos chamavam a atenção para a convivência entre as pessoas, interessavam-se por política, e alguns deles chegaram até mesmo a ser estadistas atuantes, como o imperador romano Marco Aurélio (121-180), por exemplo. Graças a esses homens, e sobretudo ao orador, filósofo e político Cícero (106-43 a.C.), a cultura e a filosofia gregas conquistaram terreno em Roma. Foi Cícero quem cunhou o conceito de humanismo enquanto cosmovisão na qual o homem ocupa o ponto central. Alguns anos depois, o estoico Sêneca (4 a.C.-65 d.C.) escreveu que “para a humanidade, a humanidade é sagrada”. Esta afirmação ficou para a posteridade como uma espécie de slogan do humanismo.

                Além disso, os estoicos diziam que todos os processos naturais – por exemplo, a enfermidade e a morte – eram regidos pelas constantes leis da natureza. Por esta razão, o homem deveria aprender a aceitar o seu destino. Nada acontece por acaso, diziam os estoicos. Tudo acontece porque tem de acontecer e de nada adianta alguém lamentar a sorte quando o destino bate à sua porta. Também as coisas felizes da vida devem ser aceitas pelo homem com grande tranquilidade. Vemos aqui a proximidade dos estoicos com os cínicos, que viam com total indiferença todos esses eventos exteriores. Ainda hoje falamos de uma “tranquilidade estoica” quando queremos nos referir a uma pessoa que não se deixa inflamar por seus sentimentos.


Quadro maravilhoso feito por um colega 
aposentado do BB (não sei o nome). O quadro 
está no Sindicato dos Bancários da Paraíba.

TER A TRANQUILIDADE ESTOICA NO DIA A DIA

Fui buscar no livro O Mundo de Sofia o conceito de estoicismo, pois desde adolescente tenho certa simpatia por ele no lidar com as coisas da existência. Confesso que minha simpatia pelo modo estoico de ver a vida nem sempre se concretiza na realidade, haja vista que sou intenso até os ossos para certos momentos. Mas estou meditando muito depois de tudo que já vivi nos últimos meses para ser bastante estoico em minha vida.

Estou vivendo um ano intenso em minha militância política e sindical. Todos os dias e todos os anos são definidores na vida das pessoas, falar isso é usar um lugar comum. Mas arrisco a dizer que este ano é um ano definidor em minha vida política. Nada será a mesma coisa após o que estou vivendo e já vivi neste primeiro semestre.

Estou me dedicando com gana e disposição vibrante aos compromissos que assumi para com as entidades sindicais nas quais estou inserido, mas o resultado final do meu empenho, neste caso, será um reflexo de um trabalho extremamente coletivo. Eu e todas as partes envolvidas temos que fazer com o mesmo empenho as ações para a obtenção de resultados.

Nas próximas semanas já não serei dirigente de meu Sindicato e posso ser ou não ser um representante dos trabalhadores em uma entidade do funcionalismo do BB.

Terei a tranquilidade estoica para lidar com as coisas do mundo e pensar minha vida neste meu caminhar por este ano “definidor”...

É isso!

Sobre os conceitos que aparecem no capítulo que aborda os estoicos, tenho comigo que não gosto dos sofistas, aprendi a ser humanista, e acredito na convivência entre as pessoas e na política como forma de convivência pacífica em sociedade.


Bibliografia

GAARDER, Jostein. O Mundo de Sofia – Romance da história da filosofia. Cia. das Letras. Tradução: João Azenha Jr. 31ª reimpressão. 1998.

domingo, 16 de março de 2014

Mundo mundo vasto mundo... Onde está a tolerância e a paz?



Mundo mundo vasto mundo... 
vamos resolver as coisas em paz,
na política e não com violência e guerra.

Refeição Cultural


Acabando meu final de semana. Foi tão curtinho!

Cheguei no sábado de manhã vindo da primeira semana de conversa com colegas do BB dos estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Piauí. Estamos num período de eleição de representantes dos trabalhadores na gestão paritária da Caixa de Assistência do Banco do Brasil, a Cassi. 

Tem quatro chapas inscritas com colegas de diversas origens e posições políticas e sindicais e nós temos que fazer uma campanha limpa, com respeito ao outro e apresentando propostas para os bancários votarem entre 9 e 22 de abril.

Não tenho conseguido ler com profundidade os absurdos da violência pelo mundo e pelo meu amado País, o risco iminente de guerras e ataques às democracias constituídas é grande, pela falta de diálogo e aceitação dos capitalistas que perderam assentos no poder executivo e legislativo em suas democracias burguesas. 

Aliás, é uma tristeza ver os grupos de se dizem de "esquerda" mancomunados com as direitas e donos do capital, na tentativa de derrotar governos de esquerda ou centro esquerda ou ao menos mais progressistas e focados em programas com princípios de solidariedade e não de cada um por si. Mas a coisa está feia por aí. 

O capital, que detém quase toda a mídia comercial, atua de forma a fazer as pessoas simples, a classe trabalhadora, odiar a política e defender até inconscientemente as teses da direita burguesa. "A ideologia dominante é a ideologia da classe dominante" já dizia Karl Marx.

Não é possível acompanhar tudo (e nem quero) pelo acúmulo de trabalho e foco no que estou fazendo de meu trabalho de representação sindical, tanto na Contraf-CUT onde sou diretor executivo e cuido da área de formação, quanto na coordenação da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB. Sem contar que nestas semanas estou focando na eleição da Cassi.


OS PRAZEROSOS MOMENTOS EM CASA


Neste curto fim de semana, li um pouco de Machado de Assis. Nele temos o Mundo. Ele é atemporal. Já era um gênio em sua época. Ele destruía todos os conceitos e cutucava todas as vertentes sociais possíveis. Criticava a igreja, a burguesia branca escravagista, toda a gente sem caráter, os interesseiros, os que se diziam santos e honestos, o machismo, ele falava em nome dos explorados, e por aí vai. Ele criticava todas as formas de literatura, os jornais recém surgidos... ele era o cara!


Cortei o cabelo de meu filho. Limpei o aquário de meus peixinhos. Almocei com a Noni no sábado e domingo no shopping. Liguei para meus queridos papai e mamãezinha.

Caminhei uma hora no sábado e corri hoje 40 minutos num calorzão bravo. Mas tenho que buscar energia para não quebrar. Preciso estar forte para superar tudo.


QUEREM MATAR A POLÍTICA... SEM ELA, É A GUERRA

Aqueles com quem convivo já me viram falar isso várias vezes. Eu aprendi a valorizar a democracia e a política porque ela é a responsável por estabelecer as coisas nas sociedades sem violência, morte e guerras internas e externas.

Estamos vivendo tempos duros. Os donos do capital, com todos os seus veículos de comunicação privados, estão criando uma geração de pessoas intolerantes, violentas e sem limites. Por mais que se lute por bandeiras de respeito às mulheres, às chamadas minorias, mais vemos violência contra mulheres, negros, homossexuais, crianças, idosos, pessoas sem poder econômico e posição social. Pertencer ou ser simpatizante de partidos de esquerda é ser "bandido" ou coisa do gênero etc.

"Hoping for the best but expecting the worst" (Alphaville)

"Torcendo pelo melhor, mas esperando pelo pior"


Bom, essa é minha refeição cultural de fim de semana. As pessoas que acompanham meu blog viram dias atrás o quanto eu estive triste por causa dos acontecimentos político-sindicais em meu espaço de militância, traições etc, mas isso foi superado porque é pra frente que se anda.

Nada como conversar com as pessoas, os trabalhadores e gente simples do mundo, para retomar nosso vigor de cumprir a nossa missão neste mundo de lutas por uma vida melhor para as pessoas.

É isso! Vamos pra mais uma semana de viagens pelo país!

William

quarta-feira, 5 de março de 2014

Sigo forte, sou o que sou, militante da classe trabalhadora!



Num belo momento de família, 
com minha esposa em janeiro...

Saí para correr em Osasco nesta quarta-feira de cinzas (5) com uma leve chuva, num lusco-fusco de fim de dia. Clima gostoso. Estou olhando dentro de mim e encontrando meu equilíbrio.

Estou há dias me recuperando psicologicamente de traições de companheiros do meu mundo de militância sindical. Fiquei muito mal e passei dias pensando muita coisa ruim. Mas quem perdeu o valor com a traição da palavra e o pragmatismo e exagero pelo apego no poder não foi eu.


EU NÃO MUDEI COMO PESSOA, NÃO! Quero sempre ser uma pessoa melhor e um militante de esquerda que tem utopia e acredita no ser humano. Também não me diminuo. O movimento sindical e a nossa corrente política dentro da CUT precisam de pessoas como eu, pois INCOMODO, LOGO EXISTO!


Prometi a mim mesmo que não iria quebrar. Vivi meu luto, minha dor, nestes longos dias que terminam com o feriado de Carnaval.


Enquanto corri meus poucos quilômetros nestes dias todos, como tive que fazer esforço para achar o fôlego, para achar a energia da vida e da resistência. Estava meio deprê! Mas sempre soube que meu corpo, que me carrega, responde ao chamado quando preciso.


Quando buscava minha energia hoje, correndo na chuva, achei não só a energia quanto também a certeza que eu não quebrei. Estou forte e focado em meus objetivos.


Vi meus vídeos de caminhadas anuais de 70, 80 km. Lembrei de tantos momentos duros na vida, onde eu resisti e saí forte como um animal livre na natureza selvagem. 


Pensei também nas grandes dificuldades que vivemos juntos no movimento sindical mesmo. A própria greve de 30 dias de 2004, de todas as oposições sindicais e a direita política contra nós da Articulação sindical da CUT. Ou a tentativa equivocada de racha na base do Sindicato em 2003... eu tive a capacidade de fazer a Diretoria do Sindicato mudar de opinião algumas vezes e não cometer alguns equívocos. Contribuí para convencer os trabalhadores da importância da campanha unificada entre bancos públicos e privados: os resultados hoje estão aí para as bancárias e bancários brasileiros.

A luta no movimento social organizado vale a pena. Aprendi isso na prática, olhando para trás e compreendendo que todos os movimentos que participei e/ou que liderei, foram vitoriosos na medida em que as pessoas vieram conosco em busca de objetivos comuns. Juntos, nós da classe trabalhadora e povo, somos mais fortes mesmo! E é preciso estrutura pra isso também.


Nós militantes e representantes sindicais somos um misto de obstinação pessoal, energia pura que cada um tem, somados às oportunidades que a vida social nos apresenta. Nos formamos e nos lapidamos diariamente no movimento sindical.


Eu sei que posso fazer a diferença e contribuir para os projetos da classe trabalhadora porque tenho coração, e gana, e também boas ideias e ideologia. Também tenho couro grosso! Acredito nos valores que defendo.


Refleti muito nestes dias e os maus pensamentos se transformaram em energia pura para seguir fazendo o que eu sei fazer melhor: organizar pessoas, trabalhadores, para lutar por coisas melhores para a nossa classe social. Danem-se as parasitas que estão nos espaços sociais! Danem-se os traidores! As pessoas boas são muito, muito mais que as ervas daninhas!


Algumas vezes nestes anos de liderança no movimento sindical, fiquei meio frustrado por achar que não tinha uma profissão dessas clássicas como, por exemplo, "professor". Sempre sonhei em ser professor. Mas não deu, bateu na trave: quando entrei na USP, a vida acabou me colocando no Sindicato dos Bancários e virei um representante dos trabalhadores. O curso e a oportunidade de ser professor foi pro saco! Paciência!


Mas descobri nesses anos todos de representação que a gente é o que é (lembram do filme "O palhaço"?): eu sou um militante de esquerda, organizador da classe trabalhadora e se vou ficar sem um mandato de primeiro grau - eleição direta de trabalhadores em chapa do sindicato - não deixei de ser o que sou. É FATO!


Continuo trabalhando e atuando pelos bancários. Fiz isso todos os dias depois da formação de chapa de meu sindicato (19/2). Já encaminhei questões de minha responsabilidade sobre formação, sobre coordenação da COE do BB, já atendi vários sindicatos com demandas, enfim, eu não mudei e meu compromisso com os bancários e com os sindicatos segue idêntico.


Algumas pessoas não cumpriram a palavra comigo neste início de ano sindical, aliás, no último mandato no Sindicato, algumas vezes me senti insultado lá dentro... mas eu vou cumprir TODOS os meus compromissos com os bancários e com as entidades sindicais da Contraf-CUT. Mudou a situação em minha base de origem, mas EU NÃO MUDEI!


Então fica assim: sou dirigente da Contraf-CUT e, neste momento, estou estudando com profundidade a nossa Caixa de Assistência Médica - a Cassi - pois estaremos dialogando com o funcionalismo do BB a partir do dia 7 de março, apresentando propostas para melhorar a nossa Caixa (como as demais chapas inscritas farão), porque nos colocamos à disposição dos sindicatos e dos bancários para liderar um projeto para a nossa Cassi. Os associados é que vão decidir democraticamente isso após ouvir as chapas nas próximas semanas.


Estou forte, sou CUT, tenho coração e gana para organizar, mobilizar, construir propostas e negociar para melhorar a vida da classe trabalhadora. Ninguém vai me tirar isso, pois sou o que sou.


William Mendes



PS: Ah, quanto a alguns dirigentes acharem que eu não deveria ficar escrevendo aqui no meu blog o que passei ou senti nestes dias, sinto muito, mas não vou perder minha transparência e meu jeito direto de ser e expressar o que penso. Mas como disse, estou e sou muito focado em tudo que me comprometo a fazer pelos trabalhadores.

domingo, 2 de março de 2014

Revigorando nestes dias minha energia pra lutar pelos trabalhadores






Estou digerindo a bile, o gosto amargo do fel. A dor da traição!

Estou lidando com uma dor que me mata e alimenta...

Me mata porque não sentia isso desde que era jovem.

Eu cresci com ódio do sistema, da exploração e da injustiça.

Eu suportei minha infância, minha adolescência, a pobreza.

Vivi em barraco de placas, em meio a baratas, capinei pros outros e quebrei concreto.

Descarreguei caminhões com 15, 20 mil quilos de caixas.

Quebrei esgoto usado como ajudante de encanador.

Furei latas de palmito podre quando trabalhei em depósito. Ninguém tem ideia do cheiro daquilo.

Aprendi a sentir dor e resistir. Aprendi a fazer bem feito aquilo que me comprometia, mesmo no serviço braçal... aprendi a estudar, e ler, e lutar pra ser alguém na vida.

Com toda a vida dura que tive como milhões de proletários no mundo,
nunca aprendi a ser mau e fazer o mal a ninguém. Minha mãe e meu pai não me perdoariam por isso. Isso não!

Com esforço e com retidão, trabalhei e estudei (como os filhos de proletários, não sou especial, sou só mais um trabalhador).

Fiz faculdade paga em Osasco (FITO). Trabalhei no Unibanco. Entrei no Banco do Brasil. Ali estou há 21 anos tentando levar minha vida de forma correta e sem prejudicar ninguém (mas quero derrotar os capitalistas e seus lacaios).

Um dia, fui convidado a participar de uma chapa de sindicato de bancários. Depois de relutar tanto, aceitei. Virei dirigente dos bancários de São Paulo, Osasco e região.

Minha vida mudou completamente. Eu mudei radicalmente. Fui conhecer os princípios da esquerda. Descobri que homens e mulheres, de forma coletiva, se reuniam de maneira mais orgânica em local específico – a casa do trabalhador – e passei a reaprender a vida social (mas não perdi uma vírgula dos meus princípios de não prejudicar ninguém).

O tempo passou rápido (e lentamente, porque tem dor e tristezas) nos últimos doze anos de direção sindical. Me peguei assumindo o período de transição geracional de lideranças dos anos oitenta para a minha geração dos anos dois mil, pois aqueles foram assumir outras missões para a classe trabalhadora nos governos de Lula e Dilma, e nós que estávamos chegando tivemos que seguir sendo vanguarda e buscando novos rumos ao movimento sindical bancário. 

Assim participei da construção da Campanha Unificada, da vitoriosa construção da luta por aumento real, da criação de nossa querida Contraf-CUT (estou desde o início lá).

Eu fiz parte disso, dessa escola. Fui aluno e fui liderança também. Ninguém vai apagar isso. Foram 12 anos de assembleias de massa. Foram 12 anos de sindicalização. Fiz muito trabalho de base nesses 12 anos. Centenas de reuniões em locais de trabalho. Foram 12 anos escrevendo para o movimento sindical, fazendo teses para a Articulação Sindical, fazendo as revistas O Espelho. Doze anos negociando com os gestores em nome dos trabalhadores.

Vi um monte de gente passar pelo Sindicato, conciliar sua vida pessoal com a sindical. Vi vários estudarem e se formarem... Eu sou exagerado e nunca consegui deixar de focar o Sindicato quando havia conflito com minha segunda faculdade (Letras na USP). Foram dez anos deixando a USP de lado nos semestres de campanhas salariais (agora descubro ao pedir o diploma que a faculdade alega que faltou uma merda de matéria do segundo semestre...)

Eis que me peguei nos últimos períodos em meio a um grande conflito entre grupos em disputa de posições e formas de fazer sindical e político nos espaços em que convivo. Nessas coisas sobram pedras pra todo lado... Eis que encerro minha vida no sindicato. Confesso que estou chateado com isso. Este é meu Blog e aqui escrevo o que bem entendo. Dane-se se sou sincero. Vai passar em mais uns dias e vou seguir fazendo bem feito tudo que faço (ao menos tento com gana).

Eu aprendi política no mundo sindical. Depois que aprendi, ensinei política no movimento sindical. Somos todos soldados, aprendizes e professores. É a escola da luta entre capital e trabalho.

Porra! Estou vivendo nestes dez dias aquilo que Freud explicou em seu texto “Luto e Melancolia”. Quando um ser humano perde algo ou alguém, ele tem que viver os dias de luto, para que aquilo não se transforme em algo pior, em uma doença que lhe consuma física e psicologicamente. Eu estou sangrando com as traições que sofri por parte daqueles em quem confiava e com quem tinha compromissos, e tenho que superar as feridas e vou fazê-lo em mais alguns dias. Estarei MAIS FORTE AINDA!

Sabemos que existem alguns parasitas em qualquer local de convívio social. Com esses lidamos bem, porque sabemos. Mas uma das coisas mais sagradas no campo da esquerda é a palavra, é a confiança. Não se trai um companheiro de luta. É por isso que estou em dias de luto profundo para comigo mesmo. Mas eu estarei preparado para continuar defendendo a classe trabalhadora em mais alguns dias. Eu juro a mim mesmo.

Eu sou transparente e isso não vai mudar. A política se faz com hipocrisia, dizem. Eu acredito que a política se faz com coração e eu tenho coração, e sangue, e gana, e tesão de organizar e defender os trabalhadores. Isto ninguém vai me tirar, foi assim que liderei estudantes desde a 5ª série, foi assim sendo síndico de condomínio, foi assim nesses 12 anos de liderança sindical, será assim em qualquer lugar em que eu estiver militando...

Se talvez eu estivesse com as dores nas costas de passar dos quarenta anos e trabalhar umas 18 horas por dia na luta sindical e cuidar pouco de minha saúde: SAREI! 

O recolhimento de dor que estou me impondo nestes dias vai me dar uma força indestrutível para continuar lutando pela classe trabalhadora com a mesma ética e princípios que sempre tive.

AAAHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!

Eu suportei esses doze anos de movimento sindical e vi muita gente ao meu redor quebrar. Se desviar. Eu não vou quebrar!!! Meu luto dura só esta semana do Carnaval.

Eu sou forte! Sou CUT com muito orgulho! Eu jamais farei o que fizeram comigo! Juro que estarei pronto no final destes dias pra derrubar montanhas para lutar pelos meus colegas bancários e pela classe trabalhadora.


Eu juro a mim mesmo!


Post Scriptum (09/1/17):

Que releitura foda! Veio à tona tudo que vivi naquele início de ano de 2014... sigo na luta ainda hoje.


Post Scriptum II (15/10/17):

Releitura. Amanhã vou voltar ao espaço político de onde saí há quase 4 anos para discutir as eleições da Cassi e a possibilidade de eu disponibilizar meu nome para o processo de 2018.