domingo, 23 de março de 2014

Ter a tranquilidade estoica no dia a dia





Refeição Cultural



Os estoicos

(excerto do livro O Mundo de Sofia)


Os cínicos foram de grande importância para a filosofia estoica, que surgiu em Atenas por volta de 300 a.C. Seu fundador foi Zenão, originário da ilha de Chipre, que se transferiu para Atenas depois de ter sobrevivido a um naufrágio. Ele reunia seus ouvintes debaixo de um pórtico. O substantivo estoico vem da palavra grega para “pórtico” (stoa). O estoicismo teria mais tarde grande importância para a cultura romana.

                Assim como Heráclito, os estoicos diziam que todas as pessoas eram parte de uma mesma razão universal, ou “logos”. Eles consideravam cada pessoa um mundo em miniatura, um “microcosmo”, que era reflexo do “macrocosmo”.

                Isto levou à ideia de um direito universalmente válido, o assim chamado direito natural. O direito natural baseia-se na razão atemporal do homem e do universo e, por isso mesmo, não se modifica no tempo e no espaço. Nesse sentido, os estoicos colocam-se ao lado de Sócrates contra os sofistas.

                O direito natural vale para todas as pessoas, inclusive para os escravos. Para os estoicos, as legislações dos diferentes Estados não passavam de imitações imperfeitas de um direito cujas bases estavam na própria natureza.

                Assim como apagavam a diferença entre o indivíduo e o universo, os estoicos também negavam a oposição entre “espírito” e “matéria”. Para eles existia apenas uma natureza. Chamamos tal concepção de monismo (em oposição, por exemplo, ao claro dualismo, à bipartição da realidade, de Platão).

                Os estoicos eram marcadamente “cosmopolitas”, o que significava que eram filhos legítimos de sua época. Sendo cosmopolitas, eram mais abertos para a cultura contemporânea do que os “filósofos de barril” (os cínicos). Os estoicos chamavam a atenção para a convivência entre as pessoas, interessavam-se por política, e alguns deles chegaram até mesmo a ser estadistas atuantes, como o imperador romano Marco Aurélio (121-180), por exemplo. Graças a esses homens, e sobretudo ao orador, filósofo e político Cícero (106-43 a.C.), a cultura e a filosofia gregas conquistaram terreno em Roma. Foi Cícero quem cunhou o conceito de humanismo enquanto cosmovisão na qual o homem ocupa o ponto central. Alguns anos depois, o estoico Sêneca (4 a.C.-65 d.C.) escreveu que “para a humanidade, a humanidade é sagrada”. Esta afirmação ficou para a posteridade como uma espécie de slogan do humanismo.

                Além disso, os estoicos diziam que todos os processos naturais – por exemplo, a enfermidade e a morte – eram regidos pelas constantes leis da natureza. Por esta razão, o homem deveria aprender a aceitar o seu destino. Nada acontece por acaso, diziam os estoicos. Tudo acontece porque tem de acontecer e de nada adianta alguém lamentar a sorte quando o destino bate à sua porta. Também as coisas felizes da vida devem ser aceitas pelo homem com grande tranquilidade. Vemos aqui a proximidade dos estoicos com os cínicos, que viam com total indiferença todos esses eventos exteriores. Ainda hoje falamos de uma “tranquilidade estoica” quando queremos nos referir a uma pessoa que não se deixa inflamar por seus sentimentos.


Quadro maravilhoso feito por um colega 
aposentado do BB (não sei o nome). O quadro 
está no Sindicato dos Bancários da Paraíba.

TER A TRANQUILIDADE ESTOICA NO DIA A DIA

Fui buscar no livro O Mundo de Sofia o conceito de estoicismo, pois desde adolescente tenho certa simpatia por ele no lidar com as coisas da existência. Confesso que minha simpatia pelo modo estoico de ver a vida nem sempre se concretiza na realidade, haja vista que sou intenso até os ossos para certos momentos. Mas estou meditando muito depois de tudo que já vivi nos últimos meses para ser bastante estoico em minha vida.

Estou vivendo um ano intenso em minha militância política e sindical. Todos os dias e todos os anos são definidores na vida das pessoas, falar isso é usar um lugar comum. Mas arrisco a dizer que este ano é um ano definidor em minha vida política. Nada será a mesma coisa após o que estou vivendo e já vivi neste primeiro semestre.

Estou me dedicando com gana e disposição vibrante aos compromissos que assumi para com as entidades sindicais nas quais estou inserido, mas o resultado final do meu empenho, neste caso, será um reflexo de um trabalho extremamente coletivo. Eu e todas as partes envolvidas temos que fazer com o mesmo empenho as ações para a obtenção de resultados.

Nas próximas semanas já não serei dirigente de meu Sindicato e posso ser ou não ser um representante dos trabalhadores em uma entidade do funcionalismo do BB.

Terei a tranquilidade estoica para lidar com as coisas do mundo e pensar minha vida neste meu caminhar por este ano “definidor”...

É isso!

Sobre os conceitos que aparecem no capítulo que aborda os estoicos, tenho comigo que não gosto dos sofistas, aprendi a ser humanista, e acredito na convivência entre as pessoas e na política como forma de convivência pacífica em sociedade.


Bibliografia

GAARDER, Jostein. O Mundo de Sofia – Romance da história da filosofia. Cia. das Letras. Tradução: João Azenha Jr. 31ª reimpressão. 1998.

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