sábado, 29 de novembro de 2014

Corrida prazerosa, episódios de "Arquivo X" e reflexões...


William após uma prazerosa
corrida de 7 km em Brasília.

Refeição Cultural

Fim de semana com a família em Brasília, Capital do Brasil. Meu semestre foi todo de morar em lugar nenhum ou em mais de um lugar. Confesso que estou meio saturado de tanto viajar.

Acordei neste sábado com o corpo todo pedrado. Parecia que tinha sido atropelado em sonhos. Isso é o resultado de mais uma semana muito intensa de trabalho como gestor da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil. O cansaço mental afetou-me até fisicamente. Precisei entrar no chuveiro para destravar.

Bom, feito isso. Comecei a desligar da semana.


Treinamento para a São Silvestre

Hoje foi dia do 7º treino para a minha 7ª participação na tradicional e fantástica corrida de São Silvestre, com 15 quilômetros de percurso com forte variação na altimetria.

Saí para correr na Capital Federal o objetivo do dia: 6 km. O corpo foi se soltando e eu entrei num ritmo muito relaxante. O percurso entre árvores e pássaros foi muito prazeroso e ao final corri cerca de 7 km em 42'. A sensação foi de felicidade e realização.

Comecei a treinar do zero neste mês de novembro e programei uma sequência de 16 treinos até o dia da corrida em 31 de dezembro. Estou finalizando o mês com o objetivo alcançado. Mesmo em um mês de muitas dificuldades no trabalho, foquei com determinação cumprir o treinamento.


Os episódios de Arquivo X são muito bons.
Sempre me colocaram a pensar...



Revendo episódios de "Arquivo X" para relaxar

Outra coisa que fiz nesta semana foi ver episódios da antiga série Arquivo X, que fez enorme sucesso nos anos noventa, sobre casos de difícil solução dentro da lógica matemática e científica tradicional e também que indaga sobre a existência de vida em outros planetas, bem como alimenta as tantas teorias da conspiração tão populares no mundo todo.

Há episódios antológicos, que me marcaram muito e que sempre revejo porque me colocam a pensar nas coisas.


O Demônio de Jersey

Cito um trecho que gostei muito e sempre falei sobre isso a respeito dos sentimentos e instintos que movem o mundo: sexo, poder, amor e ódio.

A conversa é entre um professor cientista e a dupla Mulder e Scully.


Cientista explica: cada cultura tem o seu "pé-grande, o seu yeti". É um tipo de mito universal do homem fera. O medo simbólico de nossas duas naturezas criadoras de vida e destruidoras dela.

A chegada do homem em cada continente foi desastrosa para as outras espécies animais.

Nós humanos retivemos traços hereditários através da evolução que provaram serem extremamente destruidores.

Tendemos a ser tribais e territorialmente agressivos e orientados por impulsos sexuais e reprodutivos que tornam a cooperação além da família ou da tribo extremamente difíceis.

Mulder afirma: então matamos outras espécies para sobreviver.

Scully: sim. Os humanos são animais carnívoros e estamos no topo da cadeia alimentar e reduzimos as chances de outras espécies sobreviverem.

Cientista explica: é difícil deixarmos o topo da cadeia alimentar evolutiva devido à nossa inteligência e finaliza afirmando que vivemos os nossos dias como ditadores do mundo.


Comentário final

Durante boa parte de minha existência, acreditei num monte de coisas sobrenaturais. Hoje sou muito mais cético em relação a deuses, espíritos, vida inteligente fora deste Planeta que habitamos ou coisas similares. Acho que tem muitas coisas que não conhecemos ainda como não conhecíamos ao longo de nossa história humana.

Mas a vida também nos obriga a focar em algo determinado com o passar da existência. Hoje não posso mais me dedicar a filosofar, elucubrar sobre as coisas do universo. Então acabamos por ser mais práticos e cumprir nossas missões nesta única existência que tenho algum domínio. Se tenho outras ou não, desta forma e com esta consciência ou não, já fica para o campo das respostas inviáveis... até o momento.

Feliz por ter cumprido meus objetivos de corrida, por estar fazendo com afinco minhas tarefas sociais, por estar em casa com a família e ter falado hoje com meus pais e estarem bem.

Viver precisa ser para valer a pena...

William

domingo, 23 de novembro de 2014

Rocky - A veia de lutador que habita em cada um de nós




Refeição Cultural


“Não é só uma questão de bater mais forte... é uma questão de saber suportar a dor... de persistência...” (personagem Rocky Balboa)

Não adianta negar o óbvio: que a história de cada um de nós é marcada e moldada por personagens que contatamos no passado, tanto na vida real quanto na fictícia, que nós somos hoje a soma de eventos ocorridos ao longo de nossa existência.


"O que somos é feito do que fomos, de modo que convém aceitar com serenidade o peso negativo das etapas vencidas." (Antônio Candido)


Somos hoje a soma de nosso viver. Também podemos dizer que somos fruto de nosso meio e ambiência cultural.

E olha que isso vale para tudo. Vale para nossa condição de saúde porque somos hoje o reflexo de uma vida alimentar regrada ou desregrada, bem como o hoje reflete se cuidamos de nosso corpo ou se abusamos dele. E não falo somente da questão do autocuidado.


Marcas de nossa herança proletária

Cada um de nós carrega os reflexos negativos das condições de trabalho a que fomos submetidos ao longo da nossa história proletária de venda da força de trabalho para os exploradores capitalistas.

Será que minha vista seca não é consequência das paredes e concreto que quebrei nas construções sem proteção alguma? Comi e respirei muito pó de cimento e tijolo na minha adolescência como ajudante de encanador.

Por que será que não tenho um olfato aguçado? Quantos têm noção do que é trabalhar com esgoto?

Aliás, minha história olfativa teve uma segunda dose de necessidade de bloqueio mental ao ato de cheirar: quando trabalhei em SP em distribuidora de palmitos, também na adolescência, tinha o momento pesado de descarregar caminhão com toneladas de caixas de palmito, e tinha os momentos mais “pesados” ainda – abrir latas estufadas de palmitos podres num canto isolado da empresa porque não se podia jogar fora a lata. Tive que conviver com o maior fedor do mundo...

Acho que sei porque meu cérebro bloqueou parte de meu olfato...



Personagens da primeira infância, da literatura e do cinema forjam nossa psique

Imaginem então quando falamos de personagens da literatura, do cinema, da vida política, das pessoas que tiveram alguma relação conosco durante o nosso crescimento como, por exemplo, nossos pais, nossos professores, familiares, vizinhos e amigos.

Nunca me esqueci do professor Glicério, de química, que nos ensinava a prestar atenção nas perguntas das provas para acharmos a solução adequada nas respostas... as perguntas são muito importantes mesmo!

A adolescência em condições difíceis nos anos oitenta me trouxe várias referências para suportar a vida, a dor, a tristeza, a raiva e não cair, não ficar pelo caminho. Pode não ser algo para se orgulhar ter se inspirado à esmo em personagens durões da vida real em meu entorno ou da ficção. Mas sobrevivi para depois ter outras oportunidades na vida a partir dos vinte e poucos anos.

Bom, por fim, tive boas inspirações também ao ver diariamente meus pais enfrentando com honra, ética, gana e humildade as dificuldades daquela época. É verdade que me inspirei em suportar a dor em personagens do cinema e da literatura, mas também através da arte marcial Kung Fu que tive a sorte de frequentar durante a adolescência e que me trouxe estabilidade de comportamento social.


A revisita ao passado também serve para enrijecer corpo e mente

A vida que levo há anos como militante de causas sociais é uma existência que exige uma grande energia interior, muito além daquela energia média do dia a dia de quem só está curtindo a vida e que tanto faz como tanto fez qualquer coisa. Sem nenhum demérito para a ampla maioria que vive assim. A escolha de ser militante do movimento social foi minha e eu assumo isso.

Mas para amanhecer diariamente e encaminhar as lutas para as quais nos dispusemos, é necessário encontrar força interior, equilíbrio e foco para suportar os movimentos de ataques e contra-ataques das posições contrárias no tabuleiro das lutas. É o nosso entorno diário. E é assim mesmo!

Vez por outra, revisito meus livros, meus filmes, meus personagens, testo minha resistência às dores físicas e psicológicas, enfim, me faço um guerreiro. Seja caminhando dezenas de quilômetros, seja testando o quanto ainda posso fisicamente, seja relendo livros de sociedades distópicas, seja revendo personagens como o velho pescador Santiago, ou os fantásticos e inspiradores Dom Quixote e Sancho Pança, ou também, revendo personagens dos filmes óliudianos das guerras, dos amores, das resistências.

Cada um tem seu jeito de se fortalecer.

E agora, vamos sair e tentar suportar o cansaço e cumprir meu objetivo de corrida. Vamos pra rua.

William


Post Scriptum

“A tua piscina tá cheia de ratos
tuas ideias não correspondem aos fatos...” (Cazuza)



Por falar nisso, conheço algumas figuras que adoram citar grandes políticos, filósofos e líderes religiosos como sendo suas referências – tipo Marx, Lênin, Jesus – mas que, convenhamos, acabam por ser completas aberrações entre o que pregam tais referências com a prática das figuras que as citam... vai entender, né!

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Diário - 181114 (1ª corrida em Brasília)


Refeição Cultural

Estou em Brasília, Capital Federal do Brasil. País que tanto amo. Eu não trocaria meu país por nenhum lugar do mundo!


Acabei de fazer um gesto de carinho aos meus pais, minha esposa, meu filho, minha irmã e meus sobrinhos. E a mim também. Saí para correr pela primeira vez aqui no DF. Explico o gesto de carinho...

Eu sempre pedi para meus pais se cuidarem porque além de ser importante para eles é importante para mim. Saber que minha mãe e meu pai estão comigo é um conforto e me dá uma baita energia extra para enfrentar as dificuldades, as dores, as tristezas e todo dia recomeçar. Eles sabem disso. Eu sei o quanto é importante para eles eu estar bem também. Eu preciso me cuidar para as pessoas que me amam.


O mesmo se dá com minha esposa, filho, irmã e sobrinhos. Minha esposa, aliás, tem se mostrado uma companheira de grande valor. Os desígnios e as tarefas que o movimento dos trabalhadores tem definido para mim nos últimos anos são de grande carga de trabalho, distância da família e de desgaste físico e emocional. Eu não me importo com as dificuldades da militância porque acreditamos em lutar para mudar o mundo para melhor, mas é verdade que sacrifico aqueles que realmente me amam e pensam na gente com leveza no coração.

Quando fiz o Exame Periódico de Saúde meses atrás, a doutora que me atendeu comentou que eu tenho um bom nível de HDL, o colesterol que protege nossas artérias e o coração. Expliquei que o motivo seria porque eu sempre pratiquei corrida e caminhada. Mas está aí o problema dos últimos tempos: por não ter rotina fixa, não tenho conseguido correr e "proteger" meu coração. Vivemos no limite do estresse sem descompensar e sem correr... é pedir pra morrer!


Como defini que vou correr a São Silvestre novamente, arrumei um objetivo a perseguir... e além da parte do desafio de estar em condições de completar a prova, cuido do coração e faço um gesto de carinho àqueles que se preocupam comigo. Fiz um cronograma para me obrigar a correr nos finais de semana.

Bom, corri nesta terça-feira 4 km em 28' em um trote só para relaxar e tirar dos ombros mais um longo dia de trabalho. Foi muito prazeroso e estou feliz por isso. Essa corrida extra deu uma leveza para terminar o dia e escrever aqui que amo minha família...

Um beijo pra minha mãe, pro meu pai, pra esposa, irmã, filho e sobrinhos... e pra todo mundo que gosta e respeita a gente!

Agora vamos comer uma pizza que acabou de chegar...

William Mendes

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Post Scriptum:

Apesar de estar sozinho aqui, ofereço essa pizza com cerveja pra vocês Noni e família...

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Post Scriptum (10/6/19):

1ª Corrida em Brasília aos 50 anos

Ontem, domingo, saí do hotel para correr no Eixão sem compromisso com distância a percorrer. Estava visitando a cidade no fim de semana para encontrar amigos. No sábado 8 fez um ano que peguei o carro e fui embora de Brasília; minha esposa e a mudança já haviam partido.

Ir a Brasília é sempre uma mescla de sentimentos bons e ruins. Minha família não tem boas lembranças da estadia lá: mudanças repentinas, tristezas, solidões - tenho responsabilidade nisso. Eu guardo lembranças boas: sei que realizamos um trabalho honesto, ímpar e de resistência na entidade de saúde em que fui gestor eleito por meus colegas bancários. Por outro lado, senti a mão pesada do patrão e sua estrutura de poder, ao enfrentá-lo em algumas questões estratégicas para meus representados.

Em relação à experiência de viver em Brasília, andar e correr por suas alamedas arborizadas, ouvir o canto de seus pássaros, apreciar maravilhado suas flores de estação, passar quatro anos contemplando o céu azul, e as estrelas, e o por do sol e suas tonalidades multicores, essa relação foi de paquera, namoro e amor. Me tornei um apaixonado pela natureza de Brasília.

As corridas no Eixão, fechado aos domingos e feriados para lazer dos moradores e visitantes, foram um capítulo à parte na minha estadia. Foram anos de muita felicidade em andar, correr e pedalar no Eixão. Com muita gente em dias de sol, com pouca gente em dias de preguiça, com quase ninguém em dias de chuva. Ali, meu corpo e minha essência se encontraram com Brasília. Superei distâncias em períodos de treinamento; superei cansaços físicos e mentais em dias de estresse e talvez depressão. O Eixão ficará para sempre gravado em minha memória.

Neste fim de semana, ao estar em Brasília, corri no Eixão. Senti uma felicidade gratuita muito boa. Não ando feliz. O sol estava gostoso, temperatura amena, 23°. Fui num trote leve do setor hoteleiro até o fim da área fechada para pedestres no lado Sul, coisa de 7k. Almocei ali perto de onde morei. Revi a região na sexta e ontem. Vi gavião carcará, os pássaros comuns dali - sabiá, bem-te-vi, joão-de-barro, beija-flor. E quando voltava no Eixão, já quase no fim, consegui achar uma corujinha nos canteiros laterais gramados. Vi também curicacas voando sobre o Eixão.

Corri 7k e andei mais uns 8k e foi muito prazeroso o domingo no Eixão. Prometi a mim mesmo que quero voltar algumas vezes e correr percursos longos. Quero voltar agora e correr 10k.

É isso! Até mais, Brasília!

domingo, 16 de novembro de 2014

Diário - 161114





Refeição Cultural

Manhã de domingo. Estou em Osasco.

Vou sair para correr e alcançar meu objetivo do treino nº 4 para a São Silvestre. Hoje tenho que correr 6 km em 42 minutos. Vai dar certo. Ontem, deu tudo certo no treinamento nº 3.

Estou buscando encontrar um equilíbrio interior porque a existência está muito difícil. E pensando num certo Capitão Rodrigo - viver é bom! (ao menos deve ser).

Ao parar para pensar por instantes, porque isso tem sido raro, quedamos pensando em nossas utopias. Eu, por exemplo, acho que sempre desejei viver em paz, encontrar a paz. Não sei ao certo o que seria esse sentimento benfazejo com prolongamento no tempo...

É que nós, muitas vezes, alimentamos sonhos pessoais e sonhos coletivos. No campo social, sou daqueles que imagina um mundo sem guerras, com espaços democráticos de tomadas de decisões sobre os caminhos a seguir. Penso uma comunidade global que congregue o ser humano e a natureza, sem consumo destrutivo dos recursos naturais. Esse mundo só é possível com outro sistema que não seja o capitalista em vigor. Este modelo está nos levando às sociedades distópicas, que nas literaturas apresentam um mundo que já era... estamos caminhando para um mundo Mad Max...

No campo pessoal, eu precisaria de tão pouco para ser feliz... tempo livre para ler ao sabor do meu prazer, tempo para praticar esportes em contato com a natureza, estar sozinho em períodos determinados para meditar e filosofar, em outros períodos estar em convívio com as pessoas que nos consideram e nos querem bem de verdade e, o mais difícil, é a moldura desses desejos simples: estar num mundo ou comunidade sem excessos de injustiças, porque nas que temos, minha natureza não aguenta ficar indiferente e eu me pego na luta nas manhãs seguintes...

Percebem como a felicidade poderia estar perto, ao alcance do gozo, mas está tao longe, quase de alcance utópico?

Vamos correr. Espero estar feliz por um instante daqui a uma hora...

William Mendes

Post Scriptum:

Que corrida prazerosa! Senti a felicidade na concentração e na superação pessoal. Aliás, fiz a corrida com 2' a menos que o previsto...

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

São Silvestre 2014 - A preparação até a prova em 31 de dezembro



Novo desafio a conquistar: vou me preparar para
participar pela 7ª vez da São Silvestre.


Pois é!

Escrevo neste início de madrugada de quarta-feira, 12 de novembro. Estou em Brasília (DF) onde trabalho. 

Depois de trabalhar por longas horas na segunda 10, não tive um dia diferente nesta terça 11: foram longas horas de trabalho, horas de reuniões complexas, desgastantes. Saí da Cassi depois das 21 horas. Terei nesta quarta 12 e quinta 13, o VII Encontro Nacional dos Conselhos de Usuários da Cassi.

Bom, como se pode ver, minha vida se transformou bastante em relação ao aumento da carga horária de trabalho diária, que já era de mais de 12 horas diárias na Contraf-CUT. Eu não pude mais manter uma rotina de atividades físicas, rotina que já estava declinante nos últimos três anos.

Mesmo assim, para manter uma necessidade vital de desafios pessoais, decidi me inscrever na corrida de São Silvestre deste ano. Será minha sétima participação. Eu nunca estive em condições tão ruins de saúde em relação ao condicionamento físico. Mas preciso disso para seguir adiante.

Estou acima do peso. Perdi massa muscular. O sistema cardiorrespiratório não está bom... Mas a gana e força interior continuam a mesma. 

Montei uma programação de treinamentos para conseguir realizar este desafio. Tudo será muito difícil, mas vai dar certo. Serão 16 treinos até a corrida no dia 31 de dezembro. 

Terei que mentalizar muito os objetivos, buscar energia extra, superar mais uma vez cansaço, dor e desânimo. Estou acostumado a isso e acredito que vai dar certo. Comecei o programa neste fim de semana e só terei treinos aos sábados e domingos. Verei se é possível fazer abdominais e flexões em dois dias da semana.

Sábado 8/11...... treino 1 = 2,5 km em 18' trote (ok)
Domingo 9/11....treino 2 = 5,0 km em 35' longão (ok)

Sábado 15/11.....treino 3 = 3,0 km em 20' trote (ok)
Domingo 16/11..treino 4 = 6,0 km em 42' longão (ok em 40')

Terça 18/11...........extra = 4,0 km em 28' trote (ok)

Sábado 22/11......treino 5 = 3,0 km em 20' trote (ok em 20'30")
Domingo 23/11...treino 6 = 8,0 km em 56' longão (ok em 56'50")

Sábado 29/11......treino 7 = 6,0 km em 40' trote (ok 7 km em 42')
Domingo 30/11...treino 8 = 6,0 km em 60' (andar) (ok estava bem e decidi andar 3 km e correr 3 km em 19')

Sábado 6/12........treino 9 = 10 km em 70' longão (ok em 72')
Domingo 7/12.....treino 10 = 5,0 km (andar) (ok)

Quarta 10/12..........extra = 4,5 km em 28'30" (ok)

Sábado 13/12......treino 11 = 7,0 km em 45' longão (ok em 48')
Domingo 14/12...treino 12 = 4,0 km em 28' trote (não: descanso porque corri 4,5 km na quarta 10/12)

Quinta 18/12 ......... extra = 10 km em 63' (ok em Brasília)

Sábado 20/12......treino 13 = 3,0 km em 20' trote (ok em Osasco)
Domingo 21/12...treino 14 = 12 km em 85' longão (não, mas corri 10 km em 18/12)

Sexta 26/12............ extra = 3 km 20' (ok em Uberlândia)

Sábado 27/12......treino 15 = 5 km em 35' trote (ok no Parque do Sabiá, Uberlândia)
Domingo 28/12...treino 16 = 7 km em 70' andar (não. Estava cansado)



31 de dezembro

Vou participar e completar a São Silvestre: 15 km em 110'. (ok em 115')

É isso!

Vai dar certo, eu posso!

Ler Postagem sobre a corrida.


COMENTÁRIOS

16/11 - muito feliz pelos treinos 3 e 4 porque o corpo suportou bem. Ainda consegui fazer os 6 km de hoje com tempo menor que o programado. 


No sábado, estava tão cansado e com a semana de trabalho na cabeça ainda que até no dormir de sexta para sábado fiquei matutando os problemas da Cassi. Fiz uma corrida em trote pra soltar o corpo e a mente. 


No entanto, a semana pesadíssima de trabalho não me deu a mínima condição de fazer abdominais e flexões para reforçar estrutura do corpo.


Missão cumprida. Que venham os próximos treinos daqui a uma semana...


É isso! Vamos à luta! Sempre!



23/11 - a sensação que tive ao correr o longão deste domingo foi de prazer e felicidade. O meu corpo e minha mente ainda respondem muito bem aos meus comandos.


No sábado, corri os 3 km com tanto cansaço que fiquei preocupado com a tarefa de fazer os 8 km de domingo. Para piorar, tive que passar várias horas no sábado e domingo lendo e preparando texto para reuniões no meu trabalho desta semana que começa.


Saí de casa para correr no domingo de tarde e estava muito concentrado na passada, na respiração e no objetivo de superar o 6º treino para a corrida de São Silvestre.


Deu tudo certo! Ainda na semana que passou, consegui fazer uma corrida extra de 4 km e fiz um pouco de abdominais e flexões.


Vamos pra mais uma duríssima semana de trabalho e para os próximos treinamentos do fim de semana que vem. Correr é tudo de bom!




30/11 - foi um fim de semana de satisfação por completar meus objetivos de treinamento. Atingi a metade dos 16 treinos e já corri 41,5 km e estou bem. Meu coração agradece.

Vamos agora para a segunda metade do treinamento e a corrida no dia 31 de dezembro. Será outro mês difícil devido ao trabalho e distâncias percorridas com mudanças da família. Mas tudo dará certo.


O domingo foi de muita tristeza porque soube pela manhã do falecimento de uma pessoa com quem convivi diariamente nos últimos 6 meses: o colega do BB e presidente da Cassi, David Salviano. A existência nos prega essas peças e nos baqueia muito. Mas temos que seguir adiante porque também é assim a missão de nossa vida.




6/12 - fiz postagem descrevendo o quanto tive que vencer cansaço, desânimo e preguiça para sair no sábado à noite e correr o percurso planejado no treino 9 de 10 km. Mas venci o desafio e foi muito prazeroso... valeu à pena. No domingo, também venci preguiça e caminhei os 5 km. Estou focado e vou conseguir!


10/12 - nesta quarta-feira cheguei a Brasília muito cansado de um longo dia de trabalho e coloquei um tênis e um calção e saí para correr e salvar minha vida... feliz pela corrida deliciosa de quase 30'.


Estava pensando... nunca poderei perder meu "olhar de tigre" como diz Apolo para Rocky Balboa no 3º filme da série. Não posso deixar o "sistema" me civilizar a ponto de me tornar alguém lasso e conformado com tudo e sem gana para meus objetivos de vencer... Isso pra mim é muito real... não perder a gana! E não perder o olhar!



20/12 - Neste sábado corri em Osasco os 3 km da tabela. Amanhã, não poderei correr o longão, mas já corri 10 km na quinta 18/12, lá em Brasília.


Eu me programei para fazer 16 treinos entre novembro e dezembro para sair do zero de condição física e correr os 15 km da São Silvestre no último dia do ano. A dificuldade seria muito maior que a física porque meu trabalho não me permite rotina e o estresse é violento.


Hoje, eu completei 15 treinamentos e diria que já foi um percurso heroico. Faltam 11 dias para a corrida e eu preciso me cuidar porque estou cansado, apesar de mais preparado. Agora é descansar e me concentrar no objetivo e fazer mais um ou dois treinos antes do dia 31. É isso!




28/12 - Estou em Uberlândia e terminei meu treinamento para correr a 90ª Corrida de São Silvestre. Será a minha 7ª participação nos últimos 8 anos.

Na sexta-feira, corri 3 km e no sábado corri 5 km no Parque do Sabiá. Resolvi descansar nos últimos três dias antes da prova.


Corri e andei em dezembro 47,5 km em 8 treinamentos. Somando novembro e dezembro, foram 17 treinos. Está bom. Fiz o possível e não posso reclamar de nada. Meu corpo aguentou. Estou cansado devido ao ano duro que tive de trabalho e preciso de férias, mas posso afirmar a mim mesmo que estou melhor fisicamente hoje do que há dois meses.


Eu vou com determinação para suportar os 15 km da prova e sei que estará muito calor. Vai dar certo.


domingo, 9 de novembro de 2014

O Tempo e o Vento – A mesma crítica política um século depois





Refeição Cultural

O Retrato II – 4º volume

Ao ler as críticas dos personagens lá nos primórdios da República Brasileira após a frustração do embate político para a eleição presidencial entre o candidato situacionista, Hermes da Fonseca, e o da oposição pela campanha civilista, Rui Barbosa, vemos comentários muito semelhantes aos que presenciamos em 2014 nas eleições presidenciais entre a candidatura de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB). As críticas são semelhantes, mas os contextos completamente diferentes. Vemos a mesma agressividade à flor da pele, embate político marcado por certo ódio e com possibilidades remotas de conciliação entre as partes.


DESDE SEMPRE, REPÚBLICA SEM POVO

(Rodrigo Cambará, conversando com a tia Maria Valéria, revoltado pelo candidato dos militares ganhar a eleição do civilista Rui Barbosa)

“- Palavra de honra. Esse país não tem jeito. Só uma revolução.
Soergueu-se na cama, e, como se a frase anterior tivesse sido dita por ela e não por ele, perguntou:

- Fazer uma revolução com quem? Com o povo? Mas não é possível ir contra as classes armadas! (Na verdade não se estava dirigindo à tia, mas aos leitores d’A Farpa.) Neste pobre país parece que nada se pode fazer sem o concurso dos militares. Foram civis como Castilhos, Patrocínio, Bocaiuva e outros que fizeram a república com ideias. Mas na hora de dar o golpe, desgraçadamente recorreu-se ao Exército. O primeiro presidente foi um marechal. E que fez ele? Dissolveu o Congresso. Agora, pra mal dos pecados, parece que vamos ter outro soldado na presidência. Outro Fonseca! Este país está perdido. Só uma revolução!” (pág. 299)


GAÚCHOS: ASPEREZA ESPARTANA, SEGUNDO DESCRIÇÃO DA OBRA

“(...) Pensou no pai... Como acontecia com quase todos os homens do campo, Licurgo Cambará desprezava o conforto. Gaúchos como ele em geral dormiam em camas duras, sentavam-se em cadeiras duras, lavavam-se com sabão de pedra e pareciam achar indigno de macho tudo quanto fosse expressão de arte, beleza e bom-gosto. Isso explicava a nudez e o desconforto de suas casas, a aspereza espartana de suas vidas.” (pág. 301)




RUI BARBOSA X HERMES DA FONSECA

“Chiru e Saturnino entraram a discutir animadamente as eleições. Nos primeiros dias de março o Correio do Povo publicara alguns resultados parciais das cidades, que acusavam pequeno saldo de votos favorável a Rui Barbosa. Agora, porém, vinham de todo o País telegramas desanimadores para os civilistas: o Marechal estava vitorioso na maioria das urnas, e tudo indicava que o candidato oposicionista se encontrava irremediavelmente derrotado. Rui Barbosa lançara um manifesto, afirmando que as eleições haviam sido feitas sob pressão do governo, à sombra da fraude: os hermistas subtraíam as atas ou as falsificavam. A propalada neutralidade de Nilo Peçanha – clamava o candidato civilista – era como as saias postas em moda na França por Mme de Maintenon para esconder a barriga das mulheres grávidas.” (pág. 303)


O PENSAMENTO DA ELITE TACANHA SEGUE O MESMO UM SÉCULO DEPOIS

“- Mas que absurdo! – protestou Rodrigo – Para principiar: como por em prática esse individualismo aristocrático?
- Muito simples – replicou Rubim, com sua voz de flauta. Tomou um gole de champanha. – Nietzsche preconiza, e nisso estou plenamente de acordo com o Mestre, a formação do Estado militar.
- Tenente! – repreendeu-o Jairo, sorrindo.
- Estamos entre amigos, coronel. Mas, como dizia, só esse Estado militar é que poderá consolidar o domínio da casta superior, usando a força para organizar disciplinarmente todos os recursos sociais...
- Mas será uma ditadura insuportável! – atalhou-o Rodrigo. E tomou com fúria um largo gole de champanha, enchendo logo em seguida a taça com vinho branco.
- isso mesmo. Uma ditadura. E insuportável, sim, para as classes inferiores. Porque será preciso esmagar sempre todas as tentativas de insurreição das massas.”


(COMENTÁRIO: ler esse sujeito falando é o mesmo que ver em 2014 o que a elite e os tucanos pensam sobre governar para poucos e o tratamento do povo como caso de polícia)


SEGUE

“Don Pepe levantou-se, avançou para o tenente de artilharia e, erguendo a mão que segurava o copo, como se fosse atirar vinho na cara do militar, bradou:
- Pero no hay fuerza humana que pueda detener las masas!
Rubim limitou-se a lançar para o espanhol um rápido olhar neutro.
- O Brasil – continuou – é um país novo e informe, que só poderá ser governado mediante uma ditadura de ferro.
Jairo estava escandalizado.
- Tenente, o senhor está se excedendo!
Rubim sorriu e encheu o cálice de vinho.
- Coronel, estou apenas dizendo o que penso.
- Deus nos livre de ter o tenente um dia na presidência da República! – exclamou Rodrigo.
Olhou para Pepe, que começava já a dar seus passinhos para diante e para trás, e viu nos olhos do anarquista duas bombas prestes a explodir.
- Essa casta superior – prosseguiu Rubim, cruzando as pernas – não deverá de maneira nenhuma preocupar-se com a educação das classes populares. O cultivo das massas pode prejudicar os objetivos mais altos do Estado, isto é, a formação da aristocracia...” (pág. 304/305)


ARROGÂNCIA DE PARTE DA CLASSE MÉDICA VEM DE LONGE (FELIZMENTE HÁ EXCEÇÕES)

“Isso não vai lhe custar nada. A consulta é grátis. Os clientes balbuciavam agradecimentos e se iam. Rodrigo então abria as janelas para deixar entrar o ar fresco, lavava as mãos demoradamente com sabonete de Houbigant, tirava do bolso o lenço perfumado de Royal Cyclamen e agitava-o de leve junto do nariz. Concluía que o sacerdócio da medicina, visto através da arte e da literatura, era algo de belo, nobre e limpo. Na realidade, porém, impunha um tributo pesadíssimo à sensibilidade do sacerdote, principalmente ao seu olfato. Rodrigo comovia-se até as lágrimas diante da miséria descrita em livros ou representada em quadros; posto, porém, diante dum miserável de carne e osso – e em geral aquela pobre gente era mais osso que carne – ficava tomado dum misto de repugnância e impaciência. Achava impossível amar a chamada ‘humanidade sofredora’, pois ela era feia, triste e mal-cheirante. No entanto – refletia, quando ficava a sós no consultório com seus melhores pensamentos e intenções – teoricamente amava os pobres e, fosse como fosse, estava fazendo alguma coisa para minorar-lhes os sofrimentos. Não tens razão, meu caro Rubim. Podemos e devemos elevar o nível material e espiritual das massas. Tenho grande admiração por César, Cromwell, Napoleão, Bolívar; foram homens de prol, dotados de energia, coragem e audácia, figuras admiradas, respeitadas e temidas. Mas para mim, meu caro Cel. Jairo, é mais importante ser amado que respeitado e mesmo admirado. O tipo humano ideal, o supremo paradigma, seria uma combinação de Napoleão Bonaparte e Abraão Lincoln. O ditador perfeito, amigos, será o homem que tiver as mais altas qualidades do soldado corso combinadas com as do lenhador de Illinois. O diabo é que a bondade e a força são atributos que raramente ou nunca se encontram reunidos numa mesma e única pessoa. A menos que essa pessoa seja eu – acrescentou, um pouco por brincadeira e um pouco a sério.” (pág. 312)


MÉDICOS NÃO SABEM NADA: VÃO MAIS É NA APALPAÇÃO

(conversa entre o velho médico de Santa Fé e Rodrigo Cambará, o novo)

“- Já fez alguma burrada?
- Acho que sim.
- isso é do programa. Não se impressione. Acontece com todos. No final de contas os médicos não sabem nada. Nem os grandes do Rio de Janeiro nem os figurões da Europa. Todos vão mas é no palpite, na apalpação.
- Eu sei.
- E se a gente fosse pensar no que não sabe e nas doenças que não têm cura, acabava ficando louco. Tu pensas?
- Faço o possível pra não pensar.
- Olha, vou te dar um conselho. Não vás muito atrás de conversa de doentes. Eles falam demais. E quanto mais falam menos a gente entende o que é que estão sentindo.
- Já descobri isso.
- E mesmo quando não for caso de dar remédio, dê remédio, porque o paciente desconfia do doutor que não receita muita droga. E quando estiver diante dum caso complicado e ficar no escuro, receite uma dose pequena de citrato de magnésia. Não faz mal pra ninguém. É só pra ganhar tempo e estudar melhor o caso. Mas não digas nunca que não sabes. O doente pode perder a fé... e adeus, tia Chica!
- Muito obrigado pelos conselhos, doutor.” (pág. 317)


MELHOR QUE MÉDICO, SÓ AS BENZEDEIRAS

“- E não te iludas com a clientela. No fundo essa gente acredita mas é nessas negras velhas benzedeiras e nos curandeiros. E quando a gente não acerta logo com o remédio pros achaques deles, procuram logo o índio Taboca, que vem com as suas aguinhas milagrosas e suas benzeduras.
- Em caso de aperto – sorriu Rodrigo – o recurso então é pedir uma conferência médica com o Taboca.” (pág. 318)


O DESPEITO DO DOUTOR BRANCO EM RELAÇÃO AO CURANDEIRO E AO PEÃO

(após contar que o Taboca salvou um peão picado de cobra)

“Olhando para o peão, Rodrigo fez reflexões amargas. Taboca, um curandeiro índio, acabara de salvar a vida do negro Antero, que no Angico partilhara com ele, Dr. Rodrigo, o amor da chinoca Ondina. Era o desprestígio da raça branca, da cultura e da ciência! – concluiu, sorrindo e achando tudo aquilo muito estranho. Chers Messieurs Richet et Charcot, estais convidados a explicar os mistérios das milagrosas aguinhas do Taboca! Porque moi, eu desisto.” (pág. 319)


DIGESTÃO CULTURAL

Relendo esses trechos do capítulo Chantecler, do quarto volume de O Tempo e o Vento, fiquei impressionado com a atualidade dos debates e dos discursos ao relembrar o horror que estamos vivendo na atualidade em nosso país, após as eleições presidenciais de 2014. O mesmo ódio, a mesma arrogância de classe “superior” versus a “massa inculta” e coisas do gênero.

Que dizer então dos últimos trechos sobre a arrogância de alguns médicos brancos, filhos da elite, que ao exercer a profissão, chegam a ter nojo dos pobres “mal-cheirantes” como disse o nosso herói Dr. Rodrigo Cambará?

Nas primeiras citações que fiz, é destaque e fica claro que por dezenas de anos, a política e o Estado ficaram na mão das elites, que disputavam entre si, o domínio e os bens públicos, para total apropriação do público para uso privado pelas elites brancas seculares. Até que no século XXI de nossa era surge um metalúrgico, oriundo das classes populares, e vindo da região mais explorada do país, o Nordeste, e vence as eleições presidenciais e começa a mudar o país, a contragosto das elites dominantes desde sempre.

É isso.



As coisas estão aí. É só abrir os olhos e ver. E vendo, compreender o que está em jogo. Há que se ter lado, e o meu é o da classe trabalhadora, é contra as elites históricas que tratam o povo como gente inferior. Eu detesto essa tal “aristocracia”!

William

domingo, 2 de novembro de 2014

Compreender o motivo das coisas não é perdoar


Posso até fazer cara de Monalisa nos espaços de
representação social, mas eu tenho lado, estou
com os humildes e com os trabalhadores e
contra fascistas e golpistas de toda espécie.

Refeição Cultural

"A principal tarefa do historiador não é julgar, mas compreender, mesmo o que temos mais dificuldade para compreender. O que dificulta a compreensão, no entanto, não são apenas nossas convicções apaixonadas, mas também a experiência histórica que as formou. As primeiras são fáceis de superar, pois não há verdade no conhecido mas enganoso dito francês tout comprendre c'est tout pardoner (tudo compreender é tudo perdoar). Compreender a era nazista na história alemã e enquadrá-la em seu conceito histórico não é perdoar o genocídio. De toda forma, não é provável que uma pessoa que tenha vivido este século extraordinário se abstenha de julgar. O difícil é compreender." (Eric Hobsbawn - Era dos Extremos)


O povo brasileiro está vivendo uma espécie de transição da construção conceitual de Sérgio Buarque de Holanda, em seu Raízes do Brasil, de que o povo brasileiro seria "cordial". Talvez estejamos caminhando para uma nova fase conceitual. Não sei que nome será fixado para o novo padrão de intolerância que está se estabelecendo na população brasileira.

Agora há linchamentos nas ruas. Pessoas e famílias são atacadas por brucutus ou hordas de pessoas por serem militantes ou simpatizantes de partidos (do PT para ser mais claro). Aumentou a intolerância contra gays, negros e nordestinos.

Com a extensão do período democrático no Brasil (pós-ditadura de 1964-85), o mais longo período até agora em nossa jovem república, as minorias tradicionalmente empoderadas - elite branca, patriarcal, católica, escravocrata e machista - que dominaram o país por cinco séculos e que perderam o poder pela via democrática após a entrada no século 21, conseguiram (ou estão conseguindo) estabelecer um novo padrão no comportamento do povo brasileiro.

Após as eleições presidenciais de 2010 entre José Serra do PSDB e Dilma Rousseff do PT houve um aumento perceptível nos níveis de intolerância ao outro, ao diferente de si, em relação à chamada diversidade de grupos. Por não apresentar programas e propostas factíveis no âmbito da política para a população brasileira, o PSDB passou a receber o apoio progressivo e programático das famílias que dominam os meios de comunicação no país, concentrados perigosamente nas mãos de alguns bilionários. Aliás, esses grupos midiáticos se fortaleceram enormemente DURANTE a ditadura civil-militar de 1964-85.

A proposta da oposição ao governo Lula da Silva (2003-2010) passou a ser uma só: interromper os mandatos do PT e seus programas sociais a qualquer custo político e ou social.

O que começou a se estabelecer em 2010 acabou por se efetivar durante e após as eleições presidenciais de 2014. O PSDB de Aécio Neves, Geraldo Alckmin, FHC, José Serra, Aloysio Nunes etc passou a ser um partido de direita e arregimentou o que há de mais retrógrado em termos de grupos com ideologia e valores fascistas. Temos agora uma direita brasileira que se apresenta como tal.

A liderança maior do PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, está liderando juntamente com as maiores estrelas do partido, a incitação a golpes civis-militares. As lideranças desse partido estão convocando o povo brasileiro para manifestações pedindo impeachment da presidenta legitimamente recém-eleita, Dilma Rousseff.

Estão no silêncio (criminoso) e muitos estão apoiando a caça e perseguição de militantes do Partido dos Trabalhadores e simpatizantes e eleitores de candidatos do PT. Alguns imbecis, mais trogloditas que a média, estão atacando pessoas que usam as cores vermelhas.

É lamentável! O Brasil não será mais o mesmo... mas o Brasil e o povo brasileiro serão o quê daqui adiante?

Agora vemos familiares e pessoas que conhecemos pedindo a volta da ditadura militar... vemos pessoas que vivem do trabalho manipuladas pelos veículos de comunicação da direita fascista (é isso mesmo, direita fascista!) berrando e urrando morte aos nordestinos; urrando a extinção de um partido e seus membros (o PT); dizendo que o povo pobre e trabalhador que vota por interesses legítimos no partido que melhorou sua vida é ignorante e burro; comunidades de médicos pregam a castração de eleitores do norte e nordeste... (que nojo de gente assim!)

Usei a frase do grande mestre Eric Hobsbawn para tecer essa minha breve refeição cultural (indigesta) porque compreender não é perdoar o que as pessoas que eu antes respeitava e agora não respeito mais estão fazendo... pregando o ódio, pregando o golpe, pregando até a eliminação física de gente como eu, que sou de esquerda sim, voto no PT e não sou corrupto (aliás, tenho comigo que corruptos são os tucanos que nunca são investigados e seus apoiadores, que, em geral, são corruptores no dia a dia civil - porque fecham os olhos para a corrupção tucana...).

Eu sou um defensor da Política como meio de realizar mudanças sociais, sem guerra, mortes e sofrimento. Mas se este é o novo Brasil e o novo povo brasileiro, paciência!

Vamos ter que conviver com isso e defender as bandeiras que sempre defendemos em prol da classe trabalhadora.

William