sábado, 26 de novembro de 2016

Sinais de um tempo que se encerra e não sabemos o que vem por aí



Fidel Castro - Créditos da foto - Montagem sobre
 foto de Javier Galeano - AP.

Refeição Cultural

O grande líder da Revolução Cubana, o Comandante Fidel Castro, faleceu na noite de sexta-feira, 25 de novembro de 2016. Nós do campo da esquerda perdemos uma de nossas principais referências mundiais, um dos intelectuais do campo progressista e liderança da classe trabalhadora que viveu e influenciou nossos pensamentos e atitudes entre os séculos XX e XXI.

A sociedade humana passa por um momento delicado em relação aos riscos que estão colocados para a classe trabalhadora explorada pelos donos das corporações que mandam em todo o Planeta.

Eu sou um simples cidadão do mundo, de um país latino-americano, o Brasil, ex-colônia cujo povo tenta ser feliz e viver melhor faz séculos e os descendentes dos imperialistas que aqui chegaram para explorar essa terra não deixam que isso aconteça. Temos uma pequena elite vira-latas, lesa-pátria, que nunca foi nacionalista, nunca se importou com esse País e seu povo.

Durante alguns anos dentro desses séculos, alguns governantes tentaram valorizar mais o Brasil e o povo brasileiro, e por incomodarem esses poucos donos de tudo, acabaram por serem retirados do poder por golpes de Estado, desfazendo-se o pouco de políticas e benfeitorias com destinação ao povo humilde e trabalhador.

Vi e vivi num Brasil que teve governos ditatoriais por duas décadas, e os donos das mídias comerciais eram parceiros desses ditadores. Depois vi e vivi sob os governos de representantes dessa mesma elite vira-latas, senti a vida dura sob os governos deles em nosso País, os governos Sarney, Collor e Fernando Henrique Cardoso. Eu e minha família e toda a minha classe só nos ferramos com esses governantes, sempre ao sabor das lavagens cerebrais da Rede Globo (Marinhos), dos Civita (Abril), dos Mesquita (Estadão), dos Frias (Folha Ditabranda).

Como militante de esquerda e representante dos trabalhadores, vi e vivi e participei da construção da chegada ao poder dos governos de Lula da Silva e Dilma Rousseff entre os anos de 2003 a 2016. O Brasil avançou para o nosso lado da classe como nunca na história desta ex-colonia. Os dados dos avanços em todas as áreas da dimensão humanas são públicos, mas são encobertos pela máquina totalitária e de lavagem cerebral dos empresários da velha e sempre poderosa mídia que fodeu o povo brasileiro por quase todo o século XX. 

Esses canalhas donos dos velhos e ainda poderosos meios de comunicação, aproveitando a facilidade em manipular pessoas num mundo de predominância da informação de massa monopolizada, e ainda virtual, além das redes sociais, conseguiram por influência colocar nos aparelhos da máquina estatal os piores tipos humanos em décadas, nas estruturas dos três poderes.

É nesse momento de nossa história que estamos. A morte de Fidel Castro é um evento que se encaixa neste cenário histórico. A morte de Hugo Chaves foi algo assim. Eu senti muito também a morte do historiador Eric Hobsbawn faz pouco tempo e do escritor português José Saramago. Acho que eram pessoas diferenciadas neste nosso mundo.

É muito incerto o que vem por aí. Temos uma forte ascensão de ideologias fascistas, de intolerância, de ódio e de caráter direitista. Temos um povo com cara na tela que não sei até onde temos capacidade de despertá-lo para o que está ocorrendo com o mundo.

Estou num país que em poucos meses de Golpe de Estado vem destruindo direitos sociais conquistados em décadas e décadas de lutas civis e trabalhistas. Eu não vejo sequer uma tentativa de reação unitária e incomodativa dos movimentos organizados e populares como os sindicatos e partidos de esquerda. Não vejo.

As próximas semanas serão de estudos, revisões, balanços e reflexões sobre o último período que vivi, tanto na área de atuação como dirigente de saúde eleito por trabalhadores, quanto na minha dimensão pessoal. Preciso olhar e planilhar o que fiz, do que participei, o que tentamos fazer, porque estou esgotado de tanto trabalhar e lutar no front em que fui destacado por meus pares.

Sinto que estamos no fim de um tempo, no encerramento de um período da nossa vida social e humana.

William

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