sábado, 20 de maio de 2017

Espanha pré Guerra Civil e Brasil de hoje



Livro que comprei em Madri,
quando estive lá em 2009.

Refeição Cultural

"Por un breve instante, obreros, capitalistas y militares se unieron con el objetivo de limpiar la política española de la corrupción del caciquismo. Si el movimiento hubiera triunfado en el establecimiento de un sistema político capaz de permitir un reajuste social, no habría sido necesaria la Guerra Civil de 1936. Pero tal y como se sucedieron los acontecimientos, la gran crisis de 1917 sirvió únicamente para consolidar el poder de la atrincherada oligarquía terrateniente.

A pesar de la coincidencia retórica de sus exigencias de reformas, los intereses últimos de obreros, industriales y oficiales eran contradictorios y el sistema pudo sobrevivir explotando hábilmente esas diferencias. El primer ministro, el conservador Eduardo Dato, accedió a las peticiones económicas de los militares. Después provocó una huelga* de los trabajadores socialistas ferroviarios, forzando así la respuesta de la UGT antes de que la CNT estuviera preparada. Ya en paz con el sistema, el Ejército estuvo encantado de defenderlo en agosto de 1917 aplastando a los huelguistas socialistas de forma sangrienta. Alarmados ante la perspectiva de que los obreros ocuparan las calles, los industriales renunciaron a sus propias reivindicaciones de reforma política y, atraídos por las promesas de modernización económica, en 1918 apoyaron al gobierno de coalición nacional con liberales y conservadores. Una vez más, la burguesía industrial había abandonado sus aspiraciones políticas y se había unido a la oligarquía terrateniente por el temor que tenía a las clases más humildes. Esa efímera coalición simbolizaba una ligera mejoría de la posición de los industriales dentro de la alianza reaccionaria, todavía dominada por los intereses agrarios..."

*Huelga = greve

(La Guerra Civil Española, capítulo "Una sociedad dividida: España antes de 1930". Paul Preston)


Reflexão

Tenho dito e comentado o quanto acho semelhante os acontecimentos ocorridos na Espanha nas décadas que antecederam a eclosão da Guerra Civil Espanhola, em 1936, e o cenário brasileiro que temos vivido mais ou menos após a derrota do candidato da oposição José Serra (PSDB) nas eleições presidenciais de 2010, ou mais especificamente desde 2013, quando a direita fascista brasileira se aproveitou dos eventos de rua e manipulou esses mesmos eventos contra o Governo do Partido dos Trabalhadores, de Dilma Rousseff.

Os governos do Partido dos Trabalhadores, sem nenhum exagero revolucionário ou ruptura, mas sim através de conciliação de classes desde a vitória de Lula em 2002, haviam conseguido ampliar de forma histórica a distribuição de renda para a classe trabalhadora (sem afetar os ganhos da elite). Foram mais de 12 anos de inclusão social via políticas afirmativas e programas de Governo. O Brasil resistiu inclusive ao crash do subprime em 2007/08 e chegou quase ao pleno emprego no primeiro semestre de 2014.

Mas a direita reacionária e fascista brasileira, liderada pela oposição política ao governo (PSDB e PIG), decidiu partir para o Golpe de Estado por não aceitar mais a vontade popular em 2014 e uma das estratégias adotadas foi partir para a destruição da economia, com o apoio rápido da Lava Jato, um projeto planejado de ataque parcial da "justiça" somente ao Governo e ao Partido dos Trabalhadores. Destruída a economia em menos de dois anos, foi possível somar essa tragédia social ao ataque ininterrupto ao Governo e ao PT por parte da mídia canalha dos empresários da comunicação para efetivar o Golpe em 2016.

Enfim, a semelhança de fatos ocorridos com o excerto que citei acima é impressionante. Em um determinado momento na década de dez do século passado na Espanha, quase houve uma união entre empresários do setor produtivo, os trabalhadores da cidade e do campo e os militares de baixa patente -  porque eram miseráveis como os demais setores populares. O poder político e econômico era todo da monarquia, clero e oligarquia. Quase houve união popular...

O governo foi mais esperto e soube jogar com as diferenças entre o grupo de setores populares que se formava. O pleito dos militares foi atendido e eles passaram a apoiar o governo (alguma semelhança com a estratégia do governo atual?). Depois, o grupo do governo espanhol fez ocorrer greves no seio dos trabalhadores e a mobilização por causa da miséria generalizada assustou os empresários que abriram mão de seus interesses políticos para ficarem do lado do governo. E o medo de uma revolução social?

Essas questões de classe são muito antigas e históricas. Estamos vendo e vivendo fatos semelhantes aqui no Brasil com a construção e manutenção do Golpe de Estado ocorrido após as eleições de 2014. Ou seja, independente do povo ter compreensão ou não do que ocorreu, o fato é que a 4ª vitória do projeto político do Partido dos Trabalhadores representava a perspectiva de avanços no campo das forças populares e progressistas contra a outra pauta, que representava tudo o que há de pior no conservadorismo dos empresários da mídia junto com Fiesp e banqueiros, ruralistas, uma parta das castas enfiadas nas estruturas do Estado e os eternos rentistas, que vivem de sugar a renda nacional.

E o momento destas semanas após novas denúncias contra o governo golpista e seus grupos é também parecido com o que ocorreu na Espanha dos anos vinte e trinta. Que acontecerá? 

- Os golpistas vão emplacar nova figura na presidência de forma indireta, através do mesmo Congresso corrompido que executou o Golpe? 

- Vão continuar contando com o beneplácito das instâncias do Judiciário, que deveriam proteger a Constituição e a Democracia e não fazer o contrário, participando do Golpe contra o povo, como fizeram até agora?

- Vão deixar os corruptos golpistas nos mesmos lugares e postos do Estado nacional?

- Ou o povo vai conseguir reverter o Golpe de 2016 com devolução do poder executivo à presidenta eleita por 54,5 milhões de votos? Ou quem sabe haver novas eleições diretas já para o poder executivo e para todo o legislativo?

É importante que as lideranças do campo popular e progressista da classe trabalhadora saibam identificar experiências históricas para não repetirem os mesmos erros de outras lutas do campo popular. Não gostaria de ver o nosso querido Brasil afundar em décadas de novas misérias e novas formas de ditadura e regimes totalitários contra a grande massa de humanos em favor de 1 ou 2% de privilegiados.

William
Cidadão

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