domingo, 25 de junho de 2017

Leitura: Benjamim (1995) - Chico Buarque


Completei a leitura dos dois primeiros
romances de Chico Buarque.

Refeição Cultural

"O pelotão estava em forma, a voz de comando foi enérgica e a fuzilaria produziu um único estrondo. Mas para Benjamim Zambraia soou como um rufo, e ele seria capaz de dizer em que ordem haviam disparado as doze armas ali defronte. Cego, identificaria cada fuzil e diria de que cano partira cada um dos projéteis que agora o atingiam no peito, no pescoço e na cara. Tudo se extinguiria com a velocidade de uma bala entre a epiderme e o primeiro alvo letal (aorta, coração, traqueia, bulbo), e naquele instante Benjamim assistiu ao que já esperava: sua existência projetou-se do início ao fim, tal qual um filme, na venda dos olhos. Mais rápido que uma bala, o filme poderia projetar-se uma outra vez por dentro das suas pálpebras, em marcha a ré, quando a sucessão dos fatos talvez resultasse mais aceitável. E ainda sobraria um fiapo de tempo para Benjamim rever-se aqui e acolá em situações que preferiria esquecer, as imagens ricocheteando no bojo do seu crânio..."


Esse é o início do romance Benjamim (1995), de Chico Buarque. Eu me lembrei do começo de Cem anos de solidão (1967), de Gabriel García Márquez, com as recordações do coronel Aureliano Buendía diante do pelotão de fuzilamento.

Foi meu segundo romance de Chico Buarque. Li em abril o seu primeiro romance, Estorvo (1991) - ler comentário AQUI. Os dois romances são narrativas exigentes, na minha opinião. O final de Benjamim é surpreendente. 

Por mais que eu tenha feito curso de Letras e procure atentar para as técnicas narrativas dos romances modernos, algo desejável nos leitores críticos, entendo que os dois romances mereceriam de minha parte novas leituras, para que apreciasse na segunda vez as nuanças que Chico utiliza para colocar seus leitores ligados do início ao fim da estória, pois aconteceu com Benjamim o mesmo que com Estorvo, abri o livro e quase não parei até acabar.

Aos poucos, vamos diminuindo as nossas lacunas culturais na área da literatura brasileira e mundial. Neste ano, já finalizei 33 obras que ou iniciei e terminei ou que vinha lendo e não havia terminado ainda.

Domingo acabando. O fim de semana é muito curto para recarregarmos as baterias para as frentes de batalha que participamos enquanto atores sociais num mundo em crise, o nosso mundo da classe trabalhadora.

Terminei a semana de trabalho bastante esgotado na última sexta-feira. E já começaremos outra semana muito estressante. Minha condição física não está das melhores. A pressão arterial anda um pouco alta. Preciso dormir mais, comer melhor e caminhar ou correr com periodicidade. Semana passada andei 8k no Eixão e hoje andei 8,5k. Mas isso não é suficiente.

Vamos para mais uma semana de lutas em defesa da entidade de saúde dos trabalhadores em que sou gestor eleito.

Abraços amig@s leitores!

William

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