quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Diário e reflexões - 300817 (amor e pertencimento)




Refeição Cultural

Hoje é aniversário de meu querido pai. Devo a ele e a minha mãe parte essencial do que sou. E somos muito diferentes, mas carrego comigo as referências, o caráter, a ética, os exemplos de vida que vi neles e que me educaram. A outra parte essencial do que sou, veio com o caminhar ao longo do existir.

O amor que recebi e que percebi na convivência com meu pai e minha mãe marcaram profundamente meu ser. Foi o contraponto ao ódio que senti boa parte de minha vida por causa da injustiça social e pela exploração que vivenciamos como membros da classe trabalhadora num país onde impera a iniquidade e o abuso de poder da pequena parcela privilegiada com origem na casa-grande de uma ex-colônia portuguesa.

Parabéns meu pai querido! Obrigado por tudo! Siga resistindo a tudo por causa de nosso amor familiar.

Outro sentimento que nos move no existir é o espírito de pertencimento a algo, a uma causa, a um grupo, a uma comunidade. Em geral, um ser vivo pertence a um lugar, a um reino. Nós humanos, então, nem se fale! Somos seres sociais, por mais que novos fatos da realidade atuem para nos afastar dos outros. Somos humanos, mamíferos, bípedes, com polegar opositor e mão preênsil e telencéfalo altamente desenvolvido - para lembrar Jorge Furtado em "Ilha das Flores" (1989).

Dentre outras características que carrego comigo, entre as várias dimensões em que me insiro, estou em um mandato eleito por trabalhadores associados a uma Caixa de Assistência em saúde (Cassi). Associação da comunidade Banco do Brasil.

Como dirigente eleito por meus pares, sempre atuei muito próximo das bases sociais que represento. Isso faz parte da minha ética e das minhas concepções e práticas de representação.

Apesar de toda a crise política, econômica, de representação e de valores, tenho mantido meu hábito de estar sempre presente no seio dos trabalhadores da comunidade bancária e do Banco do Brasil.

Construí oportunidades para falar com a classe trabalhadora em quase toda semana ao longo de meu mandato nestes mais de três anos. Nos últimos dias, estive com bancários e participantes da Cassi em Conferências de Saúde nos Estados.

Na sexta-feira passada, estive em minha agência bancária de origem, na Vila Iara, Osasco, conversando com meus colegas e prestando contas do mandato de representação. Depois estive com os trabalhadores da Cassi na Central de Atendimento de nossa autogestão (SP). Hoje fiz reunião com os trabalhadores de nossa Diretoria na sede da Cassi, em Brasília.

Procuro sempre me lembrar de agradecer aos trabalhadores pela dedicação, entrega e eficiência na autogestão de nossos destinos em termos de assistência à saúde em nossa própria comunidade BB.

É isso, eu consigo seguir nas lutas em que estou envolvido porque tenho amor pelas pessoas e pelas causas que defendo e porque tenho espírito de pertencimento ao que estou empenhado.

Abraços a tod@s os nossos leitores e amig@s. Beijo pai, beijo mãe! Beijo Noni e filhão e entes queridos.

William


Post Scriptum: 

Bateu um sono amolecedor neste instante. Voltei a correr para salvar minha vida e após uma corrida dá um relaxamento incrível. Corri hoje à noite em Brasília. No fim de semana em Osasco. No meio da semana passada em Campo Grande (MS)... e vamos que vamos!

sábado, 26 de agosto de 2017

Leitura: Olhos D'Água (2014) - Conceição Evaristo




(atualizado às 14h24, de 14/12/19)

Refeição Cultural

"O nosso povoado infértil morria à míngua e mais e mais a nossa vida passou a desesperançar...

(Ayoluwa, a alegria de nosso povo, conto de Conceição Evaristo)


Tive meu primeiro contato com a obra da autora mineira Conceição Evaristo em maio deste ano de 2017. Após ler uma matéria no site da revista Carta Capital a respeito de uma exposição dela, comprei alguns livros de sua autoria. Li Ponciá Vicêncio (2003) e achei a leitura profunda. (comentário AQUI)

Semanas atrás, refleti que não poderia continuar no ritmo de leituras literárias neste semestre como consegui no anterior, por causa de dificuldades diversas já previstas em minha agenda neste período. Decidi focar na leitura de ao menos um livro clássico e muito citado como referência naquilo que seriam as relações sociais em nosso País. Trata-se de Casa-grande & Senzala (1933), de Gilberto Freyre. A empreitada será lenta e já estou nela (comentário AQUI).

Após mais uma cansativa e produtiva semana de trabalho na gestão e defesa de nossa Cassi, estou sozinho em nossa casa em Osasco, neste fim de semana. Como não dá para ficar carregando para lá e para cá um livrão daqueles (do Freyre), levo a tira-colo um livrinho mais leve para oportunidades de alimentos d'alma. Foi o caso do livro de Evaristo que acabei de ler nesta manhã de sábado.

O livro Olhos D'Água é um livro que reúne 17 contos da autora. Li os primeiros em voos por aí. As estórias são duras, muito duras. Nos levam às lágrimas. Nos dão socos no estômago. Mas são leituras necessárias, haja vista que retratam a mesma realidade que vemos ou fazemos de conta que não vemos ao nosso redor - sobre pessoas carentes, em condição de miséria, em sua maioria negros e negras.

Ao ler os contos "Di Lixão" e "Lumbiá", lembrei-me das denúncias sociais do nosso querido autor baiano Jorge Amado, em Capitães da areia (1937): comentário AQUI. Em relação à tristeza que perpassa todas as estórias de Olhos D'Água, pensei muito na semelhança da condição social das personagens do fantástico livro do autor mexicano Juan Rulfo, Pedro Páramo (1955). Tenho alguns comentários sobre esta obra no Blog (ler AQUI).

A condição para a qual caminha o nosso querido Brasil e o seu sofrido povo nos toca mais ainda ao ler cada conto trágico que Conceição Evaristo nos apresenta. 

Mas, ao mesmo tempo em que a tônica das leituras nos leva à condição do título da obra "Olhos D'Água", algumas estórias nos despertam a esperança. Eu adorei e fiquei refletindo muito na possibilidade despertada na personagem Cida em "O cooper de Cida". 

"Mas naquele dia, a semidesperta manhã inundava Cida de um sentimento pachorrento, de um desejo de querer parar, de não querer ir. Sem perceber, permitiu uma lentidão aos seus passos e pela primeira vez viu o mar..." (EVARISTO, 2017, p. 67)

Também nos dá um sentimento de obrigação de resistir e lutar e vencer a desesperança quando lemos o conto "Ayoluwa, a alegria de nosso povo".

"Ninguém se assustou. Sabíamos que estávamos parindo em nós mesmos uma nova vida. E foi bonito o primeiro choro daquela que veio para trazer a alegria para o nosso povo. O seu grito, comprovando que nascia viva, acordou todos nós. E partir daí tudo mudou. Tomamos novamente a vida com as nossas mãos..." (EVARISTO, 2017, p. 114)


Amig@s leitores, assim como na ficção literária, que se confunde com a nossa realidade muitas vezes, eu alimento todos os dias a esperança que, de um instante ao outro, as pessoas acordem para a dura realidade de destruição de nosso mundo por parte dos golpistas que tomaram de assalto o nosso País e a reação popular comece em cadeia, retomando na luta o Estado para o povo brasileiro.

Os contos de Evaristo me tocaram profundamente.

William


Bibliografia:

EVARISTO, Conceição. Olhos d'água. 1ª edição, 4ª reimpressão - Rio de Janeiro: Pallas: Fundação Biblioteca Nacional, 2017.

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Post Scriptum (14/12/19):

Reli o livro de Conceição Evaristo. Que obra tocante! Que momento para ler os contos deste livro! O Brasil de agora é o Brasil da volta ao mapa da fome, da miséria explodida, com metade da população - mais de 100 milhões de pessoas - "quase-vivendo" com cerca de 400 reais por mês. Com o golpe de Estado em 2016, com o novo regime iniciado com as fraudes eleitorais em 2018, que deram num governo da milícia, da morte, tanto na República quanto em diversos Estados, "quase-vivemos" numa realidade de governadores mandando darem tiros na cabecinha, metralharem favelas de cima, dos helicópteros... nesse cenário de 2019 adiante, as personagens de "Olhos d'água" são as nossas vítimas reais: Ágatha (do complexo do Alemão - RJ), Lucas (de Santo André - SP)... são tantos e tantos personagens de tragédias reais que se confundem com as tragédias ficcionais!

domingo, 20 de agosto de 2017

Casa-grande & Senzala (1933) - Gilberto Freire





Refeição Cultural

"A Gilberto Freyre*

                       Carlos Drummond de Andrade


Velhos retratos; receitas

de carurus e guisados;
as tortas Ruas Direitas;
os esplendores passados;

a linha negra do leite
coagulando-se em doçura;
as rezas à luz do azeite;
o sexo na cama escura;

a casa-grande; a senzala;
inda os remorsos mais vivos,
tudo ressurge e me fala,
grande Gilberto, em teus livros."

*Viola de bolso novamente encordoada, Rio de Janeiro, José Olympio, 1955.


Início de jornada

Estamos no ano de 2017, vivendo no maior país da América do Sul, o Brasil, que está sob golpe de Estado desde abril de 2016, um golpe parlamentar-jurídico-midiático, quando a presidenta Dilma Rousseff, eleita com 54,5 milhões de votos em 2014, foi afastada e depois impedida de seguir em seu mandato por um bando de suspeitos de corrupção que tomou conta de parte das instituições da máquina estatal brasileira.

De lá para cá, os golpistas da chamada "Casa Grande" destruíram a economia do País, atacaram fortemente os direitos do povo brasileiro e não param de dilapidar o que ainda resta de patrimônio público e social do Brasil. Sem contar que na construção do golpe foi aberta a Caixa de Pandora, e a máquina de comunicação empresarial, que atua como partido, o Partido da Imprensa Golpista (PIG), envenenou o povo brasileiro criando um ódio antes incomum em solo pátrio, e favorecendo a ascensão de ideais nazifascistas.

Após ler mais de trinta obras no primeiro semestre deste ano, defini que não terei a mesma possibilidade de leitura neste período seguinte. No entanto, achei que não tinha mais como protelar o estudo da obra de Gilberto Freyre, já que nenhuma referência é mais citada atualmente que este ensaio sobre a conformação do Brasil.

A obra se divide em cinco capítulos, e tentei ler o primeiro inteiro antes de publicar alguma coisa, mas não foi possível porque minha leitura tem sido lenta e com atenção, lendo inclusive todas as citações e referências, que equivalem a páginas e páginas ao final de cada capítulo. Já li quase 90 páginas e depois vou publicar alguns comentários, assim como li ano passado 1984, de George Orwell, fazendo uma série de postagens.

As opiniões de Freyre neste ensaio são polêmicas e ler uma obra desta nos exige o comportamento intelectual de conhecer suas teses e avaliar o que concordo e o que tenho discordância. Já fiz isso em várias obras como, por exemplo, o Ócio Criativo, de Domenico de Masi. Algumas afirmações deste intelectual me incomodaram bastante, mas isso não me impede de ler seus pensamentos.

Enfim, o momento político é dramático e eu entendo que as lideranças da classe trabalhadora precisam reagir. Eu já tenho uma tarefa duríssima na frente de batalha em que estou - defesa dos direitos em saúde dos trabalhadores do BB na autogestão Cassi -, mas conhecimento e formação são sempre necessários para que possamos contribuir com o avanço dos direitos sociais do povo brasileiro.

Abraços,

William
Um leitor

Leitura: Cataratas e a Floresta Iguaçu (2008) - Alex P. Schorsch



Conhecimento não ocupa espaço.
É sempre bom um novo saber.

Refeição Cultural

Este cidadão que vos fala passou 46 anos de sua vida sem conhecer a exuberância das Cataratas do Iguaçu. Quando estive lá em 2015, senti uma das maiores emoções de minha vida no que diz respeito à relação entre homem e natureza. Aquele mundo das águas é demais.

O passeio naquela primeira ida a Foz do Iguaçu não havia sido completo porque ficamos lamentando o fato de nosso filho não estar lá para apreciar conosco toda aquela emoção. Voltamos em 2017 com a presença de nosso jovem estudante de Biologia, e a visita de poucos dias foi completa.

Desta vez, além da visita ao Parque das Aves, ao Parque Nacional do Iguaçu (Brasil), ao Parque Nacional del Iguazú (Argentina) e à Usina Hidrelétrica de Itaipu Binacional, compramos dois livros sobre as Cataratas. Um deles é mais de fotos e o outro tem um texto bastante esclarecedor sobre a história da região, sobre a fauna, a flora e a geologia do local.

Li os dois livros nesta manhã de domingo. Eu fiz muitas fotos nas duas viagens que fizemos ao local, e tenho fotos bem legais.

Vejam algumas fotos de nossa visita em 2017 clicando AQUI.

O livro de Alex P. Schorsch vai contextualizar bastante as pessoas que quiserem ir além das imagens fantásticas da natureza local.

Esta postagem, no entanto, é mais para sugerir aos nossos amig@s leitores que ainda não conheceram essa maravilha do planeta Terra que se programem para visitar as Cataratas do Iguaçu. A energia que vocês sentirão na experiência será única, independente do tipo de visão de mundo que cada um tenha.

Abraços,

William

sábado, 19 de agosto de 2017

Leitura: Alguma poesia (1930) - Carlos Drummond de Andrade




Refeição Cultural

"O SOBREVIVENTE

                          A Cyro dos Anjos

Impossível compor um poema a essa altura 
                          [da evolução da humanidade.
Impossível escrever um poema - uma linha que seja -
                          [de verdadeira poesia.
O último trovador morreu em 1914.
Tinha um nome de que ninguém se lembra mais.
Há máquinas terrivelmente complicadas para as
                             [necessidades mais simples.
Se quer fumar um charuto aperte um botão.
Paletós abotoam-se por eletricidade.
Amor se faz pelo sem-fio.
Não precisa estômago para digestão.
                Um sábio declarou a O Jornal que ainda
                falta muito para atingirmos um nível
                razoável de cultura. Mas até lá, felizmente,
                estarei morto.
Os homens não melhoraram
e matam-se como percevejos.
Os percevejos heroicos renascem.
Inabitável, o mundo é cada vez mais habitado.
E se os olhos reaprendessem a chorar seria um
                               [segundo dilúvio.
(Desconfio que escrevi um poema.)"


Ler Drummond é um ato de resistência ao embrutecimento que a realidade nos impõe. No primeiro semestre deste ano, li compulsivamente em minhas parcas horas de folga das lutas pela entidade de saúde que administro em nome dos associados.

Meu coração está empedernido pelo golpe de Estado que vem destruindo meu querido País e os direitos do povo brasileiro. 

Neste ano já li ou terminei a leitura de mais de trinta livros, dentre eles três de Hemingway; li Goethe, li Chico Buarque, li Tolstói, li vários livros de ensaios ou com algum viés político. Também li obras de Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto e Paulo Leminski.

Apesar de decidir não ler tanta literatura neste semestre por causa do que tenho pela frente, acaba que não damos conta de largar completamente "Alguma poesia" ou algum romance ou ensaio.

Li nesta manhã de sábado, o primeiro livro de Carlos Drummond de Andrade, Alguma poesia, de 1930. É uma obra fantástica, atemporal. Eu realmente recomendo a leitura aos meus colegas bancários da ativa e aposentados.

Deixo aqui dois poemas do livro, o primeiro - acima - e Explicação, a seguir, que poderiam ter sido escritos ontem. Deixo também um link de uma breve análise que fiz do livro anos atrás (AQUI).

Drummond é o poeta das coisas presentes, da materialidade das coisas em seu tempo, e mesmo assim, é atemporal, porque sua materialidade é sobre as coisas da vida, dos homens e das sociedades.

Abraços aos leitores amig@s,

William


"EXPLICAÇÃO

Meu verso é minha consolação.
Meu verso é minha cachaça. Todo mundo tem a 
                              [sua cachaça.
Para beber, copo de cristal, canequinha de folha
                              [de flandres,
folha de taioba, pouco importa: tudo serve.

Para louvar a Deus como para aliviar o peito,
queixar o desprezo da morena, cantar minha 
                              [vida e trabalhos
é que faço meu verso E meu verso me agrada.

Meu verso me agrada sempre...
Ele às vezes tem o ar sem-vergonha de quem vai
                              [dar uma cambalhota,
mas não é para o público, é para mim mesmo 
                              [essa cambalhota.
Eu bem me entendo.
Não sou alegre. Sou até muito triste.
A culpa é da sombra das bananeiras de meu país,
                              [esta sombra mole, preguiçosa.
Há dias em que ando na rua de olhos baixos
para que ninguém desconfie, ninguém perceba
que passei a noite inteira chorando.
Estou no cinema vendo fita de Hoot Gibson,
de repente ouço a voz de uma viola...
saio desanimado.
Ah, ser filho de fazendeiro!
À beira do São Francisco, do Paraíba ou de
                            [qualquer córrego vagabundo,
é sempre a mesma sen-si-bi-li-da-de.

E a gente viajando na pátria sente saudades da pátria.
Aquela casa de nove andares comerciais
é muito interessante.
A casa colonial da fazenda também era...
No elevador penso na roça,
na roça penso no elevador.

Quem me fez assim foi minha gente e minha terra
e eu gosto bem de ter nascido com essa tara.
Para mim, de todas as burrices, a maior é suspirar 
                                        [pela Europa.
A Europa é uma cidade muito velha onde só fazem 
                                        [caso de dinheiro
e tem umas atrizes de pernas adjetivas que passam 
                                        [a perna na gente.
O francês, o italiano, o judeu falam uma língua 
                                       [de farrapos.
Aqui ao menos a gente sabe que tudo é uma 
                                       [canalha só,
lê o seu jornal, mete a língua no governo,
queixa-se da vida (a vida está tão cara)
e no fim dá certo.

Se meu verso não deu certo, foi seu ouvido 
                                      [que entortou.
Eu não disse ao senhor que não sou senão poeta?"

(Carlos Drummond de Andrade)

domingo, 13 de agosto de 2017

Romaria de Uberlândia a Água Suja - Momentos



Após andar 15 km, chegamos ao Rio Araguari.


Refeição Cultural

Nesta sexta-feira, 11 de agosto, peguei a estrada pela enésima vez para fazer o caminho entre Uberlândia e Água Suja - cidades do Triângulo Mineiro -, romaria que faço desde a minha adolescência, nos anos oitenta.

Mesmo fazendo o caminho a tanto tempo, e mesmo o caminho sendo o mesmo, cada caminhada é única, cada experiência é nova, cada momento é único. Nós nunca somos os mesmos de um ano para outro.


Instantes - bezerro morto, e urubus.
Um urubu por poste na espera; outros no início dos
trabalhos de decomposição e reaproveitamento natural.

Desta vez, fizemos a caminhada meu filho e eu. E pela primeira vez em tantos anos, tive alguém acompanhando a nossa caminhada de carro, coisa comum para muitos romeiros. Meu cunhado se ofereceu para ir conosco, o que facilita muito porque evita-se de carregar tudo nas mochilas às costas. Querido Túlio, muito obrigado!


Rio Araguari em toda a sua beleza.

Pegamos a estrada na sexta pela manhã, às 9h45, saindo do trevo entre Uberlândia e Araxá. Deste ponto, o percurso dá 73,5 km. Os uberlandenses nos avisaram que o Sol estaria muito forte. Mas decidimos sair cedo, porque se não pegássemos Sol forte na saída descansados, pegaríamos Sol escaldante no período final, já que o percurso dura mais de 20 horas, indo direto.


Instantes - olhem a beleza desta paisagem
em nosso duro caminhar.

Ano passado, a caminhada foi uma das mais difíceis de minha vida. Meus pés estouraram muito cedo com bolhas, por causa do tênis não ter sido ideal, e eu me carreguei por mais de 50 km na base da persistência no objetivo e na superação das dores.


Parada em um posto desativado. Já andamos uns 26 km.

Neste ano, foi completamente diferente. Ano passado, eu senti que seria daquele jeito antes de sair para a estrada. Havia todo um contexto pessoal e político na vida deste cidadão. De forma inversa, tinha comigo que faria agora a caminhada com tranquilidade, pois minhas energias estão preparadas para tudo que tenho que enfrentar.


Essa foto é um verdadeiro instante único.
Segundos depois, as rolinhas se dispersaram.

Um dos maiores prazeres que tive foi a companhia de meu filho amado, Mário Augusto. Foi um momento raro em nossas vidas distantes, podermos conversar durante dezenas de quilômetros sobre diversas coisas. Como ele faz biologia e eu sou um curioso em tudo, falamos de biologia, de ecologia, de música. Meu filho me explicou diversos jogos de videogame, dentre outras coisas. Só nosso momento juntos já fez a caminhada valer a pena.


Romeiros na estrada. O percurso tem
subidas de horas de caminhada.

A experiência de andar por diversas horas seguidas pelas estradas da vida nos faz alterar momentos de pensamentos e reflexões, momentos de olhar a natureza, no caso do Triângulo Mineiro, uma vegetação ressequida de início de agosto, e momentos de muita concentração no seu corpo, na sua mente, para fazer o que tem que ser feito ali.


Sou fascinado por árvores e troncos retorcidos e secos,
em seus momentos de economia de energia vital
para o momento seguinte da vida.

Neste ano, os romeiros tinham uma preocupação extra: o Governo Federal, o DNIT, proibiu que se montassem barracas de ajuda aos romeiros. Isso é um absurdo! A tradição da Romaria na região tem um século e meio. Felizmente, o povo desobedeceu a proibição imbecil e eu nunca vi tanta barraca de ajuda na minha vida. Foram mais de 15 ao longo dos quase 80 km. Não faltaram frutas, bebidas e lanches para os romeiros.


Por do Sol na estrada. Parte I.

Eu registrei algumas imagens com minha velha máquina fotográfica de 2009 e ela ainda funcionou bem. Meu corpo resistiu de forma impressionante. Eu não tive bolha. Eu não tive sono desta vez. Não senti nada. Cheguei à Romaria pronto para os desafios que tenho pela frente.


Por do Sol na estrada. Parte II.

Os caminhos e distâncias que temos que percorrer em nossas caminhadas pela vida, em busca de nossos objetivos, são os mais diversos possíveis e são muito duros. Não há caminho fácil na vida de um membro da classe trabalhadora.


Parada para descansar e tomar uma sopa na barraca
de ajuda aos romeiros (Antena). Já andamos 50 km.

Os desafios que temos para retomar nosso País das mãos dos bandidos que se apossaram dele, os desafios para recuperar e manter os direitos dos trabalhadores que representamos, e que somos, são imensos. Mas cada ser humano carrega em si uma energia infinita, desconhecida. E criadora.


Eu e o filhão dando uma descansada na
Antena antes de seguir adiante.

Volto para minhas tarefas políticas e cidadãs nesta segunda-feira consciente da força e energia que tenho para cumprir com meus objetivos de defender os direitos em saúde dos trabalhadores que represento, cuidar de meus entes queridos e ajudar a construir um mundo mais justo e solidário, a partir de minhas ideias, minhas palavras e minhas atitudes.


Estou na ponte sobre o córrego que marca os últimos 3 km
 para chegar à cidade. Faço esta foto há muitos anos.
Só ficando mais velho...

Estamos firmes e à disposição das lutas que acreditamos.


William - um homem na estrada


Post Scriptum:

Aos uberlandenses: eu gostaria de contatar uma senhora chamada Dona Cida, de pouco mais de 50 anos, que saiu para a Romaria na sexta de manhã, do bairro Martins, e nos encontramos quase que durante a caminhada toda. Ela deixou sua bolsa com cobertor e algumas roupas no carro do Túlio, que nos apoiou, e como não a encontramos nem no Posto Santa Fé, nem na barraca do Atalho, deixamos a bolsa dela com o pessoal da barraca, mas no dia seguinte soubemos que a bolsa ainda estava lá. Caso alguém a conheça, peço entrar em contato comigo através do Blog ou do meu perfil no Facebook.

domingo, 6 de agosto de 2017

Já estamos censurados pelo Google, pelo Facebook...


Apresentação do Blog

Pois é, virou realidade aquilo que já conhecíamos e prevíamos - nós que lidamos com mídia - e que poucas pessoas têm noção de fato: a tecnologia da informação já está transformando o mundo real naqueles mundos distópicos onde máquinas e corporações se apropriaram do planeta Terra e das pessoas, que acabaram virando meras escravas ou baterias de alimentação (manipulação) das matrizes capitalistas. "Matrix", o filme, virou realidade.

A matéria abaixo mostra dados que comprovam que a nova ferramenta de algoritmos de um dos grandes donos do mundo, o Google, já reduziu substancialmente o acesso aos sites e blogs progressistas e do campo da esquerda no mundo. Antes, o outro dono do mundo - o Facebook -, havia censurado o acesso aos perfis das pessoas e empresas por algoritmos que fazem com que só uns 3% dos contatos vejam o que eles publicam ou compartilham.

Ao ler essa matéria, esclareci porque nos últimos 3 meses caiu substancialmente o número de acessos a este Blog, cujo acesso maior era através de buscas na rede mundial (eu acompanhava pelo "maps"), porque tenho mais de 1.500 artigos publicados em uma década sobre livros, filmes e demais temas culturais. Como as palavras-chave de meu Blog sempre contêm os termos censurados - "esquerda", "socialismo" e textos contrários à hegemonia -, as nuvens de censura feitas por computadores bloqueiam tudo que não interessa aos donos do mundo.

Tem gente que nem sabe que a primeira página de pesquisa do Google dá resultado de acordo com perfis e por anunciantes que pagam mais.

Enfim, a humanidade entra numa fase complicada de sua existência. Como faremos a resistência? A resposta só pode ser pensada se houver unidade do campo progressista e se forem estabelecidos comitês populares e descentralizados no Brasil e em outros países para enfrentar esse mundo totalitário de manipulação.

William




Um estudo alarmante demonstra: a pretexto de combater as “fake news”, sistema de buscas esconde conteúdo dos sites que se colocam à esquerda, ou contra a política externa dos EUA


Por Andre Damon e Niles Niemuth, no WSWS | Tradução: Inês Castilho

Nos últimos três meses, desde que o Google anunciou seus planos de não deixar que usuários acessem “fake news” (notícias falsas), o tráfego global de um amplo leque de organizações de esquerda, progressistas, contra a guerra ou em favor dos direitos democráticos teve queda significativa.

Em 25 de abril, o Google anunciou que havia implementado mudanças em seu serviço de busca para tornar mais difícil acessar o que chamou de informação de “baixa qualidade”, um conceito que inclui as chamadas “teorias de conspiração” e “fake news”. A empresa afirmou, num post de seu blog, que o propósito central da mudança em seu algoritmo de busca era obter maior controle na identificação de conteúdo considerado duvidoso em seus manuais. Declarou que havia “melhorado nossos métodos de avaliação e atualizado os algoritmos” de modo a “evidenciar conteúdos mais autoritários”.

O texto continuava: “No mês passado atualizamos nossas Diretrizes de Avaliação em Qualidade de Busca para fornecer exemplos mais detalhados de páginas de baixa qualidade na web, para que os avaliadores as denunciem adequadamente”. Esses moderadores são instruídos para sinalizar “experiências desagradáveis de usuários”, incluindo páginas que apresentem “teorias da conspiração”, a menos que “a consulta indique claramente que o usuário está buscando um ponto de vista alternativo”.

O Google não explicita o que quer dizer com a expressão “teoria da conspiração”. Usando a categoria ampla e amorfa de “notícias falsas”, o objetivo da mudança no sistema de busca é restringir o acesso a sites alternativos, cuja cobertura e interpretação dos fatos conflitam com as de meios de comunicação do establishment tais como o New York Times e o Washington Post.

Ao sinalizar conteúdos de modo que não apareçam nas primeiras páginas dos resultados de busca, o Google é capaz de bloquear o acesso dos usuários a eles. Dado o fato de que grandes quantidades de tráfego na rede são influenciadas pelos resultados de busca, o Google é capaz de efetivamente esconder ou soterrar o conteúdo divergente, por meio da manipulação de rankings de busca.

Exatamente no mês passado, a Comissão Europeia multou a empresa em 2,7 bilhões de dólares por alterar resultados de busca para dirigir os usuários, de forma fraudulenta, a seu próprio serviço de vendas, o Google Shopping. Agora, parece que o Google está usando esses métodos criminosos para impedir que os usuários acessem visões políticas que a empresa julga indesejáveis.

O World Socialist Web Site (WSWS) foi um dos alvos dos novos “métodos de avaliação” do Google. Enquanto em abril de 2017 as buscas do Google deram origem a 422.460 visitas ao WSWS, este mês o número caiu para cerca de 120 mil, uma queda de mais de 70%. Mesmo usando termos de busca tais como “socialista” e “socialismo”, leitores nos informaram que tiveram cada vez mais dificuldade para localizar o World Socialist Web Site nas buscas do Google.



De acordo com o serviço de “ferramentas do webmaster” do Google, o número de buscas que resultaram em visualizações de conteúdo do World Socialist Web Site caiu de 467.890 para 138.275 por dia, nos últimos três meses. A posição média dos artigos nas buscas caiu da 15,9 para a 37,2 no mesmo período.

David North, presidente do Conselho Editorial Internacional do WSWS, afirmou que o Google está engajado em censura política. “O World Socialist Web Site existe há cerca de 20 anos”, disse, “e desenvolveu uma ampla audiência internacional. Durante a última primavera, o número de pessoas que visitaram o WSWS por mês excedeu 900 mil.”

“Embora um percentual significativo de nossos leitores entre no WSWS diretamente, muitos internautas acessam o site por meio de ferramentas de busca, das quais o Google é a mais usada”, disse David North, que coordena o comitê editorial do site. Ele prosseguiu: “Não há explicação inocente para uma queda tão acentuada no número de leitores provenientes das buscas do Google, quase da noite para o dia.”

“A alegação do Google de que está protegendo os leitores de “fake news” é uma mentira cuja motivação é política. O Google, um grande monopólio, com vínculos muito estreitos com agências estatais e de inteligência, está bloqueando o acesso ao WSWS e outros sites progressistas e de esquerda por meio de um sistema de manipulação das buscas.”

Nos três meses desde que o Google implementou as mudanças em seus mecanismos de busca, menos gente acessou vários outros sites de esquerda e contra as guerras. Com base em informações disponíveis no Alexa Analytics, outros sites que tiveram súbitas quedas no ranking incluem o WikiLeaks, Alternet, Counterpunch, Global Research, Consortium News e Truthout [1]. Mesmo grupos proeminentes em favor de direitos democráticos, como a União Americana de Liberdades Civis (American Civil Liberties Union) e a Anistia Internacional, parecem ter sido atingidos.

De acordo com o Google Trends [ranking de sites mais buscados], a popularidade do termo “fake news” quase quadruplicou no início de novembro, no período das eleições nos EUA, à medida em que o Partido Democrata, os meios de comunicação do establishment e as agências de inteligência procuraram responsabilizar a “informação falsa” pela vitória de Donald Trump sobre Hillary Clinton.

Em 14 de novembro, o New York Times afirmou que o Google e o Facebook “enfrentaram crescentes críticas porque notícias falsas em seus sites teriam influenciado o resultado das eleições presidenciais” e estariam tomando providências para combater as “fake news”.

Dez dias depois, o Washington Post publicou o artigo “Esforço de propaganda da Rússia ajudou a espalhar ‘fake news’ durante eleição”, Atribuiu a informação a um “especialista”, citando um grupo anônimo conhecido como PropOrNot, que apurou uma lista de sites de “fake news” acusados de espalhar “propaganda russa”.

A lista incluiu vários sites classificados pelo grupo como “de esquerda”. Significativamente, entre eles estava o globalresearch.ca, que geralmente republica artigos do World Socialist Web Site.

Depois da crítica generalizada ao que mais parecia uma lista suja de sites antiguerra e antiestablishment, o Washington Post foi forçado a publicar uma retratação, declarando: “O Post, que não nomeou nenhum dos sites, não confirma a validade das descobertas do PropOrNot”.

Em 7 de abril, a agência Bloomberg noticiou que o Google estava trabalhando diretamente com o Washington Post e o New York Times para “checar os fatos” de artigos e eliminar “notícias falsas”. A isso se seguiu a nova metodologia de busca do Google.

Três meses mais tarde, dos 17 sites declarados como sendo de “fake news” pela desacreditada lista suja do Washington Post, 14 tiveram queda no ranking global. O declínio médio do alcance global desses sites é de 25%. Alguns deles viram seu alcance global cair até 60%.

“As ações do Google constituem censura política e são um ataque clamoroso à liberdade de expressão”, afirmou North. “Num tempo em que a desconfiança em relação à mídia empresarial é generalizada, esse gigante corporativo está explorando sua posição monopolista para restringir o acesso público a um amplo espectro de notícias e análises críticas.”

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[1] O World Socialist Web Site divulgou dados que estimam a queda de 13 sites na busca do Google:
Wsws: – 67%
Alternet: – 63%
Global Research: – 62%
Consortium News: – 47%
Socialist Worker.org: – 47%
Media Matters: – 42%
Common Dreams: – 37%
International Viewpoint.org: – 36%
Democracy Now: – 36%
Wiikileaks: – 30%
Truth Ouut: – 25%
Counter Punch: 21%
The Intercept: – 19%


Fonte: outraspalavras.net

sábado, 5 de agosto de 2017

Que nos inspire "O Encouraçado Potemkin"



A edição que tenho do filme traz um encarte
com mais de 60 páginas de informações.

Refeição Cultural

Ao assistir ao impactante filme de Sergei Eisenstein, de 1925, consegui ao menos alimentar certa esperança no amanhã em meio ao caos e destruição de nosso querido País por parte dos golpistas que tomaram de assalto o Estado brasileiro, após não aceitarem a decisão do povo nas eleições presidenciais de 2014.

A história da revolta dos marinheiros russos do Encouraçado Potemkin em 1905, por causa dos maus tratos e pela injustiça contra o povo por parte do Império Czarista, nos dá um alento para acreditar que os povos explorados podem a qualquer momento darem um basta e partirem para o enfrentamento aos governos ímpios e vis e tomarem para si os poderes do Estado e os bens privados desses poucos humanos componentes de cleptocracias instaladas no poder como ocorreu no Brasil a partir do golpe parlamentar-jurídico-midiático, liderado por alguns empresários donos dos meios de comunicação.

Eisenstein consegue nos deixar impressionados com o uso de imagens, expressões faciais chocantes, contraste de luzes, e com o efeito musical que acompanha todo o filme mudo em preto e branco (música de Edmund Meisel).

A cena do massacre do povo nas escadarias de Odessa, por parte da força policial do Império, nos lembra de tantos outros massacres dos povos por parte dos poderes totalitários, imperialistas e das modernas formas capitalistas dos senhores do império econômico-financeiro (o 1%) que estão matando o mundo, a vida, os países, as culturas, os povos. A cena do carrinho de bebê descendo desgovernado pelas escadarias é uma das mais clássicas da história do cinema.

Esses desgraçados que deram o golpe em nosso País estão até o momento livres, soltos e encaminhando o desmonte do patrimônio público brasileiro, doando nossas riquezas, desmontando as nossas empresas públicas e as empresas de capital nacional, extinguindo toda a proteção social e os direitos humanos - políticos, trabalhistas, previdenciários, culturais, de saúde, os empregos etc - de mais de 200 milhões de pessoas e, por amortecimento e pusilanimidade, o povo ainda não reagiu à altura e com correlação de forças de maneira que reverta o golpe e retome os avanços sociais que vinham ocorrendo para a maioria do povo brasileiro.

Francamente, gostaria de viver para ver esses golpistas serem retirados da máquina estatal que tomaram por conluio de segmentos da Casa Grande e seus lacaios e capitães do mato pagos a grande soldo.

William

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Diário e Reflexões - 020817 (O Congresso da Vergonha)


Essa legislatura (2014-18) do Congresso Nacional,
em sua maioria, aplicou um golpe parlamentar
no Brasil e no povo brasileiro. 02 de agosto
é só mais uma data histórica da
vergonha nacional.

02 de agosto...

Sempre agosto...

O dia da vergonha...

O dia em que os congressistas canalhas e corruptos institucionalizaram mais uma vez a corrupção como a lei e a ordem; congressistas comprados a 17 bilhões de dinheiros (só hoje) para livrar o "presidente" Temer de investigação pela suprema corte (pequena corte); congressistas que desde o Golpe de Estado em 2016 transformaram o Brasil num país governado por um sindicato do crime, que ocupou todo o aparelho do Estado Nacional.

Eu tenho a leitura clara como cidadão que a saída não está mais nas vias institucionais porque elas foram encerradas com o Golpe. Acho lamentável, inútil, o povo morrer à mingua, sem lutar, sem resistir.

Triste, mas tem solução, que deve ser adequada à situação em que estamos: a luta e a recuperação do Estado Nacional pelo povo.

Estamos enfrentando marcianos, não há diálogo, não há pressão popular ou mobilização que dê jeito, são marcianos, monstros para nós... esses canalhas não têm ouvidos, olhos e palavras para nós, o povo trabalhador.

Pensem nisso!

William