segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Diário e reflexões - 301017 (Lutar contra a manipulação dos povos)



Ler é um ato importante para se pensar o mundo.
"Leer aunque sean los papeles rotos por las calles..."
já dizia Miguel de Cervantes no século XVI.

Refeição Cultural

"Os animais são as letras soltas do alfabeto; o homem é a sintaxe" (fala de um personagem de Machado de Assis)


Estamos fechando o mês de outubro nesta segunda e terça-feira que começam.

Descansei muito pouco no domingo, pois cheguei de viagem a trabalho no sábado por volta de meia-noite. Estive em um congresso de autogestões em saúde em Foz do Iguaçu, no Paraná.

Precisei diminuir neste semestre o prazer pessoal da leitura de livros em busca de conhecimento, por causa da intensificação das agendas de luta em meu trabalho de gestor eleito na caixa de assistência em saúde dos trabalhadores que represento.

Mesmo assim, não dou conta de ficar sem ler alguma coisa. A foto acima mostra o que tenho lido em conta gotas nos intervalos que arrumo no final de semana ou em algum voo por aí. 

É necessário e urgente que a classe trabalhadora, ao menos suas lideranças, escarafunche nos alfarrábios da história humana experiências de resistência dos povos na luta de classes para conseguir reagir ao caos gerado pelo Golpe de Estado em nosso país e ao crescimento das ideias fascistas e conservadoras no mundo. 

O Brasil pós golpe está sendo desmantelado para nunca mais ter um futuro nacional.


NOAM CHOMSKY

Li três capítulos de um livro que adquiri recentemente de nosso grande intelectual Chomsky. Ele não tem trava na língua ao falar do grande mal que os Estados Unidos fazem aos países e povos do mundo. É pavoroso ler as descrições de barbaridades cometidas em países sul-americanos, africanos e do Oriente Médio e demais povos orientais com o apoio e coordenação da CIA. Que lixo!


MACHADO DE ASSIS

"Os animais são as letras soltas do alfabeto; o homem é a sintaxe"

Li um conto do Mestre do Cosme Velho que é tão chocante, que acabei lendo duas vezes para ver se havia entendido direito o tema abordado por ele na ficção. Na segunda leitura, compreendi claramente a estória.

Machado é um mestre na ironia e esta figura de linguagem é uma das mais complexas na arte da literatura porque ela exige capacidades interpretativas dos leitores.

O "Conto Alexandrino" foi publicado por Machado em 1883 e traz a estória de dois filósofos que buscam a verdade universal. Um deles desenvolve uma teoria de que nos animais estariam todos os sentimentos e capacidades humanas.

A narrativa se passa na Alexandria durante a dinastia dos Ptolomeus (323 a 30 a.C.).

O conto é chocante! Aborda experiências com animais vivos e depois com seres humanos. Machado antecipou em décadas o que os nazistas fariam com os seres humanos que foram subjugados por eles, a partir da liderança de Adolf Hitler e um de seus médicos, Josef Mengele.


LIBERDADE, DEMOCRACIA, BUROCRACIA... CONCEITOS PODEM SER DETURPADOS E MANIPULADOS POR PESSOAS, GOVERNOS E CORPORAÇÕES

Ler a opinião de Mikhail Gorbachev, em 1987, dizendo o que o PCUS tinha planejado para tentar salvar o socialismo da União Soviética (e que deu errado pouco tempo depois) é interessante para mim.

Ver a posição de Rosa Luxemburgo quase um século antes de Chomsky reforçando o papel do intelectual que deve dizer a verdade e lutar contra a enganação e empulhação feita pelos poderosos com o apoio de "intelectuais" é muito bom. O mesmo que Said afirmava em suas teses sobre o papel dos intelectuais em relação a se contrapor ao poder.


PESSIMISMO DA RAZÃO

Estou pessimista em relação à sobrevivência dos seres humanos. Pessimista em relação ao domínio da tecnologia da comunicação (manipulação) de massas nas mãos de poucos humanos e suas corporações. Pessimista em relação ao que estão escondendo do povo internamente nas grandes corporações que já subjugam países, governos e povos do mundo. 

O planeta Terra é um verdadeiro tabuleiro de guerra como no jogo War, onde alguns participantes pensam estratégias para dominar o mundo. Pensando só o mundo ocidental, as pessoas não têm a menor noção do poder de influência de empresas como, por exemplo, GoogleFacebook na vida de bilhões de pessoas. Os humanos são quase NADA para esses sistemas, além de banco de dados para comércio. E todas as nossas informações estão disponíveis na rede mundial.

Mas desistir da luta por um mundo melhor, mais humano, mais inclusivo e solidário, mais sustentável com valores coletivos, enfim, desistir não é uma opção para aqueles que se libertaram da manipulação e devem usar sua consciência pessoal e de classe para lutar pela libertação dos povos.

É isso! Seguimos nas lutas!

William


Post Scriptum

Para fazer minha parte em salvar minha vida para continuar lutando, me esforcei sobremaneira para correr um pouco neste mês, mesmo com o cansaço de prostração que tenho experimentado às vezes. Corri neste mês 5k (1/10, DF), 3,5k (7/10, DF), 4k (8/10, DF), 6k (15/10, SP), 4,5k (21/10, DF), 5k (29/10, DF). Pouco, mas melhor que nada.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Diário e reflexões - 251017 (Extinção do Brasil)





Quarta-feira, fim de noite. 

O Congresso Nacional, com votos pagos a bilhões de dinheiros, segundo a imprensa, livrou mais uma vez o golpista mor de acusações de corrupção.

Minha agenda de trabalho e luta em defesa da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, a Cassi, não foi diferente no dia de hoje. Estou trabalhando há mais de 3 anos entre 12 e 14 horas por dia. Para fortalecer a maior autogestão em saúde de nosso país e defender os direitos dos trabalhadores associados que represento, só me dedicando como se estivesse num front de batalha para criar alguma condição de êxito naquilo a que nos dispusemos.

O meu país, o Brasil, está passando por um processo de desfazimento após o golpe de Estado aplicado em 2016 para interromper o período de avanços realizados pelos governos do Partido dos Trabalhadores após as eleições de Lula da Silva no início do século 21. Entre 2003 e 2014, o país e o povo brasileiro haviam experimentado o período mais exitoso de nossa história. O Brasil havia se tornado referência no mundo - num mundo em caos após a crise do subprime americano.

Hoje, o país está sendo esfacelado, desmanchado, por um Congresso Nacional eleito em 2014 já sob os ares do golpe que começou a ser realizado a partir das manifestações de junho de 2013, um movimento construído de fora para dentro, exatamente como aconteceu em países do Oriente Médio, países detentores de poços de petróleo, as tais "primaveras árabes". Que azar do Brasil... tinha o Pré-sal pra chamar a atenção dos EUA. Idem Venezuela. Nós não temos bomba atômica como o Irã tem.

Mais de 400 elementos ocuparam as cadeiras do Congresso para destruir um país para o qual eles nunca ligaram. São representantes da casa-grande.

Deu certo para a oligarquia da casa-grande! A cleptocracia brasileira. Deu certo para os golpistas! O Brasil está sendo desfeito. Os direitos do povo estão sendo desfeitos. Não há reação. Não há movimento. Não há revolta e destruição dos agentes causadores do golpe. Nosso patrimônio está sendo entregue para as corporações internacionais que financiaram o golpe. 

Não há nenhum sinal de guerra civil. Só a guerra civil das favelas, das periferias, do tráfico. Da polícia que mata negros e pobres, que bate em trabalhadores, estudantes e idosos. Que protege bandidos da casa-grande. 

Mas a Globo está por aí, em todas as paredes, bares, hall de hotéis, taperas do norte e nordeste, dos rincões. Tem novelas. Tem gente andando e olhando pra tela de celular. Tem um mundo inteiro de brasileiros que vivem no Facebook como se esta rede social do garoto inventor dela fosse a própria rede mundial de computadores.

Eu fico dividido entre ter pena ao ver um país se desfazer para sempre e ter raiva de cada um, cada uma, que foi marionete dos empresários que organizaram o golpe. Marionetes da Globo, da Folha, do Estadão, da Band, da Editora Abril. Daquele sujeito da República de Curitiba.

Não posso considerar inocente cada cidadão que fez papel de idiota, que mesmo não fazendo parte do 1% da casa-grande e, sendo da classe trabalhadora, aceitou ir pra rua derrubar um governo de uma mulher honesta, de um partido que mudou para melhor a vida de dezenas e dezenas de milhões de pessoas que dependiam do trabalho e de oportunidades para serem protótipos de cidadãos num futuro que podia chegar e agora nunca mais!

Os bandidos lesas-pátrias dão risadas da cara dos idiotas úteis, agora perplexos, riem do povo nas telas do mundo digital. E o meu povo não esboça nenhuma reação.

O Brasil nunca mais será o mesmo. Meu mundo Brasil acabou (não terá volta após o desfazimento).

Enquanto isso, eu sigo obstinadamente focado na entidade de saúde de autogestão de trabalhadores, para a qual estou designado para atuar por ela e pelos direitos de seus participantes. Se a Cassi não fosse a minha cachaça, eu já teria ficado louco, ou com depressão profunda, ao ver tudo ao meu redor se esvaindo.

Mas como diz o poeta maior, Drummond, chegou um tempo em que a vida é uma ordem, a vida apenas, sem mistificação. Tenho consciência disso. Lembro a cada um que conheço algo básico de um lutador: desistir não é uma opção!

William
Cidadão

sábado, 21 de outubro de 2017

Diário e reflexões - 211017 (Resistência e luta)



Primaveras em Florianópolis. Apreciar o belo na natureza
ainda é um atributo humano, demasiado humano. Apreciemos.

Refeição Cultural

Acordei nesta manhã de sábado em Brasília com aquele cansaço físico e mental já característico nos finais de semana, devido aos últimos anos de lutas que empreendo como tarefa atual - ser gestor eleito em uma autogestão em saúde pertencente aos trabalhadores do Banco do Brasil.

Nesta semana, por causa de minha agenda de gestão e lutas, dormi pouco mais de 20 horas em 120 horas de dias úteis. Em duas noites só dormi 3 horas e pouco. Mas estive com a base social na segunda em São Paulo e na quarta no Ceará. Fiz dois textos que exigem pesquisa e concentração. Foram várias horas de estudos e debates na governança da Cassi na Diretoria Executiva e no Conselho Deliberativo. Muito desgaste físico e psicológico.

O planeta Terra passa por um dos cenários mais ameaçadores da vida humana dos últimos milênios. O sistema de organização social mundial hegemonizado por alguns humanos e suas corporações - comumente chamado de capitalismo -, já suplantou até países e culturas instituídas. 

As ameaças são de guerra nuclear, domínio de máquinas e Inteligência Artificial, devastação ambiental e miséria para bilhões de pessoas, enquanto poucas detenham todos os meios de sobrevivência.

Poucas pessoas do povo ou pertencentes às camadas sociais mais populares têm noção de tudo que se passa neste exato momento em que escrevo. As ferramentas de manipulação e idiotização nunca foram tão avassaladoras como neste século 21. 

Os mesmos detentores de tudo, detêm todos os veículos de comunicação que pautam a vida dos seres humanos. Sistemas como o Facebook têm como estratégias capturar pessoas para que a vida seja baseada naquele sistema.

A dificuldade para organizar a classe trabalhadora por parte de pessoas na posição em que me encontro - um militante social que vive em função de defender os direitos dos trabalhadores -, nos faz titubear se devemos seguir ou largar tudo. Pensem se é fácil todos os dias do ano lutar contra a ignorância e contra um sistema de burocracias a favor dos donos do mundo.

Nosso compromisso com a vida do povo e da classe trabalhadora não nos permite esmorecer ao final de todos os dias de nossa existência. Desistir não é uma opção. Hoje, tenho claro que a vida apenas é, e que para estar nela devemos fazer o que deve ser feito. Mesmo cansado, muitas vezes com tristeza, e baqueado pelas constantes decepções com os seres humanos.

Para resistir e lutar é preciso se cuidar, ter um corpo e estar vivo. Apesar do cansaço, saí e corri por quase meia hora. Estou fazendo isso sempre que possível. Para resistir e defender os direitos e patrimônios dos trabalhadores é preciso ler, estudar, pensar e criar ideias novas e conhecer tudo que for possível. Faço isso em nome dos meus pares.

É preciso também ultrapassar as barreiras que estão sendo montadas pelos sistemas dos donos do mundo para que o meu lado não consiga organizar o povo para conscientizá-lo e trazê-lo para as lutas.

Eu acredito nas lutas por um mundo mais justo, mais solidário. É possível os meus pares da classe trabalhadora virem para o nosso lado a qualquer momento, todos os dias. Para isso, temos que ir até eles e organizá-los, de preferência olho no olho. Faço isso há quase 20 anos. As ferramentas de comunicação virtual devem ser acessórias.

Se você que às vezes nos lê ou nos acompanha também achar possível nos unirmos para defender os direitos do povo contra um sistema de poucos, compartilhe nossos textos e pensamentos. 

Os capitalistas donos das redes sociais e ferramentas de comunicação estão fechando os sistemas para opiniões diferentes das deles. São ferramentas de Inteligência Artificial e algoritmos que vão dificultar cada vez mais nosso lado acessar os leitores e pessoas nas redes sociais privadas.

Temos que pegar o hábito de visitar as páginas dos blogs e sites mais vinculados aos trabalhadores e ao povo digitando diretamente o endereço e salvando em seus favoritos.

Eu escrevo em dois blogs, este de cultura e reflexões e o de prestação de contas dos mandatos que exerço em nome dos trabalhadores, o Categoria Bancária (acessar AQUI).

Abraços e vamos firmes na luta por um mundo melhor.

William

domingo, 15 de outubro de 2017

Liberdade e consciência de classe são bases das lutas em defesa dos direitos dos trabalhadores



(atualizado às 19h35 do mesmo dia)



Refeição Cultural

Domingo de descanso em Osasco. Manhã fria, a temperatura mudou de mais de 31° para 16° de um dia para o outro. São Paulo é assim.

O dia deveria ser de descanso de uma jornada intensa de trabalho e lutas pela causa que defendo há pouco mais de três anos: ser gestor eleito de uma autogestão em saúde, cujos associados são os próprios trabalhadores da empresa pública à qual pertencemos, o Banco do Brasil.

Quanto mais avançam minha idade e experiência nesta breve existência, mais sinto necessidade de autoconhecimento. Meu desejo e necessidade de estudar e de preencher todas as lacunas culturais que tenho em todas as áreas do conhecimento humano me pressionam a não querer sequer deixar o corpo físico descansar. Porque a vida é um instante e somos muito ignorantes sobre quase tudo.

Tenho maltratado meu corpo na jornada que estou empreendendo na defesa da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil e na defesa dos direitos em saúde dos trabalhadores que represento. A tarefa que percebemos que teríamos pela frente era a mais desafiadora de nossa vida de representação, quando realizamos no início do mandato o diagnóstico da situação que encontramos e planejamos os objetivos centrais a empreender em quatro anos. A Cassi era uma total desconhecida dos intervenientes do sistema em relação à sua essência.

Como disse no início, meu corpo fica me pedindo que eu durma quase que o dia todo nos finais de semana, porque estou cansado. Mas eu brigo com ele e fico acordado e tento estudar, encontrar novas ideias, explicações e experiências de nossos antepassados nas lutas sociais que possam balizar minhas estratégias em defesa das causas que defendo.

Nunca li e estudei tanto quanto nestes últimos três anos. Por mais que não tenha tempo livre porque desde o primeiro dia de mandato na Cassi trabalho ininterruptamente quase que as 24 horas do dia, porque mesmo em finais de semana, à noite, nas madrugadas, estamos usando nossa inteligência para criar estratégias de lutar contra gigantes, contra o sistema, contra a ignorância. Estudei para lutar contra o desconhecimento e a falta de consciência que podem favorecer o aniquilamento das conquistas sociais e de classe pelas quais lutamos.

Peguei para ler neste sábado um livrinho sobre Rosa Luxemburgo. Li umas cinquenta páginas, entre o sono e a atenção à esposa e filho. E também entre as tristezas que sentimos por sermos humanos e termos problemas pessoais como qualquer cidadão. Um militante de esquerda e dirigente eleito de trabalhadores não é uma máquina, é uma pessoa. 

Nesse parco tempo que li umas cinquenta páginas sobre Rosa Luxemburgo também dediquei um tempão ao meu trabalho de gestor da Cassi, pois fiz um esforço para responder participantes em diversos grupos em redes sociais (sei que não deveria fazer isso nas "folgas").


Sobre ideias de Rosa Luxemburgo

"Na questão parlamentar, Rosa Luxemburg sentia-se próxima de Friedrich Elgels, que considerava o Parlamento uma tribuna para a propaganda revolucionária, e nada mais. Para ela a sociedade só podia se emancipar se o proletariado se emancipasse. Emancipação pela prática, por uma modificação progressiva na correlação de forças, era segundo ela o único caminho que fazia sentido para a emancipação. No que Rosa Luxemburg desejava era central não o permanente crescimento numérico dos membros das organizações proletárias e dos eleitores, e sim o crescimento da autoconsciência e da capacidade de ação política. O partido devia fazer propostas à classe trabalhadora e deixar que ela decidisse, mesmo correndo o risco da rejeição, e isso tinha de ser aceito em cada caso específico."


Interessante essa visão que Rosa Luxemburgo nos dá sobre construir a autoconsciência nas pessoas participantes de um sistema social. 

Um dos objetivos centrais que empreendemos neste mandato de gestor da Caixa de Assistência foi percorrer as bases sociais da autogestão - a comunidade Banco do Brasil - e levar ao conjunto de participantes e lideranças do sistema informações básicas sobre direitos e deveres no uso da Cassi e para a tomada de decisões enquanto associados da autogestão em saúde. Eu trabalhei esse objetivo com o nome de "pertencimento".

Já que não teria condições de estar e falar com centenas de milhares de participantes do sistema Cassi ao longo do mandato, minha estratégia foi trabalhar com uma rede de conhecimento, que poderia levar o autoconhecimento aos demais usuários em sistema de teia. Foquei os Conselhos de Usuários, entidades sindicais e associativas e as lideranças do Banco do Brasil nos Estados e na Direção da empresa, o que inclui seus representantes na gestão da operadora de saúde.

A tarefa era muito desafiadora. Não havia uma cultura de informação na comunidade BB para esclarecer o que era, como funcionava, quais os problemas centrais, como resolvê-los, quais os objetivos que a Cassi tinha como missão, os deveres e obrigações de todos os intervenientes, além dos direitos. Não havia. 

Se havia cultura de informação, era algo esparso e não sistêmico. Era um trabalho voluntarioso e local de pessoas abnegadas com consciência e conhecimento a respeito da Cassi, principalmente dos funcionários das áreas de atividade-fim na sede em Brasília e nas unidades administrativas e de saúde nos Estados/DF.

Ao estar no 4° e último ano de mandato, é natural que façamos um pouco de balanço sobre os objetivos que alcançamos e os que não alcançamos, inclusive por causa de todas as dificuldades e crises que permearam todo o período.

Eu tenho um sentimento e uma leitura de que VALEU A PENA o esforço de lutar por levar mais informações de qualidade sobre o sistema de saúde Cassi e os problemas todos que o envolvem, agregando consciência e espírito de pertencimento senão ao conjunto dos participantes ao menos para as lideranças dos associados e suas entidades representativas. 

Nós vencemos uma batalha na questão do déficit entre 2014 e 2016, ao fazer o patrocinador BB colocar recursos também no sistema de saúde Cassi, junto com os associados, por não ser justo que só o lado dos trabalhadores fosse onerado. E nenhum direito social foi perdido naquela crise do déficit.


Com mais pertencimento e autoconhecimento dos trabalhadores do Sistema Cassi teremos melhores perspectivas de sustentabilidade e manutenção dos direitos em saúde

As batalhas seguem neste exato instante porque a defesa dos direitos em saúde dos trabalhadores brasileiros em suas mais diversas frentes e etapas é uma guerra, uma guerra de extermínio, onde nós somos o alvo. 

Só para situar os leitores, há riscos na existência de operadoras de saúde no modelo de autogestão por diversos fatores inviabilizantes como, por exemplo, tratamento não adequado de autogestões por parte da ANS; abusos nos valores cobrados pelo sistema privado na venda de serviços de saúde - hospitais, profissionais de saúde, materiais e medicamentos -; o sistema está sendo destruído por judicialização abusiva e irracional; risco de privatização e desmantelamento de empresas públicas que mantêm os planos de saúde em modelo autogestão etc, infelizmente!

Nosso papel neste pequeno espaço de luta por direitos em saúde de trabalhadores (a autogestão Cassi dentro do todo) tem sido o de informar e organizar os participantes de um magnífico sistema de autogestão baseado em Atenção Integral, com Atenção Primária (APS), medicina de família (ESF) e monitoramento de participantes acometidos de doenças crônicas e outros riscos através de programas de saúde. Já fazemos isso em mais de 180 mil pessoas do sistema Cassi. 

A partir de diversos estudos internos na Diretoria de Saúde e Rede de Atendimento, construímos neste mandato para todos da Caixa de Assistência conhecimentos que facilitam o olhar técnico dos resultados em saúde, que mostram que a Cassi é muito eficiente em relação ao seu modelo de promoção e prevenção. 

Um estudo sobre os vinculados ao nosso modelo assistencial demonstrou que esse grupo tem mais qualidade de vida e usa melhor os recursos do sistema quando precisa da rede prestadora comparado a grupo nas mesmas condições de grau de complexidade e que ainda não está na Estratégia Saúde da Família (ESF), ou seja, o grupo não vinculado usa a rede prestadora sem orientação racional da ESF. Mas preciso de recursos de investimento para ampliar a cobertura do modelo para a conjunto dos assistidos. 

Atuamos com respeito às diferenças, com muita dedicação em intercalar as milhares de horas de estudos e debates na sede da entidade, onde deliberamos semanalmente sobre a gestão, com a visita presencial à base dos trabalhadores que representamos, que na Cassi é o Brasil. Todos os meses estive prestando contas, esclarecendo, mobilizando e chamando para a luta milhares de participantes, contribuindo para a consciência de classe e valorizando a liberdade que todos devem ter.

A luta tem que seguir sempre, não esmoreçam!

Abraços,

William

domingo, 8 de outubro de 2017

Casa-grande & Senzala - O indígena na formação da família brasileira





Refeição Cultural

Aproveitei o sábado de descanso de meu mandato em defesa da autogestão em saúde e dos direitos dos trabalhadores do Banco do Brasil para estudar e refletir um pouco sobre a história de nosso querido Brasil, que vive sob Golpe de Estado desde 2016 e hoje tem parte da máquina pública dominada por gente lesa-pátria, destruindo o patrimônio público e social do povo brasileiro.

Ao acordar ainda cansado de uma semana em que dormi muito pouco como ocorreu nas anteriores, fiquei pensando em qual autor eu pegava para ler. Pensei em contos de Machado de Assis ou Guimarães Rosa, mas achei melhor pegar o Casa-grande & Senzala (1933), de Gilberto Freyre.

Antes, porém, li alguns artigos jornalísticos. Tem me chamado a atenção o quanto textos que deveriam ser considerados de linguagem padrão estão sendo publicados e divulgados com erros de digitação, de sintaxe, de ortografia, de concordância etc. Eu não tenho crítica a textos informais ou com dialetos em escrita não-padrão como blogs. Toda vez que reviso meus textos, por exemplo, acabo encontrando uma digitação errada ou coisa do tipo. Mas jornais e revistas e sites institucionais são outra coisa.

Eu sei da péssima qualidade do jornalismo brasileiro, mas ao ler dois artigos em jornais espanhóis, a partir de leituras na página da RAE (La Real Academia Española) vi os mesmos tipos de erros. Acredito que nossos cérebros estão se diluindo com a comunicação e a informação mundial a partir da velocidade das redes sociais. Acho que estamos ficando menos inteligentes.

Quando penso na perspectiva de estar aproveitando menos as possibilidades de minha inteligência, da minha capacidade de pensar, me exaspero e busco uma forma de pegar algo complexo para ler e estudar. Faço isso nas horas de folga, mesmo sabendo que meu trabalho de gestor em saúde já é uma mescla entre a técnica e a política, ou seja, já exige capacidade intelectiva o tempo todo.


Lendo Casa-grande & Senzala

Capítulo II - O indígena na formação da família brasileira

Iniciei neste sábado o capítulo II do ensaio de Gilberto Freyre. A leitura foi de muita curiosidade, pois não sabia de várias coisas que são narradas ali pelo autor. No entanto, me incomodam bastante as adjetivações do ensaísta ao comparar os povos de cá das terras invadidas e os povos trazidos da África com os europeus, mas fazer o que, né?

Freire apresenta sua leitura das diferenças de colonização portuguesa e espanhola nas Américas, inclusive em relação aos ingleses e demais europeus. Ao encontrar povos mais ou menos organizados em relação à cultura e às tecnologias, os espanhóis agiram de forma a exterminar maias, astecas e incas, para roubar seus minerais. Já os portugueses encontraram povos em geral mais dóceis e com culturas mais rústicas, e o primeiro período de colonização foi, via de regra, de convívio.

"Os portugueses, além de menos ardentes na ortodoxia que os espanhóis e menos estritos que os ingleses nos preconceitos de cor e de moral cristã, vieram defrontar-se na América, não com nenhum povo articulado em império ou em sistema já vigoroso de cultura moral e material - com palácios, sacrifícios humanos aos deuses, monumentos, pontes, obras de irrigação e de exploração de minas - mas, ao contrário, com uma das populações mais rasteiras do continente..."

E segue comparando os cenários diferentes encontrados por espanhóis e portugueses:

"De modo que não é o encontro de uma cultura exuberante de maturidade com outra já adolescente, que aqui se verifica; a colonização europeia vem surpreender nesta parte da América quase que bandos de crianças grandes; uma cultura verde e incipiente; ainda na primeira dentição; sem os ossos nem o desenvolvimento nem a resistência das grandes semicivilizações americanas..."

Ao enfrentar as rebeliões dos indígenas do solo brasileiro, os portugueses não precisaram exterminar completamente os povos, como fizeram os espanhóis com maias, incas e astecas.

"(...) mesmo quando acirrou-se em inimigo, o indígena ainda foi vegetal na agressão: quase mero auxiliar da floresta. Não houve da parte dele capacidade técnica ou política de reação que excitasse no branco a política do extermínio seguida pelos espanhóis no México e no Peru..."


Essas questões iniciais, mais a questão do papel das mulheres indígenas na relação com os colonizadores portugueses em solo brasileiro, vão definir de forma permanente as características dos nascidos aqui nos dois primeiros séculos de dominação portuguesa.

"Híbrida desde o início, a sociedade brasileira é de todas da América a que se constituiu mais harmoniosamente quanto às relações de raça dentro de um ambiente de quase reciprocidade cultural que resultou no máximo de aproveitamento dos valores e experiências dos povos atrasados pelo adiantado; no máximo de contemporização da cultura adventícia com a nativa, da do conquistador com a do conquistado. Organizou-se uma sociedade cristã na superestrutura, com a mulher indígena, recém-batizada, por esposa e mãe de família; e servindo-se em sua economia e vida doméstica de muitas das tradições, experiências e utensílios da gente autóctone..."

A geração de filhos portugueses com índias e depois com as mulheres negras vindas do continente africano, apesar de ser consequência mais de satisfação biológica que outra coisa, se mostrou estratégica com o passar do tempo naquele primeiro século de colonização portuguesa por causa da questão da necessidade de ocupação espacial do continente.

"Observou Southey que o sistema colonial português se revelara mais feliz do que nenhum outro no tocante às relações do europeu com as raças de cor; mas salientando que semelhante sistema fora antes 'filho da necessidade' do que de deliberada orientação social ou política (...) Para a formidável tarefa de colonizar uma extensão como o Brasil, teve Portugal de valer-se no século XVI do resto de homens que lhe deixara a aventura da Índia..."

Algumas explicações de Freyre nos fazem refletir bastante e olhar para nosso passado. Das conclusões do pensador, vemos a alimentação que temos hoje, as diversas formas de cultura oriundas dessa mistura de culturas distintas adaptadas para sobreviver nesta nossa terra.

"À mulher gentia temos que considerá-la não só a base física da família brasileira, aquela em que se apoiou, robustecendo-se e multiplicando-se, a energia de reduzido número de povoadores europeus, mas valioso elemento de cultura, pelo menos material, na formação brasileira..."


Leitura de Casa-grande & Senzala se dá num triste momento brasileiro do século XXI, com retrocessos sociais enormes no pós golpe

Enfim, essas citações que postei são somente pitadas de toda a curiosidade que li através das interpretações de Gilberto Freyre na primeira parte do capítulo (que é grande). 

Muitas das explicações sobre a formação social brasileira têm sentido e nos fazem compreender um pouco do que vivemos neste momento como a geração que está vendo o Brasil pós golpe se tornar mais intolerante e preconceituoso, mais desigual e injusto com os povos oriundos das senzalas ou dos quintais e arredores das casas grandes.

Após quase 13 anos de governos mais voltados para prioridades populares como os de Lula e Dilma, do Partido dos Trabalhadores, e mesmo após mais de 25 anos de conquista da Constituição Federal de 1988, dita "constituição cidadã" porque foi fruto de lutas e mobilizações sociais nos anos oitenta após mais de duas décadas de ditadura civil-militar, vemos um ataque virulento e rápido dos golpistas em destruir décadas de conquistas do povo.

Onde vamos parar? Se o povo brasileiro demorar um pouco mais para reagir e retomar o Estado e suas instituições para si, o Brasil se perderá para sempre. As entregas lesas-pátrias do patrimônio público para corporações estrangeiras estão sendo feitas a cada semana desde o golpe porque se acredita que o povo não lutará para retomar o patrimônio doado quando a democracia voltar, se voltar.

É isso! O tempo de reagir é curto, mas cadê a reação dos milhões e milhões de cidadãos que num curto espaço de tempo histórico (anos) acessaram tantas conquistas sociais e agora num tempo muito mais curto ainda (de meses) veem seus direitos sociais escoarem pelo ralo sem reação à altura, mesmo que seja através de insubordinação ou guerra civil contra os da casa grande instalados nos aparelhos do Estado (em estado de exceção) que aí está?

William
Um brasileiro


Post Scriptum:

Por falar em língua padrão e não-padrão, eu não gosto de algumas mudanças do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, em vigor desde 2009, que mexeu em acentos, hífen, trema e outras coisas. Quando me apetece, eu não respeito o que está determinado. Como disse acima, sei que não posso fazer isso num ofício, mas posso fazer nos meus blogs...

domingo, 1 de outubro de 2017

Leitura: Sentimento do Mundo (1940) - Carlos Drummond de Andrade




Refeição Cultural

Amanheci neste domingo de início de outubro com o desejo de ler Drummond, o poeta das coisas, da materialidade, do tempo, da vida.

Na sexta-feira, ao fechar um encontro de trabalho de funcionários de nossa Diretoria de Saúde, precisei de Drummond para expressar melhor o que eu estava sentindo sobre a Cassi, o Brasil e o mundo. Só eles, os poetas e os escritores, conseguem sintetizar os mundos através de suas poéticas de encaixe das palavras.

Eu li para meus colegas de trabalho três poemas de Drummond. Todos eles do livro Sentimento do Mundo, lançado em 1940, com o mundo em guerra mundial, os povos e os países se destruindo uns aos outros e o sentimento que predominava no mundo era o que o poeta expressa em cada um dos poemas do livro.

Apesar do clima pesado e lúgubre dos sentimentos expressos, há também uma força presente na determinação de que não adianta ficar pelos cantos esperando o mundo acabar; pelo contrário, a vida é uma ordem, a luta é a opção, sem essa de suicídios e desistências. Nossa! Nem se parece com o momento que a Cassi, o Brasil e o mundo passam na atualidade...

O primeiro poema do livro e que li para meus colegas é:


SENTIMENTO DO MUNDO

Tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo,
mas estou cheio de escravos,
minhas lembranças escorrem
e o corpo transige
na confluência do amor.

Quando me levantar, o céu
estará morto e saqueado,
eu mesmo estarei morto,
morto meu desejo, morto
o pântano sem acordes.

Os camaradas não disseram
que havia uma guerra
e era necessário
trazer fogo e alimento.
Sinto-me disperso,
anterior a fronteiras,
humildemente vos peço
que me perdoeis.

Quando os corpos passarem,
eu ficarei sozinho
desfiando a recordação
do sineiro, da viúva e do microscopista
que habitavam a barraca
e não foram encontrados
ao amanhecer

esse amanhecer
mais noite que a noite.

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Eu recordei aos nossos funcionários que chegamos num momento em que havia uma guerra já em andamento. A nossa autogestão estava inserida num contexto dramático de déficits recorrentes motivados por diversas questões, tanto de custeio como de falta de foco no modelo assistencial, cujas perspectivas de sua operacionalização proporcionam melhor uso dos recursos e melhores resultados em saúde de sua população.

Mas se o cenário era extremamente adverso, as perspectivas e possibilidades eram imensas pelo que a própria autogestão em saúde carrega em si. Arregaçamos as mangas e nossas mãos, mãos dadas, teceram a resistência e conquistaram mais confiança e pertencimento à Cassi e ao que ela é. Viajamos o país e agregamos mãos, corações e mentes aos nossos projetos de saúde dos trabalhadores.

Li outro poema do livro Sentimento do Mundo, poema que me alimenta quando diz que os tempos não nos permitem morrer, e que a vida é uma ordem, sem mistificação. Esse é o sentimento que carrego em mim em qualquer luta que empreendo em nome da classe trabalhadora ou mesmo pessoal.


OS OMBROS SUPORTAM O MUNDO

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

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Vamos de mãos dadas, em defesa da saúde e dos trabalhadores!

O momento pelo qual passa o nosso país, inclusive o mundo, nossos mundos como aquele para o qual milito na atualidade - a Caixa de Assistência - não nos permite sequer morrer. O tempo é de por mãos à massa e tecer os rudes trabalhos que temos pela frente. Nós fizemos isso em nossas tarefas, e o quadro de funcionários da Cassi foi e é fantástico no quesito fazer o que deve ser feito. Insistimos em fazer saúde, fazer promoção de saúde, fazer gestão de saúde mesmo em meio às crises.

O que nós produzimos no cenário mais adverso da história da Cassi foi graças ao quadro de funcionários da nossa autogestão; gente dedicada e apaixonada pelo que faz. Agreguei ao lado esquerdo do peito esse povo trabalhador, se somaram ao povo que já represento, os associados, e por essa gente eu desafio o mundo adversário.

O poema Mãos dadas foi o que citei para encerrar minha pequena participação no encontro de nossos funcionários analistas em gestão de saúde. Foi para lembrar que de mãos dadas, juntos e unidos, vamos longe ainda naquilo que fazemos e por aquilo que defendemos. As coisas podem parecer perdidas, mas estamos aqui e estamos nas lutas.


MÃOS DADAS

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.


Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem

                                      [vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por

                                      [serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente,
                                      [os homens presentes,
a vida presente.


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O livro Sentimento do Mundo (1940) é um livro para leitura agora, em 2017.

Todo ele fala de sentimentos tristes, de situações de morte, destruição, de desfazimento das coisas; porém, o tempo todo, o livro fala das mãos, mãos que trabalham, que produzem, que lutam.

E o tempo é de lutar, de construir, de reverter o quadro adverso que nos impuseram.

Recomendo a leitura de Drummond, ontem, hoje, amanhã.

William


Post Scriptum:

Vou ler os 23 livros de poesia de Drummond reunidos em 3 volumes que tenho. Reli em agosto "Alguma poesia" (1930), li em setembro "Brejo das almas" (1934) e vamos que vamos... conhecer é preciso!