sábado, 31 de março de 2018

Jesus não morreu pelos "nossos pecados" e sim por enfrentar o sistema


Comentário do Blog

Olá prezad@s leitores e amig@s.

Apresento abaixo um artigo que li e me identifiquei bastante com ele. Nesta Sexta-Feira Santa, 30/3/18, assisti ao filme A Paixão de Cristo (2004), com direção de Mel Gibson, e relembrei a sensação horrível da violência praticada contra o judeu Jesus Cristo, Na época, saí do cinema chocado (ler artigo AQUI).

Estou em um momento de "passagem" em minha vida. Vou começar outra vida após quatro anos vivendo em Brasília (DF), após viver cada segundo de minha existência me dedicando à defesa dos direitos dos associados da Caixa de Assistência (Cassi) e ao seu modelo assistencial. Isso também me deixa mais sensível ao tema "Páscoa", "Pessach" dos judeus. Terei meus ritos de passagem de uma vida para outra.

Em meus quase 49 anos de idade, será a primeira vez em quase duas décadas que não serei um representante da classe trabalhadora eleito em algum mandato. Foram 16 anos como dirigente eleito; antes disso, havia sido eleito para o 1º Conselho de Usuários da Cassi SP. A vida será bem diferente daqui adiante. Como disse, viverei minha passagem de um tipo de vida para outro.

Não me alongo. Sugiro a leitura do texto abaixo porque ele nos põe a refletir.

William

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(reprodução de matéria da Rede Brasil Atual)


O verdadeiro inimigo de Deus não é o pecado,
mas o interesse, a conveniência e a cobiça.
Obra: Prisão de Cristo, 1621, de Guercino.


Jesus não morreu pelos “nossos pecados” e sim por enfrentar o sistema

Os Evangelhos são claríssimos: Jesus morreu porque confrontou o Templo, um sistema de dominação e exploração dos pobres de Israel



Por: Alberto Maggi 
Tradução: Francisco Cornélio
Publicado: 31/03/2018, 10h11


Caminho pra Casa, Outras Palavras - Jesus Cristo morreu pelos nossos pecados. Essa é a resposta que normalmente se dá para aqueles que perguntam por que o Filho de Deus terminou seus dias na forma mais infame para um judeu, o patíbulo da cruz, a morte dos amaldiçoados por Deus (Gl 3,13).

Jesus morreu pelos nossos pecados. Não só pelos nossos, mas também por aqueles homens e mulheres que viveram antes dele e, portanto, não o conheceram e, enfim, por toda a humanidade vindoura. Sendo assim, é inevitável que olhando para o crucifixo, com aquele corpo que foi torturado, ferido, riscado de correntes e coágulos de sangue expostos, aqueles pregos que perfuram a carne, aqueles espinhos presos na cabeça de Jesus, qualquer um se sinta culpado … o Filho de Deus acabou no patíbulo pelos nossos pecados! Corre-se o risco de sentimentos de culpa infiltrarem-se como um tóxico nas profundezas da psiquê humana, tornando-se irreversíveis, a ponto de condicionar permanentemente a existência do indivíduo, como bem sabem psicólogos e psiquiatras, que não param de atender pessoas religiosas devastadas por medos e distúrbios.

No entanto, basta ler os Evangelhos para ver que as coisas são diferentes. Jesus foi assassinado pelos interesses da casta sacerdotal no poder, aterrorizada pelo medo de perder o domínio sobre o povo e, sobretudo, de ver desaparecer a riqueza acumulada às custas da fé das pessoas.

A morte de Jesus não se deve apenas a um problema teológico, mas econômico. O Cristo não era um perigo para a teologia (no judaísmo havia muitas correntes espirituais que competiam entre si, mas que eram toleradas pelas autoridades), mas para a economia. O crime pelo qual Jesus foi eliminado foi ter apresentado um Deus completamente diferente daquele imposto pelos líderes religiosos, um Pai que nunca pede a seus filhos, mas que sempre dá.

A próspera economia do templo de Jerusalém, que o tornava o banco mais forte em todo o Oriente Médio, era sustentada pelos impostos, ofertas e, acima de tudo, pelos rituais para obter, mediante pagamento, o perdão de Deus. Era todo um comércio de animais, de peles, de ofertas em dinheiro, frutos, grãos, tudo para a “honra de Deus” e os bolsos dos sacerdotes, nunca saturados: “cães vorazes: desconhecem a saciedade; são pastores sem entendimento; todos seguem seu próprio caminho, cada um procura vantagem própria” (Is 56, 11).

Quando os escribas, a mais alta autoridade teológica no país, considerando o ensinamento infalível da Lei, veem Jesus perdoar os pecados a um paralítico, imediatamente sentenciam: “Este homem está blasfemando!” (Mt 9,3). E os blasfemos devem ser mortos imediatamente (Lv 24,11-14). A indignação dos escribas pode parecer uma defesa da ortodoxia, mas na verdade, visa salvaguardar a economia. Para receber o perdão dos pecados, de fato, o pecador tinha que ir ao templo e oferecer aquilo que o tarifário das culpas prescrevia, de acordo com a categoria do pecado, listando detalhadamente quantas cabras, galinhas, pombos ou outras coisas se deveria oferecer em reparação pela ofensa ao Senhor. E Jesus, pelo contrário, perdoa gratuitamente, sem convidar o perdoado a subir ao templo para levar a sua oferta.

Perdoai e sereis perdoados” (Lc 6,37) é, de fato, o chocante anúncio de Jesus: apenas duas palavras que, no entanto, ameaçaram desestabilizar toda a economia de Jerusalém. Para obter o perdão de Deus, não havia mais necessidade de ir ao templo levando ofertas, nem de submeter-se a ritos de purificação, nada disso. Não, bastava perdoar para ser imediatamente perdoado…

O alarme cresceu, os sumos sacerdotes e escribas, os fariseus e saduceus ficaram todos inquietos, sentiram o chão afundar sob seus pés, até que, em uma reunião dramática do Sinédrio, o mais alto órgão jurídico do país, o sumo sacerdote Caifás tomou a decisão. “Jesus deve ser morto”, e não apenas ele, mas também todos os discípulos porque não era perigoso apenas o Nazareno, mas a sua doutrina, e enquanto houvesse apenas um seguidor capaz de propagá-la, as autoridades não dormiriam tranquilas (“Se deixarmos ele continuar, todos acreditarão nele …“, Jo 11,48). Para convencer o Sinédrio da urgência de eliminar Jesus, Caifás não se referiu a temas teológicos, espirituais; não, o sumo sacerdote conhecia bem os seus, então brutalmente pôs em jogo o que mais estava em seu coração, o interesse: “Não compreendeis que é de vosso interesse que um só homem morra pelo povo e não pereça a nação toda?” (Jo 11,50).

Jesus não morreu pelos nossos pecados, e muito menos por ser essa a vontade de Deus, mas pela ganância da instituição religiosa, capaz de eliminar qualquer um que interfira em seus interesses, até mesmo o Filho de Deus: “Este é o herdeiro: vamos! Matemo-lo e apoderemo-nos da sua herança” (Mt 21,38). O verdadeiro inimigo de Deus não é o pecado, que o Senhor em sua misericórdia sempre consegue apagar, mas o interesse, a conveniência e a cobiça que tornam os homens completamente refratários à ação divina.

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Alberto Maggi, biblista italiano, frade da Ordem dos Servos de Maria, estudou nas Pontifícias Faculdades Teológicas Marianum e Gregoriana de Roma e na Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém. É autor de diversos livros, como A loucura de Deus: o Cristo de João, Nossa Senhora dos heréticos

Francisco Cornélio, sacerdote e biblista brasileiro, é professor no curso de Teologia da Faculdade Diocesana de Mossoró (RN). Fez seu bacharelado no Ateneo Pontificio Regina Apostolorum, em Roma. Atualmente, está em Roma novamente, para o doutorado no Angelicum (Pontifícia Universidade Santo Tomás de Aquino), onde fez seu mestrado

Fonte: Rede Brasil Atual

domingo, 25 de março de 2018

250318 - Diário e reflexões - O que o futuro me reserva?



Refeição Cultural

Domingo ensolarado em Brasília. Estou sozinho há semanas, longe da família. Estou aqui pensando na vida. Já li mais um pouco da história de Nelson Mandela, autobiografia de um grande líder do povo sul-africano. Ouvindo Pink Floyd, Metallica e outras bandas que gosto.

Estive envolvido nas últimas semanas na campanha das eleições da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, a Cassi, a maior autogestão em saúde do país. Coloquei meu nome à disposição para o processo democrático, juntamente com outras lideranças que compõem a nossa Chapa 1 Em Defesa da Cassi. As votações vão até quarta-feira, dia 28 de março, e o resultado sai após as 18 horas desse dia.

Estou terminando um mandato de quatro anos à frente da Diretoria de Saúde da entidade, e minha vida mudou completamente nesse período. Nunca me dediquei de forma tão intensa e integral ao longo de anos por uma causa como esta de defender os direitos em saúde dos associad@s e o modelo assistencial de Atenção Primária e Medicina de Família. 

Não que eu não me dedicasse com a mesma intensidade quando fui dirigente sindical eleito pelos trabalhadores, mas é que para ser o melhor representante que eu pudesse ser, sabia que teria que estudar e mergulhar nas questões técnicas da área, além de manter o punho firme que sempre tive para enfrentar patrões e capitalistas e seus representantes. A intensidade do esforço ao longo do mandato foi semelhante a tocar uma greve de 30 dias ininterruptamente por quatro anos. Minha luta foi de manhã, tarde, noite, madrugadas e finais de semana. Não poderia ser de outra forma.

O período foi de tantas mudanças que quando começamos o mandato o Brasíl não havia sofrido o golpe de Estado, as condições econômicas, políticas e sociais do país eram outras. O setor de saúde suplementar tinha mais de 52 milhões de usuários de planos de saúde. Hoje tem pouco mais de 47 milhões. Grandes do setor faliram, como a Unimed Paulistana, ou estão mal das pernas. As despesas com a compra de serviços de saúde no mercado quase cartelizado crescem cerca de 15% ao ano. As receitas dos planos de saúde não acompanham nem de perto essa conta de despesa operacional. Os patrões tentam repassar os custos somente aos trabalhadores beneficiários dos planos, tentam se ver livres dos aposentados (aqueles planos que ainda incluem aposentados), se aproveitam do desconhecimento técnico da área para estimular lugares comuns e informações equivocadas sobre a eficiência das entidades de saúde de autogestão.

No entanto, os associad@s da Cassi não perderam nenhum direito histórico em saúde. A Cassi não fez reduções de sua estrutura própria de atenção à saúde, o que seria um erro fatal, porque provamos que a estrutura própria de Atenção Primária e Medicina de Família faz mais com menos. Todo o mercado está tentando fazer o que a Cassi faz. A solução para usar melhor os recursos arrecadados pelo sistema de saúde Cassi é investir mais em promoção e prevenção, programas de saúde e monitoramento de populações assistidas ao longo do tempo. Desfizemos interpretações equivocadas e lugares comuns faladas sobre a Caixa de Assistência por total desconhecimento da área. Incomodamos bastante o outro lado da representação, a patronal.

Bom, minhas reflexões não são sobre o que fizemos pela Cassi e pelos associad@s. Estou aqui pensando no momento seguinte após o resultado das eleições. Estarei à frente da Diretoria de Saúde da Cassi no período mais desafiador de sua história ou não estarei.

Fico pensando em minha família, fico pensando em minha visão de mundo social mais justo e solidário, voltado para o povo brasileiro e não para uma pequena parcela de privilegiados (o 1% dono de tudo). Fico pensando em como aguentar tanta iniquidade, tanta injustiça contra o povo. A Cassi foi minha cachaça nestes últimos 4 anos. Não fiz outra coisa que lutar para defender a entidade e seus associados.

Amanhã cedo estarei junto aos associad@s nas bases fortalecendo a democracia na Cassi e estimulando tod@s a votarem porque a participação massiva vai fortalecer as negociações sobre o futuro da entidade e dos direitos dos trabalhadores associados.

Quinta-feira 29 verei minha família. Depois vem o feriado (ufa!). Depois vem a segunda-feira 2 de abril. E depois vêm os meses seguintes. Meu futuro será de lutas, isso eu sei, afinal de contas eu pertenço à classe trabalhadora. O que não faltam são frentes de lutas, a da Cassi que estamos preparados, e as diversas frentes de lutas por uma vida melhor das pessoas.

Boa semana a todas e todos.

William

sábado, 24 de março de 2018

Povo brasileiro terá longa caminhada até a liberdade, pela democracia e justiça social


A natureza brilha com a
chuva outonal em Brasília.

Refeição Cultural

"Comecei a suspeitar de que tanto os protestos legais como os extraconstitucionais seriam impossíveis em breve. Na Índia, Gandhi havia lidado com um poder estrangeiro que em última instância era mais realista e previdente. Esse não era o caso com os africânderes na África do Sul. Resistência pacífica e não violenta é eficiente à medida que o seu oponente respeita as mesmas regras que você. Mas se um protesto pacífico é recebido com violência, sua eficácia chega ao fim. Para mim, a não violência não era um princípio moral, mas uma estratégia; não há bondade moral em se utilizar uma arma ineficiente. Mas meus pensamentos sobre este assunto ainda não haviam tomado forma, e eu havia falado cedo demais." (Nelson Mandela, sobre eventos de 1953)


Me peguei neste sábado pela manhã, 24 de março, olhando a chuva cair lá fora. Iria à padaria, mas desisti e fiquei em casa. A natureza em Brasília é exuberante nesta época do ano. Verde, verde.

Assim que a chuva passou, fiquei olhando uma revoada de andorinhas circulando pelo ar, os beija-flores nos flamboyants e patas de vaca e uma curicaca com seu longo bico fuçando na grama.

Retomei a leitura de Mandela. Sem pressa alguma. Reli os dois primeiros capítulos da parte I, Uma Infância no Interior, e depois fui dar sequência onde havia parado, lá na parte IV, A Luta é a Minha Vida. É inevitável não pensar no nosso querido país Brasil, sob novo golpe de Estado desde 2016.

Estou cansado para fazer postagens mais trabalhadas com citações e interpretações e opiniões, mas pensando a situação do país e do povo brasileiro, no meu ponto de vista haverá um recrudescimento da violência por parte daqueles que tomaram o poder, e o povo terá uma longa caminhada até a liberdade e a volta da democracia.

Desde as tais manifestações de junho de 2013, que incendiaram o país e passaram a ser manipuladas pelos donos do poder econômico, liderados pelos meios de comunicação golpistas (PIG), a repressão do Estado contra manifestações identificadas com a esquerda e os movimentos populares passou a ferir seriamente os participantes. 

O ódio foi incentivado pela mídia canalha, e percebe-se a tendência a se aceitar como "normais" milícias fascistas armadas financiadas pela direita (como nesta semana no RS, durante as caravanas do presidente Lula) para impor o terror ao povo, para acuá-lo e convencê-lo a não sair às ruas e manifestar mudanças e apoio político a líderes e causas populares.

SOLUÇÃO PACÍFICA DAS CONTROVÉRSIAS... Eu me formei politicamente no movimento sindical cutista, que me convenceu que as melhores saídas para mudar a condição de vida do povo trabalhador e mais humilde é organizá-lo para conquistar direitos nos locais de trabalho em negociações com patrões, e para disputar os processos democráticos nas estruturas do Estado burguês (com eleições para executivos e legislativos, e com muito poder concentrado no judiciário).

Me formei para acreditar em mudanças através do mundo sindical e partidário - dentro da lógica do one man, one vote -, como já pregava Mandela nos anos 50. (apesar da história da luta de classes demonstrar que a democracia só é aceita pela Casa-grande enquanto lhe é conveniente).


Na companhia de Nelson Mandela, já que
não vejo a família há semanas.

Aí veio o novo golpe em 2016 e colocou por terra todos os avanços sociais que vinham sendo conquistados pelo povo brasileiro através de processos democráticos de organização de massas, processos liderados pela CUT e demais centrais sindicais, pelo Partido dos Trabalhadores e demais partidos do campo da esquerda e popular e por movimentos progressistas em geral.

Neste momento, o brazil do golpe passa por um processo de retrocessos dos direitos do povo semelhante ao que viveu a África do Sul por décadas sob o regime nacionalista dos africânderes e o Apartheid. As injustiças do Estado (da casta que domina os poderes do Estado) já não são sequer disfarçadas. Impunidade aos amigos, a força repressora e injusta do Estado aos inimigos deles.

Sugiro a leitura deste livro autobiográfico de Nelson Mandela porque ele é inclusive muito bonito, ao conhecer a história dos povos sul-africanos.

Bom fim de semana aos amig@s,

William

segunda-feira, 19 de março de 2018

Eleições Cassi - Diário de Campanha (III)



Um olhar para este banco público tão importante para o Brasil.
Os trabalhadores têm uma obrigação histórica de fortalecer a
democracia, e os processos eleitorais nas entidades associativas
como Cassi, Previ e sindicais são exemplos de cidadania.

Olá prezad@s leitores amigos.

Nestas últimas semanas, estamos envolvidos com o processo eleitoral da maior autogestão em saúde do país, a Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, onde estou terminando um mandato eletivo como Diretor de Saúde e Rede de Atendimento e estou compondo uma das chapas que concorrem para o mandato para a mesma diretoria. Somos a Chapa 1 Em Defesa da Cassi.

Durante o período de campanha, tive a oportunidade de visitar diversas cidades e conversar com muitos associados da Cassi. Meus companheiros e companheiras de chapa também estiveram em diversas cidades na agenda da campanha.

Estive em Fortaleza, Teresina, Brasília, Goiânia (e falei com lideranças de Goiás e Tocantins), João Pessoa, Recife, São Paulo, Campo Grande, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Rio de Janeiro, Florianópolis. Em todas essas agendas, tive a companhia de lideranças sindicais e representativas que nos apoiam. Essa é uma característica forte de nossa Chapa 1 Em Defesa da Cassi, ser a chapa que representa a unidade das principais entidades de luta dos trabalhadores.

Também tive a oportunidade de participar de 3 debates entre as chapas, e outros companheir@s da nossa chapa também estiveram em alguns debates. Estive no Rio de Janeiro, a convite do Conselho de Usuários; em Brasília, a convite da Anabb e da AABB.

Já estamos em processo de votação desde sexta-feira 16 e os associad@s têm até dia 28 de março para participarem do processo democrático. É uma das maiores eleições de entidades de trabalhadores do país. Participam do processo mais de 170 mil sócios da autogestão em saúde.

Hoje, segunda-feira 19, seguimos fazendo campanha e dialogando com os colegas do Banco do Brasil. Foram diversas reuniões com dezenas e dezenas de trabalhadores. Agradeço ao conjunto dos sindicatos que nos apoiam nas cinco regiões do país. 

Nosso compromisso com os associad@s e com suas entidades representativas é defender a nossa Cassi e os direitos dos trabalhadores associados, lutar pela manutenção da solidariedade na Caixa de Assistência, seguir fortalecendo o modelo de promoção e prevenção, através de Atenção Primária e Estratégia Saúde da Família, lutar pela manutenção do poder na gestão paritária entre associados e patrão e seguir fortalecendo a participação social e a transparência no mandato. Os trabalhadores das estatais federais precisam lutar unidos para reverterem as medidas autoritárias do governo ilegítimo, editadas em janeiro para inviabilizarem as autogestões e o acesso dos trabalhadores à saúde (Resoluções CGPAR).

Calculo que já fizemos por volta de 200 reuniões com associad@s neste período. Pedi que todos votem e fortaleçam o processo democrático. O nível de respeito entre nós nas reuniões presenciais demonstra que a comunidade BB em sua expressiva maioria é um exemplo de participação social e maturidade nas discussões do futuro das entidades que nós mesmos construímos em mais de dois séculos de existência deste banco público.

Por fim, eu desejo que o processo eleitoral na Caixa de Assistência desperte a consciência da comunidade Banco do Brasil para a necessidade de envolvimento com a política, com a boa política, porque as ameaças aos direitos históricos dos trabalhadores seguem colocando em risco um patrimônio de décadas de lutas por direitos em todas as áreas e só a luta unitária e a participação de todos poderá manter para as próximas gerações o maior banco público do país, as nossas caixas de saúde e previdência e o conjunto de direitos coletivos que bancários e trabalhadores brasileiros construíram em nossa história de classe.

Entendo que nossa participação neste processo democrático fortaleceu a Cassi e a lutas dos cidadãos trabalhadores. Daqui alguns dias, estaremos todos unidos em defesa da saúde de mais de 700 mil participantes Cassi da comunidade Banco do Brasil.

Nós da Chapa 1 Em Defesa da Cassi pedimos o voto a cada associado e associada e nos colocamos à disposição para os desafios que vêm por aí.

William


Post Scriptum (I) - Saudades da família que já não vejo há semanas. Agradeço a compreensão dela por me apoiar nas ausências por causa de minha militância política em defesa das causas que defendemos. Amo vocês.

Post Scriptum (II) - É tão triste ver a violência vencendo em nosso país. O fascismo e a intolerância dominando os espaços sociais nas cidades brasileiras. É duro ver morrerem pessoas que lutam e defendem um mundo mais justo e solidário. Não podemos desistir de lutar por democracia, justiça, igualdade, liberdade, fraternidade e oportunidades a todos, com mais distribuição de renda. E temos que insistir num mundo onde caibam todos, sem exclusão de nenhum segmento social e que todos tenham acesso aos bens comuns produzido por nós humanos.

sábado, 10 de março de 2018

Eleições Cassi - Diário de campanha (II)



Veredas candangas: às vezes, os caminhos são verdejantes;
mas onde nos levarão as veredas?
Cada escolha, um destino; cada caminho, um caminhar.
Veredas candangas: às vezes, os caminhos são secos e gris.
A vida é assim.
Caminhos a seguir, em contextos diferentes, sempre.
Onde vão nos levar os caminhos? Eis a questão!


Sábado, Brasília, DF.

Acordei com o corpo tão quebrado de cansaço que só um banho quente para me recolocar em pé. Faz parte.

Estamos no meio do processo de consulta ao corpo social da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil para eleger um(a) dos quatro diretor@s da autogestão em saúde e parte dos conselheiros deliberativos e fiscais. Faço parte de uma das quatro chapas inscritas no processo democrático da comunidade de trabalhadores do maior banco público do país.

Já foram três semanas de campanha. Fizemos um percurso grande e o corpo começa a sentir o roteiro, porque todo dia tem o cansativo ir e vir de viagem e se dorme pouco também. Já conversamos com trabalhadores associados à Cassi de diversas partes do país: Ceará, Piauí, Distrito Federal, Goiás, Tocantins, Paraíba, Pernambuco, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Rio de Janeiro.

A política e a democracia são meios desejáveis como forma de solução pacífica das controvérsias, como mediadoras para a convivência das opiniões diferentes, estabelecendo decisões que definem os rumos das coisas de interesse coletivo, e também definindo maiorias e minorias, que devem ser respeitadas, mesmo após as definições dos processos democráticos.

Eu aprendi a fazer política quando conheci o movimento estudantil e depois o movimento sindical. Minha formação política no movimento foi algo marcante em minha vida porque eu tinha pouca tolerância ao diferente, ao outro. A política melhorou a minha pessoa ao longo de duas décadas de participação no movimento dos trabalhadores.

Um dos ensinamentos da formação política que tive foi orientar minha energia e inteligência para construir unidade e consenso entre os pares da classe trabalhadora, e depois buscar conciliar saídas que trouxessem avanços para aqueles que representamos nas mesas de negociações. 

Do nosso lado, o dos trabalhadores, quanto mais se investisse tempo para construir consensos, melhor. Melhor inclusive do que simplesmente ver qual argumento/tese teria maioria e votar (ou qual "líder" tinha mais "garrafinhas"), porque se não fosse feito um esforço de convencimento do grupo, ganhava-se a votação, mas perdiam todos, pela desagregação do grupo político, pela desunião de classe. Boa parte do que tenho visto no último período tem sido isso. Sem unidades, perdem os trabalhadores.

Ao aprender essa forma de fazer política buscando o consenso progressivo ou a inclusão dos diferentes nos mesmos processos políticos para estabelecer unidade de nosso lado, o lado da classe trabalhadora, aprendi que fazer política assim nos dá melhores perspectivas para enfrentar os grandes, os maiores desafios, que estão na disputa entre capital versus trabalho, entre o 1% que manda em tudo versus os 99% que são explorados e vítimas de um mundo injusto para o lado mais fraco do estrato social.

Eu estou muito tranquilo com o resultado que for apontado nas eleições Cassi no dia 28 de março. Fiz um mandato republicano e inclusivo que está terminando no dia 31 de maio, onde atuei exatamente como aprendi a fazer política. Busquei a todos e todas durante o exercício de representação dos associados da Caixa de Assistência. Nunca discriminei ou tratei diferente nenhuma força política, liderança ou entidade representativa que existe no espectro político da comunidade Banco do Brasil. Aliás, discordei das teses dos representantes do patrão com urbanidade, porque somos colegas de banco, mas eu represento os interesses do outro lado, os trabalhadores.

O desafio daqueles que estiverem na direção da Cassi nos próximos anos será maior do que aquele que enfrentamos nos últimos quatro, que já foram desafios existenciais, porque foram quatro anos impedindo que os associados perdessem direitos, que a Cassi se desfizesse de sua essência de Caixa de Assistência solidária e inclusiva para o conjunto de trabalhadores da ativa, aposentados, pensionistas e dependentes. E ainda colocamos em alta o modelo assistencial da entidade - Atenção Integral à Saúde via Atenção Primária, Estratégia Saúde da Família, programas de saúde e CliniCassi -, modelo que vinha desacreditado em anos anteriores.

É isso, já falei demais para o cansaço que estou.

Bom fim de semana aos leitores que leram essas breves reflexões.

William


Post Scriptum: saudades da família que só verei ao final desse processo.

Post Scriptum II: Diário de campanha I (AQUI)

segunda-feira, 5 de março de 2018

Eleições Cassi - Diário de campanha


Imagem que vi nos últimos anos
trabalhando em Brasília.

Amanheci em Belo Horizonte, Minas Gerais, nesta segunda-feira 5 de março. Vamos conversar com os trabalhadores sobre as eleições na Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil. Estamos participando do processo em uma das quatro chapas inscritas.

Março é o mês que nos faz lembrar das lutas das mulheres. Há muito que avançar e desejo sucesso na luta pela igualdade de direitos em um mundo vivendo retrocessos políticos e sociais.

Não tenho feito outra coisa nas últimas semanas que não seja conversar com bancários e bancárias da ativa e aposentados associados à Caixa de Assistência, antes de tudo pedindo que todos se envolvam no processo de consulta ao corpo social para renovação de parte da governança da Cassi, que é a única entidade de autogestão em saúde que tem a magnitude de eleger a metade da direção, sendo a outra metade indicada pelo patrão, no caso o patrocinador Banco do Brasil.

Até o momento, a campanha tem sido muito positiva com um processo de apresentação de propostas por parte das quatro chapas inscritas. Isso é fundamental porque a Cassi e os associados precisarão de muita unidade logo após as eleições para enfrentarem o momento mais difícil de sua existência de 74 anos.

Gostaria de escrever mais algumas reflexões, mas meu tempo já se esgotou e tenho que sair correndo para o café e para a rua. 

Termino essa curta postagem dizendo que estou muito tranquilo em relação ao processo eleitoral. Estamos terminando um mandato na Diretoria de Saúde e Rede de Atendimento da Cassi onde colocamos toda a nossa energia, inteligência e combatividade para enfrentar os desafios em fortalecer o modelo assistencial de Atenção Primária e Estratégia Saúde da Família, as políticas e programas de saúde da entidade e a participação social via conselhos de usuários e entidades representativas. Fizemos isso em meio a maior crise de sustentabilidade do setor de saúde e a Cassi está inserida nesta crise.

O que fizemos? Fizemos a Cassi seguir neste período, os associados não perderam nenhum direito e envolvemos o conjunto dos associados e suas entidades nas discussões sobre o futuro da entidade. Já é alguma coisa. Além de fazer o modelo assistencial ser reconhecido como o caminho a seguir.

O fato é que são imensas as dificuldades que a chapa eleita e os demais membros da governança, e sobretudo os trabalhadores associados, vão enfrentar nos próximos anos. São dificuldades existenciais porque as autogestões correm o risco de desaparecerem por causa das medidas autoritárias impostas pelo governo que ocupa a presidência do país.

Desejo boa campanha aos colegas inscritos nas quatro chapas e que a equipe eleita se integre aos que lá estão para buscarem soluções para os desafios colocados à Cassi (a eleição é de uma das 4 Diretorias e de parte dos Conselhos Deliberativo e Fiscal).

Uma coisa eu afirmo em relação ao que penso sobre a Cassi: nossa Chapa 1 Em Defesa da Cassi defende a solidariedade como princípio porque antes da Cassi para os associados existe os associados para a Cassi. Se a solidariedade for quebrada, onerando cada vez mais o trabalhador e excluindo ele do sistema Cassi (por não dar conta de pagar), o sistema vai diminuir a população que atende, que deve ser toda a população de ativos, aposentados, dependentes e pensionistas, como reza o estatuto social. E sua sinistralidade vai aumentar ficando inviável o custeio.

O governo ilegítimo editou medidas que já começam o trabalho de inviabilizar a Cassi não permitindo a entrada de novos no Plano de Associados com os direitos históricos que a comunidade de trabalhadores do Banco do Brasil conquistou em décadas de lutas. Ou derrubamos essas medidas ou fica difícil para a sustentabilidade da Cassi.

Tenho que sair e não posso continuar escrevendo. É isso!

William