sábado, 10 de março de 2018

Eleições Cassi - Diário de campanha (II)



Veredas candangas: às vezes, os caminhos são verdejantes;
mas onde nos levarão as veredas?
Cada escolha, um destino; cada caminho, um caminhar.
Veredas candangas: às vezes, os caminhos são secos e gris.
A vida é assim.
Caminhos a seguir, em contextos diferentes, sempre.
Onde vão nos levar os caminhos? Eis a questão!


Sábado, Brasília, DF.

Acordei com o corpo tão quebrado de cansaço que só um banho quente para me recolocar em pé. Faz parte.

Estamos no meio do processo de consulta ao corpo social da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil para eleger um(a) dos quatro diretor@s da autogestão em saúde e parte dos conselheiros deliberativos e fiscais. Faço parte de uma das quatro chapas inscritas no processo democrático da comunidade de trabalhadores do maior banco público do país.

Já foram três semanas de campanha. Fizemos um percurso grande e o corpo começa a sentir o roteiro, porque todo dia tem o cansativo ir e vir de viagem e se dorme pouco também. Já conversamos com trabalhadores associados à Cassi de diversas partes do país: Ceará, Piauí, Distrito Federal, Goiás, Tocantins, Paraíba, Pernambuco, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Rio de Janeiro.

A política e a democracia são meios desejáveis como forma de solução pacífica das controvérsias, como mediadoras para a convivência das opiniões diferentes, estabelecendo decisões que definem os rumos das coisas de interesse coletivo, e também definindo maiorias e minorias, que devem ser respeitadas, mesmo após as definições dos processos democráticos.

Eu aprendi a fazer política quando conheci o movimento estudantil e depois o movimento sindical. Minha formação política no movimento foi algo marcante em minha vida porque eu tinha pouca tolerância ao diferente, ao outro. A política melhorou a minha pessoa ao longo de duas décadas de participação no movimento dos trabalhadores.

Um dos ensinamentos da formação política que tive foi orientar minha energia e inteligência para construir unidade e consenso entre os pares da classe trabalhadora, e depois buscar conciliar saídas que trouxessem avanços para aqueles que representamos nas mesas de negociações. 

Do nosso lado, o dos trabalhadores, quanto mais se investisse tempo para construir consensos, melhor. Melhor inclusive do que simplesmente ver qual argumento/tese teria maioria e votar (ou qual "líder" tinha mais "garrafinhas"), porque se não fosse feito um esforço de convencimento do grupo, ganhava-se a votação, mas perdiam todos, pela desagregação do grupo político, pela desunião de classe. Boa parte do que tenho visto no último período tem sido isso. Sem unidades, perdem os trabalhadores.

Ao aprender essa forma de fazer política buscando o consenso progressivo ou a inclusão dos diferentes nos mesmos processos políticos para estabelecer unidade de nosso lado, o lado da classe trabalhadora, aprendi que fazer política assim nos dá melhores perspectivas para enfrentar os grandes, os maiores desafios, que estão na disputa entre capital versus trabalho, entre o 1% que manda em tudo versus os 99% que são explorados e vítimas de um mundo injusto para o lado mais fraco do estrato social.

Eu estou muito tranquilo com o resultado que for apontado nas eleições Cassi no dia 28 de março. Fiz um mandato republicano e inclusivo que está terminando no dia 31 de maio, onde atuei exatamente como aprendi a fazer política. Busquei a todos e todas durante o exercício de representação dos associados da Caixa de Assistência. Nunca discriminei ou tratei diferente nenhuma força política, liderança ou entidade representativa que existe no espectro político da comunidade Banco do Brasil. Aliás, discordei das teses dos representantes do patrão com urbanidade, porque somos colegas de banco, mas eu represento os interesses do outro lado, os trabalhadores.

O desafio daqueles que estiverem na direção da Cassi nos próximos anos será maior do que aquele que enfrentamos nos últimos quatro, que já foram desafios existenciais, porque foram quatro anos impedindo que os associados perdessem direitos, que a Cassi se desfizesse de sua essência de Caixa de Assistência solidária e inclusiva para o conjunto de trabalhadores da ativa, aposentados, pensionistas e dependentes. E ainda colocamos em alta o modelo assistencial da entidade - Atenção Integral à Saúde via Atenção Primária, Estratégia Saúde da Família, programas de saúde e CliniCassi -, modelo que vinha desacreditado em anos anteriores.

É isso, já falei demais para o cansaço que estou.

Bom fim de semana aos leitores que leram essas breves reflexões.

William


Post Scriptum: saudades da família que só verei ao final desse processo.

Post Scriptum II: Diário de campanha I (AQUI)

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