domingo, 29 de abril de 2018

Diário e reflexões - 290418 (Há que se ter esperança e solidariedade para lutar pelo justo)


Almoço no acampamento Marisa Letícia, em solidariedade ao
presidente Lula, preso político do estado de exceção pós golpe.

Refeição Cultural

O mês de abril está terminando. Os tempos para mim são de mudanças.

Ao mesmo tempo em que estou sem nenhuma vontade de falar ou escrever, sinto uma obrigação de falar e de escrever. Dar testemunho, deixar registros dessa época, desse momento de nossa vida, que é pessoal e coletiva. Por isso escrevo neste blog há mais de uma década.

Estou muito decepcionado com o nosso mundo, com o locus onde vivemos como cidadão. Estou trabalhando meu eu interior para uma mudança radical de vida em poucas semanas. Vou me reinventar após quase duas décadas de envolvimento com o movimento sindical e social.

Mas diferente de décadas atrás, minha decepção com o mundo é diferente. Não é totalizadora, não me leva à depressão. Não me leva à desistência de nada. Hoje tenho uma estrutura psicológica mais preparada que no passado. Prezo por mim, sei meu valor e sei de minhas responsabilidades sociais. Por isso vou me reinventar, porque é preciso.

A vida simplesmente é e temos que fazer o que precisa ser feito. Isso vale até para nós mesmos e nossas obrigações com a sobrevivência. Tenho sonhos diversos, e energia interior para novos projetos. E sempre estarei fazendo o bem para a sociedade que habito.

Por duas décadas ajudei a construir a maior central sindical do país, a CUT. Contribuí para organizar uma das categorias mais relevantes da classe trabalhadora brasileira, a bancária. Nela, participei de mais de duas décadas de lutas dos bancários do BB, o maior e mais antigo banco público brasileiro.

Ainda lembrando os mais de vinte anos de história de lutas coletivas, também deixei minhas contribuições em uma das correntes políticas do campo sindical cutista que ajudaram a definir os rumos dos direitos dos trabalhadores brasileiros, a Articulação Sindical.

Agora encerro uma participação na história da maior autogestão em saúde do país, a Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil. Foi um dos mandatos mais desafiadores de minha vida de representação. Temos a convicção e a tranquilidade de consciência que construímos a unidade nacional, fortalecemos o modelo assistencial e a participação social. Mantivemos todos os direitos dos associados no período.

Meu querido país Brasil, e eu amo meu país, está sendo desfeito, dizimado pelos golpistas que rasgaram a Constituição Cidadã de 1988, conquista do período posterior à ditadura civil-militar dos anos sessenta a oitenta. Estão desfazendo o patrimônio público. Os direitos históricos do povo. Na construção do golpe, como ferramenta do processo de manipulação de massas, estimularam o ódio, a intolerância e abriram a Caixa de Pandora. Poucos empresários da comunicação mandam no país, nos poderes instituídos.


"República de Curitiba": no fim da rua, o líder brasileiro e mundial
Luiz Inácio Lula da Silva está preso sem crime, numa masmorra ao
molde dos séculos passados, na volta da idade média no século 21.

Nesta semana, quando cumpri agenda de trabalho em Curitiba, senti um aperto no coração e precisava visitar o acampamento da resistência, constituído pelo povo brasileiro, para prestar solidariedade a Lula e lutar contra o absurdo da prisão política da maior figura da história recente do Brasil. O que estão fazendo com ele, encarcerado numa masmorra sem direito a visitas, mostra o momento de degeneração política, social e humana em que nos colocaram pós-golpe de 2016.

O Brasil virou uma coisa, uma terra sem lei, um local onde impera o arbítrio dos poucos poderosos e seus lacaios modernos que tomaram os espaços de poder estatal. Virou a terra de uma casta sem moral, sem ética e sem vergonha, que barbariza contra o povo, contra as massas, contra os trabalhadores e seus líderes e organizações. 

Cada um de nós, duzentos milhões de joões, está à mercê do arbítrio do poder e de processos injustos, estranhos, que não ocorreriam num Estado Democrático de Direito. Eu mesmo estou sendo vítima de processo político por ter dado o melhor de mim na defesa da entidade de saúde que geri. E nossa contribuição foi importante para a entidade no período mais difícil de sua história.

É isso. Apesar de muita coisa a dizer sobre vários acontecimentos desse momento bárbaro por que passa nosso país, chega por hoje.

Abraços aos leitores amig@s, e tenham energia e esperança. Não podemos desistir da solidariedade, da justiça, da igualdade, da liberdade, da tolerância entre os povos, da democracia e da política como solução pacífica das controvérsias, da distribuição de rendas e de um mundo mais inclusivo.

Mais uma reflexão: não podemos pactuar com o fascismo, com a violência contra o povo, contra os mais fracos. O estímulo ao fascismo já chegou aos atentados contra nós do campo da esquerda. Estão matando nosso povo. Não é justo nem admissível fatiar um país como o nosso para umas milhares de famílias, uma pequena casta, menos de 1%, e deixar à mercê da miséria total mais de duzentos milhões de brasileiros.

Pensem nisso!

William

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Diário e reflexões - 190418




Quinta-feira, fim de noite. Estou em Osasco (SP) a trabalho.

Nesta sexta-feira pela manhã participarei de mais uma apresentação para os associados da Cassi sobre o Relatório Anual 2017. A Cassi é a entidade de saúde dos funcionários do Banco do Brasil, gerida até o momento de forma paritária entre patrão e trabalhadores. A Diretoria Executiva está fazendo uma série de apresentações em seis capitais com o intuito de dar mais conhecimento aos participantes sobre a realidade da autogestão.

Começamos as apresentações em Brasília (DF) nos dias 17 e 18 e hoje estivemos com os associados em Belo Horizonte (MG). Após o contato com os participantes paulistas nesta sexta 20, iremos na próxima semana a Salvador (23), Curitiba (25) e Rio de Janeiro (26). Vim no voo lendo a história de Nelson Mandela e do povo negro sul-africano na "Longa Caminhada até a Liberdade", história contada por ele mesmo (um livro-tijolo, pelo tamanho). Por mais cansaço e sono que eu esteja sentindo, preciso muito ler nestes tempos histórias que nos inspirem a suportar a injustiça e persistir nas lutas, como a do próprio Lula, que já nos contém.

Estou terminando meu mandato eletivo na Caixa de Assistência no próximo mês. Foi o período mais intenso de minha vida de lutas e representações da classe trabalhadora. Foram 4 anos em que aproveitamos toda a nossa experiência na organização de lutas e negociações entre capital versus trabalho para não deixar as teses contrárias aos direitos dos associados prevalecerem na autogestão em saúde, 4 anos mantendo todos os direitos dos associados no cenário de crise mais dramático da história da entidade e do setor de saúde. 

Somando todos os mandatos eletivos, foram 16 anos exercendo o papel de representante dos trabalhadores. A hora é de finalizar uma longa etapa de vida pessoal e coletiva e pensar o amanhã. O amanhã neste mundo-cão que se apresenta a nós povo e classe trabalhadora.

A transição para a mudança radical de vida em algumas semanas poderia ser mais simples do que está sendo. O "poderia" é uma espécie de utopia porque a vida de um representante das lutas da classe trabalhadora nunca foi simples, nem será. Um militante social coloca toda a sua vida pessoal em função das lutas coletivas, e o retorno à condição anterior depois de tantos anos não é nada simples. Fica mais complexo ainda, quando o contexto se passa no estado de exceção em que se encontra o Brasil, o nosso país e o nosso mundo da classe trabalhadora.

Nessas semanas que correm foi preciso buscar toda a frieza e serenidade que aprendi em quase 20 anos de enfrentamento das injustiças a que estão expostos os cidadãos e povo trabalhador ao qual eu mesmo pertenço para lidar com uma questão ignóbil, inominável, absurda, que visa prejudicar uma pessoa honesta, ética e que dedicou a vida para as lutas por um mundo mais justo e solidário, principalmente para a categoria profissional a qual pertence.

Mas se o contexto histórico por que passa o Brasil é o da inversão de valores, é o das violências várias, porque toda injustiça e iniquidade é uma violência contra a sociedade humana; se é o contexto que não tem pudor em prender sem crime a maior liderança do povo brasileiro, o homem que mais olhou para o povo na condição de Presidente na história do país, enfim, se a condição em que estamos é essa nesses tempos sombrios, qual não seria o efeito dessa ignomínia com os representantes dos trabalhadores em todos os espaços humanos, sociais e institucionais de nosso mundo Brasil?

Há que se ter força e serenidade para enfrentar as coisas indignas que estão fazendo contra o povo e suas lideranças. Minhas referências de vida são as maiores lideranças progressistas que os humanos já tiveram. Isso nos fortalece! Eu, do meu tamanho comum, olho os grandes para tê-los como exemplo de que sofreram muito mais do que gente como nós, e vemos que devemos todos resistir. Eles passarão, eu passarinho...

William

domingo, 8 de abril de 2018

Longa caminhada até a liberdade, do povo sul-africano e dos brasileiros



Líderes e biografias que nos inspiram a lutar
pela liberdade do povo.

Refeição Cultural

     "Quando recebi meu banimento, a conferência do Transvaal do CNA seria realizada no mês seguinte, e eu já havia terminado o rascunho do meu discurso presidencial. Ele foi lido para os participantes da conferência por Andrew Kunene, membro da executiva. Nesse discurso, que subsequentemente tornou-se conhecido como "A Caminhada Difícil para a Liberdade", uma frase, retirada de Jawaharlal Nehru, dizia que as massas tinham que ficar preparadas para novas formas de luta política. As novas leis e táticas do governo tornaram as antigas formas de protesto de massas - reuniões públicas, declarações à imprensa, ficar em casa - extremamente perigosas e autodestrutivas (...) 'Esses desdobramentos', escrevi, 'exigem o desenvolvimento de uma nova forma de luta política. Os velhos métodos', eu disse, eram agora 'suicidas'.
     'O povo oprimido e os opressores estão em desavença. O dia do ajuste de contas entre as forças da liberdade e as reacionárias não está muito distante. Não tenho a menor dúvida de que quando esse dia chegar a verdade e a justiça prevalecerão... Os sentimentos do povo oprimido nunca foram tão amargos. A situação extremamente difícil do povo o obriga a resistir até a morte contra as políticas nojentas dos gângsteres que dominam o nosso país. A derrubada da opressão tem sido aprovada pela humanidade e é a aspiração mais alta de todos os homens livres" (pág. 201, Longa Caminhada até a Liberdade", Nelson Mandela)


Não estou com muito ânimo para escrever em face dos últimos acontecimentos. No entanto, ter um blog me fez ter uma disciplina intelectual importante na última década. Há que se escrever, que refletir, que estudar, que compartilhar sentimentos e opiniões, porque estamos aqui.

Tenho lido lentamente a história de Nelson Mandela e da luta pela libertação de seu povo na África do Sul do regime racial da minoria branca - o Apartheid. Comecei a ler o livro no início de meu mandato na Cassi, quando ganhei ele de presente de minha companheira, e depois parei a leitura pelo excesso de trabalho. Agora retomei a leitura e ao mesmo tempo que avanço na história cronológica do livro, fico voltando ao início da vida de Mandela, do seu povo e do regime racial por parte dos africânderes.

Durante os últimos anos, registrei neste blog minhas impressões e comentários a respeito da ascensão do ódio e do fascismo no Brasil, processo desenvolvido como estratégia por parte de um segmento da sociedade, o segmento da minoria que domina este país há séculos, uma elite canalha e lesa-pátria que tem ódio do povo e das coisas do Brasil, da brasilidade, de tudo que represente o nacional e a pátria brasileira. Um pequeno segmento que se referencia nos colonizadores e imperialistas estrangeiros. Um segmento que nunca amou o país e seu povo.

Essa minoria oriunda do processo histórico brasileiro, minoria oriunda das casas-grandes, é a responsável por mais um golpe contra o povo brasileiro, um golpe contra a frágil democracia que teve instantes de vida ao longo de mais de um século de regime dito republicano. Essa minoria domina toda a estrutura de poder em nosso país, quando não com seus próprios membros e descendentes, com lacaios que se locupletam das benesses recebidas para ajudar a controlar a exploração e a manipulação do povo brasileiro, a imensa maioria de gente sem posses ou com pequenas posses.

Em dois anos de Golpe de Estado no Brasil, golpe organizado por uma casta privilegiada que inclui membros dos três poderes do Estado e donos de corporações, foram solapados direitos sociais, o patrimônio público e as principais fontes de emprego formal no país. Os empresários golpistas dos meios de comunicação envenenaram o povo brasileiro com o ódio e a intolerância, bases para qualquer regime fascista e totalitário.

Um sistema totalitário e cínico de comunicação empresarial passou a mandar no país. Define quem deve ser livre, quem deve ser preso; quem é bom, quem é ruim; quem é do bem, quem é do mal; qual política deve ser implantada, qual deve ser rejeitada. Vivemos uma ditadura de poucos donos de tudo (o 1%). A qualquer momento, qualquer pessoa e qualquer instituição pode ser a nova escolhida para a execração pública e moral de sua reputação e de sua vida e história. Basta não concordar com os donos do poder ou estar do lado com menos poder de impor a notícia ou as mentiras vendidas como verdade (fake news).

Ao ler a história do povo sul-africano e de Nelson Mandela, na longa caminhada até a liberdade e por um país que fosse para todos - os 3,5 milhões de africânderes e os 7,5 milhões de negros, indianos e mestiços -, ao refletir sobre a história do povo brasileiro e de seus bons momentos (poucos) e maus momentos por séculos, vejo que algo terá que acontecer para alterar esses tempos sombrios que entramos após o golpe de 2016. O Brasil e o povo brasileiro não resistirão por muito tempo se algo não for feito. O país pode não se recuperar jamais, a exemplo do que ocorreu com o México, que praticamente se tornou um país inexpressivo, após sua destruição por parte dos Estados Unidos.

Eu completei quase meio século de existência vivendo a infância na ditadura civil-militar, a adolescência no período neoliberal de destruição de nosso país, uma parte adulta vendo a esperança brilhar para o povo e avanços históricos acontecerem durante três mandatos presidenciais do Partido dos Trabalhadores e cheguei aos 49 anos nesta semana vendo a prisão política de um homem inocente condenado sem crimes, sem provas, para que ele não seja candidato à presidência da república do Brasil, Lula da Silva.

A leitura da história de Mandela e de seu povo, contada por ele mesmo, pode servir de referência para o nosso povo. No que ela tem de bom e de ruim. Não acho razoável que Lula siga preso como aconteceu com Mandela. Termino deixando mais uma reflexão de Nelson Mandela, nos anos 50, quando os nacionalistas africânderes recrudesceram a violência e as injustiças contra a maioria do povo africano.


É O OPRESSOR QUE DEFINE A NATUREZA DA LUTA

"A lição que aprendi com a campanha (contra a remoção do povo negro de Sophiatown em 1955) foi que no final nós não tínhamos alternativa alguma senão resistência armada e violenta. Repetidamente, havíamos utilizado todas as armas de não violência em nosso arsenal - discursos, delegações, ameaças, marchas, greves, ficar em casa, prisões voluntárias - tudo em vão, pois tudo o que fazíamos era respondido com mão de ferro. Um guerreiro pela liberdade aprende da maneira mais difícil que é o opressor quem define a natureza da luta, e ao oprimido frequentemente não se deixa recurso algum senão utilizar métodos que espelham aqueles do opressor. Em certo momento, só é possível lutar contra o fogo usando fogo" (pág. 206. Longa Caminhada até a Liberdade, Nelson Mandela)



domingo, 1 de abril de 2018

Simplicidade - Diário e reflexões - 010418


A simplicidade da natureza de Brasília
foi algo marcante e ficará em minha memória.

"Llaneza

                          A Haydée Lange

Se abre la verja del jardín
con la docilidad de la página
que una frequente devoción interroga
y adentro las miradas
no precisan fijarse en los objetos
que ya están cabalmente en la memoria.
Conozco las costumbres e las almas
y ese dialecto de alusiones
que toda agrupación humana va urdiendo.
No necesito hablar
ni mentir privilegios;
bien me conocen quienes aquí me rodean,
bien saben mis congojas y mi flaqueza.
Eso es alcanzar lo más alto,
lo que tal vez nos dará el Cielo:
no admiraciones ni victorias
sino sencillamente ser admitidos
como parte de una Realidad inegable,
como las piedras e los árboles."

(Jorge Luis Borges, Antología poética 1923-1977)


Refeição Cultural

Domingo, 1º de abril de 2018, Brasília (DF).

Começo a me despedir do Planalto Central, do cerrado, onde passei meus últimos quatro anos. Daqui algumas semanas volto para minha terra, o Mundo de Ozzz, Osasco (SP).

A natureza única em Brasília foi algo que me encantou profundamente nesses quatro anos que passei aqui a trabalho, como diretor de saúde na Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil.

Brasília com suas estações do ano bem definidas, as chuvas, a seca prolongada, as flores de cada época, os pássaros apaixonantes como as curicacas e o canto do urutau que aprendemos a amar. O céu mais azul do mundo! O pôr do sol de paralisar.

"Se abre la verja del jardín
con la docilidad de la página
que una frequente devoción interroga
y adentro las miradas
no precisan fijarse en los objetos
que ya están cabalmente en la memoria..."

O abrir a janela de onde morei era como ver um jardim, e acho que a beleza e a simplicidade da natureza e o canto dos pássaros, junto às luzes dos entardeceres, ficarão para sempre em minha memória.

Vim a Brasília realizar a tarefa mais desafiadora de minha vida de lutas e de representação dos trabalhadores. Por mais que soubesse do trabalho que realizamos na defesa dos associados da Cassi e no fortalecimento da própria Caixa de Assistência e seu modelo revolucionário de saúde preventiva, havia externado para as pessoas mais próximas, meses atrás, o quanto seria difícil obter condições ideais de disputa para seguir com o trabalho que vinha sendo realizado (eu conheço muito os espaços de disputa de poder...).

"Conozco las costumbres e las almas
y ese dialecto de alusiones
que toda agrupación humana va urdiendo..."

Já vislumbrava a dificuldade em se obter a unidade necessária no campo progressista e de representação dos segmentos dos trabalhadores associados. Já estou nesse meio há vinte anos e sei que nas horas centrais, o que prevalece é a divisão, é o foco no poder, mais que o foco no projeto coletivo. É só ver no quadro político do Brasil na maior crise de sua história como estão se comportando as forças progressistas em relação às eleições majoritárias. Teremos quantas candidaturas do campo popular? Três ou quatro? Não adianta a história ensinar... ninguém olha ou considera a história da luta de classes!

Nos próximos dois meses, período final de registro do mandato e de prestação de contas que realizamos no blog Categoria Bancária, vou registrar tudo que for possível sobre a Cassi e as áreas que atuamos. E vou registrar minhas opiniões, afinal de contas fiz isso desde o primeiro dia e assim vou até 31 de maio de 2018. Não teria motivos para esconder minha avaliação sobre o resultado das eleições e o que vislumbro pela frente em relação à entidade que aprendi a amar durante o mandato.

"No necesito hablar
ni mentir privilegios;
bien me conocen quienes aquí me rodean,
bien saben mis congojas y mi flaqueza."

Eu tenho que ir me desligando da luta em defesa da Cassi e dos associados. Conheço profundamente a realidade que enfrentamos, o que evitamos e o que se desenha adiante com a mudança de rota.

Eso es alcanzar lo más alto,
lo que tal vez nos dará el Cielo:
no admiraciones ni victorias
sino sencillamente ser admitidos
como parte de una Realidad inegable,
como las piedras e los árboles."

Muitos de nós que vivemos juntos a realidade inegável do setor de saúde suplementar e da Caixa de Assistência nos últimos anos, que protegemos a entidade e associados revertendo quadros adversos, não soubemos nos unir em prol de algo coletivo maior. A responsabilidade do que vier de futuro talvez sirva de reflexão às gerações seguintes das lideranças do movimento social organizado porque a história humana tem diversos exemplos de consequências advindas da falta de unidade em momentos decisivos.

Sabemos que sem os princípios basilares e os paradigmas de consenso - manter a solidariedade no sistema de custeio, fortalecer as unidades de atendimento em saúde nos Estados, a atenção primária e medicina de família e a participação social - a Caixa de Assistência não será uma Cassi para todos, como deve ser.

Ainda farei dois meses de registros no blog Categoria Bancária. Registros com simplicidade e honestidade nas opiniões e dados que vamos apontar sobre esses quatro anos de história da nossa querida Caixa de Assistência. Segue firme o meu compromisso de deixar disponível o material que produzimos sobre a Cassi e o mandato para entidades sindicais, associativas e Conselhos de Usuários.

Abraços,

William