Ze-Fi-Ni!
Acabaram-se as minhas férias.
Tentei passar o mês como civil, ou seja, como um cidadão comum e não como militante de esquerda e sindicalista.
Não foi fácil! Nem jornais na tv dá pra assistir sem se estressar. É muita mentira e má-fé por parte do P.I.G..
Depois que escolhemos a pílula da realidade e não a da ilusão é difícil voltar a ser um alienado comum (Matrix - "Welcome to the real world!").
Viajei com a família para Porto Seguro - BA. Lá, estive com outras famílias proletárias em férias padrão-pacotes-de-viagem-CVC. Mas foi uma viagem gostosa.
Li somente um livro nas férias: "O menino do pijama listrado", sobre o Nazismo.
Vi bastantes filmes bons. Isso foi diferente porque ao longo do ano vejo poucos filmes.
Foi um período também para pensar a respeito de meu papel e meu desempenho como dirigente sindical. Neste ano haverá eleições em meu sindicato e eu tenho que fazer uma avaliação se devo ou não devo disponibilizar meu nome para participar de uma chapa na eleição.
Não é uma decisão fácil de se tomar. Para o papel que o sindicato me destacou no último período - ser dirigente nacional na Contraf-CUT - creio que atendi aos anseios da maioria.
Em relação ao futuro no movimento, preciso saber o projeto e os desafios a perseguir para ver se vale a pena continuar ou não.
Tenho feito conversas com pessoas que respeito no movimento e que tenho como referência para me ajudarem a decidir.
Também quero ouvir alguns militantes e colegas bancários na base para saber o que eles acham sobre a minha permanência ou não no movimento.
É isso.
Vamos a luta! Sempre!
Este blog é para reflexões literárias, filosóficas e do mundo do saber. É também para postar minhas aulas da USP. Quero partilhar tudo que aprendi com os mestres de meu curso de letras.
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
domingo, 30 de janeiro de 2011
Saudade do Celso Amorim - Luiz Carlos Azenha
Eu estou absolutamente convencido de que Dilma Rousseff fará um governo competente e que Antonio Patriota, o ministro das Relações Exteriores que ela escolheu, nos surpreenderá com ideias brilhantes.
Permitam-me, no entanto, declarar que sinto saudade de Celso Amorim.
Sinto saudade de Celso Amorim porque o ex-chanceler brasileiro era capaz de pensar fora do quadrado (out of the box), ou seja, pensar fora da rigidez ideológica que geralmente acompanha os funcionários partidarizados de um governo. Só quem pensa fora do quadrado é capaz de encontrar soluções verdadeiramente inovadoras para velhos problemas. Neste sentido, Celso Amorim era o chanceler perfeito para liderar uma burocracia estatal competente, conhecida pela consistência, como é o Itamaraty.
Assistimos, nas últimas horas, ao desabar do grande pilar da política externa dos Estados Unidos no Oriente Médio: regimes repressivos pró-ocidentais articulados com a prioridade absoluta de Washington nos últimos 50 anos (?), o de garantir a segurança de Israel. Permaneça ou não no poder, no curto prazo Hosni Mubarak será obrigado a fazer concessões impensáveis para um cliente fiel da política externa dos Estados Unidos. Concessões que vão fraturar a ideia de que é possível calar a “rua árabe” às custas de alguns bilhões de dólares em ajuda anual. Estes acontecimentos são de uma enormidade equivalente à queda do muro de Berlim…
Washington já não manda mais no Oriente Médio como sempre mandou. O desgaste de Mubarak não tem relação apenas com o fracasso econômico de seu regime, mas também com o fato de que ele se distanciou da solidariedade árabe ao sofrimento dos palestinos nos territórios ocupados por Israel. Mubarak se vendeu por alguns tostões e, em certa medida, é isso o que os egípcios estão dizendo nas ruas.
A competência de Celso Amorim repousava na capacidade de reconhecer com rapidez as mudanças no cenário internacional e se adaptar a elas. Amorim reconheceu, por exemplo, muito antes que seus pares, o papel central da Turquia como elo de ligação entre os interesses do Ocidente — a Turquia integra a OTAN — e os do Oriente Médio. Amorim reconheceu o papel central que o Irã jogará no futuro da Ásia central, que independe da opinião de Washington a respeito do regime iraniano.
Um tempo de mudanças extraordinárias, como o que estamos experimentando, pede ousadia.
Seria realmente trágico se Dilma Rousseff recuasse na política externa criativa e ousada de Celso Amorim, aceitando pura e simplesmente uma papel subordinado do Itamaraty à política externa seletiva de “Direitos Humanos” de Washington.
Aliás, para quem condenou claramente o Irã, em entrevista ao Washington Post, será que Dilma não está nos devendo uma declaração sobre o Egito?
Fonte: Vi o Mundo
COMENTÁRIO: Brilhante análise do Azenha. Também me tornei um admirador de Celso Amorim por tudo o que ele inovou na questão da política externa brasileira no mandato do presidente Lula da Silva.
Permitam-me, no entanto, declarar que sinto saudade de Celso Amorim.
Sinto saudade de Celso Amorim porque o ex-chanceler brasileiro era capaz de pensar fora do quadrado (out of the box), ou seja, pensar fora da rigidez ideológica que geralmente acompanha os funcionários partidarizados de um governo. Só quem pensa fora do quadrado é capaz de encontrar soluções verdadeiramente inovadoras para velhos problemas. Neste sentido, Celso Amorim era o chanceler perfeito para liderar uma burocracia estatal competente, conhecida pela consistência, como é o Itamaraty.
Assistimos, nas últimas horas, ao desabar do grande pilar da política externa dos Estados Unidos no Oriente Médio: regimes repressivos pró-ocidentais articulados com a prioridade absoluta de Washington nos últimos 50 anos (?), o de garantir a segurança de Israel. Permaneça ou não no poder, no curto prazo Hosni Mubarak será obrigado a fazer concessões impensáveis para um cliente fiel da política externa dos Estados Unidos. Concessões que vão fraturar a ideia de que é possível calar a “rua árabe” às custas de alguns bilhões de dólares em ajuda anual. Estes acontecimentos são de uma enormidade equivalente à queda do muro de Berlim…
Washington já não manda mais no Oriente Médio como sempre mandou. O desgaste de Mubarak não tem relação apenas com o fracasso econômico de seu regime, mas também com o fato de que ele se distanciou da solidariedade árabe ao sofrimento dos palestinos nos territórios ocupados por Israel. Mubarak se vendeu por alguns tostões e, em certa medida, é isso o que os egípcios estão dizendo nas ruas.
A competência de Celso Amorim repousava na capacidade de reconhecer com rapidez as mudanças no cenário internacional e se adaptar a elas. Amorim reconheceu, por exemplo, muito antes que seus pares, o papel central da Turquia como elo de ligação entre os interesses do Ocidente — a Turquia integra a OTAN — e os do Oriente Médio. Amorim reconheceu o papel central que o Irã jogará no futuro da Ásia central, que independe da opinião de Washington a respeito do regime iraniano.
Um tempo de mudanças extraordinárias, como o que estamos experimentando, pede ousadia.
Seria realmente trágico se Dilma Rousseff recuasse na política externa criativa e ousada de Celso Amorim, aceitando pura e simplesmente uma papel subordinado do Itamaraty à política externa seletiva de “Direitos Humanos” de Washington.
Aliás, para quem condenou claramente o Irã, em entrevista ao Washington Post, será que Dilma não está nos devendo uma declaração sobre o Egito?
Fonte: Vi o Mundo
COMENTÁRIO: Brilhante análise do Azenha. Também me tornei um admirador de Celso Amorim por tudo o que ele inovou na questão da política externa brasileira no mandato do presidente Lula da Silva.
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Arquitetura da destruição - Peter Cohen
foto divulgação |
Revi o filme do sueco Peter Cohen sobre o Nazismo. O filme é de 1988 e eu gravei em VHS quando passou em 2001 na Mostra Internacional de Cinema da TV Cultura. (VHS é uma fita cassete enorme, anterior ao DVD).
O filme me impressionou bastante na primeira vez que o vi e ainda hoje continua a me impressionar. Os filmes e textos que estou lendo sobre o Nazismo e as guerras mundiais são para tentar compreender melhor o porquê dessas tragédias humanas.
O filme de Cohen apresenta na prática aquilo que o filólogo Victor Klemperer explica sobre a Linguagem do Terceiro Reich - LTI (Lingua Tertii Imperii).
Eutanásia - significa ajudar a pôr fim ao sofrimento de uma pessoa enferma que está morrendo com sua doença.
"Eutanásia" = Hitler fez aquilo que Klemperer explica sobre a Linguagem do Terceiro Reich. Como ele queria eliminar o que para ele não era perfeito e puro para a raça ariana, ele se envolveu pessoalmente em um caso de uma criança que nasceu com defeitos genéticos - mas não fatais - e exigiu que lhe praticassem a "eutanásia". Após isso, o regime eliminou mais de 70 mil pessoas com algum grau de deficiência nos anos seguintes.
A partir de 1º de setembro de 1939 (começo da 2ª Guerra) teve início o programa nacional de "Eutanásia" do Nazismo. Formulários foram distribuídos aos especialistas - doutores, psicólogos e demais intelectuais do regime - para que verificassem em exames populacionais se as pessoas deveriam sofrer "eutanásia" ou não, pois havia um controle de "pragas e demais doenças" pelo regime.
AZUL ou VERMELHO
Havia um espaço no formulário para os especialistas anotarem em azul se a pessoa deveria viver ou em vermelho se a pessoa deveria sofrer "eutanásia".
No formulário havia espaço para preencher a raça e se a pessoa fosse judia, a cor vermelha era automática.
No filme, Cohen diz que Hitler era fã de karl May e que já nos anos trinta vinha com seu projeto ambicioso de construir a nova Alemanha e um dos locais escolhidos para tal era Linz - Áustria.
O filme tem uma forma bem diferente de falar sobre o Nazismo. É muito bom para um novo olhar sobre o tema.
domingo, 23 de janeiro de 2011
Refeição Cultural 67 - Por que os Nazistas odiavam tanto os judeus?
ESTOU EM FÉRIAS e tenho conseguido ler um pouco, ver alguns filmes e correr.
Um dos temas que tenho procurado diz respeito a melhorar um pouco meu conhecimento em relação às duas grandes guerras, à guerra do Vietnã e sobre a intolerância e a vivência em sociedade.
Vi dois filmes de Oliver Stone sobre o Vietnã: "Platoon" de 1986 e "Nascido em quatro de julho" de 1989.
Sobre a 2a Guerra Mundial e o Nazismo vi "O menino do pijama listrado" de 2008 e vi "O pianista" de 2002. Filmes dolorosos e muito importantes para a compreensão das gerações atuais sobre o risco de novas guerras.
Retomei e estou relendo um pouco "A era dos extremos" de Hobsbawn. Como é de hábito meu, o livro é um dos trocentos que começo a ler, leio umas dezenas ou centenas de páginas e não termino a leitura. Também estou relendo "LTI - a linguagem do Terceiro Reich" de Victor Klemperer.
Ao assistir ao filme "O pianista", ontem, e mediante as cenas de barbárie e execuções dos judeus nos guetos de Varsóvia, uma pergunta feita em casa me deixou pensativo e ainda estou refletindo sobre como eu poderia respondê-la de uma forma simples.
"Por que os alemães/Nazistas odiavam tanto os judeus?"
E aí, que digo?
Quem poderia me ajudar a responder essa pergunta?
À parte a questão histórica - judaísmo, antisemitismo, cristianismo, cruzadas, álibi de Hitler para justificar crise alemã, dentre outras motivações -, a resposta pode ter semelhanças com respostas a perguntas do tipo:
- Por que os jovens americanos dos anos sessenta que se alistaram voluntariamente para a Guerra do Vietnã odiavam tanto os "comunistas" (ao menos no começo, antes de chegarem as notícias dos massacres de civis de lá)?
E mais:
- Por que tanto ódio entre hutus e tutsis em Ruanda, na África?
- Por que tanto ódio e extermínio há tão pouco tempo na ex-Iugoslávia entre croatas, sérvios, bósnios, albaneses etc?
- Por que tanto ódio daqueles garotos na Av. Paulista ao atacarem outros garotos andando pelas calçadas?
- Por que meninas e meninos da classe média paulista andaram pedindo que matassem os nossos irmãos nordestinos de forma tão chocante após as eleições presidenciais de 2010?
E AÍ, por que os Nazistas odiavam tanto os judeus?
Um dos temas que tenho procurado diz respeito a melhorar um pouco meu conhecimento em relação às duas grandes guerras, à guerra do Vietnã e sobre a intolerância e a vivência em sociedade.
Vi dois filmes de Oliver Stone sobre o Vietnã: "Platoon" de 1986 e "Nascido em quatro de julho" de 1989.
Sobre a 2a Guerra Mundial e o Nazismo vi "O menino do pijama listrado" de 2008 e vi "O pianista" de 2002. Filmes dolorosos e muito importantes para a compreensão das gerações atuais sobre o risco de novas guerras.
Retomei e estou relendo um pouco "A era dos extremos" de Hobsbawn. Como é de hábito meu, o livro é um dos trocentos que começo a ler, leio umas dezenas ou centenas de páginas e não termino a leitura. Também estou relendo "LTI - a linguagem do Terceiro Reich" de Victor Klemperer.
Ao assistir ao filme "O pianista", ontem, e mediante as cenas de barbárie e execuções dos judeus nos guetos de Varsóvia, uma pergunta feita em casa me deixou pensativo e ainda estou refletindo sobre como eu poderia respondê-la de uma forma simples.
"Por que os alemães/Nazistas odiavam tanto os judeus?"
E aí, que digo?
Quem poderia me ajudar a responder essa pergunta?
À parte a questão histórica - judaísmo, antisemitismo, cristianismo, cruzadas, álibi de Hitler para justificar crise alemã, dentre outras motivações -, a resposta pode ter semelhanças com respostas a perguntas do tipo:
- Por que os jovens americanos dos anos sessenta que se alistaram voluntariamente para a Guerra do Vietnã odiavam tanto os "comunistas" (ao menos no começo, antes de chegarem as notícias dos massacres de civis de lá)?
E mais:
- Por que tanto ódio entre hutus e tutsis em Ruanda, na África?
- Por que tanto ódio e extermínio há tão pouco tempo na ex-Iugoslávia entre croatas, sérvios, bósnios, albaneses etc?
- Por que tanto ódio daqueles garotos na Av. Paulista ao atacarem outros garotos andando pelas calçadas?
- Por que meninas e meninos da classe média paulista andaram pedindo que matassem os nossos irmãos nordestinos de forma tão chocante após as eleições presidenciais de 2010?
E AÍ, por que os Nazistas odiavam tanto os judeus?
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
O menino do pijama listrado - livro e filme
Leituras e férias |
Como sou amante da leitura, sempre que possível, dou preferência para a leitura do livro primeiro e para a minha imaginação. Quando tem um filme baseado na história que li, melhor ainda. Mas, gosto de deixar as imagens por minha conta através da leitura primeiro.
A história de Bruno e de Shmuel é tão envolvente que você começa a ler e não consegue desligar-se até acabar a leitura. Li em duas sentadas em minha cadeirinha de praia-sala. Fiquei pensando no autor e na sua capacidade de se diferenciar tanto para contar uma estória sobre um tema tão batido e repetido como a tragédia do Nazismo. PARABÉNS AO JOVEM IRLANDÊS JOHN BOYNE!
Foto divulgação |
O filme foi muito bem feito. Eu diria que é leve e fácil de se ver.
Eu sei que é estranho falar em leveza quando estamos falando da tragédia do Nazismo, mas o sentido que estou dando é de leveza no sentido de não ter tanto apelo ao sangue, à violência explícita, a imagens que nos embrulhem o estômago como, por exemplo, o filme de Mel Gibson sobre Jesus Cristo - o sangue Dele e partes de Sua carne quase espirram no telespectador.
A adaptação do livro ao filme foi muito satisfatória, pois há diferenças evidentes entre a obra escrita e a adaptação ao cinema. Aliás, a leveza que digo também tem o sentido de dizer que as crianças e adolescentes do século XXI deveriam sempre ver estórias assim para que não façam aquilo que o Nazismo fez quando governarem o mundo.
As duas crianças que interpretaram as personagens são deslumbrantes. Elas interpretam com tanta naturalidade que é difícil não se envolver rapidamente na trama.
LEIAM E ASSISTAM A "O MENINO DO PIJAMA LISTRADO"!
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Olhares a partir de Porto Seguro - BA - Brasil
Pois é! Passei uma semana com a família na bela cidade de Porto Seguro, local onde os portugueses dizem ter aportado pela primeira vez quando "descobriram" o Brasil. (O Brasil, que é o melhor lugar do mundo!)
De alguns sentimentos que trago de lá, destaco a convivência com o meu querido povo brasileiro:
- da semana que proseei com famílias de trabalhadores paulistas - proletários em férias -, vi neles o quanto é gostoso conviver com os nossos irmãos;
- dos trabalhadores de lá, digo que merecem melhorar sua condição de vida a cada dia e desejo a eles que se libertem do monopólio do Trabalho por parte de meia dúzia de empresas e/ou famílias, como a CVC, que dominam tudo. A cidade poderia se chamar "CVC City" - isso sempre será lamentável!
É isso. Fiz muitas fotos legais.
Estive no memorial do descobrimento e na réplica das caravelas usadas na época para cortar os mares. É impressionante a ousadia daqueles navegantes de se enfiarem no mar sem fim com aquelas pequenas e inseguras naus.
De alguns sentimentos que trago de lá, destaco a convivência com o meu querido povo brasileiro:
- da semana que proseei com famílias de trabalhadores paulistas - proletários em férias -, vi neles o quanto é gostoso conviver com os nossos irmãos;
- dos trabalhadores de lá, digo que merecem melhorar sua condição de vida a cada dia e desejo a eles que se libertem do monopólio do Trabalho por parte de meia dúzia de empresas e/ou famílias, como a CVC, que dominam tudo. A cidade poderia se chamar "CVC City" - isso sempre será lamentável!
Praia de Trancoso - BA |
Coqueiro em Porto Seguro - BA |
Mangue em Porto Seguro - BA |
Vida do mangue em Porto Seguro |
Veja a chuva que pegamos em Trancoso 5 minutos depois desta foto |
Pôr do sol no Rio Buranhém - Porto Seguro - BA |
Rio Buranhém na maré baixa |
Uma flor "incomum" - Porto Seguro - BA (poucas são tão exóticas como esta de maracujá) |
Palmeira e lua (1) Porto Seguro - BA |
Palmeira e lua (2) Porto Seguro - BA |
Palmeira e lua (3) Porto Seguro - BA |
Arco Íris em Porto Seguro - BA |
Noite de lua em Porto Seguro - BA |
É isso. Fiz muitas fotos legais.
Estive no memorial do descobrimento e na réplica das caravelas usadas na época para cortar os mares. É impressionante a ousadia daqueles navegantes de se enfiarem no mar sem fim com aquelas pequenas e inseguras naus.
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Presidenta, sim! - Artigo de Marcos Bagno
Marcos Bagno é autor do clássico romance contra o preconceito linguístico "A língua de Eulália". |
Artigo de Marcos Bagno
Se uma mulher e seu cachorro estão atravessando a rua e um motorista embriagado atinge essa senhora e seu cão, o que vamos encontrar no noticiário é o seguinte: “Mulher e cachorro são atropelados por motorista bêbado”.
Não é impressionante? Basta um cachorro para fazer sumir a especificidade feminina de uma mulher e jogá-la dentro da forma supostamente “neutra” do masculino.
Se alguém tem um filho e oito filhas, vai dizer que tem nove filhos.
Quer dizer que a língua é machista? Não, a língua não é machista, porque a língua não existe: o que existe são falantes da língua, gente de carne e osso que determina os destinos do idioma. E como os destinos do idioma, e da sociedade, têm sido determinados desde a pré-história pelos homens, não admira que a marca desse predomínio masculino tenha sido inscrustada na gramática das línguas.
Somente no século XX as mulheres puderam começar a lutar por seus direitos e a exigir, inclusive, que fossem adotadas formas novas em diferentes línguas para acabar com a discriminação multimilenar.
Em francês, as profissões, que sempre tiveram forma exclusivamente masculina, passaram a ter seu correspondente feminino, principalmente no francês do Canadá, país incomparavelmente mais democrático e moderno do que a França.
Em muitas sociedades desapareceu a distinção entre “senhorita” e “senhora”, já que nunca houve forma específica para o homem não casado, como se o casamento fosse o destino único e possível para todas as mulheres. É claro que isso não aconteceu em todo o mundo, e muitos judeus continuam hoje em dia a rezar a oração que diz “obrigado, Senhor, por eu não ter nascido mulher”.
Agora que temos uma mulher na presidência da República, e não o tucano com cara de vampiro que se tornou o apóstolo da direita mais conservadora, vemos que o Brasil ainda está longe da feminização da língua ocorrida em outros lugares.
Dilma Rousseff adotou a forma presidenta, oficializou essa forma em todas as instâncias do governo e deixou claro que é assim que deseja ser chamada. Mas o que faz a nossa “grande imprensa”? Por decisão própria, com raríssimas exceções, como CartaCapital, decide usar única e exclusivamente presidente.
E chovem as perguntas das pessoas que têm preguiça de abrir um dicionário ou uma boa gramática: é certo ou é errado? Os dicionários e as gramáticas trazem, preto no branco, a forma presidenta. Mas ainda que não trouxessem, ela estaria perfeitamente de acordo com as regras de formação de palavras da língua.
Assim procederam os chilenos com a presidenta Bachelet, os nicaraguenses com a presidenta Violeta Chamorro, assim procedem os argentinos com a presidenta Cristina K. e os costarricenses com a presidenta Laura Chinchilla Miranda. Mas aqui no Brasil, a “grande mídia” se recusa terminantemente a reconhecer que uma mulher na presidência é um fato extraordinário e que, justamente por isso, merece ser designado por uma forma marcadamente distinta, que é presidenta.
O bobo-alegre que desorienta a Folha de S.Paulo em questões de língua declarou que a forma presidenta ia causar “estranheza nos leitores”. Desde quando ele conhece a opinião de todos os leitores do jornal? E por que causaria estranheza aos leitores se aos eleitores não causou estranheza votar na presidenta?
Como diria nosso herói Macunaíma: “Ai, que preguiça…”
Mas de uma coisa eu tenho sérias desconfianças: se fosse uma candidata do PSDB que tivesse sido eleita e pedisse para ser chamada de presidenta, a nossa “grande mídia” conservadora decerto não hesitaria em atender a essa solicitação. Ou quem sabe até mesmo a candidata verde por fora e azul por dentro, defensora de tantas ideias retrógradas, seria agraciada com esse obséquio se o pedisse.
Estranheza? Nenhuma, diante do que essa mesma imprensa fez durante a campanha. É a exasperação da mídia, umbilicalmente ligada às camadas dominantes, que tenta, nem que seja por um simples -e no lugar de um -a, continuar sua torpe missão de desinformação e distorção da opinião pública.
Marcos Bagno é professor de Linguística na Universidade de Brasília
Fonte: CartaCapital
Post Scriptum do blog: por uma questão de apresentação visual no blog, dividi em mais parágrafos as orações originais do autor, sem alterar o conteúdo.
COMENTÁRIO:
Olá prof. Marcos Bagno. PARABÉNS PELO TEXTO! Quando entrei na USP em 2001, passei o primeiro semestre reprogramando a mente em relação à línguas e literatura. Seus textos abriram minha visão sobre a língua e a linguística.
Como militante de esquerda e sindicalista, sempre digo que TODAS AS ESCOLHAS SÃO POLÍTICAS, INCLUSIVE AS TÉCNICAS! O resto é tecnicalidades e blá-blá-blá usadas pelo status quo contra o povo... As chamadas decisões "técnicas" nunca olham o que deveria ser o mais importante na vida e na sociedade - a humanidade toda.
Como sindicalista, nunca gostei dessa ideia de ficar pondo "a" em tudo e duplicando palavras em dois gêneros, pois já vi delegações passarem horas em congressos de trabalhadores discutindo isso e deixando a pauta em segundo plano. Mas, pelos argumentos de seu texto, somados ao desejo de nossa presidente Dilma, e lembrando que a língua é fato social, passo a chamar a partir de agora as presidentas de "presidenta tal". Obrigado pela aula, William Mendes
domingo, 9 de janeiro de 2011
Platoon (1986) de Oliver Stone
Foto do Wikipédia - a informação diz que a cena do filme foi inspirada em foto de Art Greenspon |
Platoon
Nem parece que eu tinha menos de 18 anos quando assisti ao filme Platoon no cinema em 1987. Tanto tempo já! Tão pouco mudou!
Depois do Vietnã, os Estados Unidos já fizeram massacres no Iraque, no Afeganistão, no Iraque novamente. Agora estão na fase de criação de álibis para ver se fazem uma guerrinha com o Irã, talvez com a Coréia do Norte.
A música tema do filme é profundamente envolvente. Sentimos toda a tristeza da guerra. Sentimos uma dor inexplicável. Aos que quiserem recordar a música é só buscarem na rede mundial de computadores por “Adagio for Strings” composta por Samuel barber.
É interessante saber que o filme é feito por uma pessoa que esteve lá e que voltou diferente após tudo o que viu.
À tarde, antes de assistir a Platoon, eu havia revisto o final do filme Náufrago e já estava tocado por aquela história sobre a vida – sobre achar uma razão para se agarrar à vida.
Por enquanto, nada mais a comentar. Só a sentir... a cismar...
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
Exercitando o prazer: corridas, filmes, leituras...
Capa do filme |
Poucos dias doing nothing em férias... (não fazer nada em relação à OBRIGAÇÃO DE PRODUZIR, no sentido ocidental - no passado -, e contemporâneo e geral - no presente)
E, com isso, vou fazendo o que há de melhor - exercitando o prazer através do ÓCIO.
Corridas
Depois de um descanso pós-São Silvestre corri um pouco ontem e hoje. Ontem 3 km em 17'24" e hoje 3,5 km em 21'06" sendo os últimos 500 metros em 2'20".
Filmes
Na hora do almoço assisti a um dos trocentos filmes que tenho em casa e nunca vi. Sabe, é aquele meu sonho de ler e ver tudo o que tenho e nunca fazê-lo por falta de tempo e de prioridade, né!
Então, assisti ao filme "12 homens e uma sentença" de 1957, com Henry Fonda, dirigido por Sidney Lumet. O filme foi produzido pelo próprio Henry Fonda e por Reginald Rose, que é responsável pela História e pelo Roteiro. O filme é em preto e branco.
O FILME É FANTÁSTICO! CARA, VOCÊS TÊM QUE VÊ-LO!
Quem diria que um filme todo rodado dentro de uma simples sala (só 3 minutos foram de gravação externa) com doze homens debatendo se condenam ou não à morte um réu poderia passar sem você perceber o tempo e se cansar?
Os debates passam por temas como preconceito social, estereótipos, agir e julgar por impulso e costume ou por razão e fidelidade aos fatos, nem sempre o que é pode ser o que parece, a lei, a perseguição à verdade factual... (lembrei-me do Mino Carta falando da obsessão de perseguir a verdade factual, custe o que custar).
O filme é de décadas atrás, mas ao longo dos debates você vai vendo cada maldito problema atual em relação ao outro, à violência, de discriminação ao diferente, de intolerância e de condenação natural àqueles que estão fora do próprio "padrão"...
Atualíssimo! Vale a pena assistir e debater o caso.
COMENTÁRIO EM 2/02/2011:
Assisti à refilmagem do filme produzida em 1997 com um bela interpretação de Jack Lemmon no papel do jurado número 8 - aquele único que não estava convencido da culpa do jovem.
Os dois filmes são muito bons mas, por apreciar o cinema antigo, fico com o original de 1957.
Leituras
Tenho lido contos todos os dias - alguns EM VOZ ALTA!
É muito bom isso!
Queria Ler... mas tenho que ler
Esquecer tudo!
Não fazer nada obrigado.
Não ter que ler sem querer,
mesmo querendo Ler.
Cansado dos compromissos!
Ter que fazer isso ou aquilo.
A sociedade me educou (adestrou) para ter ordem.
Idos dos anos setenta (ordem e progresso!).
Hinos Nacional, à Bandeira, da Independência...
ficaram em meu sangue, minha pele, minha mente.
E os dogmas cristãos?!
Como se livrar de parte deles?!
Hoje não estou cansado (domingo),
mas sinto um cansaço!
Quero tanto Ler, reler. A esmo!
Mas tenho que ler...
Sinto necessidade de criar,
mas tenho que produzir.
...
Isso me cansa!
Enfim...
Queria Ler...
Wmofox, 25.4.04
Refeição Cultural 66 - Queria Ler...
Revistas
O que faço com minhas revistas e pilhas de papéis? Tenho dezenas de revistas Superinteressante antigas. Muitas delas li quando as adquiri e ganhei alguma formação com elas, porém, outras delas nunca li.
Tenho também dezenas de revistas ContraRelógio (de corridas) e outras de história. Da mesma forma, algumas li, outras não. Além dessas, tenho várias sobre política, cultura etc. Cada vez que pego alguma e leio algo dela, fico encantado com o conhecimento novo advindo da leitura.
Minha casa não comporta tanto papel. Meu tempo disponível para o gozo da leitura livre também é escasso. Que fazer, então? Não sei.
Livros
Tenho muitos livros em casa e outro tanto que levei para o trabalho. São todos eles desejos de leitura e sonho de conhecimento, ou seja, gostaria de lê-los para preencher minhas lacunas culturais e me tornar um pouco melhor e menos ignorante. Acredito que a leitura muda e melhora as pessoas.
O passar do tempo e a idade que avança sem avançar a minha condição social e humana me fez perder o jeito com a leitura. Digo isso porque acho que a melhor leitura é aquela descompromissada e livre. Ao sabor do desejo.
Me peguei adulto e inculto. Me peguei aluno de faculdade e sem base de leitura. Me peguei dirigente sindical e sem base histórica. E nessa onda de ir me pegando inculto e ignorante no que apareceu na minha vida fui tentando ler feito um louco autômato: lendo alguma coisa que os professores falavam na faculdade e lendo alguma coisa que era obrigatório saber para ser sindicalista.
Que horror! Me peguei agora na madurez lembrando-me saudoso de raros momentos de prazer em leituras descompromissadas.
E amanhã, que farei?
Esse é o dilema, pois tenho que trabalhar, e muito, para prover o sustento à família, e o mundo é baseado em viver para trabalhar e não em trabalhar para viver. Pelos meus cálculos, estando vivo os próximos anos, terei que trabalhar uns vinte anos ainda. Em tese, é quase como dizer que não poderei fazer o que me daria algum prazer na vida: ler descompromissadamente, a esmo e ao sabor do desejo.
Estudo de línguas
Aí está outro desejo que sempre alimentei e que ficou pelo caminho. Tenho tantos, mas tantos materiais de estudos de línguas que se me dedicasse a eles como gostaria, creio que aprenderia bem o inglês, o espanhol, o francês e o italiano. Sem falar que não sou um brasileiro dominante da língua pátria, mesmo após estudar na Usp e fazer curso de Letras. Na verdade, digo que passei pela Usp, ao invés de dizer que estudei lá.
Snif!
O que faço com minhas revistas e pilhas de papéis? Tenho dezenas de revistas Superinteressante antigas. Muitas delas li quando as adquiri e ganhei alguma formação com elas, porém, outras delas nunca li.
Tenho também dezenas de revistas ContraRelógio (de corridas) e outras de história. Da mesma forma, algumas li, outras não. Além dessas, tenho várias sobre política, cultura etc. Cada vez que pego alguma e leio algo dela, fico encantado com o conhecimento novo advindo da leitura.
Minha casa não comporta tanto papel. Meu tempo disponível para o gozo da leitura livre também é escasso. Que fazer, então? Não sei.
Livros
Tenho muitos livros em casa e outro tanto que levei para o trabalho. São todos eles desejos de leitura e sonho de conhecimento, ou seja, gostaria de lê-los para preencher minhas lacunas culturais e me tornar um pouco melhor e menos ignorante. Acredito que a leitura muda e melhora as pessoas.
O passar do tempo e a idade que avança sem avançar a minha condição social e humana me fez perder o jeito com a leitura. Digo isso porque acho que a melhor leitura é aquela descompromissada e livre. Ao sabor do desejo.
Me peguei adulto e inculto. Me peguei aluno de faculdade e sem base de leitura. Me peguei dirigente sindical e sem base histórica. E nessa onda de ir me pegando inculto e ignorante no que apareceu na minha vida fui tentando ler feito um louco autômato: lendo alguma coisa que os professores falavam na faculdade e lendo alguma coisa que era obrigatório saber para ser sindicalista.
Que horror! Me peguei agora na madurez lembrando-me saudoso de raros momentos de prazer em leituras descompromissadas.
E amanhã, que farei?
Esse é o dilema, pois tenho que trabalhar, e muito, para prover o sustento à família, e o mundo é baseado em viver para trabalhar e não em trabalhar para viver. Pelos meus cálculos, estando vivo os próximos anos, terei que trabalhar uns vinte anos ainda. Em tese, é quase como dizer que não poderei fazer o que me daria algum prazer na vida: ler descompromissadamente, a esmo e ao sabor do desejo.
Estudo de línguas
Aí está outro desejo que sempre alimentei e que ficou pelo caminho. Tenho tantos, mas tantos materiais de estudos de línguas que se me dedicasse a eles como gostaria, creio que aprenderia bem o inglês, o espanhol, o francês e o italiano. Sem falar que não sou um brasileiro dominante da língua pátria, mesmo após estudar na Usp e fazer curso de Letras. Na verdade, digo que passei pela Usp, ao invés de dizer que estudei lá.
Snif!
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
3 IDIOTAS - UM DOS MELHORES FILMES QUE JÁ VI
Foto divulgação - wikipédia |
Meu primo me recomendou e forneceu o filme dias atrás e o cara sabe os estilos de filmes que gosto. Como normalmente acontece, ele acertou em cheio na indicação. Valeu, Jorge!
É uma produção indiana e tem quase 3 horas de duração e, sinceramente, você nem percebe a hora passar de tão bom que é o filme.
A história conjuga drama e comédia. O tempo todo somos pegos com grandes ensinamentos sobre a vida e sobre o que virou o mundo contemporâneo da competição. Em alguns momentos, lembrei-me do filme "Sociedade dos poetas mortos", que assisti quando jovem e que me marcou como os bons livros que já li.
A trilha sonora do filme é outro destaque. Tentei achar a trilha original do filme para comprar e ainda não encontrei. Essa eu faço questão de ter, assim como adquiri na hora que vi a trilha sonora do filme "Natureza Selvagem". A música "Behti Hawa Sa Tha Woh" de Shaan e Shantanu Moitra é de arrepiar, além da tradução ser belíssima! (busque o vídeo na internet)
O que vale na sociedade do conhecimento atual? Decorar manuais e conceitos ou compreender o que querem dizer? Já nascer com destino marcado pelos pais ou deixar a voz de seu coração dizer que caminho seguir?
O que interessa é ganhar dinheiro em uma profissão ou fazer o que se gosta ou se sente bem?
Eu recomendo o filme para todo mundo, pois ele é uma bela lição de vida e conjuga momentos em que você chora de rir e outros em que você chora de emoção ou de tristeza. Que mais podemos esperar da Sétima Arte?
Para os tempos como o que estou vivendo - de decisões e reflexões sobre o que fazer - o filme me proporcionou muito o que pensar...
É isso! (NÃO VIU O FILME? ENTÃO VÁ ATRÁS, CARAMBA!)
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
W. (EUA - 2008) de Oliver Stone
Foto Wikipédia |
Sempre que converso com amigos sobre os Estados Unidos e o porquê daquilo ser tão repulsivo tento estar aberto aos argumentos que me pedem para ter uma visão um pouco mais benévola em relação ao povo americano, MAS É DIFÍCIL!
Se eles têm um presidente como George W. Bush é porque eles elegeram o cara ou aceitaram a fraude que o levou à presidência.
Se lá o país é dividido entre Democratas e Republicanos, que são basicamente a mesma porcaria em termos de programas partidários, a culpa é deles mesmos.
Vejam o mandato de Barack Obama: é uma decepção!
Eu sei que estou sendo injusto com ele, pois as condições políticas de Obama têm um certo contexto difícil em seus primeiros dois anos de poder semelhantes aos que o governo Lula enfrentou no Brasil quando, de um lado, nós militantes mais progressistas queríamos aprofundamento nas mudanças, e de outro, a oposição e parte da sociedade conservadora que domina a grande mídia tentavam um impeachment ao governo.
Voltando ao comentário sobre o filme W., acho que ficou uma sequência interessante de filmes a que vi na última semana: "Território Restrito" primeiro, depois "Nação fast food" ontem e agora "W.". São filmes de crítica à sociedade americana que se somam a bons filmes como "Crash" e "Beleza americana".
Fala sério sobre aquele país! E ainda tem muita gente que acha que podemos nos referenciar nos EUA para alguma coisa!
É isso! Eu não acho nada daquele país. Continuarei me esforçando para não confundir a minha opinião política negativa sobre os Estados Unidos com a minha opinião sobre o povo americano, MAS É DIFÍCIL!
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
Fast Food Nation (EUA - 2006) de Richard Linklater
Foto divulgação |
NAÇÃO FAST FOOD – 2006
Eu sempre digo às pessoas que tudo o que comemos é porcaria. Mas, tudo tudo mesmo!
Tem gente que não consegue comer mais quando encontra uma larvinha na salada; ou um cabelinho ou pedrinha na comida; quando vê um cisco de cor estranha no pão ou rosca fazem aquela cara de “ai, que nojo!”.
Aí essas mesmas pessoas se acham as tais quando comem no fast food da moda. Ou ainda quando vão a um restaurante. Ledo engano. Aliás, essas pessoas praticam o autoengano. Adoram fazer cena quando acham alguma coisa na comida, mas fazem de conta que não comem um monte de porcarias no enlatado, no cereal, nas farinhas, nas verduras, nos temperos, nas pizzas, nas bebidas... e em tudo mais que comem ou bebem.
Eu já trabalhei em diversas lanchonetes e por mais que os donos e funcionários se esforcem, sempre haverá problemas com a limpeza. Sem contar que, na maioria delas, os funcionários são mal remunerados e odeiam o que fazem, dando margem a um serviço insatisfatório.
Também trabalhei de fazer entrega de mercadorias nos restaurantes mais chiques e caros de São Paulo. Vocês não queiram saber do nojo que é o porão, adega e local de armazenamento desses bam-bam-bans: é uma nojeira só! A começar por você não conseguir ficar em pé pelo chão ensebado.
Isso tudo é pra dizer o quanto o filme Nação Fast Food é real e dá uma chacoalhada no pessoal que se autoengana cotidianamente. Aquilo ali é isso tudo aqui: é a sociedade nojenta em que vivemos. Sem contar a denúncia aos velhos problemas da exploração dos imigrantes no país mais nojento do capitalismo.
As cenas do matadouro, seção de abates, é de cortar o coração e embrulhar o estômago. Mas, huumm... que delícia uma picanha mal passada, heim!
Gente, o mundo e a sociedade moderna é esse fast food. Sinto muito, sorry, but... é isso!
domingo, 2 de janeiro de 2011
Teoria da Narrativa: Posições do Narrador (Prof. Davi Arrigucci Jr)
(as marcações sublinhadas no texto são do blog)
FLT0124 Introdução aos Estudos Literários II
TEORIA DA NARRATIVA: POSIÇÕES DO NARRADOR
Prof. Davi Arrigucci Jr.
Professor de Teoria Literária e Literatura Comparada da USP
Conferência de abertura das atividades do Depto. Científico da SBPSP do ano de 1998.
Abertura: Liana Pinto Chaves, Membro Efetivo e Diretora do Depto. Científico da SBSPS.
Liana: O Prof. Davi Arrigucci Jr. vai conversar conosco sobre teoria da narrativa. Eu gostaria de historiar um pouco como foi feito esse convite.
Quando fui conversar com ele, contei-lhe um pouco sobre o que foi no ano passado a nossa prática de apresentação de material clínico e algumas coisas que surgiram em função da diversidade dos materiais apresentados, principalmente, do estilo de cada pessoa, de cada analista, ao fazer a sua narrativa.
Todos que participaram devem lembrar-se de que cada caso era um caso. Além do paciente e além do analista, cada apresentação era uma e isso gerou muita conversa entre nós de que este seria um tema em si mesmo. A tal ponto, que Sandra Schaffa achou que isso daria um bom número para o Jornal de Psicanálise: a questão da narrativa e em que consiste o relato clínico.
Fomos então conversar com Davi e pedimos que ele nos desse algum subsídio pela via da literatura.
Bom, vocês conhecem o Davi. Ele é professor, um dos nossos críticos mais conhecidos e importantes. Eu acho que vai ser um ótimo começo para o nosso ano.
Davi:
Bem, vou tentar dizer alguma coisa no sentido do que me propuseram.
O assunto da narrativa certamente é muito amplo, complexo e inesgotável. Vou escolher alguns aspectos – os mais próximos talvez das questões que me foram expostas – para tentar estimulá-los a me colocarem questões comuns ou afins entre literatura e psicanálise ou que ao menos possam suscitar paralelos entre os problemas da narrativa literária e os relatos de casos.
Em 1940, Jorge Luís Borges, Adolfo Bioy Casares e Silvina Ocampo, mulher de Bioy Casares, publicaram uma antologia da literatura fantástica que fez muito sucesso (Antologia de la literatura fantástica, Buenos Aires, Sudamericana, 1940). Naquele tempo, embora já houvesse uma tradição da literatura fantástica na Argentina e no Uruguai, o gênero não alcançara ainda a importância que veio a ter depois. Entre as histórias ali reunidas, aparece uma anedota, uma espécie de chiste, uma historieta breve e engenhosa, de um filósofo chinês de 300 a.C., Chuang-Tzu, autor de um livro recheado de histórias exemplares de ampla repercussão na tradição ocidental. Por isso mesmo, talvez já a conheçam:
“Chuang-Tzu sonhou que era uma borboleta. Ao despertar, ignorava se era Tzu que havia sonhado que era uma borboleta, ou se era uma borboleta e estava sonhando que era Tzu”.
Nessa anedota há uma espécie de fantasia metafísica sobre a questão central da identidade, que é um dos problemas recorrentes na obra dos três autores da antologia. Mas é ainda uma questão que se coloca também para a narrativa em geral, porque na historieta há uma espécie de labilidade do sujeito – surge um sujeito escorregadio que dá o que pensar sobre o modo de narrar e suas consequências. Chuang-Tzu ou a borboleta podem ser a perspectiva a partir da qual a narrativa se entretece. Vamos dizer que essa fantasia metafísica sobre a identidade é também sobre a identidade do narrador, propõe uma questão sobre a identidade do narrador. Quando vamos contar qualquer história, uma das questões básicas é esta que a historieta propõe: como narrá-la, de que ângulo narrá-la. Penso que é essa a questão que se aproxima um pouco do interesse de vocês, pois envolve a questão da narrativa literária e de toda narrativa, também a dos historiadores e a dos psicanalistas, de quem quer que conte uma história.
Como narrar? Essa questão do como narrar leva, por sua vez, ao problema da possibilidade da narrativa. Será possível narrar? Essa pergunta atravessou toda a narrativa literária do século XX, desde o final do século passado. A questão de como narrar, que coloca o problema do narrador, atravessa também toda a história da literatura deste século como uma questão em aberto. Será possível narrar? Ou seja, o narrar se torna problemático durante a nossa época. As raízes históricas desse problema geral são vastas e complexas; não cabe tratar delas agora. Mas, antes do narrador problemático da narrativa moderna, quando se conta qualquer história se coloca sempre o problema do narrador, da perspectiva de onde narrá-la. Essa questão constitui, vamos dizer, o problema técnico essencial da narrativa, da narrativa literária, quer dizer, o problema do narrador e dos modos de narração. A posição do narrador é o centro da técnica ficcional: quem é o narrador? De que ângulo ele fala? De que canais se serve para narrar? A que distância coloca o ouvinte ou o leitor da narrativa? Estas perguntas constituem as questões que desafiam qualquer narrador, seja um narrador da tradição oral, da velha arte de contar histórias que se perde na noite dos tempos, seja um romancista de vanguarda. Para este, o simples ato de narrar pode ter se tornado uma questão problemática ou até mesmo impossível em nosso tempo.
O filósofo Theodor W. Adorno tem um ensaio sobre a posição do narrador no romance contemporâneo que começa justamente interrogando como narrar quando é impossível narrar e a forma do romance exige a narração. Podemos, depois, discutir essa questão da impossibilidade de narrar própria de nosso tempo. Mas, supondo-se que narrar seja possível, há uma série de problemas que se colocam para qualquer narrador. Esses problemas constituem a base da técnica ficcional: o problema do tom e o problema do ponto de vista. Esses são os termos técnicos e recobrem feixes de problemas conjugados.
Em geral pensamos em tom como sendo a atitude que o narrador assume diante daquilo que tem para contar. Podemos tratar disso também posteriormente. Todos entendem decerto o que seja o tom. Posso ter duas histórias semelhantes que, contadas com tons diferentes, tomarão sentidos diversos. Basta dar um tom irônico para eu inverter e dar a entender exatamente o oposto do que estou dizendo. Assim, o tom é uma atitude que pode compor a entonação da frase na narrativa oral, ou a ironia dramática, inscrita na história.
De outro lado, há o ponto de vista. As principais questões da técnica ficcional na teoria da narrativa podem ser consideradas como relativas ao ponto de vista ou foco narrativo, que são expressões usadas em geral como sinônimas, embora em certos autores possam implicar matizes diferentes. A expressão “ponto de vista” vem das artes plásticas, e “foco narrativo” vem da física, mas são usadas indiferentemente. Na tradição moderna, esses problemas exigiram o trabalho dos próprios romancistas, quando refletiram sobre a arte de contar histórias. Assim, no livro de Miriam Allot que reúne romancistas falando sobre o romance, vão ver que há um conjunto de autores debruçados sobre as dificuldades de narrar e os problemas envolvidos nos modos de narração, na adoção de uma voz narrativa capaz de comunicar os fatos ao leitor.
(...)
Bibliografia:
Jornal de Psicanálise do Instituto de Psicanálise - SBPSP - Volume 31, 1998, n.57
sábado, 1 de janeiro de 2011
86ª São Silvestre 2010 - meu melhor tempo!
Pois é, quem diria!
Esta foi a minha quarta participação na corrida de São Silvestre. FIZ O MEU MELHOR TEMPO!
No ano em que estreei na prova - 2007 - fiz o tempo de 1 hora e 45 minutos. Fiquei muito contente por ter completado o percurso de 15 km. Descobri que a corrida é uma verdadeira festa. Pensei também em aproveitar a regional Paulista do Sindicato para abrir o local para os colegas bancários que correm a prova. Mas ficou em cima da hora e não deu tempo naquele ano.
Em 2008, participei pela segunda vez e consegui fazer a prova em 1 hora e 39 minutos. Foi um bom tempo, porém, eu estava com uma preparação física melhor naquele ano. Aprovamos no Sindicato a ideia de abrir a regional para os bancários como ponto de apoio. Passaram por lá uns 20 bancários. Foi legal!
No ano passado, fiquei me perguntando se participava ou não da prova. Minha tia querida havia morrido um pouco antes e eu estava muito infeliz e depressivo. Acabei participando e consegui completar a prova. Estava muito fora de forma e senti uma alegria imensa quando completei a prova na Av. Paulista. Estava barbudo como o personagem Forrest Gump e me chamei de tal, pintando o nome na camiseta. Foi uma curtição! Fiz em 1 hora e 47 minutos.
E então, o dilema de participar ou não voltou em 2010. Foi um ano de muita luta, pouco tempo para atividades físicas e acabei me inscrevendo no último dia, pois fiquei no dilema: posse da presidente Dilma ou a corrida de São Silvestre?
Gostaria de ter ido à posse como fui na do presidente Lula em 2003, mas além do cansaço acumulado, achei que suportaria ver somente pela tv em casa (em 2003, estava no réveillon em Minas Gerais e deu um nó na garganta e um aperto no peito e saí sozinho e perambulei a madrugada toda até chegar em Brasília às 11h da manhã e VALEU À PENA! EU ESTIVE LÁ NAQUELA DATA HISTÓRICA). Sei que tenho um dedinho de participação na eleição da primeira mulher presidente do Brasil.
A regional Paulista do Sindicato já está virando tradição e dezenas de bancários passam por lá. Temos frutas à disposição dos colegas e eles podem se trocar lá tranquilamente. O clima é muito gostoso.
E a corrida? Cheguei no mês de dezembro sem condição alguma de correr. Então, fiz um planejamento que deu muito certo. Fiz algumas corridas no mês com aumento progressivo de percurso e cheguei no dia 31 num momento de crescimento do condicionamento. Deu certo! Fiz a prova em meu melhor tempo: 1 hora e 37 minutos. O dia estava nublado e isso ajudou também.
Tenho descoberto algo interessante em meus desafios físicos como, por exemplo, as romarias e as corridas de rua: ainda tenho lenha pra queimar!!!
83a São Silvestre - 2007 tempo: 1:45:29 posição geral: 13.863
84a São Silvestre - 2008 tempo: 1:39 (não achei os dados)
85a São Silvestre - 2009 tempo: 1:46:46 posição geral: 13.925
86a São Silvestre - 2010 tempo: 1:37:26 posição geral: 9.580 (1.567 na faixa 40-44 anos), nº de peito 19878
"CHISTE"
DESSE JEITO, já posso me sentir metido à besta e dizer que em 2011 vou fazer a prova em uns 90' e deixar mais uns 4 mil pra trás, heim! Eu alcanço esses quenianos em uns 10 anos, valeu!?
COMENTÁRIO EM 2012
Infelizmente, não corri a 87ª São Silvestre em sinal de protesto pela mudança do percurso da prova para atender às exigências da Rede Globo e sua festa de final de ano na Paulista. Simplesmente retiraram a chegada na Paulista e jogaram os corredores lá para o Parque Ibirapuera.
Depois de 15 km de corrida, os participantes chegaram lá e tiveram que se virar para procurar transporte público para ir embora. Lá não tem metrô e trem e quase não há opções de ônibus. DESRESPEITO TOTAL AOS PARTICIPANTES DA PROVA EM NOME DO CAPITAL!
Esta foi a minha quarta participação na corrida de São Silvestre. FIZ O MEU MELHOR TEMPO!
No ano em que estreei na prova - 2007 - fiz o tempo de 1 hora e 45 minutos. Fiquei muito contente por ter completado o percurso de 15 km. Descobri que a corrida é uma verdadeira festa. Pensei também em aproveitar a regional Paulista do Sindicato para abrir o local para os colegas bancários que correm a prova. Mas ficou em cima da hora e não deu tempo naquele ano.
Em 2008, participei pela segunda vez e consegui fazer a prova em 1 hora e 39 minutos. Foi um bom tempo, porém, eu estava com uma preparação física melhor naquele ano. Aprovamos no Sindicato a ideia de abrir a regional para os bancários como ponto de apoio. Passaram por lá uns 20 bancários. Foi legal!
No ano passado, fiquei me perguntando se participava ou não da prova. Minha tia querida havia morrido um pouco antes e eu estava muito infeliz e depressivo. Acabei participando e consegui completar a prova. Estava muito fora de forma e senti uma alegria imensa quando completei a prova na Av. Paulista. Estava barbudo como o personagem Forrest Gump e me chamei de tal, pintando o nome na camiseta. Foi uma curtição! Fiz em 1 hora e 47 minutos.
E então, o dilema de participar ou não voltou em 2010. Foi um ano de muita luta, pouco tempo para atividades físicas e acabei me inscrevendo no último dia, pois fiquei no dilema: posse da presidente Dilma ou a corrida de São Silvestre?
Gostaria de ter ido à posse como fui na do presidente Lula em 2003, mas além do cansaço acumulado, achei que suportaria ver somente pela tv em casa (em 2003, estava no réveillon em Minas Gerais e deu um nó na garganta e um aperto no peito e saí sozinho e perambulei a madrugada toda até chegar em Brasília às 11h da manhã e VALEU À PENA! EU ESTIVE LÁ NAQUELA DATA HISTÓRICA). Sei que tenho um dedinho de participação na eleição da primeira mulher presidente do Brasil.
A regional Paulista do Sindicato já está virando tradição e dezenas de bancários passam por lá. Temos frutas à disposição dos colegas e eles podem se trocar lá tranquilamente. O clima é muito gostoso.
E a corrida? Cheguei no mês de dezembro sem condição alguma de correr. Então, fiz um planejamento que deu muito certo. Fiz algumas corridas no mês com aumento progressivo de percurso e cheguei no dia 31 num momento de crescimento do condicionamento. Deu certo! Fiz a prova em meu melhor tempo: 1 hora e 37 minutos. O dia estava nublado e isso ajudou também.
Tenho descoberto algo interessante em meus desafios físicos como, por exemplo, as romarias e as corridas de rua: ainda tenho lenha pra queimar!!!
83a São Silvestre - 2007 tempo: 1:45:29 posição geral: 13.863
84a São Silvestre - 2008 tempo: 1:39 (não achei os dados)
85a São Silvestre - 2009 tempo: 1:46:46 posição geral: 13.925
86a São Silvestre - 2010 tempo: 1:37:26 posição geral: 9.580 (1.567 na faixa 40-44 anos), nº de peito 19878
"CHISTE"
DESSE JEITO, já posso me sentir metido à besta e dizer que em 2011 vou fazer a prova em uns 90' e deixar mais uns 4 mil pra trás, heim! Eu alcanço esses quenianos em uns 10 anos, valeu!?
COMENTÁRIO EM 2012
Infelizmente, não corri a 87ª São Silvestre em sinal de protesto pela mudança do percurso da prova para atender às exigências da Rede Globo e sua festa de final de ano na Paulista. Simplesmente retiraram a chegada na Paulista e jogaram os corredores lá para o Parque Ibirapuera.
Depois de 15 km de corrida, os participantes chegaram lá e tiveram que se virar para procurar transporte público para ir embora. Lá não tem metrô e trem e quase não há opções de ônibus. DESRESPEITO TOTAL AOS PARTICIPANTES DA PROVA EM NOME DO CAPITAL!