domingo, 23 de março de 2008

Crash - No Limite, de Paul Haggis (2004)


Poster do filme. Fonte: Wikipedia

(atualizado em 02/11/19)

Refeição Cultural - Crash - No Limite


Direção: Paul Haggis - 2004

Com Matt Dillon, Sandra Bullock e outros.

Assisti por esses dias a um filme que entra para minha galeria de preferidos. “Crash - No Limite”. Eu o coloco na mesma prateleira de “Um Dia De Fúria”, “Beleza Americana” e “Pão e Rosas”.

A palavra-chave para o filme é: uma sociedade doente.

Infelizmente, retrata-se ali a cidade de Los Angeles, que por sinal é um espelho da sociedade americana. Na verdade, penso que a sociedade mundial está doente, com raríssimas exceções.

Temos ali um retrato das sociedades capitalistas modernas. E que se dizem democráticas.

Cenas cotidianas

- Uma asiática que ofende a uma suposta latina em uma batida de trânsito; garota que está no carro com um negro que é policial; negro que é irmão de outro negro, ladrão de carros; ladrão que anda com outro negro que diz que tudo é preconceito contra sua raça, até o jeito de olhar da garçonete no fast food ou da branca que vem pela calçada com seu marido; casal que finge não ser preconceituoso quando vê os dois negros se aproximando; negros que, por acaso, assaltam esses brancos e levam o seu carro e atropelam um asiático...

- enquanto isso, na casa das vítimas brancas ocorre uma rusga, pois a mulher branca acha seu marido condescendente com gente como o chaveiro que trocou a fechadura de sua casa, e que ela pensa ser bandido por ter aparência de latino com tatuagens; 

- em outro canto da cidade, um árabe é maltratado em uma loja de armas por seu dono branco que o ofende chamando-lhe de Bin Laden; 

- enquanto isso, ainda, um casal de negros endinheirado é parado na rua por um policial branco racista que quer descontar a raiva em alguém por seu pai estar doente e então humilha o casal alisando a mulher na vistoria, observado pelo outro policial loiro - que depois troca de parceiro por se achar certinho e incorruptível...

A partir daí desenrola-se a trama toda.

Durante os 100 minutos de filme, tudo o que se vê é a explicitação da falsa democracia americana, da falsa liberdade americana, da falsa terra de oportunidades americana, da falsa competência americana, em resumo, da falsidade norte-americana.

O que temos ali é preconceito, medo, falta de liberdade, falta de ética, falta de direitos (humanos e sociais). Será que é aquilo que o mundo precisa? Aquela é a sociedade ideal na qual se inspiram os liberais? Seria aquela a tal democracia racial? Ou étnica?

Um outro mundo é possível.

E o final do filme nos mostra que não é dali que vamos tirar a referência de outra sociedade necessária ao mundo.

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Post Scriptum em 2012

O SUL É A NOVIDADE DO SÉCULO XXI

Que tal mudarmos o nosso olhar mais para baixo no Atlas Geográfico?

Ali pelo lado do México, onde a população fez grande resistência à suposta fraude eleitoral arquitetada pela elite burguesa, na eleição mais conturbada das últimas décadas, quando Obrador foi roubado, pois ganhou a eleição mas não levou (2004).

Ou então, podemos olhar para Cuba, que resiste há décadas ao embargo imperialista americano. Se, por um lado, a falta de liberdade não é ideal e falta, inclusive, o direito a mais partidos políticos; por outro lado, é o lugar do mundo onde mais se investe em educação e saúde pública para todos.

Continuando a ir para o sul, podemos dar uma parada ali na Venezuela, onde a Revolução Bolivariana de Hugo Chávez provoca arrepios aos imperialistas.

Descemos mais até passar pela potência Brasil, que em detrimento de erros cometidos aqui e acolá, mudou a vida de quase 80 milhões de pessoas que viviam à margem da própria vida e que agora parecem querer que as mudanças continuem com o governo democrático-popular de Dilma Rousseff, que sucede ao melhor governo da história do país, sob a batuta de Lula da Silva.

Ainda podemos passar pela Bolívia, Uruguai, Chile (apesar de retroceder à direita com Piñera), Equador e Argentina.

É um filme interessante.

Quando assisti aos outros três que citei, também quedei-me pensando nesta questão da sociedade “moderna” doentia em que vivemos.

Apesar de difícil (por nadar contra a corrente) muitos querem um outro mundo. E é por isso que nós socialistas, progressistas, esquerdistas, sindicalistas, saímos todos os dias de casa a buscar.

Um outro mundo é possível.

William Mendes

(Por um mundo mais solidário, com mais oportunidades e menor acumulação por poucos)

(comentado em 2006 e revisto em 2012)

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Post Scriptum (02/11/19)

Quinze anos se passaram desde que o filme foi lançado. Quanta coisa aconteceu de lá pra cá. Quanta coisa! Os Estados Unidos são governados pelo empresário troglodita Donald Trump. O Brasil sofreu um golpe de Estado em 2016, derrubaram a Dilma Rousseff, sem crime de responsabilidade, sequestraram o ex-presidente Lula, que se candidatou para suceder o golpista Temer em 2018, e segundo as pesquisas seria eleito em primeiro turno... inventaram uma tal Lava Jato, uma organização criminosa dentro da estrutura estatal, e até hoje Lula segue preso, mesmo após toda a operação Lava Jato e os bandidos que a comandam serem desmascarados pelo site The Intercept Brasil, provando que armaram um conluio para destruir as cadeias produtivas do Brasil, roubarem o pré-sal, destruírem os direitos do povo brasileiro e doar o patrimônio público aos gringos. Todo mundo da elite está envolvido nesse projeto de destruição do país: o golpe foi "com o Supremo, com tudo" como demonstraram as gravações vazadas dos golpistas. Que canseira de descrever isso. CRASH... é bem isso... ah, já ia me esquecendo. As milícias e máfias ascenderam ao poder e estão nas instituições estatais do Brasil. O cara que ocupa a cadeira presidencial por golpe em 2018 e fraude nas eleições é o fascista troglodita Jair Bolsonaro. Todos os seus filhos têm mandatos e a famiglia toda manda no país. Elegeram fascistas no RJ, em SP e diversos Estados brasileiros. CRASH... 

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