domingo, 31 de agosto de 2008

Poema - As partes da Arte




A
Ar
Art
Arte
Artes
A ti
Artista
Ar a ti artista
A arte do artista

Arte

Artista
Ar a ti
Arte
Ar a ti
Artista


Wmofox, sem data

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

O gigolô das palavras - Luis Fernando Verissimo





Luis Fernando Verissimo

Quatro ou cinco grupos diferentes de alunos do Farroupilha estiveram lá em casa numa mesma missão, designada por seu professor de Português: saber se eu considerava o estudo da Gramática indispensável para aprender e usar a nossa ou qualquer outra língua. 

Cada grupo portava seu gravador cassete, certamente o instrumento vital da pedagogia moderna, e andava arrecadando opiniões. Suspeitei de saída que o tal professor lia esta coluna, se descabelava diariamente com suas afrontas às leis da língua, e aproveitava aquela oportunidade para me desmascarar. 

Já estava até preparando, às pressas, minha defesa ("Culpa da revisão! Culpa da revisão!"). Mas os alunos desfizeram o equívoco antes que ele se criasse. Eles mesmos tinham escolhido os nomes a serem entrevistados. Vocês têm certeza que não pegaram o Verissimo errado? Não. Então vamos em frente.

Respondi que a linguagem, qualquer linguagem, é um meio de comunicação e que deve ser julgada exclusivamente como tal. Respeitadas algumas regras básicas da Gramática, para evitar os vexames mais gritantes, as outras são dispensáveis. A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios. Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo: dizer "escrever claro" não é certo mas é claro, certo? O importante é comunicar. (E quando possível surpreender, iluminar, divertir, mover... Mas aí entramos na área do talento, que também não tem nada a ver com Gramática.) 

A Gramática é o esqueleto da língua. Só predomina nas línguas mortas, e aí é de interesse restrito a necrólogos e professores de Latim, gente em geral pouco comunicativa. Aquela sombria gravidade que a gente nota nas fotografias em grupo dos membros da Academia Brasileira de Letras é de reprovação pelo Português ainda estar vivo. Eles só estão esperando, fardados, que o Português morra para poderem carregar o caixão e escrever sua autópsia definitiva. É o esqueleto que nos traz de pé, certo, mas ele não informa nada, como a Gramática é a estrutura da língua, mas sozinha não diz nada, não tem futuro. As múmias conversam entre si em Gramática pura.

Claro que eu não disse isso tudo para meus entrevistadores. E adverti que minha implicância com a Gramática na certa se devia à minha pouca intimidade com ela. Sempre fui péssimo em Português. Mas - isso eu disse - vejam vocês, a intimidade com a Gramática é tão indispensável que eu ganho a vida escrevendo, apesar da minha total inocência na matéria. 

Sou um gigolô das palavras. Vivo às suas custas. E tenho com elas exemplar conduta de um cáften profissional. Abuso delas. Só uso as que eu conheço, as desconhecidas são perigosas e potencialmente traiçoeiras. Exijo submissão. Não raro, peço delas flexões inomináveis para satisfazer um gosto passageiro. Maltrato-as, sem dúvida. E jamais me deixo dominar por elas. Não me meto na sua vida particular. Não me interessa seu passado, suas origens, sua família nem o que outros já fizeram com elas. 

Se bem que não tenho o mínimo escrúpulo em roubá-las de outro, quando acho que vou ganhar com isto. As palavras, afinal, vivem na boca do povo. São faladíssimas. Algumas são de baixíssimo calão. Não merecem o mínimo respeito.

Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas palavras seria tão ineficiente quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel. Acabaria tratando-as com a deferência de um namorado ou a tediosa formalidade de um marido. A palavra seria a sua patroa! Com que cuidados, com que temores e obséquios ele consentiria em sair com elas em público, alvo da impiedosa atenção dos lexicógrafos, etimologistas e colegas. Acabaria impotente, incapaz de uma conjunção. A Gramática precisa apanhar todos os dias pra saber quem é que manda.


Fonte: crônica retirada do livro "Mais comédias para ler na escola", Editora Objetiva, 2008.


Post Scriptum (do blogueiro):

Dando uma de gigolô das palavras, tomei a liberdade de dividir em mais parágrafos o texto do Verissimo e grifei trechos porque acho que assim fica "mais claro, mais palatável" para leitores virtuais.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

A importância da vírgula




Flores Osasquenses. Foto: William Mendes.

Vejam que interessantes os exemplos abaixo referentes ao uso do sinal gráfico "vírgula" na língua portuguesa. A presença ou ausência da vírgula muda completamente o sentido do enunciado.


1. A Vírgula pode ser uma pausa... ou não.

"Não, espere." ou "Não espere."


2. A Virgula pode sumir com seu dinheiro.

"23,4." ou "2,34."


3. A Virgula pode ser autoritária.

"Aceito, obrigado." ou "Aceito obrigado."


4. A Virgula pode criar heróis.

"Isso só, ele resolve." ou "Isso só ele resolve."


5. A Virgula pode criar vilões.

"Esse, juiz, é corrupto." ou "Esse juiz é corrupto."


6. A Virgula pode ser a solução.

"Vamos perder, nada foi resolvido." ou "Vamos perder nada, foi resolvido."


7. A vírgula muda uma opinião.

"Não queremos saber." ou "Não, queremos saber."


8. Uma vírgula muda tudo. Vejam isso:

"Se o homem soubesse o valor que tem a mulher andaria de quatro à sua procura."


Se você for mulher, certamente colocou a vírgula depois de "mulher".

"Se o homem soubesse o valor que tem a mulher, andaria de quatro à sua procura."


Se você for homem, colocou a vírgula depois de "tem".

"Se o homem soubesse o valor que tem, a mulher andaria de quatro à sua procura."


Fonte: Movimento de Educadores Sociais Urbanos.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Romaria 2008


Santuário de N. Sra. da Abadia.

Refeição Cultural - Velha caminhada; nova experiência, sempre!

Mais um ano, mais uma caminhada para Romaria.
Mais velho, mais experiente, e mais preparado.

Como ocorre em certos acontecimentos, a experiência de fazer a caminhada de Uberlândia à cidade de Romaria (ou Água Suja) é sempre diferente a cada ano.

Aliás, posso dizer que, se por um lado o corpo está mais velho e isso poderia ser uma desvantagem, por outro, aprende-se a pisar melhor, economizar energia e se auto preservar.

Bom, para que se tenha uma ideia de como são as distâncias e referências que os romeiros usam quando estão caminhando, apresento abaixo os trechos percorridos para aqueles que saem da cidade de Uberlândia. O que se chama aqui "Rio das Velhas" na verdade é o Rio Araguari.


Da casa de meus pais até o trevo para Araxá....................12,0 km

Do trevo para Araxá a Olhos D'Água...................................6,7 km
De Olhos D'Água até a Ponte do Rio das Velhas...................8,1 km
Da Ponte do Rio das Velhas até o Trevo de Miranda.............3,7 km
Do Trevo de Miranda até o Posto Triângulo.........................7,8 km
Do Posto Triângulo até o Trevo para Araguari.....................3,7 km
Do Trevo para Araguari até a Aliança Agro-Florestal............3,2 km
Da Aliança Agro-Florestal até o Posto N. Sra. da Guia..........2,8 km
Do Posto N. Sra. Da Guia até a Antena...............................11,0 km
Da Antena até o Posto Santa Fé.........................................12,5 km
Do Posto Santa Fé até o Desvio (Atalho).............................6,0 km
Do Atalho até o Mata Burro (Córrego).................................3,0 km
Do Mata Burro até o Pé da Escadaria (Igreja).....................5,0 km

Total da minha caminhada: 85,5 km


Este ano fui muito bem novamente, pois fiz o percurso em 21 horas e meia. Saí da casa de meus pais às 11:15h de sexta e cheguei a Igreja às 8:45h de sábado.

Pela primeira vez em todos esses anos, cheguei sem estar com os pés arrebentados. Não tive nenhuma bolha que me trouxesse sofrimento.



Foto de William Mendes com sua querida
mamãe Dirce Mendes.


A SAÍDA

Saí às 11h com Sol forte. Ter usado camisa de manga e calça longa não foi uma boa escolha, pois passei muito calor até o fim da tarde.

Cheguei ao bairro Alvorada às 13:30h. Segui caminhando e fazendo pequenas paradas - mais para trocar meias. Parei um pouco antes dos Olhos D'Água para comer um lanche, ovo e maçã. Eram 15h.

Dessa vez passei direto pelo Rio das Velhas - cerca de 17h - e peguei a grande subida direto.

Escureceu às 18h. Parei no meio da subida. Resolvi esticar até o Posto Triângulo. Não tinha bolhas nos pés e estava bem.


CAMINHANDO AO LUAR 

A primeira parte da noite de lua crescente é clara. Apesar de não se comparar à lua cheia, dá para ver até nossa sombra no chão.

Cheguei ao Posto Triângulo às 20h (ele não funciona mais - antes era um lugar com água, banheiro e comércio).

Saí para andar até o Posto N. Sra. da Guia, uns 10 km. 


Outra novidade ruim: não estava lá a barraca de ajuda aos romeiros pra tomar aquela sopa maravilhosa. Ainda bem que, antes, tomei um caldo de feijão de uma barraquinha no acostamento. Além de ganhar laranja e banana.


ESTICADA ATÉ A ANTENA 

Cheguei ao Posto às 22:30h. Já havia andado 48 km e estava muito bem fisicamente. Saí para dar aquela conhecida esticada que nunca chega: a Antena.

São 11 km e o difícil é que quando você avista aquela luzinha vermelha no meio do nada, acha que está chegando, mas ainda faltam quilômetros e você anda mais de uma hora mirando a tal Antena e ela não chega.

Bom, como faço tradicionalmente, já vinha marcando meu ritmo pelo som de minhas fitas cassete. Apesar de ser antiquado usar aikman ao invés de MP3, o fato de ter que virar a fita a cada 30 minutos me ajuda a espantar o sono (que na madrugada seria terrível!).

Cheguei à Antena às 2h da manhã. Cansado, mas sem bolhas e melhor que usualmente. Finalmente, tomei a reconfortante sopa e comi outro ovo cozido que levei.



Foto de William Mendes, após andar
uns 60 km direto.

Saí para caminhar mais 12,5 km até o Posto Santa Fé. Calculei que chegaria às 5h da manhã e cheguei. Outra surpresa ruim: o posto fechou também. Tive que me deitar no chão mesmo pra relaxar uns 20 minutos. 


Passei muito sono nessa caminhada. Dei umas deliradas de sono andando meio dormindo. A madrugada já estava um breu total desde a meia-noite, quando a lua foi embora.

Estava com fome, mas não conseguia comer nada, pois estava com o estômago meio enjoado.



Foto de William Mendes,
na chegada da romaria
e ao lado da igreja local.

EM BUSCA DO ATALHO E DA CIDADE 

Saí para caminhar até o Atalho. Cheguei às 7h da manhã.

Comi umas frutas que estavam distribuindo na estrada e decidi só parar na escadaria da igreja - 8 km à frente, após passar pelo eucaliptal, descida de pó e cascalho e subida animal rumo à entrada da cidade.

Cheguei às 8:45h e muito contente, apesar do cansaço, pois não cheguei estragado fisicamente.



COMENTÁRIO FINAL

Fazer essa Romaria é bem diferente de caminhar os 900 km que farei na Espanha um dia. Mas é sempre um aprendizado. Um momento de introspecção. Um momento de humildade; de autocontrole e de renovação de você mesmo.

Voltei um pouco mais leve - em relação ao peso que carrego em meus ombros.

Agora, é pensar em minha próxima São Silvestre em dezembro.


William

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Artigo - Contribuição para a Campanha Nacional dos Bancários (2007)


Outro texto bastante atualizado, mesmo após a Conferência Nacional dos Bancários 2008.


Contribuição para a Campanha Nacional dos Bancários

William Mendes (*)


Já estamos nos preparatórios da Campanha Nacional dos Bancários de 2007. Como todos os anos, alguns temas serão de grande importância para maior ou menor sucesso no embate entre patrões e empregados.

Qual o modelo de Campanha que devemos adotar? Mesa única para bancos públicos federais e bancos privados? Ou cada um por si (e o diabo contra todos)?

Quais devem ser os eixos econômicos e sociais da campanha?

Deve-se exigir perdas (“percas”) de outras eras, de outros governos?

Estes são alguns dos debates que os bancários da CUT (90% da categoria) e os seus representantes sindicais já estão fazendo nos encontros e congressos estaduais e regionais para culminar na Conferência Nacional dos Bancários no final de julho.

Como penso que dirigente sindical deve apresentar sua opinião para fomentar o bom debate, direi aqui o que penso a respeito da Campanha Nacional deste ano e as possibilidades que vislumbro.


Passado recente: bancários lutaram pela unidade. Objetivos dos bancários

Em um passado recente, do ano 2000 para cá, os bancários de bancos públicos e privados tinham alguns objetivos em comum e outros em particular:

 Sair da armadilha dos banqueiros de não repor ao menos a inflação em toda campanha salarial nos privados e públicos estaduais. Sair do congelamento salarial nos públicos federais.

 Não aceitar que os eventuais abonos, oferecidos pelos banqueiros, substituíssem o reajuste, causando assim perda da massa salarial real a cada ano.

 Melhorar a distribuição da PLR – Participação nos Lucros e Resultados - nos privados e ter direito a ela nos públicos federais.

 Conseguir isonomia de direitos entre os ACTs (Acordos Coletivos de Trabalho específicos por banco ou federação) e a CCT (Convenção Coletiva de Trabalho dos Bancários), assinada com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) desde 1992 e maior conquista dos trabalhadores bancários, pois unificou direitos sociais e econômicos e proibiu salários menores por regiões como era nos anos 80.

 Conseguir isonomia de direitos entre os funcionários dos bancos públicos federais e estaduais admitidos antes e depois das resoluções 9 e 10 da então chamada CCE - Comissão de Controle das Estatais, de 1996 e 1997, do governo do PSDB/PFL, que criou um apartheid com funcionários admitidos com menos direitos sociais e menores salários.

 Junto a questões econômicas de todos os bancários, também haviam questões sociais fundamentais como lutar pelo fim da terceirização que já começava a ganhar fôlego, igualdade de oportunidade dentro dos bancos, luta contra o assédio moral e adoecimento no sistema financeiro (como Lesões por Esforço Repetitivo-LER e doenças psicossomáticas), dentre outras reivindicações que exigiam mais direitos e condições de trabalho para a categoria.


O presente: unidade segue em construção. Objetivos alcançados

 Os bancários passaram a conseguir a manutenção do poder de compra dos salários a partir de 2004 e obtiveram ganhos reais, ou seja, índices nas campanhas maiores que a inflação dos períodos;

 Os bancários dos bancos públicos federais passaram a ter reajustes salariais anualmente; muitos direitos da CCT dos bancários foram estendidos aos trabalhadores dos públicos como ausências legais, menor desconto do vale-transporte, cestas alimentação e refeição - que eram menores ou não existiam etc;

 Os bancários da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil passaram a receber a PLR a partir de 2003, sendo ao menos igual à da categoria ou maior; com negociações banco a banco foi possível aumentar direitos a partir da PLR da Fenaban;

 Mesmo com campanhas unificadas, muitos direitos específicos foram alcançados nas mesas permanentes nos bancos públicos e privados como, por exemplo, soluções para a Previ, negociação sobre a Cassi e conquistas de direitos como abonos e outros no BB; acordo aditivo do Santander Banespa com direitos acima da CCT; soluções para o PCR e plano de saúde no Itaú; volta e ampliação de direitos e readmissão de empregados demitidos ilegalmente pelo normativo RH 008 na Caixa Federal, dentre outros bancos;

 Contratação de cerca de 30 mil bancários a mais no BB e na Caixa Econômica Federal;

 BB e Caixa passaram a integrar a Convenção da categoria, deixando para um aditivo os direitos maiores e/ou diferentes.


E 2007? Devemos seguir na unidade da categoria

Pelo que já vivenciei como bancário do Unibanco até 1990 e como funcionário do Banco do Brasil nos últimos 15 anos, tenho a convicção de que a melhor opção para os bancários dos segmentos público e privado é continuarem unidos na luta de classe, como categoria forte e organizada e buscando suas conquistas contra um setor cada vez mais oligárquico e padronizado: os bancos.

Penso que devemos defender a todo custo a Convenção Coletiva de Trabalho com direitos econômicos e sociais para todos os bancários em nível nacional.

Não podemos cair no equívoco defendido por alguns segmentos, que querem separar os bancários por banco ou por regiões do país. A história da categoria já nos mostrou onde isso leva: enfraquecimento, perda de direitos e isolamento diante dos banqueiros e da sociedade (no caso dos bancos públicos).


Eixos comuns aos bancários

Nesse sistema financeiro cada vez mais automatizado e desregulamentado, os bancários de bancos públicos e privados devem lutar contra o assédio moral, o fim das metas abusivas, barrar a terceirização ilegal que pode, inclusive, inviabilizar a categoria bancária.

Em um regime de estabilidade econômica, é importante que os bancários consigam implantar e/ou melhorar Planos de Cargos e Salários na CCT e nos aditivos por banco, conjugados com aumento nos pisos por níveis de responsabilidade, ou seja, escriturários, caixas, primeiras comissões de assistentes, analistas, gerentes de contas, gerentes administrativos e primeiros gestores.

A estas bandeiras comuns devemos lutar por aumento real e melhor distribuição da PLR com distribuição de porcentagem linear além da regra já conquistada.


(*) William Mendes é secretário de Imprensa da Contraf-CUT

Artigo: Acerca da contratação da remuneração dos trabalhadores bancários: uma contribuição ao debate (2007)


Escrevi este artigo em 2007 e relendo ele vejo que está bem presente em nossos debates ideológicos.



Acerca da contratação da remuneração dos trabalhadores bancários: uma contribuição ao debate

(*)William Mendes


Descrição factual da remuneração

É notório o fato de que, a cada ano, aumenta a porcentagem da remuneração do trabalhador bancário que fica fora da Convenção Coletiva de Trabalho e, respectivamente, passível de negociação coletiva – sempre mais forte e abrangedora do ponto de vista do trabalhador.

Hoje, da remuneração anual dos bancários, estão no âmbito da contratação coletiva: o piso de portaria, contínuos e serventes (R$ 605,68) e o piso de escriturários, tesoureiros e caixas (R$ 869,33), sendo que um caixa ou tesoureiro não pode receber menos de R$ 1.214,84. (a gratificação mínima de caixa é de R$ 234,58)

Também existe outro balizador contratado coletivamente: a gratificação de função de que trata o parágrafo 2º do artigo 224 da CLT. (nela o mínimo é 1/3 e na CCT é 55%)

Uma parcela anual que ganhou força desde meados da década de 90 foi a PLR – Participação nos Lucros e Resultados. (conquistada no BB e Caixa Federal somente após as campanhas unificadas de 2003)

Para não deixar de considerar conquistas importantes dos bancários, devemos citar também o vale-refeição e o vale-alimentação que equivalem R$ 543,66 (semelhante à média salarial mensal do povo brasileiro).


O que o mercado financeiro busca e implementa

A disputa ideológica e sistêmica do ramo financeiro atual visa a desregulamentar cada vez mais a remuneração do trabalhador bancário de qualquer direito coletivo e padronizado.

Em vez de salário contratado, quer pagar por produção e “competência”. Em vez de jornada padronizada, a busca por metas inclui um telefone celular e disposição 24 horas por dia para se alcançar os objetivos da empresa (vendas, empréstimos, aplicações etc).

Em vez de bancários com direitos “antiquados” (segundo os banqueiros), empresas terceirizadas.

Querem o fim do salário, dos direitos e benefícios sociais.


Proposta de contratação da remuneração na CCT

Em um regime de estabilidade econômica, é importante que os bancários consigam implantar e/ou melhorar Planos de Cargos e Salários na CCT e nos aditivos por banco, conjugados com aumento nos pisos por níveis de responsabilidade, ou seja, escriturários, caixas, primeiras comissões de assistentes, analistas, gerentes de contas, gerentes administrativos e primeiros gestores.

Neste sentido, devemos ter propostas concretas para o debate na categoria.

Devemos lutar para contratar na CCT, além dos pisos citados, os pisos das funções gerais acima.


PCS (Plano de Cargos e Salários) – é razoável para a estabilidade atual brasileira termos um plano de cargos para os bancários com promoções por tempo de serviço em 12 níveis, sendo 10 níveis de 3 anos e 2 de 2 ½ anos, perfazendo uma carreira de 35 anos de trabalho (legislação atual) com um interstício de 6%, onde o bancário começa com um piso de 100 unidades monetárias e chega ao final de sua vida laboral com 189,83 unidades monetárias (fora as ascensões e promoções naturais na carreira).


PCC (Plano de Cargos Comissionados) – nossa proposta inclui pisos em funções gerais de portaria, escriturário, caixas, telemarketing e teleatendimento, assistentes, analistas, gerentes de contas, gerentes de setor, gerentes administrativos e primeiros gestores.

Dentro destas funções gerais deve haver crescimento horizontal com níveis diversos, para que o bancário perceba uma remuneração melhor à medida que ganhe conhecimento e experiência na função que desempenha.

Este PCC na Convenção Coletiva seria o básico, ficando a critério de aditivos as especificidades de cada banco.

Para darmos um exemplo, esta proposta de PCS e de PCC seria muito melhor no Banco do Brasil de hoje, onde o PCS atual – alterado unilateralmente em 1996 - é de 3% entre os 12 níveis e quase não existe o PCC.


Buscar a contratação salarial sem aumentar a remuneração variável

Para finalizar, não acredito que resolveria entrarmos em um debate com os banqueiros de querer regulamentar algum tipo de comissão por vendas ou metas alcançadas como nos comerciários, pois o que os patrões querem é o fim do salário e que o bancário ache que sindicato não serve para nada, a não ser cobrar o imposto sindical e o assistencial.

Ademais, temos no país cerca de 45% da categoria bancária pertencente aos bancos públicos federais e estaduais e não tem como justificar para a sociedade brasileira que estes bancários percebam qualquer tipo de remuneração ligada a espoliação desta mesma sociedade.


(*) William Mendes
Secretário de Imprensa da Contraf-CUT

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Antes de Santiago de Compostela, caminho até a Romaria (MG)



Santuário da cidade de Romaria.

Antes de fazer minha viagem até a Espanha e caminhar cerca de 900 km, vou fazer mais uma vez o caminho de Uberlândia a Água Suja (Romaria) no Triângulo Mineiro.

Da casa de meus pais até o Santuário de N. Sra. da Abadia de Água Suja são cerca de 85 km.

Viajarei para Uberlândia na próxima semana (quarta à noite) e pretendo pegar a estrada na sexta-feira, 8 de agosto, pela manhã.

Sempre fico ansioso por começar a romaria, por mais que sofra muito para completar o caminho, andando sem parar por cerca de 20 horas.

Veja aqui o histórico do Santuário e dessa peregrinação:


Histórico do Santuário

1867 – “O descobrimento de diamantes no córrego de Água Suja deu origem ao povoado de mesmo nome.” (Pe. Primo Maria Vieira)

1870 – “Joaquim Perfeito Alves Ribeiro, em companhia do viajante Custódio da Costa Guimarães, faz a aquisição da imagem de Nossa Senhora da Abadia. Esta meiga e linda Imagem, personificando a Virgem, por todos aclamada e a todos abençoando, entra triunfalmente neste povoado.” (Pe. Primo Maria Vieira)

Daí começaram as romarias.

A pé, a cavalo, de carro de boi... de automóvel, caminhão, ônibus...

“Quem uma vez veio a este Santuário assistir aos festejos, nunca mais deixou de vir.” (Pe. Primo Maria Vieira)

1872 – 19 de julho: foi criada a Paróquia de Nossa Senhora da Abadia de Água Suja. Até 1899, os padres da diocese de Goiás tomaram conta de Água Suja.

Em 1899 – Chegaram os padres agostinianos, vindos da Espanha. Ficaram até 1916.

1916 – Padre Primo Maria Vieira nascido em Portugal, foi pároco até 1922. Escreveu a “Monografia da Paróquia e Santuário Episcopal de Nossa Senhora da Abadia de Água Suja”. É a nossa história do período de 1870 a 1920.

1925 – Chegaram os padres dos Sagrados Corações, vindos da Holanda, tendo à frente Padre Eustáquio. Ficaram até 31 de março de 1991.

1926 – O atual santuário, escolhido pela Mãe de Deus para nele distribuir graças e favores, foi iniciado por Padre Eustáquio. Mutirões de carros de bois e ajuda dos romeiros e devotos o deixaram pronto em maio de 1975.

1994 - Monsenhor Primo Vieira, nascido em Romaria (11/06/1919), sobrinho de Pe. Primo Maria Vieira, padre da diocese de Santos, terminou o livro “Nossa Senhora da Abadia – A História de uma devoção”. Faleceu em Portugal em 22/07/1994.

2001 – 30 de dezembro: A ACADEMIA SENHORA DA ABADIA (ASA), quer com carinho cuidar dessa nossa história.

Santuário Nossa Senhora da Abadia de Água Suja – Romaria - MG

Fonte: www.senhoradabadia.com.br