sábado, 11 de outubro de 2008

Livro: O menino no espelho - Fernando Sabino


Fernando Sabino.

Refeição Cultural

O MENINO NO ESPELHO - FERNANDO SABINO

"The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind"
(Bob Dylan)


Buscando alguma sobremesa cultural para dar mais sentido à pasta alimentícia diária e necessária (o trabalho, é o trabalho!), li o livro de Fernando Sabino O menino no espelho (1982), que comprei para meu filho usar na escola no bimestre escolar.

Li o livro no intervalo possível, durante a greve dos bancários. Comecei quinta à noite, depois da assembleia, e terminei agora à noite após a reunião do Comando Nacional dos bancários. (Ao som de Bob Dylan... "It ain't me babe"... "Mr. Tambourine man"... "Like a Rolling Stone"... "I want you"... "Just like a woman"... "Blown' in the wind"... )

Que leitura leve e agradável. Me fez chorar de rir. (e isso é bastante raro!)

Foram tantas lembranças de peraltices de infância, algumas nem tão inocentes, outras até bem maldosas.

"O menino é o pai do homem" (William Wordsworth). De novo esta frase tão aclaradora.

Aliás, já confessei humildemente que, em matéria de literatura brasileira e mundial, sou todo lacunas. Eu nunca tinha lido nada de Fernando Sabino. Nem sabia que ele já havia morrido em 2004.

A vida é uma colcha de retalhos como aquela que uso, feita especialmente para mim por minha avozinha Cornélia. A vida é uma colcha de imagens e instantes que guardamos do ontem.

É impressionante! Nunca me esqueci da cena do Rener, amigo da infância, rindo de chorar com o livro em mãos, citando partes em voz alta de O grande mentecapto (1979) - livro que, por sinal, até hoje não li! (sem dúvida, agora eu quero lê-lo - leitura feita em 2013)

Quem sabe naquele momento em que eu era um moleque maloqueiro em meus 12 ou 13 anos não tive naquela imagem do Rener um empurrãozinho para começar a pegar livros do meu primo Jorge Luiz para ler? Livros tipo best sellers, que a tia Lúcia comprava para ele, afinal, ela era funcionária pública e tinha um pouco mais de recursos que o restante da família. (meu primo me explicou depois que era ele quem comprava os livros porque já trabalhava e gostava de ler)

Durante as aventuras do livro, fui vendo em flash backs as várias cenas que estão em minha colcha de retalhos: o professor de Física Jaime, que era gago e que eu tinha a cara de pau de sacaneá-lo; minha primeira briga na escola, de rolar no chão com outro moleque e depois a libertação, quando bati no moleque que mais aterrorizava a meninada da rua; dos primeiros deslumbramentos com as garotas; das casas que morei e do barracão com trocentas goteiras pingando água da chuva e meus pais correndo com os baldes pra lá e pra cá; lembrança até da única vez em que matei um passarinho, igualzinho ao personagem do livro - até hoje me aperta o peito só de lembrar o caso.

Olha, o livro me foi muito bem.


O menino no espelho (1982)
Fernando Sabino (1923-2004)
Editora Record - 82a edição


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