segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Filologia - Edição crítica (César Nardelli Cambraia)




Capítulo 6 

Pode-se dizer que a edição crítica é o objeto por excelência da crítica textual, pois é em sua elaboração que a técnica de estabelecimento do texto exige maior sofisticação. 

Duas etapas fundamentais: o estabelecimento do texto crítico (crítica textual) e sua apresentação (ecdótica). 

ESTABELECIMENTO DO TEXTO CRÍTICO 

Recensão e reconstituição 

RECENSÃO: ESTUDO DAS FONTES (é a sua tradição). Tradição direta, basicamente manuscrita e impressos. A tradição indireta são traduções, paráfrases, citações etc. 

LOCALIZAÇÃO E COLETA DAS FONTES: os principais são os CATÁLOGOS. Em especial os diversos catálogos das bibliotecas nacionais. Também os manuais de história da literatura e os ensaios críticos. 

COLAÇÃO: comparar os testemunhos em busca de LUGARES-CRÍTICOS (ponto do texto em que os testemunhos divergem). Das lições (palavras ou grupos de palavras) temos as VARIANTES. Para apuração dessa fase escolhe-se um TESTEMUNHO DE COLAÇÃO, texto de melhor condição e mais completo. 

ESTEMÁTICA: relação genealógica entre os testemunhos de um texto. Os ESTEMAS são árvores genealógicas que se constroem graficamente para representar a relação entre os testemunhos de um dado texto. 

RECONSTITUIÇÃO DO TEXTO: 

Princípios: 

Reconstituição por testemunhos – a lição do maior número de testemunhos é preferível; 

- a lição mais antiga é preferível; 

- a lição do melhor testemunho é preferível; 

- a lição mais difícil é preferível; 

- a lição mais breve é preferível; 

- a lição que explica a origem de outra é preferível; 

- métrica; 

- estilo; 

- contexto. 

Reconstituição por conjectura: o editor vê-se obrigado a contar com o seu conhecimento e com a sua intuição para restituir o que teria sido a forma genuína da passagem de um texto. 

APRESENTAÇÃO DO TEXTO CRÍTICO 

Depois de cumpridas todas as etapas para a fixação do texto crítico chega-se à fase em que se deve organizar todo o material pesquisado para ser apresentado ao público-leitor: esta fase diz respeito mais propriamente à parte específica da ecdótica. 

Bibliografia: 

CAMBRAIA, César Nardelli. Introdução à crítica textual. SP, 2005, editora Martins Fontes.

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