domingo, 9 de novembro de 2008

Filologia - Trapalhadas tipográficas




Texto: terror de revisores e escritores, vacilos de impressão comprometem o entendimento e foram responsáveis por episódios constrangedores ao longo da história 

Por: Luiz Costa Pereira Junior. 

Não deixo esse prefacio, porque a affeição do meu defundo amigo a tal extremo lhe cagára o juizo que não viria a ponto reproduzir aqui aquella saudação inicial. A recordação só teria valor para mim. Baste aos curiosos o encontro casual das datas, a daquelle, 22 de Julho de 1864, e a deste.

Rio, 22 de Julho de 1900. 

Machado de Assis.” 

CAGÁRA?? É POSSÍVEL ISSO NA FALA DE MACHADO? 

A obra de Machado Poesias Completas, em que o verbo CEGAR foi impresso com A no lugar do E: confusão histórica. 

Outro exemplo de erro tipográfico histórico e constrangedor: 

A edição inglesa da Bíblia, em 1631, engoliu o NÃO do 7º mandamento: 

‘não cometerás adultério’ virou ‘COMETERÁS ADULTÉRIO’ (‘thow shalt commit adultery'

LINGUÍSTICA E FILOLOGIA 

Para linguistas, problemas tipográficos são graves apenas se levarem a uma interpretação diversa da pretendida pelo original. 

Para JOSÉ LUIZ FIORIN, da USP, erros como trocar ‘grave’ por ‘grade’ não é tão complicado, pois pode ser perceptível para o leitor. O problema é quando compromete a compreensão. 

Para HEITOR MEGALE, filólogo da USP, a dificuldade básica é distinguir o erro manual da marca dialetal, se errou o sujeito ou se uma grafia era comum em tempos arcaicos. 

O atual ‘registro’, por exemplo, era dito ‘registo’ no século 16 e falado nas ruas do século 18 como ‘resisto’ ou ‘rezisto’ (alternando-se com ‘rezistro’ e resistro’). Se um filólogo encara tais registros, sabe que se trata de uma marca da época.


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