quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Morfologia - A flexão nominal de número




Oposição entre um indivíduo e mais de um indivíduo.


Como diz Saussure (1922) na língua tudo é oposição.

A situação especial fica por conta dos COLETIVOS, em que a forma singular envolve uma significação de plural. Como se trata de uma UNIDADE homogênea, vem no singular.

Mattoso nos diz sobre alguns casos particulares:

Tanto o plural para a indecomposição linguística de uma série de partes componentes (núpcias, exéquias, funerais), como para a expressão da amplitude (trevas, céus, ares) foram reunidos na gramática greco-latina sob a designação de PLURALIA TANTA, ou, menos adequadamente, PLURAL MAJESTÁTICO.


MORFEMA FLEXIONAL DE PLURAL

O morfema flexional de plural, oposto a um zero (0 singular), é fonologicamente o arquifonema /S/ das 4 fricativas não-labiais (sibilantes: /s/-/z/; chiantes: /s'/-/z'/) em oposição pós-vocálica final.

A sua representação fonológica como /S/ corresponde à realização do morfema diante de pausa. Esta posição parece a mais natural, desde que estejamos focalizando o vocábulo formal isolado. Ela está implícita na letra -s como signo de plural na língua escrita.


OU SEJA, o que verificamos é que há dentro de um dialeto regional, três ou pelo menos dois fonemas possíveis para o morfema flexional de plural em português.


O MORFEMA FLEXIONAL DE PLURAL SE REALIZA COM DOIS OU TRÊS ALOMORFES.

ALOMORFIAS:

1- Alomorfe zero (0) para os nomes paroxítonos terminados em /S/.

Ex.:

- flor simples (simples singular), flores simples (simples plural);
- ourives perito (ourives singular), ourives peritos (ourives plural).

2- Nomes terminados por consoantes no singular que seriam formas teóricas com um tema de vogal -e.

Ex.:

- mar(e)s;
- animal(e)> anima(l)es> animais;
- paz(e)s.


3- Caso mais complexo é o dos nomes de singular em -ão, tônico ou átono. O singular neutraliza 3 estruturas radicais distintas, ou antes, uma estrutura de tema em -e e outra, que ora tem o tema em -e, ora tem o tema em -o. Nesta última a forma teórica coincide com a forma concreta singular e o plural se faz regularmente pelo acréscimo de /S/ do plural:

Ex.:

- irmão-irmãos;
- órfão-órfãos.

Já a vogal do tema em -e se combina com uma estrutura terminada em -ã/aN/ e outra terminada em -õ/oN/. A vogal do tema se incorpora como assilábica à sílaba de travamento nasal e este passa a travar o tema:

Ex.:

- pãe/pa'N/ > pães;
- leõe/leo'N/ > leões.

Donde:

1) -ão: -ãos; -ãe: -ães. (só em mãe o tema teórico se realiza no singular: mãe:mães); -õe: -ões.

-ÕE: -ÕES é a estrutura mais frequente, ou antes, a estrutura geral, de sorte que a maioria dos singulares em -ão, sendo teoricamente õe, forma o plural em -ões.

As duas outras estruturas são tão reduzidas que se podem esgotar em pequenas listas.

É bom lembrar que existe variação livre de duas ou três estruturas teóricas para vários nomes:

Ex.:

- aldeão = aldeões, aldeãos e aldeães.


Bibliografia:

CÂMARA Jr., J. Mattoso: Estrutura da Língua Portuguesa, 23ª edição, Editora Vozes, Petrópolis 1995.

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