Aulas do professor José Miguel Wisnik
(a responsabilidade pela interpretação do conteúdo é minha)
POÉTICA
Poética na poesia: uma ideia, uma concepção. Ela pode ser explicita - um conjunto de atitudes, tratados, manifestos, teorias da poesia -, como também pode ser implícita - poetas que simplesmente fazem poesia.
Como exemplo, podemos citar Mário de Andrade que escrevia poesia, mas também poéticas - criava e fazia tratados. Era ficcionista, poeta, pesquisador e teórico.
Percebemos nele a quebra de conceitos tradicionais como em Pauliceia Desvairada, lançada na Semana de Arte Moderna.
MODERNO = SIMULTANEIDADE
Podemos ilustrar um primeiro momento ou acontecimento da poesia moderna quando Baudelaire percebeu o seguinte:
Quando o poeta atravessa a rua, pode ser atropelado pelo carro veloz (puxado por cavalos na época) devido à pavimentação (moderna). Cai então sua auréola, ou seja, o poeta cai do seu mundo à parte, seu espaço diferenciado, e ele se torna um comum. O mundo urbano moderno tem muitos ritmos. Não é mais possível aquela cadência tradicional (métrica). Esta é a transformação metropolitana mudando os conceitos de arte.
O ruído passa a ser uma constante urbana.
Veja a música como exemplo. Até o século XIX, a nota musical era afinada, perfeita. Já no século XX, a música foi mudando, pulsando, trilando, batendo até chegarmos ao rock, ao funk e à batida eletrônica.
Muda-se a matéria da música em 1913, quando Ígor Stravinski causou choques com as quebras bruscas de ritmo em suas músicas.
Pablo Picasso em seu Cubismo também causou choque pela simultaneidade de suas figuras cubistas.
"Toda arte abala, choca, pois faz a pessoa mudar" (frase do professor)
Essa nova experiência moderna (estética) modifica. A poesia supõe a Poética.
Um dia, quando Mário de Andrade comprou uma obra de Victor Brecheret (um Cristo de Trancinha) sentiu uma explosão interior e criou sua Pauliceia.
A cidade (e região) de São Paulo, em sua história, sempre esteve atrás das cidades mais antigas do Brasil.
Salvador - século XVII
As Minas - século XVIII
Rio de Janeiro - século XIX
São Paulo - século XX
Até o século XVIII, mal se falava português em São Paulo. Como era o centro de convergência das linhas férreas que traziam o café dos outros estados para depois ir ao Porto de Santos, começou a crescer e crescer desordenadamente, sem projetos. Cresceu do nada. Esta é a Pauliceia Desvairada.
O prefácio desta obra é uma definição de Poética.
SIMULTANEIDADE
Assim como na música, a poesia moderna é um "cacho de sensações". Blocos de sensações não-lineares que se chocam.
"Poema de sete faces": é um poema polifônico dentro do que Mário de Andrade queria e pregava. Drummond o realiza.
O livro "Itinerário de Pasargada" é a Poética de Manuel Bandeira.
O poema "Procura da poesia" de Drummond é outra demonstração de Poética marcante.
"Os sapos" poema de Bandeira foi lido na Semana de Arte Moderna. É uma sátira do Parnasianismo. Bandeira era pós-simbolista.
Em 1930, Manuel Bandeira eclode como modernista com sua "Poética".
MACUNAÍMA
Rapsódia brasileira. Macunaíma é um mito de uma tribo indígena. Mário se encantou com este mito da Cultura Popular Rural. "É o retrato do Brasil", foi uma condensação do que ele pensava.
Recomendação de leitura: "Roteiro de Macunaíma" de Cavalcante Proença.
"Macunaíma" é uma colagem. Quando Mário foi acusado de plágio, ele afirmou que sim: "-plagiei sim, o Brasil!"
O Modernismo teve grande repercussão para o século XX.
Quem financiou o Modernismo? A Burguesia Paulista industrializada e advinda do café. Porém, o Modernismo trouxe à tona as contradições sociais.
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