sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Refeição Cultural 35 - Salvador, martírio de um povo


Tenho refletido a respeito de formas possíveis de mudar o mundo de maneira a torná-lo mais justo e igualitário.

Tento convencer a mim e ao meu mundo que a melhor forma de mudança é através da Política e não através da guerra. Através da educação e de formas democráticas e não através da Revolução armada.

Eu sonho com o socialismo democrático. Sou contrário a ditaduras, tanto de direita quanto de esquerda.

Isso de ditadura de esquerda ou direita acaba sendo somente uma forma de ofender a coitada da língua. Toda ditadura é ruim, é vil, é injusta. Toda ditadura é de direita! Não respeita os direitos humanos. Não tem espaço para a alteridade. Toda ditadura é uma merda!

Em regimes de exceção, os seres humanos não são nada: são coisas, empecilhos, estorvos.

Revi o filme Salvador, martírio de um povo, de Oliver Stone, de meados da década de 80. Ele nos mostra um pouco do papel histórico dos EUA e o financiamento de ditaduras na América contra qualquer tentativa de independência anti-imperialista. Para o marketing americano, dizia-se que eram "ameaças comunistas".

Quando vi o filme, era um jovem revoltado e cheio de ódio. E mesmo naquela época, já não acreditava em revoluções armadas e também odiava as ditaduras. Sempre achei que no fim, quem se ferra é o ser humano comum, simples e usado como bucha de canhão.

Mas há exceções para tudo, também. Nunca consegui entender o porquê de um povo se submeter às condições subumanas e deixar-se aprisionar, escravizar, morrer em silêncio. Para seguir respirando, há que se valer a pena respirar. A Revolução Sandinista é um pouco disso.

A Revolução Social russa também. O que comumente dizemos de Revolução Socialista Proletária, foi uma revolta de um povo no limite por Pão, Paz e Terra. (Hobsbawn, Era dos Extremos, p. 65-68)

Como militante de esquerda, que se policia para respeitar os princípios e práticas do socialismo democrático, sigo refletindo e tentando aprender a ser mais humano e tentar buscar o diálogo contínuo e buscar mais consensos.

Temos que tentar exercer a democracia criando fóruns em diversas instâncias e buscar a participação massiva dos envolvidos e o respeito às decisões de maioria, sabendo que outros fóruns acima também devem ser respeitados, pois pertencem às construções democráticas.

COMENTÁRIO: O melhor exemplo disso é a construção da Campanha Nacional dos Bancários. Em nome da Unidade da Categoria Bancária e da única Convenção Coletiva Nacional, nós começamos o debate em dezenas de fóruns locais e vamos elegendo pessoas para encaminhar as decisões e sugestões em níveis superiores até culminar com a minuta da categoria que será entregue ao patronato bancário. Não acho correto nem producente permitir, após todo esse rito democrático, que um único fórum como uma nova assembléia de base ponha em risco toda uma categoria de 430 mil trabalhadores.

A alternativa à democracia, via de regra, é a barbárie.

E mesmo assim, sempre correremos o risco de abalos na democracia e na paz pelo uso da força de revoltosos, derrotados e de forças externas com interesses alheios ao do povo ou grupo envolvido no processo.

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