quarta-feira, 28 de outubro de 2009

"Direita, eu?" - Editorial de Caros Amigos dez/05


Wmofox, desenho 3 (em parede)

(atualizado em janeiro/2013)

Estava devendo para diversos companheiro(a)s um texto editorial que apresenta a revista Caros Amigos Especial, de dezembro de 2005, que trata de um conceito muito pouco claro entre nós: A direita.

Só esta introdução já esclarece para diversos leigos nuanças de direita e esquerda. Vejam:


"Direita, eu?

O direitista não se reconhece como tal. Embora seja facilmente identificável, ele se considera centrista, alardeando que a virtude está no meio, aproveitando-se de uma tirada aristotélica.

Seus atos e convicções, porém, são inocultáveis. Ele tem certeza de que jamais existirá - nem ele aceitaria - a distribuição da riqueza entre os homens, por mais que ela tenha resultado do trabalho de todos. Se tiver que optar entre a construção de um presídio e de uma escola, ele escolherá a primeira proposta, porque acredita piamente que os desvios de conduta são originados do DNA da pessoa e não do meio em que foi obrigada a viver. Ele acha que o povo é burro, que a maioria é incompetente e por isso não 'subiu' na vida. Que o povo tem cheiro! Direitos humanos, justiça social, distribuição de renda são balelas, conversa mole dessa raça que se nega a entender que o socialismo está morto, as ideologias estão mortas. Assim como foi decretado por um pensador norte-americano o fim da história, com o triunfo definitivo da democracia liberal ocidental, baseada na propriedade privada e no mercado...

Os conceitos de direita e esquerda na política foram usados pela primeira vez na França, logo após a Revolução de 1789. Consta que por acaso. É que, convocada a Assembleia Nacional Constituinte para criar as novas instituições, os antigos nobres, conservadores e reacionários ocuparam os assentos à direita do presidente das sessões. À esquerda sentaram-se os revolucionários republicanos. E no centro os burgueses liberais.

No Brasil, 'o conceito de direita começou a ser utilizado na virada do Império para a República, particularmente entre os segmentos que começavam a se identificar com o socialismo e que, portanto, se reivindicavam de esquerda', conforme o professor de história Francisco Carlos Palomanes Martinho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Ele é um dos pouquíssimos estudiosos da história da direita no Brasil, pois também, ou por isso mesmo, não se acha literatura específica nem conseguimos encontrar um estudioso que aceitasse escrever um artigo para esta edição especial a respeito do tema. O que despertou em nosso secretário de redação, Renato Pompeu, a observação pertinente: 'A direita brasileira é uma das mais espertas do mundo, porque entregou a pesquisa universitária à esquerda, para que esta estudasse os movimentos populares e assim ela ficaria bem informada - enquanto praticamente não há quem estude a própria direita e as elites em geral'. "


Fonte:
Editorial da Caros Amigos Especial - A Direita Brasileira, número 26, dezembro de 2005

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