sábado, 12 de dezembro de 2009

Leituras sobre a origem da grafia de nossa Língua Brasileira

(o texto foi parte de um trabalho em grupo feito na Usp)

Dados históricos interessantes acerca do texto "Breve notícia da Ortografia Portuguesa", de Antonio Martins de Araújo, da UFRJ.

Ao pesquisarmos a respeito da longa história da grafia da Língua Portuguesa, de sua origem aos dias atuais, é fácil perceber o porquê da “verdadeira floresta de variantes léxicas” existente desde os primórdios da língua, como diz Antonio Martins de Araújo.

A existência de grande número de variantes léxicas é fruto dos dilemas dos “manuscritores” desde o século XIII. Ou se grafava as palavras cunhadas a partir de matrizes da língua-mãe, ou se grafava a partir da impressão auditiva vinda da emissão dos novos vocábulos.

Só a palavra IGREJA, por exemplo, já conta nas pesquisas filológicas atuais com mais de 50 variantes morfológicas e/ou meramente gráficas.

Ex: ecclesia, egleja, eglesa, eglessa, eglisa, eigleja, eygreya, eygreygya, igleja, igrejja, iglisa, igriga etc.

A pesquisa das regras gramaticais ou ortográficas vigentes para o período de nosso corpus ou amostra – relatos colhidos por escrivães em 1862 – mostra que é proposta à Academia Brasileira de Letras - ABL - uma reforma ortográfica em 1907 por Medeiros e Albuquerque que abriga normas usadas no dicionário do filólogo português Cândido de Figueiredo.

Essa proposta de reforma teve a capacidade de quebrar a inércia com que o tema era tratado no Brasil até então.

Araújo faz referência à primeira gramática no Brasil, editada em 1835, mantendo as tradições portuguesas de dobrar as consoantes:

Nossa primeira gramática, o Compendio de grammatica da lingua nacional, de Antonio Álvares Pereira Coruja, foi editada treze anos após a proclamação de nossa independência política, e suas edições mantiveram o figurino português dobrando consoantes e repetindo os grupos consonantais chamados etimológicos (ph, th, ch), e usando o k e o y. Sotero dos Reis em 1865, e Júlio Ribeiro em 1881, em questões de ortografia praticamente nada inovaram em suas gramáticas pioneiras.” (P.441)

A história da ortografia brasileira é uma verdadeira barafunda, um festival de idas e vindas entre as regras portuguesa, brasileira e um misto entre ambas.

Toda marcha e contramarcha a que se assistiu em nosso país, por falta de assessoramento adequado aos governantes, lembra a figura do mágico que esconde na manga do casaco uma carta de baralho a que faz reaparecer por várias vezes, para estarrecimento do publico boquiaberto.” (P.442)

Depois da reforma da A.B.L. de 1907, ocorreram várias idas e vindas nas regras portuguesa e brasileira. Araújo chega a dizer o seguinte do período do Estado Novo:

Por cerca de três anos (1934-37), a ortografia brasileira é do tipo cada-um-por-si-e-Deus-por-todos, pois a Constituição do Estado Novo faz-nos voltar à ortografia de nossa primeira Constituição Republicana (pasmem!) de 1891.” (P.442)

E para terminar esse período conturbado do regramento de nossa língua pátria já no século XX, Araújo afirma:

Enfim, em meio a tantas reviravoltas, o presidente (Getúlio) decidiu deixar ficar como estava, para ver como ficava. E assim foi feito. Nada mais. Ficou tudo como dantes, no quartel de Abrantes. Com exceção de uma espanadelazinha no acento diferencial e no trema de ditongos átonos, em 1971, ficou assim até nossos dias. Até quando, só Deus sabe.” (P.443)

Bibliografia:

PEREIRA, Cilene da Cunha & PEREIRA, Paulo Roberto Dias. ORG. e COORD. Miscelânea de estudos lingüísticos, filológicos e literários. In Memoriam Celso Cunha. Ed. Nova Fronteira, 1995, RJ.

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