sábado, 5 de dezembro de 2009

A política de equilíbrio - texto de Raymond Aron

Leitura e fichamento do texto de Raymond Aron - muitas frases são citações, tanto em inglês quanto em português.

O autor discorre sobre as questões de equilíbrio de poder entre os Estados, baseado na ideia da escola realista de equilíbrio de forças, ou seja, capacidade dos Estados de exercerem pressão ou coação sobre os demais.

Aron trabalha com referência a um ensaio de David Hume intitulado On the Balance of Power.

Ao citar várias nações do passado, é enfatizado que, em geral, pertencem ao sistema de equilíbrio de poder as populações que podem intervir na guerra.

A ideia de equilíbrio seria algo moderno enquanto conceito. Aron cita Hume:

"In all the politics of Greece, the anxiety with regard to (a angústia com respeito a) the balance of power is apparent, and is expressly pointed out to us, even by ancient historians. Thucydides represents the league which was formed against Athens, and which produced the Peloponesian war, as entirely owing (totalmente devido a) to this principle. And after the decline of Athens, when the Tebans and Lacedemonians disputed for sovereignty (soberania), we find that the Athenians (as well as many other Republics) always threw themselves (se lançaram) into the lighter scale (em escala muito clara), and endeavoured (esforçaram-se) to preserve the balance".

Aron afirma que muitos povos antigos ignoraram a política de equilíbrio de forças devido à espantosa história do império romano, pois Roma foi subjugando todos os seus adversários, um após outro.

A exceção seria Hiero, rei de Siracusa.

"Hiero, rei de Siracusa, foi o único príncipe que parece ter compreendido o princípio do equilíbrio de forças, durante a história romana: 'Nor ought such a force ever to be trown into one hand (nenhum poder deveria ser lançado assim em mão única) as to incapacitate the neighbouring states from defending their rights against it'. Esta é a fórmula mais simples do equilíbrio: nenhum Estado deve possuir uma força tal que os Estados vizinhos sejam incapazes de defender, contra ele, seus direitos. Uma fórmula fundada sobre o common sense and obvious reasoning, simples demais para haver escapado à percepção dos antigos".

Depois Hume cita o sistema europeu e a rivalidade entre a FRANÇA e a INGLATERRA. Após cinco guerras entre eles, quatro vencidas pela monarquia francesa, os ingleses passaram a ser os fiéis parceiros de qualquer outro reino que entrasse em guerra contra a França.

"A hostilidade da Inglaterra contra a França passa por certa, em qualquer circunstância, e os aliados contam com as forças inglesas como com suas próprias forças, demonstrando uma intransigência extrema: a Inglaterra deve sempre assumir o ônus das hostilidades. Finalmente, 'we are such true combatants that, when once engaged, we loose all concern (interesse, preocupação) for ourselves and our posterity, and consider only how we may best annoy (irritar, incomodar) the enemy' ".

Aron afirma que Hume é favorável à política do equilíbrio porque é hostil aos impérios extensos. "Enormous monarchies are probably destructive to human nature in their progress, in their continuance, and even in their downfall, which never can be very distant from their establishment".

Hume, assim como Montesquieu, pensava que o "Estado perderia fatalmente suas qualidades com a expansão territorial, a política de equilíbrio impõe-se razoavelmente em função da experiência histórica e dos valores morais".

"A política de equilíbrio obedece a uma regra de bom-senso e deriva da prudência necessária aos Estados desejosos de preservar sua independência, de não estar à mercê de outro Estado que disponha de meios incontrastáveis".

UMA VISÃO DA ESCOLA REALISTA
"Parece condenável aos olhos dos estadistas ou dos políticos doutrinários que interpretam o uso da força, aberto ou clandestino, como a marca e a expressão da maldade humana. Esses censores devem assim conceder um substituto, jurídico ou espiritual, para o equilíbrio de vontades autônomas"

CONCLUSÃO DO AUTOR
No nível mais elevado de abstração, a política de equilíbrio se reduz à manobra destinada a impedir que um Estado acumule forças superiores às de seus rivais coligados. Todo Estado, se quiser salvaguardar o equilíbrio, tomará posição contra o Estado ou a coalizão que pareça capaz de manter tal superioridade. Esta é uma regra geral válida para todos os sistemas internacionais.

Dois modelos de sistemas irão configurar as relações de forças entre os Estados: o Pluripolar e o Bipolar.


Bibliografia:
MAGNOLI, Demétrio. Questões Internacionais Contemporâneas - manual do candidato. Funag, IRBr. Brasília, 1995.

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