segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Círculo vicioso - poema de Machado de Assis

Bailando no ar, gemia inquieto vagalume:
-“Quem me dera que fosse aquella loura estrella,
Que arde no eterno azul como uma eterna vela!”
Mas a estrella, fitando a lua, com ciúme:

-“Pudesse eu copiar-te o transparente lume,
Que da grega columna á góthica janella
Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bella!”
Mas a lua, fitando o sol com azedume:

-“Mísera! tivesse eu aquella enorme, aquella
Claridade immortal, que toda a luz resume!”
Mas o sol, inclinando a rútila capella:

-"Pesa-me esta brilhante aureola de nume
Enfára-me esta azul e desmedida umbella…
Porque não nasci eu um simples vagalume?...”

OBSERVAÇÃO: ESTÁ COM A GRAFIA ORIGINAL

Fonte:
TERESA revista de literatura brasileira 6/7 - Machado de Assis. Usp, Editora 34, Imprensa Oficial, 2006.

Nenhum comentário:

Postar um comentário