domingo, 1 de agosto de 2010

Cartas de filho pra pai (2)


Meus queridos pais, dos quais herdei o que há de melhor em mim

Olá querido pai!


Hoje, enquanto corria, refletia muito sobre você e sobre a nossa vida.


Somos feitos do mesmo barro, é verdade! Mas, nós encaminhamos as coisas de formas diferentes, sei lá por que. Acho que é porque eu sou feito do barro de você e de minha mãe, não acha?


Apesar de não concordar com a sua teimosia de querer arrumar um trabalho com a idade já beirando os 70 anos, e ainda com vários problemas de saúde, eu o compreendo. Eu o compreendo, apesar de tudo!


Sinto também um peso de consciência muito grande de ter me encaminhado para a vida adulta e profissional sem pensar em planejar o futuro - que chegou - em relação a ter uma remuneração e condição financeira para prover aos meus agregados e família tudo o que a sociedade contemporânea capitalista cria como necessidades básicas de vida.


Não fiz opção durante minha formação de vida de ir atrás de grandes rendas e altos cargos e agora vocês que me compõem são os que sofrem as consequências.


Pai, estou preocupado contigo e com a sua saúde. Assim como sei das condições precárias de saúde de minha mãezinha e avozinha e quedo apreensivo também.


Não se frustre se o negócio que está tentando fazer atualmente não der certo. Quero ser egoísta de dizer que sua principal ocupação atual é estar entre nós, eu e minha mãe, sobretudo. Nós precisamos que um e outro de nós esteja vivo por aqui nesta terra.


Sempre que vocês precisarem de alguma coisa, ela será provida de uma forma ou de outra. (É verdade que estou exagerando, pois vocês tanto precisam e não têm um plano de saúde, e não conseguem ser atendidos pelo SUS de Uberlândia - e eu, infelizmente, não consegui provê-los com um plano de assistência médica)


Mas, afora a assistência médica tão necessária a pessoas na idade de vocês, eu e mais pessoas da família farão chegar a vocês as demais coisas que precisarem.


Pai, sei que posso perdê-lo a qualquer minuto. É assim com qualquer ser vivo. Mas quero novamente dizer que sou feito do mesmo barro que você e sou o que sou devido a você e a minha mãe.


Amo você pai querido, assim como amo a minha mãezinha.


Queria deixar mais uma vez registrado isso aqui nesta página de caderno-mundo.

William Mendes


Post Scriptum (9/08/15):

O amor segue o mesmo pelo meu pai e por minha mãe. Minha avozinha faleceu. Faz alguns meses que pude incluir meus pais num plano de saúde para, no mínimo, terem portas de entrada para amenizar seus problemas de saúde.

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