domingo, 6 de março de 2011

Lula, o filho do Brasil - Fábio Barreto

Eu não havia assistido ainda ao filme Lula, o filho do Brasil. Acabei de vê-lo na tv.

O filme é emocionante por não ser possível desassociar o referente do personagem. Ou seja, ao vermos o filme sabemos que se trata do ser humano Lula mesmo.

Estou com sono e pouca expressão no momento para dizer o que senti com o filme e o que sinto na conjuntura atual do Brasil pós-Lula e no instante em que devo decidir pelas próximas semanas se sigo no movimento dos trabalhadores ou se vou fazer outra coisa da vida.

Fica pra depois do sono...

Foto divulgação
CÁ ESTOU NO DOMINGO (após o sono)

O filme me deixou emotivo.

Li pela manhã, a introdução do livro de Denise Paraná feita por Antonio Candido. O livro é a base do filme.

Algumas falas de Candido e outras de Denise me deixaram reflexivo. Vim para o computador e quedei mais reflexivo ainda ao ouvir John Lennon.

Denise nos diz que nenhuma história tem um ponto inicial certo, marcado. Uma história sempre está inserida em outra história e as marcações temporais são sempre arbitrárias. Tem sentido o que ela diz.

O que Lula É foi fruto de dias e dias, contextos e conjunturas, de país e de vida pessoal, que está inserida em uma família que também está inserida no país-mundo.

Nossas existências todas são assim. É a aventura da história humana.

O que fez e faz Lula da Silva diferente da média de nós humanos?

Quando Denise fala da passagem de duas culturas, da "cultura da pobreza" para a "cultura da transformação", conceito elaborado por ela com muita pertinência, o que me chama a atenção para a diferença entre o ser humano Lula e a média das pessoas é que enquanto nós, a média da massa de pessoas miseráveis e solapadas pelas elites desse país-mundo, buscamos passar de uma cultura à outra, o fazemos para nós mesmos e para os nossos agregados, pouco se importando com o entorno ou buscando justificativas recorfortantes de que se vencermos é por nosso esforço próprio, mais que os dos outros.

E aliás, o sistema do status quo dominante - o capitalismo - funciona baseado nessa premissa. E funciona bem, pois sempre há os exemplos a serem dados à massa de que é assim mesmo e que isso seria "natural".

Algumas pessoas como Lula da Silva, Nelson Mandela e Gandhi se doam para quebrar a lógica do sistema. Eles se doam para representar a massa, mas é uma representação diferente. Querem a transformação para a massa e eles querem estar inseridos nessa mesma massa que representam. Como mais um do grupo.

"Por isso eu digo sempre que eu sou o fiel resultado do crescimento da minha categoria. Nem mais nem menos. À medida que ela avançava, eu avançava, à medida que ela não avançava, eu não avançava. Eu não era representante de mim mesmo, era representante deles. No mínimo eu teria que ser fiel àquilo que eles queriam". (Lula)

(Isso o diferencia de outros líderes, muitos caudilhos ou populistas, e o aproxima da real ideia de serviço coletivo)


Acredito que a média de nós não pensa assim.

Após mudanças para nós mesmos e os nossos agregados, algo em nós começa a mudar e aquela justificativa reconfortante que citei acima começa a prevalecer. Aí "já era!" o princípio de desejo de transformação para as massas.

Poucos são aqueles seres que não perdem a opinião, o propósito da mudança para a massa de pessoas inseridas naquele mundo da pobreza.

A minha dúvida final sempre recai em uma frase que uso e não sei se é correto usá-la: "É a natureza humana!"

Sigo cismando se é isso de natureza humana ou não. MAS, enquanto isso, existe uma coisa da natureza humana que não cessa: contas a pagar e agregados a prover-lhes o básico. E AÍ, QUE FAÇO?

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