Minha edição de Utopia. |
Bom, finalmente li a obra de More (ou Morus). O livro é bem maluco se pensarmos o ano em que foi publicado: 1516.
Há conceitos surpreendentes na obra e acredito que muita gente fala sobre Utopia sem ter a mínima noção do que se trata (como eu fazia).
É a velha questão dos clássicos, em que boa parte das pessoas nunca leu mas de certa forma "já conhece", pois a obra cai no conhecimento popular com leituras e interpretações, ora fidedignas, ora enviesadas. Outro exemplo muito comum de clássicos pouco lidos e muito "sabidos" por todos é Dom Quixote de La Mancha.
Veja abaixo a apresentação do livro com a biografia de Thomas More, pois eu não sabia nada sobre ele e achei bastante interessante. Em relação às teses e conceitos surpreendentes da obra, pode ser que volte ao blog para comentá-las (principalmente, à medida que vá lendo outras obras filosóficas que representem o eterno debate de ideias sobre tipos de sociedades reais e idealizadas).
APRESENTAÇÃO DA EDIÇÃO:
Uma ilha recém-descoberta, que abriga um Estado preocupado com a felicidade do povo e com a organização da produção, onde a propriedade privada e o dinheiro não existem. Esta é Utopia, a sociedade ideal criada pelo inglês Thomas More em 1516. A obra ganhou tamanha importância que deu início a um novo gênero literário, a ficção utópica, seguida por Francis Bacon e Tommaso Campanella.
As ideias surpreendentes de More sobre a sociedade dos sonhos são enriquecidas pelo interessante jogo de palavras criado pelo autor. A palavra utopia foi criada por ele a partir da junção do advérbio grego ou (não) ao substantivo topos (lugar), significando, portanto, "lugar que não existe". Quem visita a ilha e a descreve, segundo More, é Rafael Hitlodeu, cujas raízes gregas do sobrenome (hytlos+daios) significam "especialista em disparates". Muitas outras coisas na ilha de Utopia também têm nomes significativos, como o rio Anidra - ou "sem água" - a capital Amaurota - "obscurecida" - ou o príncipe Àdemo: "sem povo", literalmente.
Utopia é inspirado nas ideias apresentadas por Platão em A República, também trazido a você pela coleção Biblioteca Clássica, e tornou-se um dos livros que mais influenciou o pensamento ocidental. A república de Utopia é surpreendente e pode representar tanto um local extremamente agradável de se viver, onde não existe fome ou desigualdade, quanto um pesadelo em que a individualidade é um conceito quase desconhecido. (destaque sublinhado pelo blog)
O escritor e estadista Thomas More nasceu em Londres, em 1478, e formou-se em Direito nos Inns of Court. Conheceu vários humanistas, entre eles o holandês Erasmo de Roterdã. Protetor das artes e dos direitos humanos, tornou-se juiz municipal e foi nomeado sub-xerife de Londres em 1510. Alguns anos depois passou a fazer parte do conselho do rei Henrique VIII, de quem logo se tornou secretário. Foi, também, conselheiro literário da majestade, quando Henrique VIII decidiu escrever contra as ideias protestantes de Martinho Lutero.
Ainda assim, conseguiu tempo para escrever suas obras literárias. Traduziu poemas gregos e criou suas próprias poesias. Também escreveu algumas biografias históricas, sendo a História do rei Ricardo III a mais expressiva. Para escrever Utopia, More fez uso de sua experiência em Direito e Política, e o texto foi fortemente influenciado pelas crenças humanistas do autor.
Em 1529 tornou-se lorde chanceler mas logo renunciou ao cargo por não concordar com a política recentemente adotada pelo rei Henrique VIII, que travava uma disputa inédita com a Igreja Católica para ter seu casamento com Catarina de Aragão anulado - e assim poder desposar Ana Bolena. More era religioso e recusou-se a prestar o juramento de lealdade, instituído por Henrique VIII, que colocava o rei inglês acima de qualquer outro soberano estrangeiro, entre eles o Papa, criando assim a Igreja anglicana. Por essa razão foi preso em 1534 e acusado de alta traição por perjúrio. Recebeu inúmeros pedidos para retratar-se e prestar o juramento ao rei, mas não cedeu. Foi condenado à morte e decapitado em 6 de julho de 1535.
COMENTÁRIO
Esta é a apresentação da editora sobre a obra. É instigante ou não é? A obra é pequena e de fácil leitura. Para dirigentes sindicais e militantes sociais é de leitura obrigatória.
Estou com um projeto de melhorar minha bagagem literária com a leitura de obras que marcam fortemente o debate mundial e histórico acerca de sociedades humanas.
Preciso ler a República de Platão, pois li mais da metade há uma década e tenho lembranças horríveis das teses ali defendidas.
Li há pouco tempo O Príncipe de Maquiavel. Agora estou lendo o Leviatã de Hobbes e depois quero ler Contrato Social de Rousseau. São obras complexas e de leitura lenta.
Camaradas e amigos, LEIAM DIARIAMENTE, nem que seja por 30 minutos.
Bibliografia:
MORE, Thomas. Utopia. Coleção Biblioteca Clássica. Editora Rideel. 1ª edição, tradução de Heloisa da Graça Burati.
Fiquei fascinado com a ilha de Morus (Moore) e ao mesmo tempo assustado. Alguns conceitos apresentados deviam ser mais palatáveis na época. Não posso negar que li com um pontinho de inveja e um sonho de implantação com algumas adaptações. Como estou lendo ainda "Mein Kampf", "Minha Luta", do Hitler, foi inevitável a comparação com o mundo de Morus e a política racista de Hitler. Abração primo.
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