segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Refeição Cultural 77 - Sindicalismo

COMPROMISSO DE BUSCAR O HUMANISMO E DE SEGUIR OS PRINCÍPIOS DA CUT

Atuo no movimento sindical como secretário de formação e como dirigente do Banco do Brasil. Tenho um mandato dos trabalhadores no Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região. Também estou na executiva da Confederação eleito no congresso da mesma, mas sabendo claramente que se trata de uma indicação política à vaga, haja vista que as estruturas verticais no movimento sindical são representações políticas dos sindicatos, estes sim os detentores dos direitos conferidos pelos trabalhadores em suas eleições. Ninguém representa a si mesmo na política.

Por que estou digerindo isto como refeição cultural? Não sei ao certo, mas o certo é que se aprende muito culturalmente sendo um sindicalista, ou seja, um representante político de pessoas. Também cismo aqui sobre o papel de um representante dos trabalhadores porque cultura é todo o acúmulo que um determinado grupamento social constroi a cada dia. Somos partícipes de cultura, todos nós. Não existe produtores e consumidores de cultura.

Desde que entrei no movimento em 2002, convidado para compor a chapa eleita naquele ano, aprendi exponencialmente muito sobre política, movimento sindical e social, humanismo, de como funciona a hipocrisia nas relações sociais, questões de gênero, princípios de grupalidade, solidariedade e seu inverso, enfim, se aprende muito quando se está na política. A lição mais importante e mais difícil é aprender a manter o foco naquilo que é melhor para os representados, os trabalhadores.

Quando eu entrei no movimento, comecei a mudar diariamente. Eu diria que comecei a me lapidar. Porque é fato que chegamos, em geral, "voluntaristas" - pois enfrentamos as situações injustas e o status quo, e não aceitamos a realidade como é -  e temos que nos transformar em dirigentes de movimento social organizado, o que exige bem mais que a vontade inicial que nos move. Temos que aprender os princípios que norteiam o movimento que participamos, aprender sobre tática e estratégia, sobre como organizar batalhas contra o poder instituído de maneira a ter um mínimo de correlação de forças entre nós movimento social e eles o status quo. Temos que aprender a organizar a maioria real - judiada e massacrada - para enfrentar a minoria que detém os meios e o poder de mantê-los. Deve-se aprender rápido que não existe inocência, nem aquele papo de ser neutro, imparcial, isento, independente. Todos e tudo têm lado. Mas também não se pode tratar o mundo de maneira maniqueísta e binária. A vida social é complexa.

Cada vez que deixei minha vaga à disposição ao final de meus mandatos sindicais, fui convencido de que deveria continuar contribuindo com o meu trabalho de representação, provavelmente por ter uma avaliação positiva dos trabalhadores que represento, além da avaliação interna.

Entrei neste mandato do Sindicato e neste período de campanha salarial dos bancários mantendo meu compromisso de combater as mazelas do capitalismo em sentido latu, ou seja, lutando pelo seu fim e pela implantação de um sistema social sem exploração do homem pelo homem e numa sociedade mais democrática, justa, solidária e que respeite a alteridade. Irei combater em qualquer espaço social aquilo que a Central Única dos Trabalhadores fala e escreve, enquanto princípios que nos norteiam.

Aprendi que o mundo pode mudar através da formação e da união solidária. Eu mudei muito nesta década. A geração que está chegando nas lutas sociais deve inverter a lógica da corrosão do caráter implantada pelo neoliberalismo como forma de conduzir o mundo a partir do ponto de vista do umbigo e do momentâneo.

Essa foi uma reflexão cultural que fiz aqui e que faço diariamente ao acordar e sair para mudar o mundo.

William Mendes

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