domingo, 12 de fevereiro de 2012

Refeição Cultural - Sem Rumo, mas sigo na luta


Desenho 1, wmofox (sem data).

Estou tão, mas tão sem rumo, que não sei nem por onde começar essa reflexão (aliás, pouco cultural).

Começo pelo fim da minha história com o Partido dos Trabalhadores ou com o infarto de meu pai e a sobrevida dele e de minha mãe lá em Minas Gerais?


FAMÍLIA FRÁGIL

Cheguei este fim de semana de Uberlândia. Meu pai teve um infarto agudo do miocárdio no dia 1º de fevereiro. Ele demorou horas para ir ao Hospital de Medicina da UFU/SUS, onde foi muito bem atendido, salvo e recuperado. Apesar disso, parte de seu coração morreu.

Nestes oito dias em que esteve hospitalizado, fiquei ao lado dele todas as noites. Minha avó passou mal e quase morreu na mesma semana e minha mãe também foi internada uma tarde e uma noite lá no mesmo hospital, também por estar em seu limite físico e psicológico com tudo isso.

Vim embora para casa com o coração apertado. Vai ser assim daqui adiante, sempre a espera de um telefonema. Que agonia!


ORFANDADE POLÍTICA

Eu voto no Partido dos Trabalhadores desde que tirei meu título de eleitor em 1987. Comecei votando na Luíza Erundina para a Prefeitura de São Paulo e em Lula da Silva na primeira eleição presidencial em 1989, após quase três décadas sem democracia no Brasil.

Só me filiei ao partido depois que entrei para o movimento sindical há dez anos. Mas minha relação política com o PT é de toda uma vida.

O PT privatizou os aeroportos rentáveis do Brasil na semana passada. Para mim foi a gota na semelhança de gestão com os partidos socialdemocratas e liberais.

Minha história com o PT acaba justamente nos dias em que o Partido comemora seus 32 anos de existência. Uma bela história, na verdade. Mudou a história do Brasil e da classe trabalhadora e do povo mais humilde. O Brasil é hoje um dos países mais importantes do mundo e que mais tem avançado na inclusão social.

Estou triste e perdido.

Percebo que a grande maioria das pessoas do meio político em que vivo não está tão chocada e indignada com os rumos da gestão liberal do Governo Federal e do Partido.

Ou seja, o problema sou eu. Eu não caibo mais nesse meio político. Estou deslocado. Estou órfão politicamente.


SIGO NA LUTA

Não sei o que fazer nos amanhãs quando pensar em termos políticos. Apenas sei que devo seguir a vida sindical de forma combativa e engajada como sempre fiz.

Quando olho para trás e vejo minha vida e a vida de meu querido pai, compreendo muito melhor como foi o meu caminho até chegar ao movimento sindical.

Meu pai é um velho homem cheio de problemas de saúde, mas um batalhador que sempre brigou sozinho contra as injustiças e coisas erradas do mundo e do Leviatã - o Estado. É um homem com o terceiro ano primário que anda com a Constituição Federal embaixo do braço e luta por tudo que acha que tem direito como cidadão e ser humano.

Quando vejo que fui representante de salas de aula desde o ginásio, tanto em MG como em SP; que estive na organização de uma grande greve de alunos na faculdade do ITO em Osasco em 1992; que estive na organização de uma das maiores greves de alunos da história da FFLCH - USP em 2002, quando começamos uma greve na Letras e estendemos para as outras faculdades, greve por falta de professores e sucateamento total da USP e após 104 dias conseguimos a contratação de 99 professores - praticamente os novos que dão aula até hoje lá; quando vejo tudo isso, vejo que acabei seguindo meu pai.

A diferença das lutas que fiz até 2002 e após esse ano, quando virei representante dos bancários paulistas, é que antes eu não era militante orgânico de nenhum partido, corrente sindical ou coisa do gênero. Me engajava e iniciava lutas por aquilo que achava justo.

Se um dia eu deixar de pertencer a uma organização, não acredito que deixarei de seguir na luta como sempre fiz, assim como meu querido pai segue fazendo.

É isso.


William

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Post Scriptum (20/6/18):

No dia 10 de fevereiro de 2012, havia postado algumas fotos da família após o drama do infarto do meu pai e em comemoração aos 88 anos de minha avozinha. Abaixo, duas delas, com o comentário que postei:

"Se eu contar fica difícil de acreditar, mas para essas fotos do aniversário de 88 anos de minha vovó serem tiradas ontem, antes de voltar para SP, foram 8 dias de salvamento de meu pai infartado, minha mãe internada por horas também e... minha avó que precisamos correr com ela para o hospital. Tudo nesses oito dias. Mas hoje está tudo bem... CARPE DIEM!!!"


Meu primo Jorge, seu genro Marcos, minha mãe e pai
e minha sobrinha Stefani.
O primo Vinícius, minha mãe e avozinha e meu tio Léo.

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