domingo, 11 de novembro de 2012

O GRANDE DITADOR - Charles Chaplin (1940)


Capa da coleção da Folha.

Olá raro(a) e respeitado(a) leitor(a),

Só agora assisti ao primeiro filme falado de Charles Chaplin. O filme estreou em 1940, eu nasci em 1969 e nos encontramos em 2012. Sem problemas! 

O mundo é grande. A produção das maravilhas humanas é imensa e alguns de nós, as pessoas interessadas em conhecimento, passamos a existência correndo atrás do prejuízo para preencher as lacunas culturais e sermos um pouco menos ignorantes a cada dia.

O filme é estupendo!

Além de Chaplin ser visionário e já apontar em 1940 o que os nazistas e fascistas viriam a fazer a partir de 1942 com os campos de concentração e extermínio em massa de todo aquele que não fosse da própria raça, a mensagem final, falando de amor e solidariedade, falando sobre a necessidade do humanismo se sobrepor às máquinas, é extremamente atual.

Eu falei sobre essa questão da solidariedade e a busca de um pouco mais de respeito e amor pelo ser humano na última sexta-feira, durante o fechamento do 2º módulo de um curso de formação que estamos realizando para 36 dirigentes e assessores do movimento sindical bancário.

Para não chover no molhado, haja vista que a sinopse do filme é bastante conhecida, deixarei abaixo o discurso final do filme, que encontrei na Wikipedia.

Chaplin relutou muito em falar em seus filmes, mas quando o fez, caprichou!


O ditador sonhando com o domínio do mundo. Cena clássica. Fonte: Wikipedia.

O Grande Ditador (sinopse coleção Folha)

Na imaginária Tomânia, tropas perseguem a população judaica enquanto o ditador Hynkel planeja dominar o mundo. Em meio às vítimas, encontra-se um sósia de Hynkel, um barbeiro que escapa de um campo de concentração e vai parar no lugar do ditador. Lançado em 1940, quando a Alemanha se impunha na Europa, "O Grande Ditador" foi um dos primeiros filmes a retratar a barbárie nazista. Com humor e sem perder a seriedade, Chaplin satiriza os maus modos de Hitler e ridiculariza todos os autoritarismos.



O discurso. Cena do filme. Fonte: Wikipedia.

(fonte: Wikipedia)

O discurso

Ao final do filme, o personagem de Chaplin dá um belo discurso falando de direitos humanos no contexto da Segunda Guerra Mundial. Segue:

"Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... negros... brancos.

Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloquente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.

Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas ideas e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!

Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, mas dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.

É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos! (segue o estrondoso aplauso da multidão).

Então, dirige-se a Hannah:

Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!."

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