Este blog é para reflexões literárias, filosóficas e do mundo do saber. É também para postar minhas aulas da USP. Quero partilhar tudo que aprendi com os mestres de meu curso de letras.
domingo, 29 de março de 2015
Diário - 290315
Refeição Cultural - Está valendo a pena correr
Fim de domingo, fim do final de semana.
Estou em Brasília, Capital Federal, e estou com a família.
Hoje participei do 9º Circuito de Corrida da AABB SP, 1ª etapa. Foi uma corrida super agradável. Eu fiquei muito feliz comigo mesmo porque estou vendo o resultado de ter voltado a correr desde outubro do ano passado.
Fiz os 5,34 km da prova em 31' e foi um tempo muito bom para mim, considerando que no meu trote normal daria uns quatro ou cinco minutos a mais. Tive energia para fazer um ritmo constante e acelerar na quarta volta. Pelas condições em que tenho treinado com o excesso de trabalho, estou bem.
Deixo aqui um forte abraço ao Ramon e a toda equipe organizadora da prova, que já virou uma tradição na AABB SP.
O SIMPLES PRAZER DE CORRER
A corrida de amadores é o esporte mais democrático que existe. Tirando umas poucas pessoas que participam para ganhar a prova e os prêmios, a corrida é um lugar de você competir consigo mesmo, com suas dores, com suas debilidades e é o momento das superações. Vencido tudo isso, é arrepio de emoção e felicidade simples e gratuita.
Estou cumprindo minha meta esportiva para 2015.
Em janeiro, corri a prova da Night Run 10k do Costão do Santinho, em Floripa - SC. Fui bem.
Em fevereiro, fiz uma corrida treino de 10k no Parque do Sabiá, em Uberlândia - MG. Foi muito legal e prometi a mim mesmo naquele dia, voltar lá para fazer um longão de 15k.
Em março, fechei o mês de bons treinos longos com a corrida de hoje da AABB SP. Fiz um tempo bem melhor do que imaginei.
Em abril quero me programar para fazer uma corrida de 15k em Uberlândia. Vamos com jeitinho, que assim o corpo vai obedecendo a meus comandos.
Meu objetivo neste ano é participar pela primeira vez em alguma prova de meia-maratona no segundo semestre. É objetivo também sobreviver ao desgaste de meu trabalho, que é uma loucura pela intensidade de estresse físico e mental.
A corrida tem proporcionado a mim condições para encontrar no fundo d'alma paciência para lidar com o mundo duro que tenho enfrentado. Até os desaforos e as provocações tenho superado. Estou com o coração leve. Isso é bom!
É isso! Temos que fazer a vida valer a pena porque é assim que tem que ser.
William
sábado, 28 de março de 2015
Corpo Fechado... Leitura do conto de Guimarães Rosa
Refeição Cultural
Com a leitura do conto "Corpo fechado", acabei hoje o livro Sagarana, de Guimarães Rosa, cuja primeira edição data de 1946. O meu volume é de 1982, adquirido em sebo. É a 25ª edição a partir de 1967, da Editora José Olympio.
Se eu disser a vocês que comecei a lê-lo em 2002 quando iniciei meu curso de Letras na USP e que só terminei a leitura do último conto em 2015, vai parecer piada. Mas não é!
Lá em 2002, li o conto "O burrinho pedrês", um dos contos mais graciosos que eu conheço. De lá para cá, tentei ler um monte de desejos literários, mas tive que ser sindicalista ao mesmo tempo que estudante de letras, e a faculdade foi ficando em segundo plano. Terminei o curso e nunca terminei (nem terminarei) as leituras sonhadas.
Foi interessante fechar agora Sagarana com o conto "Corpo fechado". A leitura me levou até a Uberlândia dos anos oitenta. Me fez recordar a infância no bairro Marta Helena. Me lembrou o bar Choupana, de meu pai, lá na Avenida Quilombo dos Palmares. O conto me lembrou a Uberlândia das brigas de rua, minha infância e adolescência, onde era comum os desentendimentos terem desfechos na base das facadas.
O universo de Guimarães Rosa é tudo o que a gente viu, ouviu e viveu nas Minas Gerais. As crendices e contos populares. O tal sertão metafórico que é em todo lugar. O linguajar do povo com o qual cresci. Jeito gostoso de falar, de comunicar. Jeito certo de falar.
Aliás, quando olho para trás e vejo a minha caminhada, não tem como eu não pensar na ideia do "corpo fechado". Acho que sobreviver à adolescência é para aquelas e aqueles, principalmente, que têm corpo fechado. Principalmente para os homens por causa da cultura da macheza, do machismo, tão arraigada em nosso mundo há séculos.
O conto narra um causo num interior qualquer de um sujeito que passa um perrengue por causa de uma ameaça de um outro sujeito que é o terror local. Terra sem lei e sem piedade. Infelizmente o causo é atemporal porque é o que acontece exatamente agora, neste instante, aqui nos cantos do Brasil e do mundo que habitamos.
Chororô
Ai ai ai, quem me dera que as veredas do sertão de minha vida tivessem me levado para as possibilidades em lidar com a literatura e dela viver, e poder refletir e transmitir e com isso aprender e melhorar o nosso entorno pela conquista através das palavras encantadas e prenhas de outros mundos possíveis... quem me dera.
Mas minha vereda é a que caminho agora, aliás, no sertão do meu mundo só há o aqui e o agora, ao menos para quem nele se encontra. É caminhar e escolher veredas que nos levem para bons lugares.
William
quarta-feira, 25 de março de 2015
Março de corridas para fortalecer corpo e mente
Pois é meus amig@s,
Fiz agora à noite aqui em Brasília meu treino final de março, antes de correr a 1ª etapa do 9º circuito de corrida da AABB SP no próximo domingo 29.
Imaginem vocês o que é sair de um dia estressante na Cassi, após horas e horas de embates com o Banco do Brasil e seus representantes na governança da Caixa de Assistência, no atual momento de orçamento contingenciado neste início de ano.
Eu já me considero um vencedor, refletindo de mim para comigo mesmo, por ter conseguido superar cansaço e sair para correr ao invés de ficar prostrado no sofá ou cama nas poucas horas vagas que tive em casa. Fiz isso hoje, não prostrei, saí e fui correr 5 km após toda a raiva que passei pelas imposições absurdas do Banco do Brasil na gestão da nossa entidade (amanhã, quinta 26, escreverei sobre isso no blog de trabalho).
Foi uma semana dura e é preciso ter coração e mente fortes para seguir na luta diária.
Vivenciei nesta semana um dos congressos de trabalhadores mais triste, melancólico e desagregador dos 17 anos em que participo de fóruns dos bancários, me refiro ao 4º Congresso da Contraf-CUT, no qual grupos de dirigentes e militantes, muita gente valorosa de todos os lados, se trataram com ódio, desrespeito e falta de solidariedade. Saí com o coração tão apertado naquele dia...
Enfim, a partir deste congresso eu não tenho mais mandato algum em nome da Central Única dos Trabalhadores. Hoje tenho um mandato e represento os 720 mil associados da Cassi. E é uma grande missão!
Aí vejo durante a semana, adversários da Cassi mal intencionados levando para a imprensa golpista desinformações sobre nossa entidade de saúde, e pergunto, a troco de que? Provavelmente, acham que atacando e expondo a Cassi vão se beneficiar disso em processo eleitoral que só ocorrerá daqui a um ano. Felizmente não são todos que são levianos. Vi pessoas sérias também buscando esclarecer as bobagens e exageros publicados pelo PIG sobre a nossa Caixa de Assistência. (há que se separar o joio do trigo, sempre)
Sigamos firmes e convictos de nossas tarefas e, sempre que houver alguma dúvida, é guinar sempre à esquerda, porque os princípios em que me balizo são os da esquerda como, por exemplo, a solidariedade de classe, o humanismo, a liberdade, o respeito e convivência com o diferente, sem perder suas referências.
Tenho que ter saúde, energia e foco na missão que estou cumprindo: ser gestor de saúde da maior entidade de autogestão do país, uma entidade dos trabalhadores.
Voltando às corridas que salvam, neste mês até que corri uma quilometragem boa para o aperto da agenda. Estou feliz e vamos para a corrida do mês no domingo na AABB SP.
Treinamento em março
1. Domingo 8 em DF.......... 6 km em 38' treino leve
2. Quinta 12 em SP.............6 km treino noturno
3. Domingo 15 em DF.........8 km em 53' c/ muito calor
4. Terça 17 em DF...............5 km em 32' treino noturno c/ chuva
5. Quinta 19 em SP..............8 km em 55' treino noturno Parque Continental
6. Domingo 22 em SP..........8,25 km em 54' treino c/ chuva
7. Quarta 25 em DF.............5 km em 30' treino noturno
8. Domingo 29 em SP..........5,34 km na AABB SP (estarei lá!)
(Post Scriptum: fiz meu melhor tempo em uma década! Corri em 31' e estou muito feliz por isso!)
São 52 km percorridos num mês pra lá de complicado em minha agenda de trabalho e militância.
Sinceramente, além do apoio fundamental da família (um beijo pra vocês), as corridas têm tido um papel fundamental para eu suportar com um coração leve o que tenho enfrentado na minha missão de gerir a Caixa de Assistência dos Funcionários do BB.
É isso!
William Mendes
quarta-feira, 18 de março de 2015
A era da impaciência - Thomaz Wood Jr.
Comentário do Blog: sou admirador deste articulista. Guardo textos dele porque ele nos coloca a pensar. Tenho falado sobre esses riscos de "redução de sabedoria" das gerações atuais e futuras.
William Mendes
Qual a fonte primária do crescimento econômico? A paciência. De onde veio a paciência? Dos livros. |
Assim como os livros expandiram nossa capacidade cerebral, as tecnologias atuais podem gerar o efeito contrário
Artigo Thomaz Wood Jr. - Carta Capital 15/03/15
A vida no século XXI pode não ser maravilhosa como sugerem as propagandas de telefones celulares, graças aos consideráveis impactos sociais provocados pela onipresença das novas tecnologias de comunicação e informação. Dois filmes recentes tratam do tema: Disconnect (de 2012, dirigido por Henry Alex Rubin) e Men, Women & Children (de 2014, dirigido por Jason Reitman). As duas obras adoçam seu olhar crítico com uma visão humanista. O grande tema é a vida contemporânea, marcada pelo consumo de bens e estilos, e povoada pelas doenças da sociedade moderna: bullying, identidades roubadas, comunicações mediadas e relações fragilizadas. No centro dos dramas estão a internet e as mídias sociais.
Se determinados impactos sociais já são notáveis, alguns efeitos econômicos ainda estão sendo descobertos. No dia 17 de fevereiro de 2015, Andrew G. Haldane, economista-chefe do Banco da Inglaterra, realizou uma palestra para estudantes da University of East Anglia. O tema foi crescimento econômico. O texto, disponibilizado pela universidade, é raro exemplo de elegância e clareza, com doses bem administradas de história, economia, sociologia e psicologia.
Haldane inicia mostrando que o crescimento econômico é uma condição relativamente recente na história da humanidade, começou há menos de 300 anos. Três fases de inovação marcaram essa breve história do crescimento: a Revolução Industrial, no século XVIII, a industrialização em massa, no século XIX, e a revolução da tecnologia da informação, na segunda metade do século XX.
Qual a fonte primária do crescimento econômico? Em uma palavra, paciência. É a paciência que permite poupar, o que por sua vez financia os investimentos que resultam no crescimento. Combinada com a inovação tecnológica, a paciência move montanhas. Existem também, lembra Haldane, fatores endógenos, a exemplo de educação e habilidades, cultura e cooperação, infraestrutura e instituições. Todos se reforçam mutuamente e funcionam de forma cumulativa. Pobres os países que não conseguem desenvolvê-los.
De onde veio a paciência? Da invenção da impressão por tipos móveis, por Gutenberg, no século XV, que resultou na explosão da produção de livros, sugere Haldane. Os livros levaram a um salto no nível de alfabetização e, em termos neurológicos, “reformataram” nossas mentes, viabilizando raciocínios mais profundos, amplos e complexos. Neste caso, a tecnologia ampliou nossa capacidade mental, que, por sua vez, alavancou a tecnologia, criando um ciclo virtuoso.
E os avanços tecnológicos contemporâneos, terão o mesmo efeito? Haldane receia que não. Assim como os livros expandiram nossa capacidade cerebral, as tecnologias atuais podem gerar o efeito contrário. Maior o acesso a informações, menor nossa capacidade de atenção, e menor nossa capacidade de análise. E nossa paciência sofre com o processo.
Não faltam exemplos: alunos lacrimejam e bocejam depois de 20 minutos de aula; leitores parecem querer textos cada vez mais curtos, fúteis e ilustrados; executivos saltam furiosamente sobre diagnósticos e análise e tomam decisões na velocidade do som; projetos são iniciados e rapidamente esquecidos; reuniões iniciam sem pauta e terminam sem rumo. Hipnotizados por tablets e smart phones, vivemos em uma sociedade assolada pelo transtorno do déficit de atenção e pela impaciência crônica.
Os efeitos são preocupantes. A impaciência em crianças prejudica a educação e cerceia o seu potencial. Nos adultos, reduz a criatividade, freia a roda que gera o desenvolvimento do capital intelectual e a inovação e coloca em risco o crescimento econômico futuro.
Haldane conclui que os ingredientes do crescimento ainda são misteriosos, mas que a história aponta para uma combinação complexa de fatores tecnológicos e sociológicos. É prudente observar que o autor não está sugerindo uma relação direta entre o crescimento das mídias sociais e a estagnação econômica que vem ocorrendo em muitos países. Sua análise é temporalmente mais ampla, profunda e especulativa. Entretanto, há uma preocupação clara com os custos cognitivos da “revolução” da informação, que se somam aos custos sociais tratados nos dois filmes que abriram esta coluna. Não é pouco.
Fonte: Carta Capital
segunda-feira, 16 de março de 2015
Diário - 150315 (Envenenamento II)
Refeição Cultural - Envenenamento (II)
O veneno do fascismo se alastra pelas veias do povo brasileiro
HOSTILIZADO POR CORRER DE BONÉ VERMELHO
O final de semana termina de forma melancólica para o Brasil e o povo brasileiro. Hoje foi o dia das manifestações organizadas pela direita brasileira. Está em curso em nosso país a construção de um novo golpe civil-militar exatamente como ocorreu no início dos anos sessenta contra o então presidente João Goulart. O golpe é organizado pelos mesmos grupos sociais de sempre.
Eu cheguei a Brasília no sábado de tarde, vindo de São Paulo, tão cansado de uma semana muito extenuante de trabalho e não consegui ler, escrever, fazer nada. Estava travado.
Neste domingo, apesar do corpo pedir o contrário, saí para correr e manter a minha disposição de luta e recuperar um pouco de minha condição física para os fronts de batalha. Corro nos arredores do bairro onde moro em Brasília.
Só porque estava com um boné vermelho, fui hostilizado algumas vezes por grupos vestidos de verde e amarelo, que retornavam da tal manifestação fascista clamando por golpe militar e impedimento da presidenta Dilma Rousseff, recém-eleita por 54,5 milhões de votos.
Não estava com a estrela amarela de Davi, mas me senti como um judeu na Alemanha dos anos 30 por ser hostilizado por "patriotas" de verde e amarelo. |
Gente medíocre e ignóbil. Eles não me atrapalharam não, porque eu estava muito concentrado. Corri 8 km em 53', dando quatro voltas no percurso que faço. Estou bem melhor que no ano passado, quando treinei para a São Silvestre. Este foi o momento do dia que me trouxe felicidade porque a última volta foi de superar limites e me saí bem.
O restante do dia foi de uma tristeza imensa. Fomos almoçar no shopping e vimos as caras dos tais manifestantes do "fora Dilma" e do "volta ditadura militar". É triste porque quanto mais eu estudo a história mundial, mais vejo que o cenário está montado. Os burgueses vira-latas brasileiros querem doar o Brasil ao império para virarmos lacaios novamente.
E o poder golpista dos meios de comunicação monopolizados segue exatamente igual ao do século vinte, ou pior em tempos de rede mundial.
LEITURAS E ESTUDOS HISTÓRICOS
Eu li um pouco três livros que nos fazem pensar muito no que está ocorrendo.
- 1984, de George Orwell (1949)
Descreve uma sociedade totalitária com um partido único, a metáfora para mim é o P.I.G. Partido da Imprensa Golpista. O PIG é o Big Brother do romance distópico. É impressionante a semelhança.
- Os miseráveis, de Victor Hugo (1862)
Descreve uma sociedade burguesa de exploração humana que se repete há mais de dois séculos no mundo.
- LTI, a Linguagem do Terceiro Reich, de Victor Klemperer (1946)
Esse livro do filólogo judeu alemão sobrevivente do Nazismo é impressionante. Ele analisa a linguagem do Nazismo desde a ascensão de Hitler e como foi possível conquistar toda a nação a apoiar as atrocidades e monstruosidades nazistas.
A construção por parte da direita brasileira segue o mesmo roteiro que o 3º Reich seguiu contra os judeus. A construção do ódio ao PT é fortemente amparada nos meios de comunicação monopolizados por algumas famílias bilionárias que usurpam o Brasil há décadas. A direita brasileira, sabedora que não tem projetos para derrotar o PT no voto popular, buscou outra forma de apeá-lo do poder legitimamente concedido pelo povo - o golpe e o ódio ao partido e à esquerda.
Ou a população acorda e deixa de ser manipulada, ou vamos nos matar em uma guerra civil e entraremos em um longo período sem paz e sem as liberdades constitucionais que gastamos mais de 20 anos para reconquistar após o último golpe civil-militar de 1964.
PARA PIORAR, A ESQUERDA E O MOVIMENTO SINDICAL ESTÃO DESUNIDOS
Estou muito triste com o que estamos vivendo no movimento sindical de onde sou oriundo. Estamos a uma semana do Congresso da Contraf-CUT. Até o momento não há sinais de unidade com todas as forças e segmentos políticos internos.
Está faltando magnanimidade e grandeza nas lideranças para construirmos a unidade necessária para o maior desafio que a classe trabalhadora enfrenta desde que derrubaram João Goulart em 1964. É loucura e burrice o foco ser a vaidade pessoal ao invés dos projetos coletivos.
Vamos ver se depois deste domingo fascista, todas as partes buscam a unidade e apresentamos uma chapa única no Congresso.
Caso contrário, vai piorar a capacidade de resistência contra o golpe que se organiza para a quebra da institucionalidade no Brasil.
William Mendes
Sigo na luta com firmeza, apesar de um pouco triste.
quinta-feira, 12 de março de 2015
Correndo para suportar problemas e crises várias
Estou trabalhando em SP nesta quinta e sexta. Estive no RJ na quarta-feira debatendo Cassi com a direção da AAFBB.
Olha, cheguei agora à noite e estava muito estressado. Mais uma vez, busquei determinação, coloquei um tênis e saí para correr. Fui ao Parque Continental.
Foi difícil porque estou cansado e dormi muito pouco nesta semana.
Mas não posso reclamar. Corri 40 minutos. Algo como 6 km. Se fosse nos anos anteriores, teria corrido só a metade. Ou seja, estou mentalizado para enfrentar as dificuldades com espírito guerreiro e sem deixar nada me abater.
Vamos dormir porque a sexta-feira será outro longo dia de debates sobre a nossa Caixa de Assistência com as entidades representativas e lideranças.
Sigo firme!
William
domingo, 8 de março de 2015
"Dia das mulheres" - Não há o que comemorar
Uma mulher com olhar de altivez após ser violentada e torturada... décadas depois, ela segue enfrentando o machismo, as mentiras da direita e aqueles que são golpistas e contra a democracia. |
Refeição Cultural
A época não é propícia para abordar de forma laudatória a data escolhida para se homenagear ou parabenizar as mulheres e suas lutas.
Não preciso sequer citar casos trágicos mundo afora sobre as desgraças que as mulheres sofrem ininterruptamente por todos os motivos torpes possíveis: da discriminação e preconceito à violência física e assassinato.
Vou citar pela época inglória em que estamos, apenas aquela que é a mulher, do mundo da política, mais agredida e vilipendiada por uma parte pequena da sociedade brasileira, pequena mas com muito poder político e econômico, a parte derrotada nas urnas em 2014 (e 2010, 2006 e 2002), mas que detém todos os meios monopolizados de comunicação e o poder financeiro e do capital, ou seja, o principal partido da oposição e toda a representação da direita brasileira, reorganizados e representados por famílias da elite que usurparam os direitos sociais e políticos da ampla maioria do povo brasileiro por dezenas de anos.
A mídia comercial e alguns empresários representados pela oposição e aliados nunca permitiram a distribuição de renda neste país colonizado pelas burguesias europeias e depois americanas. Após a ascensão de Lula ao poder, pelo Partido dos Trabalhadores, e depois de sua sucessora, Dilma Rousseff, essa trupe de empresários e seus partidos decidiram ir para o tudo ou nada, frente às perspectivas que apontavam para novas reeleições do PT no próximo período.
Dilma Rousseff, cidadã, mãe e avó, é a mulher no mais alto poder da nação, uma senhora que foi reeleita presidenta do país por 54,5 milhões de votos, vencendo todo o conluio organizado por algumas famílias donas de todos os veículos de comunicação de massa do país, mídia essa mancomunada com um partido que começou social-democrata e que hoje é um partido de direita, que caminha para a ultra-direita, o PSDB.
Como comemorar ou homenagear as mulheres nos dias que correm dessa época inglória, em que meios de comunicação dessas poucas famílias bilionárias pagam para alguns maus profissionais que ainda usurpam o jornalismo dizendo-se "jornalistas", pagam esses fulanos para publicarem ofensas de forma seletiva contra lideranças do PT, partido mais votado pelo povo brasileiro, pagam esses fulanos para estimularem crianças e jovens a replicarem coisas do tipo: "Dilma, vai tomar no cu" ou escrotices piores.
Capa de 8/03/15 |
A capa do "veículo de comunicação" acima, deste dia das mulheres, 8/03/15, apresenta um desenho com a mulher Dilma Rousseff perto de ser decapitada por um algoz. Seria um desejo? Uma incitação?
O ódio totalitário da direita contra os avanços para o povo brasileiro nos governos do PT é muito mais asfixiante que o ficcional romance do Grande Irmão de "1984", de George Orwell.
Essa construção do ódio há anos pela direita contra o PT (nos moldes e padrões do Nazismo contra os judeus) faz até com que crianças e adultos que conheço passem o dia em rede social junto com seus pais e avós, antes pessoas de minha relação e consideração, faz com que eles passem o dia pregando o golpe contra essa mulher presidenta, legitimamente eleita pelo povo brasileiro para exercer a Presidência da República. Parece a única pauta de suas vidas (não à toa é a única pauta seletiva da grande mídia...)
Os veículos totalitários de poucas famílias põem no ar bruta montes que confessam que estupraram mulheres no passado; põem no ar programas como o BBB 2015 onde corre sexo à vontade com culpabilização da mulher por provável gravidez, e outras porcarias contra as mulheres 24h por dia.
O GRANDE IRMÃO (BIG BROTHER DE ORWELL) - é de uma inocência boba dizer que é só desligar a TV e usar o poder do controle remoto. São milhões de aparelhos ligados na Rede Globo em cada local público do Brasil continental. Nos halls de hotéis, nos bares onde almoçamos, nos metrôs e transportes públicos replicando o que a Globo "inventa e pauta". Nos provedores de internet que iniciam a execução dos aparelhos eletrônicos. É exatamente aquele cenário do "1984". Não há como fugir.
Não vejo no horizonte o que comemorar em relação aos grandes avanços necessários para que as mulheres tenham todos os direitos e igualdade que precisam e que têm direito. O que vejo ao meu redor neste mundo são os valores capitalistas para as mulheres retomando o lugar de um século atrás.
Demos a volta ao mundo em um século e voltamos ao mesmo lugar. A força totalitária dos meios de comunicação dos capitalistas vem conseguindo manter as mulheres como mercadoria, como prêmio, separando as "boas" das "não apropriadas" para determinados fins.
O mundo vai mal após a vitória momentânea do neoliberalismo nos corações e mentes das novas gerações nascidas e crescidas após os anos oitenta.
O mundo vai mal após a atual crise do capitalismo (2008) porque ela ocorreu num momento em que as esquerdas do mundo globalizado achavam que as redes sociais ajudariam a libertar os povos e o que ocorreu foi o inverso: a dominação dos humanos, geração cara na tela, é total.
Os cérebros correm o risco de atrofiarem para a reflexão. O humano que pensa e que revolucionou o mundo no último século está virando pilha, bateria de um sistema, onde ele só replica, compartilha e posta imagens auto glorificantes.
Poucas famílias com todos os meios de produção e comunicação estão vencendo e subjugando os novos homens e mulheres como baterias alimentadoras de um sistema, com pouco conteúdo no cérebro (e talvez muito músculo fabricado, corpos tatuados e nenhuma gentileza ou respeito pelo próximo).
Meu texto de reflexão sobre essa data marcada para as mulheres não é laudatório. Me desculpem a franqueza. Acho que as coisas estão muito ruins para as mulheres e as perspectivas são piores ainda.
Quem vai parar a máquina das famílias midiáticas e mais alguns bilionários que querem a volta daquele país sem investigação das corrupções das elites, e com o silêncio complacente delas e com aquele enorme exército de miseráveis famintos a vender a força de trabalho por uns vinténs? (Justamente a geração de meus pais, tios e avós e parte dessa geração está agora a cair na lorota da direita e a incentivar a volta para aquele período de merda do Brasil).
A ideologia dominante é a da classe dominante e na contemporaneidade do mundo financeiro, midiático e da imagem, os meios são deles e em cada esquina existe um soldado desta "Matrix"* feito smiths para nos derrotar. Qualquer pessoa pode ser um agente do sistema contra nós, até nossos amigos, companheiros, representados e familiares...
Vida dura!
William Mendes
*Referência ao filme "Matrix" (1999) dos Irmãos Wachowski.