domingo, 8 de março de 2015

"Dia das mulheres" - Não há o que comemorar


Uma mulher com olhar de altivez após ser violentada e torturada...
décadas depois, ela segue enfrentando o machismo,
as mentiras da direita e aqueles que são
golpistas e contra a democracia.

Refeição Cultural

A época não é propícia para abordar de forma laudatória a data escolhida para se homenagear ou parabenizar as mulheres e suas lutas.

Não preciso sequer citar casos trágicos mundo afora sobre as desgraças que as mulheres sofrem ininterruptamente por todos os motivos torpes possíveis: da discriminação e preconceito à violência física e assassinato.

Vou citar pela época inglória em que estamos, apenas aquela que é a mulher, do mundo da política, mais agredida e vilipendiada por uma parte pequena da sociedade brasileira, pequena mas com muito poder político e econômico, a parte derrotada nas urnas em 2014 (e 2010, 2006 e 2002), mas que detém todos os meios monopolizados de comunicação e o poder financeiro e do capital, ou seja, o principal partido da oposição e toda a representação da direita brasileira, reorganizados e representados por famílias da elite que usurparam os direitos sociais e políticos da ampla maioria do povo brasileiro por dezenas de anos. 

A mídia comercial e alguns empresários representados pela oposição e aliados nunca permitiram a distribuição de renda neste país colonizado pelas burguesias europeias e depois americanas. Após a ascensão de Lula ao poder, pelo Partido dos Trabalhadores, e depois de sua sucessora, Dilma Rousseff, essa trupe de empresários e seus partidos decidiram ir para o tudo ou nada, frente às perspectivas que apontavam para novas reeleições do PT no próximo período.

Dilma Rousseff, cidadã, mãe e avó, é a mulher no mais alto poder da nação, uma senhora que foi reeleita presidenta do país por 54,5 milhões de votos, vencendo todo o conluio organizado por algumas famílias donas de todos os veículos de comunicação de massa do país, mídia essa mancomunada com um partido que começou social-democrata e que hoje é um partido de direita, que caminha para a ultra-direita, o PSDB.

Como comemorar ou homenagear as mulheres nos dias que correm dessa época inglória, em que meios de comunicação dessas poucas famílias bilionárias pagam para alguns maus profissionais que ainda usurpam o jornalismo dizendo-se "jornalistas", pagam esses fulanos para publicarem ofensas de forma seletiva contra lideranças do PT, partido mais votado pelo povo brasileiro, pagam esses fulanos para estimularem crianças e jovens a replicarem coisas do tipo: "Dilma, vai tomar no cu" ou escrotices piores.


Capa de 8/03/15

A capa do "veículo de comunicação" acima, deste dia das mulheres, 8/03/15, apresenta um desenho com a mulher Dilma Rousseff perto de ser decapitada por um algoz. Seria um desejo? Uma incitação?

O ódio totalitário da direita contra os avanços para o povo brasileiro nos governos do PT é muito mais asfixiante que o ficcional romance do Grande Irmão de "1984", de George Orwell.

Essa construção do ódio há anos pela direita contra o PT (nos moldes e padrões do Nazismo contra os judeus) faz até com que crianças e adultos que conheço passem o dia em rede social junto com seus pais e avós, antes pessoas de minha relação e consideração, faz com que eles passem o dia pregando o golpe contra essa mulher presidenta, legitimamente eleita pelo povo brasileiro para exercer a Presidência da República. Parece a única pauta de suas vidas (não à toa é a única pauta seletiva da grande mídia...)

Os veículos totalitários de poucas famílias põem no ar bruta montes que confessam que estupraram mulheres no passado; põem no ar programas como o BBB 2015 onde corre sexo à vontade com culpabilização da mulher por provável gravidez, e outras porcarias contra as mulheres 24h por dia.

O GRANDE IRMÃO (BIG BROTHER DE ORWELL) - é de uma inocência boba dizer que é só desligar a TV e usar o poder do controle remoto. São milhões de aparelhos ligados na Rede Globo em cada local público do Brasil continental. Nos halls de hotéis, nos bares onde almoçamos, nos metrôs e transportes públicos replicando o que a Globo "inventa e pauta". Nos provedores de internet que iniciam a execução dos aparelhos eletrônicos. É exatamente aquele cenário do "1984". Não há como fugir.

Não vejo no horizonte o que comemorar em relação aos grandes avanços necessários para que as mulheres tenham todos os direitos e igualdade que precisam e que têm direito. O que vejo ao meu redor neste mundo são os valores capitalistas para as mulheres retomando o lugar de um século atrás.

Demos a volta ao mundo em um século e voltamos ao mesmo lugar. A força totalitária dos meios de comunicação dos capitalistas vem conseguindo manter as mulheres como mercadoria, como prêmio, separando as "boas" das "não apropriadas" para determinados fins.

O mundo vai mal após a vitória momentânea do neoliberalismo nos corações e mentes das novas gerações nascidas e crescidas após os anos oitenta.

O mundo vai mal após a atual crise do capitalismo (2008) porque ela ocorreu num momento em que as esquerdas do mundo globalizado achavam que as redes sociais ajudariam a libertar os povos e o que ocorreu foi o inverso: a dominação dos humanos, geração cara na tela, é total. 

Os cérebros correm o risco de atrofiarem para a reflexão. O humano que pensa e que revolucionou o mundo no último século está virando pilha, bateria de um sistema, onde ele só replica, compartilha e posta imagens auto glorificantes.

Poucas famílias com todos os meios de produção e comunicação estão vencendo e subjugando os novos homens e mulheres como baterias alimentadoras de um sistema, com pouco conteúdo no cérebro (e talvez muito músculo fabricado, corpos tatuados e nenhuma gentileza ou respeito pelo próximo).

Meu texto de reflexão sobre essa data marcada para as mulheres não é laudatório. Me desculpem a franqueza. Acho que as coisas estão muito ruins para as mulheres e as perspectivas são piores ainda.

Quem vai parar a máquina das famílias midiáticas e mais alguns bilionários que querem a volta daquele país sem investigação das corrupções das elites, e com o silêncio complacente delas e com aquele enorme exército de miseráveis famintos a vender a força de trabalho por uns vinténs? (Justamente a geração de meus pais, tios e avós e parte dessa geração está agora a cair na lorota da direita e a incentivar a volta para aquele período de merda do Brasil).

A ideologia dominante é a da classe dominante e na contemporaneidade do mundo financeiro, midiático e da imagem, os meios são deles e em cada esquina existe um soldado desta "Matrix"* feito smiths para nos derrotar. Qualquer pessoa pode ser um agente do sistema contra nós, até nossos amigos, companheiros, representados e familiares...

Vida dura!

William Mendes

*Referência ao filme "Matrix" (1999) dos Irmãos Wachowski.

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