quarta-feira, 17 de junho de 2015

Bloomsday!!! (16 de junho)


Refeição Cultural

Essa terça-feira 16 de junho foi mais um dia de teste de paciência em meu trabalho. Saí bastante estressado da Cassi. Precisei deitar uma hora e relaxar um pouco lá pelas oito da noite.

Às 21 horas da terça-feira 16 de junho, venci toda a moleza, o cansaço e a preguiça e decidi calçar um tênis e sair na noite fresquinha de Brasília para correr e salvar a mim mesmo. Não nasci para seguir o fluxo fácil e contínuo das coisas, inclusive das tendências humanas.






16 de junho - Bloomsday

Ao sair para correr, não cruzei com praticamente ninguém em meia hora de corrida pelas alamedas escuras da Asa Sul.

Já na primeira volta, avistei no relógio da rua a data 16/06 e na hora a visão me chamou a atenção. A data é uma efeméride: Bloomsday.

Eu sou uma das pessoas que conseguiu vencer as centenas de páginas da odisseia de leitura de "Ulisses" de James Joyce. Foi uma das leituras mais importantes de minha vida literária.

Ulisses, de Joyce, se trata de um livro de quase mil páginas que contém todos os gêneros literários e narra um dia da vida do personagem irlandês Leopold Bloom, do amanhecer até a madrugada seguinte.

A linguagem é tão hermética e tão difícil que eu comecei a ler e parei quase uma dezena de vezes. Cheguei a ler até a página 300 e recomecei porque não tinha sido do jeito que eu queria.

Enfim, um dia comecei a ler, peguei o ritmo, entrei na história e fui adiante até o fim. A leitura é uma epopeia cerebral, linguística e literária.

Considero uma de minhas façanhas literárias, assim como foram as leituras de A montanha mágica - de Mann, Don Quijote de La Mancha - Cervantes, Os lusíadas - Camões e Irmãos Karamazov - Dostoievisk.

Tem tantas passagens marcantes que é difícil escolher uma que seja mais diferente para citar. Imaginem um livro escrito no início do século vinte, publicado em 1922, que tinha tanta coisa diferente que escandalizou meio mundo.

Há passagens com linguagem sexual e termos chulos. Há poesia. Há dramaticidade. É demais.

A obra faz um paralelo da vida dos personagens irlandeses, retratados como pessoas comuns vivendo uma vida medíocre, com os personagens do clássico grego A Odisseia, de Homero. Leopold Bloom é Odisseu. Sua esposa é Penélope e Stephen Dedalus é o jovem Telêmaco.

Imaginem vocês como voltei eufórico e com a energia melhor após minha meia hora de corrida na noite fresca de 16º do dia 16/06.

A vida é uma experiência única! A gente nunca poderia imaginar onde iríamos parar.

Vamos continuar porque eu quero sobreviver a tudo e quero poder experimentar muita coisa ainda e testar minhas possibilidades intelectuais, literárias e me lapidar como ser humano nos próximos tempos.

Viva o Bloomsday!

Foi o momento...

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