Este blog é para reflexões literárias, filosóficas e do mundo do saber. É também para postar minhas aulas da USP. Quero partilhar tudo que aprendi com os mestres de meu curso de letras.
domingo, 29 de novembro de 2015
Diário - 291115 (Corrida, filmes, leituras, músicas)
Refeição Cultural
Preguiça de escrever.
Estou num domingão legal porque amanhã é feriado em Brasília e eu vou descansar um pouco, já que não tenho viagem marcada pelo meu trabalho nesta segunda e só terei alguns textos mais complexos para analisar.
CORRIDAS
Minha saúde e condição física não estão nos níveis ideais depois de um ano de trabalho como este que estou enfrentando. Após minha primeira meia maratona no início de outubro, diminuiu mais ainda meu tempo para correr e caminhar. Meu corpo também acumulou dores de treinamento para a meia maratona: nos tendões dos pés, na virilha e um pouco nas costas.
Bom, falta um mês para a minha oitava participação na São Silvestre. Treinar é preciso, para preparar o corpo para correr 15 km. Além do mais, como minha pressão arterial alterou um pouco depois desse ano de trabalho, correr e se exercitar é uma necessidade vital, além de me alimentar melhor. Esses são os efeitos práticos de ser cuidado por um médico de família da Cassi: mais consciência para o autocuidado em saúde.
Na volta às corridas, no domingo passado, voltei ao Eixão aqui em Brasília e corri 5k em 32' e andei mais 6k em 60'.
Hoje, corri no Eixão 7k em 45' e andei mais uns 5k em 50'. Foi bem difícil e o que me levou a completar o percurso correndo foi a determinação de minha mente, porque o corpo pedia que eu parasse desde o km 5. Mas foi legal. Missão cumprida para esta semana.
FILMES
Neste sábado, depois de muita insistência de minha esposa, acabei por assistir ao filme O Pianista, dirigido por Roman Polanski (2002). O filme retrata uma história real de um pianista judeu polonês, que sobreviveu ao Holocausto, escondido no Gueto de Varsóvia. O filme e a história são muito duros. Fiquei bem mal. Dormi mal. Acordei pensando a respeito. Enfim, a história mexeu comigo porque tenho escrito sobre os riscos à paz e à civilidade social que acompanham a ascensão do fascismo em nosso país e no mundo. Se der, depois escrevo sobre o filme.
LEITURAS
Contos. Até o momento neste final de semana, li contos. Vamos ver se leio alguns dos meus livros prediletos entre hoje e amanhã.
MÚSICAS
Acabei de ouvir o 6º CD de meu box com dez CDs de músicas clássicas do estilo Barroco.
Já rolou Bach, Mozart, Vivaldi, Offenbach, Grieg, Massenet, Handel, Haydn, Albinoni etc,
Pai, como sei que você visita o Blog para saber notícias minhas, receba um beijo carinhoso, pra você e tod@s aí em Uberlândia.
William Mendes
domingo, 22 de novembro de 2015
Diário - 221115
Um casal de curicacas no entorno de casa, em Brasília - DF. |
Refeição Cultural
Domingo acabando.
Cumpri mais um compromisso com filho e esposa: assistimos ao segundo filme da trilogia "O senhor dos anéis". Ufa, já foram seis horas de filme, em quatro sentadas em frente à tela, nos poucos momentos que tenho com a família. A história e o filme deixam a gente estressado pelas batalhas e violências. Mas compromisso é compromisso.
Para voltar o ritmo cardíaco ao normal, estou ouvindo agora um de meus compositores favoritos: Johann Sebastian Bach - estou ao som dos Concertos de Brandenburgo nº 1, nº 2 e nº 3. Eu tenho uma edição especial em box com dez CDs de compositores barrocos.
Hoje, saí para correr um pouco e caminhar. Já faz algumas semanas que só caminho, e caminho quando dá. Meu condicionamento físico está ruim desde que participei de minha primeira meia maratona em 11 de outubro. A cada semana aumentam a carga horária e o estresse no trabalho. Me esforcei para correr 5 km e andar mais 6 km.
A IMPORTÂNCIA DO AUTOCUIDADO E DO MÉDICO DE FAMÍLIA
O trabalho está afetando minha saúde, assim como ocorre com os meus pares, os colegas bancários. A nossa luta pela defesa e fortalecimento da Caixa de Assistência, onde sou gestor eleito, está alterando minha saúde rapidamente. Eu sei que ocorre o mesmo com nossos bancários nos locais de trabalho, sob forte pressão por metas e assédio, além das péssimas condições de trabalho.
Pois é, estou a três semestres como gestor da nossa entidade de saúde, no modelo de autogestão compartilhada entre eleitos pelo Corpo Social e indicados pelo Banco do Brasil. Felizmente, eu tive a oportunidade de passar a ser cuidado pelo modelo assistencial da Cassi - a Estratégia Saúde da Família (ESF), onde você é cuidado e monitorado por uma equipe multidisciplinar em saúde. O modelo é o que há de melhor no cuidado dos participantes para prevenir doenças e promover saúde.
Nossa agenda de luta e o estresse diário nestes dezoito meses, já alteraram minha condição de saúde e as consequências são as tradicionais: aumento do colesterol ruim e aumento da pressão arterial. Em três visitas de acompanhamento semestral, o médico de família já identificou isso e me recomendou algumas mudanças e atenção na alimentação.
Aí algumas pessoas podem perguntar: de que está servindo eu correr e caminhar quando consigo agenda livre? Se eu não tivesse retomado as corridas, eu já estaria num estágio bem pior de saúde neste percurso de três semestres. Não tenho dúvida nenhuma!
Meu desejo e objetivo durante meu mandato é ampliar a cobertura da Estratégia Saúde da Família (ESF) para o máximo de bancários e associados que for possível em um mandato de quatro anos, porque a Cassi precisa de estrutura para poder cuidar de mais associados no modelo de Atenção Integral à Saúde e ESF/CliniCassi e são necessárias estratégias para essa ampliação, além de recursos financeiros.
MANTER CONTATO COM A BASE SOCIAL É UMA META QUE FAREI ATÉ O FIM DO MANDATO DE REPRESENTAÇÃO
Meu trabalho me exigiu e exige muito estudo e muita negociação, desde que comecei o mandato. Mas uma das coisas mais importantes na vida de um representante eleito é não perder o contato com o Corpo Social que representa. Eu me formei assim nos mandatos eletivos que já cumpri como dirigente sindical.
Nesta semana que passou, eu falei com mais de 300 pessoas em 4 Unidades da Federação - TO, DF, SC e PR. Desde que comecei o mandato tenho feito isso. A consequência é dobrar as jornadas de trabalho. Elas acabam por ser de umas 12 horas pra mais, porque conjugo ser administrador de uma entidade de saúde, negociador que tem na estratégia buscar mobilização dos associados, e um gestor eleito prestando contas à base social que representa.
Acho isso fundamental porque na atualidade social do mundo as representações e as instituições democráticas estão em cheque e são questionadas por falta de representatividade e de cumprimento daquilo que se pactua nos processos eleitorais. Eu defendo a política e a democracia e não a disputa de hegemonia de ideias e ideais através da força, da guerra e da extinção do outro.
Eu estou cansado para começar mais uma longa semana, não deu pra descansar. Mas, amanhã cedo, estarei em pé para mais uma semana cumprindo minhas tarefas e compromissos pela entidade de saúde que administro e em nome dos associados que represento.
William Mendes
Diretor de Saúde e Rede de Atendimento da Cassi
Post Scriptum: também publicado no blog de trabalho, com outro título.
sábado, 21 de novembro de 2015
"Há uma operação de enfeitiçamento em curso", Najla Passos
“A mídia não cobre mais os acontecimentos. Ela gera versões e tenta transformá-las em verdade”, alertou o sociólogo Laymert Garcia dos Santos, professor titular do Departamento de Sociologia da Unicamp e membro do Centro de Estudos dos Direitos da Cidadania da USP, que participou da mesa Comunicação e Novas Tecnologias, durante os “Seminários para o avanço social”, promovido pelo Fórum 21, em São Paulo de 9 a 13 de novembro.
De acordo com ele, mesmo após o advento das redes sociais e dos 13 anos de governos petistas, o sistema da comunicação no Brasil é ainda extremamente concentrador e preocupante porque, historicamente, o PT não soube avaliar o real poder da mídia e a esquerda não conseguiu formular uma análise crítica do seu potencial de formação de consensos.
Santos afirma que, desde a década de 80, o PT já contava que, quando chegasse ao poder, teria a velha mídia brasileira ao seu lado, devido à postura dos oligopólios, como as Organizações Globo, de sempre se posicionarem a serviço dos governos de plantão. Mas não foi o que aconteceu. Para agravar, as redes sociais amplificaram o potencial da mídia de repetir versões para transformar fatos em verdade, o que gerou o quadro atual.
“A esquerda não tem uma visão crítica em relação aos meios de comunicação. E se ela não consegue ter essa relação em relação à velha mídia - se o máximo que consegue é propor a democratização e ponto - imagina com as novas mídias”, criticou.
Para o professor, o quadro é de tamanha gravidade que a relação entre verdade e mentira, entre verdade e ficção, está completamente abalada. “Nós chegamos a um ponto em que os ladrões gritam ‘pega ladrão’ para os não-ladrões. E isso cola! É uma inversão de valores gigantesca”, ironizou.
Linguagens totalitárias
O sociólogo sustenta que a dimensão totalitária que a linguagem da velha mídia, reverberada pelas redes sociais, adquiriu no país só encontra precedentes no período pré-nazista e na Guerra Fria. “A mídia é uma parte não só ativa na definição do que acontece, mas é parte ativa na criação de ficções, de versões do que ocorre”, ressaltou.
Para piorar o quadro, a esquerda não consegue sequer reagir aos sucessivos ataques, porque seus instrumentos são poucos e de curto alcance, enquanto os dos oligopólios que dominam a mídia no país vão longe e promovem uma espécie de “enfeitiçamento” contínuo. “Se você coloca só um pouquinho de voz de um lado, não é suficiente para fazer contraponto. A assimetria é enorme”, destacou.
O resultado, conforme ele, portanto, é um campo de versões e mentiras deliberadas, programadas por uma máquina poderosa, que tem uma capacidade de mobilização das mentes das pessoas bastante importante. “Não só a classe média já foi ganha, como também existe a uma capilaridade em setores beneficiados pelas políticas desse governo que começam a se submeter a este enfeitiçamento. Há uma operação de enfeitiçamento em curso”, denunciou.
Como exemplo, Santos cita as pequenas manifestações por impeachment ou a favor de “intervenção militar” que reúnem meia dúzia de manifestantes e um boneco, mas ganham um espaço enorme no noticiário e na agenda política do país, em detrimento de outras muito maiores organizadas pelos movimentos sociais. “Há todo um encadeamento de redes de transmissão que fazem com que não-acontecimentos se tornem acontecimentos, com o objetivo de manter no ar permanentemente a perspectiva de golpe”, alertou.
O não-diálogo
Para o professor, este enfeitiçamento está na base da falta de diálogo que domina o país. “Todo mundo aqui já tentou argumentar com uma dessas pessoas de direita, no sentido de demonstrar os absurdos que ela está dizendo, e bateu em um muro. O esclarecimento não resolve. Não há possibilidade de diálogo nem de discussão, porque o irracional surge. Elas não querem ser esclarecidas. São movidas pelo ódio e o ódio é visceral. E esse ódio é alimentado o tempo todo pela mídia e pelas redes sociais”, argumentou.
Para o professor, o mais grave é que o governo sequer reage a essa ofensiva, tratando essa explosão da linguagem totalitária no país como natural ou próprio da democracia. “Nem corte de grana para emissoras houve. A reação do governo é de submissão e isso estimula o avanço conservador”, acrescentou. Santos sustenta que as forças de esquerda precisam compreender os sinais de perigo e agir. “A linguagem não é só sentido e produção de conteúdo. A linguagem também é ação. E a ação da linguagem totalitária é mobilizar o negativo das pessoas”, denunciou.
O mercado da atenção
Professor de Sistemas de Informação da USP, Mário Moreto Ribeiro, fez uma comparação entre o ambiente do mundo do trabalho e o das redes sociais, que hoje exigem a atenção total do trabalhador/internauta, em uma desgastante briga por sua atenção. “Na internet hoje, o que está em disputa é essa atenção total. Não só o tempo [do internauta], mas a atenção”, afirmou.
Segundo ele, o capital se apropriou do que deveria ser espaço de interação e lazer para os trabalhadores e o transformou em mais uma mercadoria. É por isso que ele classifica o esforço exercido por milhares de usuários das redes sociais para formularem comentários e disputar a atenção de seus seguidores, gratuitamente, é um tipo de trabalho voluntário que contribui para valorizar a marca da empresa, e gerar lucro para o capital.
“Escrever no facebook também é um trabalho. Você gasta tempo, valoriza a empresa. E disputa a atenção dos colegas. Existe um mercado da atenção nas redes sociais. E a gente está disputando esse mercado quando escreve no Facebook. Mas não é um mercado aberto. Ele é controlado por uma empresa”, alertou.
Fonte: Carta Maior
COMENTÁRIO DO BLOG:
Texto fantástico. Quem me conhece ou já me viu falar sobre o tema, sabe que é tudo que tenho dito. Os sublinhados são para destacar.
domingo, 15 de novembro de 2015
Viver segue sendo muito perigoso...
Brasília com suas cores. Estamos em novembro, mês dos Flamboyants vermelhos e laranjas. |
Refeição Cultural - Diário 151115
Domingo em Brasília. Já estou há uma hora ouvindo a sinfonia de pássaros através da janela da sala de casa.
O mundo globalizado viu na última sexta-feira 13 os atentados terroristas em Paris. Quase duzentas pessoas perderam a vida ou estão na iminência de perdê-la. Os atentados foram assumidos pelo Estado Islâmico, um subproduto da destruição entre os anos noventa e dois mil dos países árabes e do Oriente Médio, destruição cuja responsabilidade tem forte relação com os países imperialistas do ocidente, capitaneados pelos Estados Unidos.
Como eu disse num texto anos atrás, o mundo segue hostil. O pior é que as perspectivas não são animadoras. Podemos ter um aumento da barbárie em escala mundial para as próximas décadas. Com o medo e o uso do medo, ampliam-se as intolerâncias, os preconceitos, xenofobias e tudo quanto é mazela do gênero.
Analistas e estudiosos de história e de guerras afirmam que uma eventual 3ª Guerra Mundial seria muito diferente das duas primeiras registradas no século XX. Estas foram de países de um lado e outro, mas agora o mundo é dominado por corporações, que põem governos de joelhos, e por grupos de afinidades como religião, ideologias e outros liames.
A existência é um "Grande Sertão: veredas", para citar o grande Guimarães Rosa. Ou seja, além da afirmação clássica de que o sertão é em todo lugar, temos a questão das veredas e encruzilhadas da vida para cada ser vivo. Todos os dias, a todo instante, escolhemos fazer isso ou aquilo, decidimos optar por determinado caminho.
As veredas
As veredas... o tempo inteiro em nossa vida nos pegamos escolhidos para trilhar determinado caminho, para realizar determinada tarefa. Riobaldo Tatarana nunca quis ser o que foi, nem coragem ele tinha em ser jagunço, mas lá estava ele, no meio das maiores guerras dos sertões.
Se passa o mesmo com cada um de nós. Aqui no meu mundo, na minha vida. Na sua vida. Ali em Mariana, Minas Gerais, onde uma tragédia anunciada e prevista destruiu centenas de quilômetros de meio ambiente e vida (capitalismo). Lá em Paris, na França, com os atentados terroristas desta última sexta-feira 13. Por mais que planejemos algo, as adaptações extrapolam - e muito - o que estava desenhado.
Me peguei sindicalista. Agora me peguei gestor em saúde. Estava no lugar que procuraram e estava realizando minhas lutas quando me peguei com novas tarefas. Todos escolhemos e somos escolhidos o tempo todo. Já pensaram nisso?
Para voltar nas veredas, no sertão mundo. As pessoas estavam lá em Mariana, Mariana estava lá no meio das perspectivas de exploração e destruição de tudo que significa o modelo de produção capitalista, e a hora do desastre chegou. Porque é claro que o desastre sempre vem. É claro que vamos inviabilizar a existência no mundo. Os desgraçados donos do sistema capitalista e seus lacaios e ideólogos sabem que vão destruir o planeta, mas fazem o cálculo de que não será na vez da vida deles, e então atuam na base do foda-se a geração seguinte.
As veredas... a questão das veredas e do sertão mundo serve para refletirmos sobre qualquer coisa. Dezenas de pessoas foram mortas em Paris na última sexta-feira. As informações dão conta de que era uma linda noite de sexta. E então começaram os ataques e assassinatos de civis.
Viver é perigoso...
Com os novos conhecimentos em saúde que adquiri ao ser gestor de entidade de saúde, eleito por trabalhadores, convivo com nova dor de conhecimento - desde muito novo, partilho do conceito que o conhecimento às vezes nos traz dor e sofrimento, porque não conseguimos mudar as coisas -, enfim, nos dói saber o quanto é benéfico e poderíamos melhorar a vida de toda a população se pudéssemos cuidar da saúde dela desde cedo, atuando na educação em saúde e na atenção primária.
Mais de setenta por cento das demandas de saúde quando o caso é grave, tem origem na falta de cuidado e acompanhamento de doenças crônicas. Quando a vítima chega à rede hospitalar, se houver rede hospitalar nos locais, ela tem uma chance menor de sobreviver e ficar sem sequelas e o custo para tratar sua demanda de saúde agudizada é exponencialmente mais caro. Grande parte das doenças graves são oriundas do não cuidado de questões básicas como controlar o colesterol, a diabetes e a hipertensão. De se controlar o estresse e a alimentação. De fazer exames periódicos para casos de histórico familiar.
É engraçado e trágico ao mesmo tempo. O ser humano passou a viver mais que três décadas com o passar de alguns milhares de anos porque melhorou a tecnologia das coisas cotidianas. Criamos os condimentos, sal, açúcar, fumo, álcool, gorduras saturadas, alteramos geneticamente os alimentos. Antes, a existência nos demandava esforço físico e aquilo que chamamos de atividades aeróbicas. Hoje, o humano é sedentário.
Na atualidade, os humanos vivem várias décadas a mais, porém morremos basicamente porque nossas veias e artérias entopem e explodem por falta de controle e acompanhamento do consumo de condimentos, sal, açúcar, fumo, álcool, gorduras saturadas, desequilíbrio no que se come. E tem também o estresse do mundo inseguro, caótico e da exploração humana pelo capitalismo. Explodimos também por isso.
Enfim, o mundo segue sendo o que é: um campo de batalha e em disputa por todos os seres vivos que nele habitam.
Viver segue sendo muito perigoso.
William Mendes
quinta-feira, 12 de novembro de 2015
Y del mucho leer, se le secó el celebro...
Eu e Miguel de Cervantes, Toledo (ESP). 2009. |
"En resolución, él se enfrascó tanto en su lectura, que se le pasaban las noches leyendo de claro en claro, y los días de turbio en turbio; y así, del poco dormir y del mucho leer, se le secó el celebro de manera que vino a perder el juicio..."
Em meu trabalho atual, de gestor de entidade de saúde, eleito pelos trabalhadores, há dias em que me lembro muito desta frase famosa sobre nosso Cavaleiro da Triste Figura...
E de tanto ler, seu cérebro secou...
Aff! E o pior é que não é literatura. São súmulas, estudos, trocentas páginas sobre questões de saúde etc.
William Mendes
domingo, 8 de novembro de 2015
Reflexões sobre a vida e nosso papel social
Refeição Cultural
Domingo. Acabou o final de semana. Entrei no casulo sábado para um respiro, mas já acabou. Vamos iniciar mais uma semana num mundo esquisito, duro, indefinido ao extremo, a considerar que o ser humano se organizou em sociedade para conquistar um pouco de segurança e estabilidade. Hoje, no entanto, o sistema capitalista organizou o mundo e as pessoas que nele habitam para o curto prazo.
Não há mais estabilidade em nada. Assim como a própria existência, frágil e à mercê de um instante final, nossas organizações sociais estão todas por um triz.
Como achar sentido na nossa existência tão curta e fugaz, no instante em que passamos por aqui?
Eu me pergunto isso e vivo buscando sentido para as coisas desde muito jovem. Já vivi algumas parcas décadas neste mundo, onde o tempo é infinitamente grande e longo se comparado ao instante que é uma simples vida humana.
Buscando sentidos e observando o mundo em que vivo, neste fim de semana li um pouco de Franz Kafka, O processo, e li um pouco de Mário de Andrade, Macunaíma. Corri e caminhei, pois sei de minha obrigação em ser resistente, como soldados em campos de batalha. Reli textos meus para rever o que já escrevi e o que pensei a respeito de coisas do mundo.
Eu tenho convicção absoluta sobre a importância da leitura de materiais mais densos como livros clássicos e obras que abordem com maior profundidade o conhecimento humano acumulado em milhares de anos. A leitura de obras densas gera a capacidade nos leitores de criarem referências para as coisas do cotidiano da vida - para as decisões a se tomar, porque você pode buscar no conhecimento adquirido com as obras clássicas uma referência sobre o que fazer e as consequências que sua decisão podem gerar.
Quando vejo do que se alimentam meus pares humanos na atualidade, através das redes sociais e ferramentas comunicacionais, produtos de poucas linhas, com imagem e som, as pautas e materiais disponibilizados, os novos "livros" editados, os vídeos, os temas, enfim as coisas que formam ou organizam o pensamento dos humanos situados no mundo em que estamos, fico pensando no que fazer, no meu papel, em como lidar com as pessoas ao meu redor.
Fico pensando em como trabalhar e representar as pessoas deste mundo novo das coisas curtas, com valores outros em relação ao que eu defendo e luto por implantar no mundo para uma vida melhor das pessoas e do próprio planeta que habitamos.
Eu sinceramente tenho dúvidas do efeito prático da minha forma de agir. Mas eu acredito que tenho que manter minha postura, minha forma de agir, mesmo sendo infinitamente minoria no que penso e defendo. No fundo, desde muito jovem, sempre senti a necessidade de não ser parte das hegemonias ao meu redor.
Acho que isso tem um pouco a ver com ser um militante de esquerda, militar por justiça social, lutar contra injustiças sociais, não ter os valores de sua vida baseados no ter... mas sim em ser algo que valha a pena.
Vou acordar nesta segunda-feira e trabalhar com firmeza pela tarefa que me designaram ao me elegerem para gerir uma entidade de saúde de trabalhadores, em nome deles.
Vou manter minha postura de não concordar com injustiças e coisas erradas. E vou manter minha franqueza em dizer o que penso e o que defendo, para as batalhas que eu for escolher para enfrentar, porque aprendi com a vida que não posso enfrentar todas as coisas erradas do mundo, mas que devo escolher as batalhas para as quais vou me dedicar.
William Mendes
Uma simples vida humana
(mas importante como todas as vidas humanas)
sábado, 7 de novembro de 2015
Diário - 071115
Refeição Cultural
Sábado. Acordei. Tomei um copo de água. Abri a janela da sala e fiquei minutos vendo o movimento das folhas nas árvores e o movimento dos pássaros. Peguei O processo e li por uma hora. Li o terceiro capítulo.
Lembremos o começo da obra:
"Alguém devia ter contado mentiras a respeito de Joseph K., pois, não tendo feito nada de condenável, uma bela manhã foi preso..."
Passados alguns dias, o personagem começa a viver o processo. Os locais onde deve ir, a forma como as sessões do processo se dá e as pessoas com quem Joseph K. lida são coisas sem sentido, sem lógica. É algo semelhante ao mundo do faz de conta, da fantasia.
Joseph K está preso, mas está livre para ir e vir durante o processo. Mas está preso, porque o processo está em andamento.
Liberdade
Quem de nós está livre? Eu estou preso ou estou livre?
Posso ir e vir... ou seja, estou livre. Mas sou livre?
As obras de Franz Kafka, principalmente O processo, ganharam interpretações às mais variadas ao longo do século 20. É o efeito posterior de boas obras.
Eu li O processo quando era adolescente. Imagine só como era minha cabeça, meu mundo, o mundo, quando li a obra lá nos anos oitenta do Brasil miserável, de minha família em condição financeira miserável, de um mundo miserável, dividido pela Guerra Fria?
E hoje, falamos de um mundo miserável. Falam ou plantam para os jovens de hoje que o Brasil é miserável... Canalhas miseráveis!
Que merda tudo isso! Que processo kafkiano vivemos!
William
William
domingo, 1 de novembro de 2015
O Brasil virou o cenário do processo kafkiano
Brasil virou cenário d'O processo... |
Refeição Cultural
"Alguém devia ter contado mentiras a respeito de Joseph K., pois, não tendo feito nada de condenável, uma bela manhã foi preso..." (O processo, Franz Kafka)
Assim começa uma das obras mais interessantes da literatura mundial. O processo, do escritor tcheco Franz Kafka (1883/1924), é obra de referência inclusive por ter dado nome a uma expressão popular "processo kafkiano" para algo absurdo que aconteça com um cidadão, algo impossível de acontecer por ir contra o sentido normal de respeito aos direitos de uma pessoa quando lida com o Estado/Sistema e coisas do gênero.
Quando nós escrevemos e falamos nos últimos anos sobre os riscos existentes em se abrir a Caixa de Pandora no Brasil, riscos motivados pela perda de limites em relação ao respeito mútuo entre a classe política e lideranças sociais, tendo como consequência o aumento das agressões recíprocas nas eleições presidenciais de 2010, disputadas entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), estávamos prevendo que, ao se estimular a barbárie na sociedade civil, seria difícil se controlar o que viria depois.
A chamada "oposição" aos governos do Partido dos Trabalhadores, que ascendeu ao poder com Lula em 2002, sendo Lula reeleito em 2006 e elegendo sua candidata Dilma Rousseff em 2010, essa "oposição", liderada pelos tucanos e pelos grupos mais à direita e reacionários do país, mas tendo como um dos pilares de sustentação as famílias donas dos meios de comunicação brasileiros - grupos Globo, Folha, Estadão e Abril -, essa "oposição" é responsável, na minha opinião, pelo avanço da intolerância entre o povo brasileiro e pela destruição do pouco de imparcialidade e igualdade que pudesse existir no Estado brasileiro em relação ao trato com os estratos sociais menos privilegiados - pobres e minorias em geral - por parte dos órgãos oficiais da chamada democracia e sua estrutura burguesa: Judiciário e sua estrutura e legislativo federal, que elegeu a bancada mais retrógrada na concepção, canalha na índole e reacionária na questão de direitos populares das últimas décadas.
Com a 4ª derrota da "oposição" para o PT de Dilma Rousseff em 2014, e já havia sido assim com a derrota da "oposição" na 3ª disputa presidencial com o PT de Lula em 2010, acelerou-se a estratégia de caça às lideranças do PT e da esquerda aliada ao Governo Federal. Após as manifestações de junho de 2013, utilizadas e manipuladas pelas máquinas e veículos de comunicação dessa "oposição" para atacar o Governo Dilma e criminalizar o Partido dos Trabalhadores e suas lideranças, entramos numa nova fase do foco opositor na aniquilação e extinção do partido, das conquistas do povo brasileiro advindas com os governos do PT após 2003 e, neste momento em que escrevo, esta história está sendo escrita e vivida por todos nós.
A ascensão do partido nazista em 1933 e o período de Hitler na Alemanha do 3º Reich usou da mesma estratégia ao disputar a hegemonia dos corações e mentes de um povo, o povo alemão. Aqueles anos 20/30 viviam a novidade dos meios de comunicação de massa com rádio e cinema e os governos e donos do poder se utilizaram rapidamente daquela máquina de manipulação de consciências das populações em seus países.
PREGAR O ÓDIO e CULPAR O PT hoje através da máquina da "oposição" aos governos do PT são os mesmos eixos da estratégia de Hitler em meio a crise econômica da época (pós crash de 1929), exatamente como ocorre no mundo hoje (pós crash de 2008). PREGAR O ÓDIO E CULPAR OS JUDEUS foram os eixos estratégicos nazistas ao alimentar o ódio no povo alemão e escolher como culpado por tudo o povo judeu. O resultado da política nazista deu no que deu: Holocausto. Eu nunca me esqueci da frase do ex-senador por Santa Catarina, Jorge Bornhausen (ARENA>PDS>PFL>DEM), que em 2006, pregou a seguinte frase: "precisamos acabar com essa raça", se referindo aos políticos de esquerda e especificamente ao Partido dos Trabalhadores e simpatizantes.
Que diriam os incrédulos mais à esquerda e progressistas que a caça ao PT e petistas, menos de uma década depois, seria um processo real? A insanidade tomou conta do cotidiano das pessoas e do país. O massacre midiático, cínico, mentiroso, leviano, tirou a noção e o bom senso dos cidadãos. Agora uma corja de corruptos e corruptores históricos fazem passeatas acusando o Governo Federal e o PT e os meios de comunicação da "oposição" estampam ilações quase no sentido de dizer ao cidadão comum: cace um petista!
Estamos vivendo praticamente o processo nazista do 3º Reich no Brasil. E eu diria que o processo de acusações e ilações às lideranças petistas é kafkiano. Se é para atacar e destruir o Governo Dilma ou Lula - a maior liderança popular do país -, ou suas lideranças regionais e destruir o PT, vale qualquer coisa! Prender sem provas, escrever qualquer merda, ilação ou suspeição em TODOS os veículos de comunicação (PIG) porque pertencem ao mesmo grupo "oposição" e por aí vai.
E o pior e mais parecido com o clima da Alemanha nazista dos anos trinta e dos processos kafkianos das vítimas contra o totalitarismo desses sistemas é que OS CIDADÃOS COMUNS NÃO FAZEM NADA E TODOS LEVAM SUAS VIDAS NORMALMENTE.
A iniquidade está virando a regra. A injustiça e o tratamento desigual dos órgãos oficiais do Estado estão virando a regra. E aí estamos caminhando para o fim da democracia.
Estamos vivendo a HISTÓRIA. E é a história de amanhã da ascensão do fascismo no Brasil.
William Mendes
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Post Scriptum:
Escrevi no Facebook ao mudar a foto do perfil para esta da postagem:
Entramos novembro... vamos vivendo num mundo kafkiano. E vamos vivendo e lutando. Depois de descansar uns vinte dias após realizar meu sonho de correr a 1ª meia maratona (21K Floripa), comecei hoje a treinar para correr a São Silvestre (15K). Nada melhor que começar o treino no Parque Continental - Osasco SP, com uma subidona de quase 1K e com chuva... Vamos a luta, vamos com leveza, resistência e muita energia interior nos focos que temos!