sábado, 12 de dezembro de 2015

Lendo: Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado



Quando possível, é beber na fonte para ser menos ignorante.
Há que se conhecer para compreender o porquê das coisas.

CANTO TERCEIRO

5

"Além disso, o que a tudo enfim me obriga
É não poder mentir no que disser,
Porque de feitos tais, por mais que diga,
Mais me há-de ficar inda por dizer.
Mas, porque nisto a ordem leve e siga,
Segundo o que desejas de saber,
Primeiro tratarei da larga terra,
Despois direi da sanguinosa guerra."

(Os Lusíadas, Luís de Camões)



TERCEIRA PARTE DO LIVRO

Economia escravista mineira (século XVIII)

XIII. Povoamento e articulação das regiões meridionais


COMENTÁRIO DO BLOG

Com a concorrência dos produtos tropicais franceses e ingleses, Portugal busca saída na extração de minerais

No final do século XVIII, Portugal se perguntava o que fazer com a colônia sul-americana, Brasil, para que ela se autofinanciasse e valesse a pena, já que a produção em monocultura de cana-de-açúcar já enfrentava forte concorrência das colônias francesas e inglesas nas Américas e Caribe.

Definiu-se que era necessário encontrar metais preciosos em terras brasileiras.

"O estado de prostração e pobreza em que se encontravam a Metrópole e a colônia explica a extraordinária rapidez com que se desenvolveu a economia do ouro nos primeiros decênios do século XVIII. De Piratininga a população emigrou em massa, do Nordeste se deslocaram grandes recursos, principalmente sob a forma de mão-de-obra escrava, e em Portugal se formou pela primeira vez uma grande corrente migratória espontânea com destino ao Brasil. O facies da colônia iria modificar-se fundamentalmente." (pág. 77)


COM A MINERAÇAO, HOUVE GRANDE IMIGRAÇÃO PORTUGUESA

"Com efeito, tudo indica que a população colonial de origem europeia decuplicou no correr do século da mineração". (pág. 78)

Furtado nos informa que afora os grandes senhores de engenhos ou terras, os homens livres* não conseguiam nenhuma expressão social. Era miséria pura.

"Ao estagnar-se a economia açucareira, as possibilidades de um homem livre para elevar-se socialmente se reduziram ainda mais. Em consequência, começou a avolumar-se uma subclasse de homens livres sem possibilidade de ascensão social, a qual em certas épocas chegou a constituir um problema". (pág. 79)

COMENTÁRIO DO BLOG

* Mais tarde, nos séculos XIX e XX, essa multidão de homens livres e sem posses, seriam os macunaímas, os jagunços e os agregados nos entornos das cidades, nos sertões e nas casas grandes.


Com o avanço da mineração, cresce o comércio da carne, favorecendo a pecuária da região Sul do país. Outro fator econômico que aparece fortemente é o mercado para animais de carga, pelo fato da região mineradora ser montanhosa e longe do litoral brasileiro.


ETAPA MINEIRA FAVORECE DE FORMA INDIRETA MAIS AO SUL QUE AO NORDESTE

"Se se considera em conjunto a procura de gado para corte e de muares para transporte, a economia mineira constituiu, no século XVIII, um mercado de proporções superiores ao que havia proporcionado a economia açucareira em sua etapa de máxima prosperidade. Destarte, os benefícios que dela se irradiam para toda a região criatória do sul são substancialmente maiores do que os que recebeu o sertão nordestino. A região rio-grandense, onde a criação de mulas se desenvolveu em grande escala, foi, dessa forma, integrada no conjunto da economia brasileira". (pág. 80/81)


SÃO PAULO CONCENTRAVA E DISTRIBUÍA BURROS E BESTAS

"Cada ano subiam do Rio Grande do Sul dezenas de milhares de mulas, as quais constituíam a principal fonte de renda da região. Esses animais se concentravam na região de São Paulo onde, em grandes feiras, eram distribuídos aos compradores que provinham de diferentes regiões..." (pág. 80)


PROCURA POR GADO INTEGROU REGIÕES

"A economia mineira abriu um novo ciclo de desenvolvimento para todas elas. Por um lado, elevou substancialmente a rentabilidade da atividade pecuária, induzindo a uma utilização mais ampla das terras e do rebanho. Por outro, fez interdependentes as diferentes regiões, especializadas umas na criação, outras na engorda e distribuição e outras constituindo os principais mercados consumidores. É um equívoco supor que foi a criação que uniu essas regiões. Quem as uniu foi a procura de gado que se irradiava do centro dinâmico constituído pela economia mineira". (pág. 81)


COMENTÁRIO FINAL DO BLOG

É sempre bom pegar em leituras um pouco mais engajadas, que nos lembram quem somos, de onde viemos e por que as coisas são como são em nosso querido Brasil: uma terra que, apesar das condições naturais ideais, na conformação social é eivada de injustiça, iniquidades, exploração das massas trabalhadoras, com povos com pouco acesso a escolarização e com ignorâncias incentivadas pela elite dominante.

Há que se posicionar e combater sempre isso. É dever de homens e mulheres de bem e que defendem um mundo melhor, mais justo, equânime e solidário se engajarem nas causas sociais em nosso país.

William

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