sábado, 5 de março de 2016

O processo kafkiano... no Brasil



Uma de minhas edições do livro.

"- Não pode haver dúvidas - prosseguiu K. em voz muito baixa, pois sentia-se feliz com a viva atenção dos ouvintes; naquela quietude os sussurros reprimidos, e apenas audíveis, eram mais estimulantes do que os aplausos mais entusiasmados -, não pode haver dúvidas, senhores, de que por trás das manifestações desta justiça, por trás da minha detenção, consequentemente, para falar de mim, e do interrogatório de hoje, encontra-se uma grande organização em atividade. Uma organização que não apenas emprega guardas corruptos, inspetores e juízes de instrução imbecis, mas também tem ao seu dispor uma hierarquia judiciária de um nível elevado, aliás do mais elevado nível, com o seu indispensável e numeroso séquito de empregados, funcionários, policiais e outros auxiliares, talvez até carrascos - e não estremeço ao pronunciar esta palavra. E qual o sentido dessa grande organização, senhores? Prender inocentes e mover-lhes processos sem razão e, na maioria das vezes, sem resultado, como no meu caso. Como seria possível, no absurdo do conjunto de um sistema como este, que a venalidade* dos funcionários não viesse à luz?" (página 49)

(O Processo, Franz Kafka (1883/1924)


Refeição Cultural

Seria cômico, se não fosse trágico. Juro!

Esta passagem da célebre obra de Franz Kafka descreve o que aconteceu ontem no Brasil, sexta-feira, 4 de março de 2016. Cada frase acima descreve o processo de tomada dos órgãos de justiça brasileiros por parte de alguns agentes públicos, pessoas físicas, que tomaram de assalto os órgãos públicos que deveriam servir de proteção às leis e aos cidadãos brasileiros.

Uma parte dos agentes públicos, partidarizados politicamente, se uniu às forças de oposição ao partido político (PT) que venceu as últimas 4 eleições para a Presidência da República, e esses agentes públicos estão rasgando a Constituição Federal, os direitos individuais dos cidadãos e perderam completamente o limite, executando prisões políticas sem provas, sem acusações e inclusive com a intenção de torturar psicologicamente por meses pessoas presas sem crime até que elas aceitem falar o que os agentes públicos querem.

Essa merda é o que está acontecendo com parte da justiça brasileira.

Nesta sexta 4, um juiz que deixaram até o momento mandar e desmandar, parar o que quiser no país, mandar prender quem bem entender, em qualquer lugar, associando qualquer coisa e qualquer pessoa a um processo ao qual ele está designado, enfim, esse sujeito, mandou levar coercitivamente para depor (preso) o presidente Lula, sem sequer convidá-lo antes, o maior e melhor presidente que o Brasil já teve, reconhecido no mundo todo e aqui, onde saiu após dois mandatos com 80% de aprovação e fez sua sucessora, a primeira presidenta do país. 

O tal juiz armou todo o circo de humilhações ao presidente e seus familiares e amigos, combinado com as emissoras de TV e imprensa golpista, conhecidos no Brasil como PIG (Partido da Imprensa Golpista), como o maior partido de oposição ao PT e aos avanços incontestáveis em direitos sociais para milhões de brasileiros e brasileiras após a posse de Lula e o PT no governo federal em 2002.

Onde vamos parar? Espero que não sigamos o roteiro da obra fantástica de Franz Kafka e nem do personagem Joseph K.

William


*Venalidade:

1. Qualidade de venal, do que pode ser vendido.

2. Fig. Qualidade daquele que se vende, prostitui ou deixa se corromper por dinheiro ou outros valores.


Fonte: Dicionário Aulete

Nenhum comentário:

Postar um comentário