domingo, 16 de outubro de 2016

Neste momento da história o mal vence e se banaliza


Nós humanos fazemos da vida
 em sociedade uma merda,
mas há a beleza da natureza.

Refeição Cultural

Domingo, saí para caminhar na praia. Preciso cuidar minimamente do corpo que me carrega para enfrentar o que vem de balas e bombas no front da guerra em que me encontro, a guerra de classes.

Não pude deixar de pensar um minuto sequer em tudo que já aconteceu com o golpe contra a democracia brasileira e contra o povo ao qual pertenço e pensar em tudo que vislumbro estar por vir no cenário político e econômico atual enquanto andei mais de uma hora.

Estou seco, estou querendo silêncio. Gostaria até de poder dormir mais e não posso. Meu corpo está cansado.

Na próxima semana e nas outras até o final do ano, tenho uma agenda insana, mas necessária, para defesa da causa que abracei: a Cassi, entidade de saúde dos bancários do BB. 

Vou conjugar até o fim do ano o que já venho fazendo desde que iniciei esta tarefa (revolucionária), enfrentar agendas de reuniões semanais na sede em Brasília, inclusive com debates e embates por causa das negociações a respeito do déficit do plano de saúde dos trabalhadores, com agendas de visitas às bases onde temos atuado incansavelmente para levar informações a respeito da Caixa de Assistência e propor parcerias em defesa da própria Cassi e do modelo assistencial de cuidar dos associados ao longo da vida.

O título desta matéria é uma afirmação dura e verdadeira na opinião deste que aqui escreve aos leitores de nosso Blog.

Eu sei que não posso fazer sequer um texto com tudo o que penso porque, no momento em que nos encontramos, as pessoas não leem nada mais que demore para ler. É o tempo do curto prazo, é o tempo só do momento, do aqui e agora, não há amanhã. É foda.


E apesar de tudo, a natureza
resiste até a nós humanos.

A derrota recente de Fernando Haddad (PT-SP) nas eleições municipais brasileiras foi algo que me colocou num nível de desesperança muito grande. Fiquei dias refletindo a respeito. Nós trabalhadores explorados pelos donos de tudo perdemos; os capitalistas e seus meios de comunicação cartelizados e monopolizados, venceram.

Milhões de pobres e remediados que tiveram suas vidas melhoradas com as políticas implantadas pelo Partido dos Trabalhadores votaram nos bilionários que estão babando para retirar todas as conquistas desses milhões de ex-miseráveis. E esses miseráveis votaram neles.

Eu não tenho mais décadas para esperar ver nascer esperanças de um mundo mais justo e solidário após acabar de ver um golpe de estado e ver nascer o mesmo clima nazifascista que o mundo viveu nos anos 20 e 30 do século XX.

O governo golpista e os 366 desgraçados congressistas que podem votar e aprovar qualquer coisa que quiserem a qualquer minuto nos próximos meses não vão deixar pedra sobre pedra da ex-república Brasil. 

O avanço dos meios de comunicação de massa das últimas décadas criou seres humanos imbecilizados, mais que em qualquer época. Todo o conhecimento do mundo está digitalizado à toa. A referência na vida das pessoas são os meios de comunicação dos bilionários. São corpos marombados e tatuados, status social, dinheiro ganho de qualquer forma, jogos e mundos eletrônicos e virtuais.

As condições de luta dos trabalhadores explorados dos séculos XVIII e XIX foram umas; outras foram as do século XX. Agora também são diferentes. Nunca tivemos um sistema que manipula, engana e direciona com tanta facilidade a própria classe explorada. Fodeu!

Eu não terei saúde para enfrentar por décadas este sistema totalitário e escravizador da rede mundial de computadores, que meus pares progressistas e de esquerda achavam, anos atrás, que viria para derrotar o poder dos poucos donos capitalistas de TV, rádios, jornais e revistas. ERRARAM! Nós perdemos. Visionário foi George Orwell com sua metáfora do Grande Irmão (Big Brother).

Neste momento da história, em nosso país sob novo golpe e nos países do mundo que estão sob ataque dos imperialistas e donos das corporações mundiais das indústrias armamentistas, de óleo e gás, farmacêuticas, das modas e marcas de carro, roupa, tênis e fetiches do tipo, nós povo explorado que precisamos de emprego deles para sobreviver, teríamos que iniciar uma contraofensiva organizada para não virarmos escravos.

Não teremos chances através do processo democrático. Porque não há mais democracia real. Não temos a quem recorrer em termos de instituições do Estado, porque o Estado está tomado e as instituições estão contra nós.

Os jovens precisariam assumir a contraofensiva. Mas quem vai organizar os jovens dispersos e desunidos, juntos a velhos líderes de "esquerda" ou eles mesmos não querendo relação alguma com ninguém da "velha política" e frágeis em si mesmos com seus sonhos e utopias num mundo totalitário dos meios de comunicação de poucos donos de tudo, que eliminam adversários em meses através dos veículos de informação e com apoio dos seus apaniguados nas estruturas do Estado, legislativo, executivo, judiciário e forças policiais, unidos contra os levantes do povo sem armas?

Eu não desisto de minhas missões e tarefas, mas sei do cenário em que estamos enfiados. Se mais da metade do povo brasileiro está entorpecido pelos golpistas e seus meios de comunicação, mais da metade do povo que represento na área da saúde e no banco público que trabalho está com os golpistas que vão nos foder.

Mas eu acordo todos os dias e saio para cumprir minha missão. Como diz o poeta maior Drummond:

"Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
" (Os ombros suportam o mundo)


Sigo a ordem de meu coração e dos votos que carrego, e a confiança que depositaram em mim mais de 30 mil pessoas. E sei que é bem provável que ao final todo o sacrifício não dará em nada. Vejam o Fernando Haddad e a vitória do bilionário desgraçado eleito pelos nossos pares trabalhadores e miseráveis que pouco se lixam para a política que determina a vida deles mesmos.

Chega. Como sempre, a gente acaba escrevendo um monte. Pra quê?

William

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