domingo, 4 de junho de 2017

Diário e reflexões - 040617 (Plantar o bem para além de nosso tempo)



Primeiro ipê que vi em 2017 aqui na Asa Sul DF.
A beleza da natureza no Plano Piloto nos encanta.

Refeição Cultural

Fim de semana em Brasília. Estou contente porque o filho está nos visitando e eu não o via há semanas. Saudades! Minha sobrinha também deu uma rápida passada por aqui no sábado.

Tenho pensado tanta coisa nos poucos minutos em que não estou quase como um autômato, como máquina de guerra no cumprimento de minhas tarefas na direção de uma entidade de saúde de autogestão dos trabalhadores do Banco do Brasil. Meu mandato exige uma vigilância quase que no ritmo de um front de batalha na defesa dos direitos dos associados e da própria entidade.

Em relação à minha paixão por leituras, tenho feito o que posso. No mês de maio, consegui ler dois livros e quase terminei outro de setecentas páginas. A leitura da obra Distraídos Venceremos (1987), de Paulo Leminski (ler AQUI), foi importante para oxigenar meu cérebro com poesia. A leitura de primeiro contato com a escritora Conceição Evaristo, Ponciá Vicêncio (2003), me encantou (ler AQUI). E o livrão que pretendo acabar neste mês é o de Hemingway - Por quem os sinos dobram (1940). Mas o desejo de leitura é tão maior que a capacidade de realização, que estamos sempre tristes por isso.

Em relação à prática de esportes e saúde, as coisas estão bem aquém do que deveriam. Apesar de considerar uma façanha ter corrido 9 vezes em maio, além de pedalar 3 vezes e caminhar 3 vezes no mês passado, minha saúde está bastante afetada pela minha carga de trabalho e pelo "estresse de front" ininterrupto que vivo. Tenho preocupação com o amanhã.

Finalizo minhas reflexões pensando muito num programa que vi nesta madrugada sobre a vida de Sebastião Salgado, um documentário feito por seu filho, em parceria com o cineasta alemão Wim Wenders - O sal da Terra (2014). Ao ver os trabalhos realizados pelo fotógrafo brasileiro, fiquei muito impactado, olhos cheios d'água, fiquei cabisbaixo. Fiquei pensando nas contribuições que este ser humano já deixou para a humanidade e para o Planeta.


Um instante em Brasília. Cada dia um céu, uma luz solar.

E pensar que tão pouca gente no mundo assiste a um documentário deste, se comparado ao arsenal de merdas produzido pelos empresários dominadores dos meios de comunicação, merdas cujo efeito é emburrecer os seres humanos, desviar a atenção deles daquilo que realmente importaria em suas vidas, porque os meios de comunicação públicos nas mãos de empresários são instrumentos de manipulação de massa, de pregação de suas ideologias de classe dominante.

Sebastião Salgado relata que voltou tão destruído da experiência de ir até Ruanda e ver a tragédia da guerra civil e extermínio entre Rutus e Tutsis, ou de ver a tragédia nos Bálcãs, que ficou com sua alma doente. Perdido. Conseguiu superar com muito engajamento em seu trabalho de semear uma floresta e fotografar a natureza e os animais para presentear a nós todos com seus trabalhos.

Fiquei pensando no ódio plantado no Brasil por causa de derrotas políticas seguidas de um segmento social que sempre mandou em tudo aqui, a elite branca escravagista da Casa Grande secular. O Brasil foi destruído pelo conluio do candidato derrotado do PSDB, Aécio Neves, com toda a quadrilha de políticos e empresários que lhe apoiavam, como os empresários dos meios de comunicação (PIG). Tanta destruição por não aceitarem a decisão do voto popular nas eleições presidenciais de 2014. Que absurdo isso!

O ódio e o envenenamento do povo brasileiro pode nos levar a uma guerra civil e de extermínio. E mesmo que hoje começássemos a reverter o quadro de ódio e intolerância para um novo momento de fraternidade, solidariedade e bem querer reciproco, levaríamos décadas de construção. Mas nem esperança tenho neste momento, porque o golpe segue, o sangue envenenou e quase todo mundo se odeia ou não se tolera.

Estou ciente de minha condição de cidadão do mundo, e atuo em função de meus compromissos políticos com a classe social a qual pertenço. O mundo passa por um momento triste. Enfim, é fazer o que tem que ser feito. Sem esmorecer nem desistir.

William


Post Scriptum:

Foi tão legal receber um e-mail de um leitor do Blog perguntando sobre minhas leituras de José J. Veiga, porque ele não viu mais as postagens das leituras que estava fazendo ano passado e que ele sabe que meu desejo é ler toda a obra do autor goiano. Essa relação com as pessoas do nosso mundo é o que mais nos dá ânimo de seguir escrevendo, por mais dificuldades que tenhamos. Gabriel, obrigado pelo contato. Consegui te responder hoje. Abraços pra ti.

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