domingo, 20 de agosto de 2017

Casa-grande & Senzala (1933) - Gilberto Freire





Refeição Cultural

"A Gilberto Freyre*

                       Carlos Drummond de Andrade


Velhos retratos; receitas

de carurus e guisados;
as tortas Ruas Direitas;
os esplendores passados;

a linha negra do leite
coagulando-se em doçura;
as rezas à luz do azeite;
o sexo na cama escura;

a casa-grande; a senzala;
inda os remorsos mais vivos,
tudo ressurge e me fala,
grande Gilberto, em teus livros."

*Viola de bolso novamente encordoada, Rio de Janeiro, José Olympio, 1955.


Início de jornada

Estamos no ano de 2017, vivendo no maior país da América do Sul, o Brasil, que está sob golpe de Estado desde abril de 2016, um golpe parlamentar-jurídico-midiático, quando a presidenta Dilma Rousseff, eleita com 54,5 milhões de votos em 2014, foi afastada e depois impedida de seguir em seu mandato por um bando de suspeitos de corrupção que tomou conta de parte das instituições da máquina estatal brasileira.

De lá para cá, os golpistas da chamada "Casa Grande" destruíram a economia do País, atacaram fortemente os direitos do povo brasileiro e não param de dilapidar o que ainda resta de patrimônio público e social do Brasil. Sem contar que na construção do golpe foi aberta a Caixa de Pandora, e a máquina de comunicação empresarial, que atua como partido, o Partido da Imprensa Golpista (PIG), envenenou o povo brasileiro criando um ódio antes incomum em solo pátrio, e favorecendo a ascensão de ideais nazifascistas.

Após ler mais de trinta obras no primeiro semestre deste ano, defini que não terei a mesma possibilidade de leitura neste período seguinte. No entanto, achei que não tinha mais como protelar o estudo da obra de Gilberto Freyre, já que nenhuma referência é mais citada atualmente que este ensaio sobre a conformação do Brasil.

A obra se divide em cinco capítulos, e tentei ler o primeiro inteiro antes de publicar alguma coisa, mas não foi possível porque minha leitura tem sido lenta e com atenção, lendo inclusive todas as citações e referências, que equivalem a páginas e páginas ao final de cada capítulo. Já li quase 90 páginas e depois vou publicar alguns comentários, assim como li ano passado 1984, de George Orwell, fazendo uma série de postagens.

As opiniões de Freyre neste ensaio são polêmicas e ler uma obra desta nos exige o comportamento intelectual de conhecer suas teses e avaliar o que concordo e o que tenho discordância. Já fiz isso em várias obras como, por exemplo, o Ócio Criativo, de Domenico de Masi. Algumas afirmações deste intelectual me incomodaram bastante, mas isso não me impede de ler seus pensamentos.

Enfim, o momento político é dramático e eu entendo que as lideranças da classe trabalhadora precisam reagir. Eu já tenho uma tarefa duríssima na frente de batalha em que estou - defesa dos direitos em saúde dos trabalhadores do BB na autogestão Cassi -, mas conhecimento e formação são sempre necessários para que possamos contribuir com o avanço dos direitos sociais do povo brasileiro.

Abraços,

William
Um leitor

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