domingo, 13 de agosto de 2017

Romaria de Uberlândia a Água Suja - Momentos



Após andar 15 km, chegamos ao Rio Araguari.


Refeição Cultural

Nesta sexta-feira, 11 de agosto, peguei a estrada pela enésima vez para fazer o caminho entre Uberlândia e Água Suja - cidades do Triângulo Mineiro -, romaria que faço desde a minha adolescência, nos anos oitenta.

Mesmo fazendo o caminho a tanto tempo, e mesmo o caminho sendo o mesmo, cada caminhada é única, cada experiência é nova, cada momento é único. Nós nunca somos os mesmos de um ano para outro.


Instantes - bezerro morto, e urubus.
Um urubu por poste na espera; outros no início dos
trabalhos de decomposição e reaproveitamento natural.

Desta vez, fizemos a caminhada meu filho e eu. E pela primeira vez em tantos anos, tive alguém acompanhando a nossa caminhada de carro, coisa comum para muitos romeiros. Meu cunhado se ofereceu para ir conosco, o que facilita muito porque evita-se de carregar tudo nas mochilas às costas. Querido Túlio, muito obrigado!


Rio Araguari em toda a sua beleza.

Pegamos a estrada na sexta pela manhã, às 9h45, saindo do trevo entre Uberlândia e Araxá. Deste ponto, o percurso dá 73,5 km. Os uberlandenses nos avisaram que o Sol estaria muito forte. Mas decidimos sair cedo, porque se não pegássemos Sol forte na saída descansados, pegaríamos Sol escaldante no período final, já que o percurso dura mais de 20 horas, indo direto.


Instantes - olhem a beleza desta paisagem
em nosso duro caminhar.

Ano passado, a caminhada foi uma das mais difíceis de minha vida. Meus pés estouraram muito cedo com bolhas, por causa do tênis não ter sido ideal, e eu me carreguei por mais de 50 km na base da persistência no objetivo e na superação das dores.


Parada em um posto desativado. Já andamos uns 26 km.

Neste ano, foi completamente diferente. Ano passado, eu senti que seria daquele jeito antes de sair para a estrada. Havia todo um contexto pessoal e político na vida deste cidadão. De forma inversa, tinha comigo que faria agora a caminhada com tranquilidade, pois minhas energias estão preparadas para tudo que tenho que enfrentar.


Essa foto é um verdadeiro instante único.
Segundos depois, as rolinhas se dispersaram.

Um dos maiores prazeres que tive foi a companhia de meu filho amado, Mário Augusto. Foi um momento raro em nossas vidas distantes, podermos conversar durante dezenas de quilômetros sobre diversas coisas. Como ele faz biologia e eu sou um curioso em tudo, falamos de biologia, de ecologia, de música. Meu filho me explicou diversos jogos de videogame, dentre outras coisas. Só nosso momento juntos já fez a caminhada valer a pena.


Romeiros na estrada. O percurso tem
subidas de horas de caminhada.

A experiência de andar por diversas horas seguidas pelas estradas da vida nos faz alterar momentos de pensamentos e reflexões, momentos de olhar a natureza, no caso do Triângulo Mineiro, uma vegetação ressequida de início de agosto, e momentos de muita concentração no seu corpo, na sua mente, para fazer o que tem que ser feito ali.


Sou fascinado por árvores e troncos retorcidos e secos,
em seus momentos de economia de energia vital
para o momento seguinte da vida.

Neste ano, os romeiros tinham uma preocupação extra: o Governo Federal, o DNIT, proibiu que se montassem barracas de ajuda aos romeiros. Isso é um absurdo! A tradição da Romaria na região tem um século e meio. Felizmente, o povo desobedeceu a proibição imbecil e eu nunca vi tanta barraca de ajuda na minha vida. Foram mais de 15 ao longo dos quase 80 km. Não faltaram frutas, bebidas e lanches para os romeiros.


Por do Sol na estrada. Parte I.

Eu registrei algumas imagens com minha velha máquina fotográfica de 2009 e ela ainda funcionou bem. Meu corpo resistiu de forma impressionante. Eu não tive bolha. Eu não tive sono desta vez. Não senti nada. Cheguei à Romaria pronto para os desafios que tenho pela frente.


Por do Sol na estrada. Parte II.

Os caminhos e distâncias que temos que percorrer em nossas caminhadas pela vida, em busca de nossos objetivos, são os mais diversos possíveis e são muito duros. Não há caminho fácil na vida de um membro da classe trabalhadora.


Parada para descansar e tomar uma sopa na barraca
de ajuda aos romeiros (Antena). Já andamos 50 km.

Os desafios que temos para retomar nosso País das mãos dos bandidos que se apossaram dele, os desafios para recuperar e manter os direitos dos trabalhadores que representamos, e que somos, são imensos. Mas cada ser humano carrega em si uma energia infinita, desconhecida. E criadora.


Eu e o filhão dando uma descansada na
Antena antes de seguir adiante.

Volto para minhas tarefas políticas e cidadãs nesta segunda-feira consciente da força e energia que tenho para cumprir com meus objetivos de defender os direitos em saúde dos trabalhadores que represento, cuidar de meus entes queridos e ajudar a construir um mundo mais justo e solidário, a partir de minhas ideias, minhas palavras e minhas atitudes.


Estou na ponte sobre o córrego que marca os últimos 3 km
 para chegar à cidade. Faço esta foto há muitos anos.
Só ficando mais velho...

Estamos firmes e à disposição das lutas que acreditamos.


William - um homem na estrada


Post Scriptum:

Aos uberlandenses: eu gostaria de contatar uma senhora chamada Dona Cida, de pouco mais de 50 anos, que saiu para a Romaria na sexta de manhã, do bairro Martins, e nos encontramos quase que durante a caminhada toda. Ela deixou sua bolsa com cobertor e algumas roupas no carro do Túlio, que nos apoiou, e como não a encontramos nem no Posto Santa Fé, nem na barraca do Atalho, deixamos a bolsa dela com o pessoal da barraca, mas no dia seguinte soubemos que a bolsa ainda estava lá. Caso alguém a conheça, peço entrar em contato comigo através do Blog ou do meu perfil no Facebook.

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