quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Diário e reflexões - 251017 (Extinção do Brasil)





Quarta-feira, fim de noite. 

O Congresso Nacional, com votos pagos a bilhões de dinheiros, segundo a imprensa, livrou mais uma vez o golpista mor de acusações de corrupção.

Minha agenda de trabalho e luta em defesa da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, a Cassi, não foi diferente no dia de hoje. Estou trabalhando há mais de 3 anos entre 12 e 14 horas por dia. Para fortalecer a maior autogestão em saúde de nosso país e defender os direitos dos trabalhadores associados que represento, só me dedicando como se estivesse num front de batalha para criar alguma condição de êxito naquilo a que nos dispusemos.

O meu país, o Brasil, está passando por um processo de desfazimento após o golpe de Estado aplicado em 2016 para interromper o período de avanços realizados pelos governos do Partido dos Trabalhadores após as eleições de Lula da Silva no início do século 21. Entre 2003 e 2014, o país e o povo brasileiro haviam experimentado o período mais exitoso de nossa história. O Brasil havia se tornado referência no mundo - num mundo em caos após a crise do subprime americano.

Hoje, o país está sendo esfacelado, desmanchado, por um Congresso Nacional eleito em 2014 já sob os ares do golpe que começou a ser realizado a partir das manifestações de junho de 2013, um movimento construído de fora para dentro, exatamente como aconteceu em países do Oriente Médio, países detentores de poços de petróleo, as tais "primaveras árabes". Que azar do Brasil... tinha o Pré-sal pra chamar a atenção dos EUA. Idem Venezuela. Nós não temos bomba atômica como o Irã tem.

Mais de 400 elementos ocuparam as cadeiras do Congresso para destruir um país para o qual eles nunca ligaram. São representantes da casa-grande.

Deu certo para a oligarquia da casa-grande! A cleptocracia brasileira. Deu certo para os golpistas! O Brasil está sendo desfeito. Os direitos do povo estão sendo desfeitos. Não há reação. Não há movimento. Não há revolta e destruição dos agentes causadores do golpe. Nosso patrimônio está sendo entregue para as corporações internacionais que financiaram o golpe. 

Não há nenhum sinal de guerra civil. Só a guerra civil das favelas, das periferias, do tráfico. Da polícia que mata negros e pobres, que bate em trabalhadores, estudantes e idosos. Que protege bandidos da casa-grande. 

Mas a Globo está por aí, em todas as paredes, bares, hall de hotéis, taperas do norte e nordeste, dos rincões. Tem novelas. Tem gente andando e olhando pra tela de celular. Tem um mundo inteiro de brasileiros que vivem no Facebook como se esta rede social do garoto inventor dela fosse a própria rede mundial de computadores.

Eu fico dividido entre ter pena ao ver um país se desfazer para sempre e ter raiva de cada um, cada uma, que foi marionete dos empresários que organizaram o golpe. Marionetes da Globo, da Folha, do Estadão, da Band, da Editora Abril. Daquele sujeito da República de Curitiba.

Não posso considerar inocente cada cidadão que fez papel de idiota, que mesmo não fazendo parte do 1% da casa-grande e, sendo da classe trabalhadora, aceitou ir pra rua derrubar um governo de uma mulher honesta, de um partido que mudou para melhor a vida de dezenas e dezenas de milhões de pessoas que dependiam do trabalho e de oportunidades para serem protótipos de cidadãos num futuro que podia chegar e agora nunca mais!

Os bandidos lesas-pátrias dão risadas da cara dos idiotas úteis, agora perplexos, riem do povo nas telas do mundo digital. E o meu povo não esboça nenhuma reação.

O Brasil nunca mais será o mesmo. Meu mundo Brasil acabou (não terá volta após o desfazimento).

Enquanto isso, eu sigo obstinadamente focado na entidade de saúde de autogestão de trabalhadores, para a qual estou designado para atuar por ela e pelos direitos de seus participantes. Se a Cassi não fosse a minha cachaça, eu já teria ficado louco, ou com depressão profunda, ao ver tudo ao meu redor se esvaindo.

Mas como diz o poeta maior, Drummond, chegou um tempo em que a vida é uma ordem, a vida apenas, sem mistificação. Tenho consciência disso. Lembro a cada um que conheço algo básico de um lutador: desistir não é uma opção!

William
Cidadão

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