segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Memórias e histórias de lutas sociais (I)



Estou revisando as 241 postagens do ano de 2014 em meus
dois blogs. Os textos contêm muitas histórias de lutas e também
muitos momentos simples de um cidadão bancário e militante.

Refeição Cultural

Está acabando o feriado de Finados. Estamos no mês de novembro e caminhamos para terminar um ano terrível para o povo e a classe trabalhadora brasileira. O Brasil está sendo desfeito rapidamente após o Golpe de Estado executado no início de 2016. Me desespero ao ver que não há reação à vista por parte da população vítima das consequências dos retrocessos que vêm sendo implantados pelos golpistas instalados em setores dos três poderes.

No Dia de Finados, até comecei a leitura de um livro - As intermitências da morte, de José Saramago. Mas após ler cerca de 60 páginas, acabei guardando a obra para outra oportunidade. Não posso ler e não consegui tranquilidade para a leitura.

Após trabalhar bastante na sexta-feira na Cassi, soube da notícia naquele dia do decreto do Governo que põe à venda ativos e empresas públicas de economia mista. 

Eu sou trabalhador do Banco do Brasil há 25 anos e já quase morro de dor ao ver o que os golpistas estão fazendo com a nossa Petrobras e o Pré-sal e agora vem numa canetada o desmanche de empresas públicas fundamentais para o país. Já estão ameaçando a nossa Caixa Econômica Federal, um patrimônio do povo. Não podemos permitir isso, nosso banco público tem mais de dois séculos de existência.

Como vocês sabem, sou um representante eleito por trabalhadores em entidades associativas e de lutas, constituídas pelos próprios trabalhadores. Após ser dirigente sindical por 14 anos - no Sindicato dos Bancários de São Paulo Osasco e região e na Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT, hoje estou como gestor de saúde na maior autogestão do país, a Cassi.

Ao longo de quase vinte anos de organização das lutas dos trabalhadores da categoria bancária, onde sempre atuei fortemente nas bases e depois em espaços de coordenação, passei a ter um olhar especial sobre a história, sobre comunicação e sobre a formação política dos trabalhadores. Essas 3 áreas são fundamentais para qualquer tipo de resistência à exploração dos capitalistas e donos do mundo.

Entre 2006 e 2007, já dirigente sindical nas coordenações nacionais das lutas dos bancários, criei dois blogs para experimentar as ferramentas do mundo das comunicações e da internet, que passava a se popularizar no mundo, junto com as redes sociais. Não foi uma criação inocente. 

Meu objetivo era utilizar as ferramentas para informar, compartilhar conhecimento, opinar, disputar versões com a grande imprensa dos capitalistas e prestar contas de minha atuação como eleito.

Enfim, nós do campo popular chegamos a achar que poderíamos enfrentar os grandes meios de comunicação dos donos do mundo, dos donos do poder em cada espaço geográfico chamado de país etc. Não podemos. Eles detêm o poder de pautar, influenciar, de manipular, de esconder o que querem do povo e dos trabalhadores. 

É muito desigual o poder que têm poucas famílias e poucas corporações capitalistas donas de TVs, rádios, jornais, revistas, sites - em propriedade cruzada - ao criarem pautas e divulgá-las impondo sua ideologia de classe dominante se compararmos à capacidade de comunicação das lideranças e entidades do campo popular, onde está a classe subjugada por esse 1% dono de tudo.

MEMORIAL DE LUTAS A PARTIR DE MINHAS EXPERIÊNCAS

Mesmo sabendo que não temos poder para enfrentar os grandes meios de comunicação e todo o embate que vem sendo feito no mundo contra os trabalhadores e suas entidades de classe, e a rápida tentativa de apagar nossas histórias de lutas, eu me sinto na obrigação de escrever, registrar, compartilhar minhas experiências e opiniões nesta jornada que venho empreendendo como mais um trabalhador nas lutas da classe trabalhadora brasileira.

Tenho dedicado quase que todas as minhas horas de folga, ou seja, finais de semana e algumas madrugadas, em reler os textos, atualizar imagens e diagramação, categorizar com marcadores temáticos (tags), todas as postagens que fiz como um cidadão bancário eleito por trabalhadores para atuar na organização e defesa de nossos interesses de classe. O cidadão que escreve no Blog Refeitório Cultural não se desassocia do cidadão que escreve no Blog Categoria Bancária. Os temas são diferentes, mas se completam.

Terminei a releitura dos 70 textos que fiz durante 2014 no Refeitório Cultural. Eu já havia feito a releitura das 88 postagens do Categoria Bancária desde o momento em que comecei o mandato na Cassi, de junho adiante. Agora estou terminando as 83 matérias que fiz entre janeiro e maio, período da campanha eleitoral da Cassi e enquanto eu era coordenador das negociações nacionais do BB. 

Amig@S, os 241 textos contidos nos dois blogs são história pura, não só minha, mas dos bancários do Banco do Brasil e das lutas da categoria e suas entidades de classe. A pauta dos trabalhadores daquele Brasil antes do golpe era uma - mais conquistas e avanços -, e agora vejo com tristeza o quanto mudou a pauta - resistir à destruição total dos direitos e das nossas entidades de classe. É triste! Mas a experiência mostra que É POSSÍVEL DAR A VOLTA POR CIMA!

Eu pretendo disponibilizar minhas memórias de forma organizada para lideranças e sindicatos que tenham interesse. Depois que terminar 2014, farei o mesmo com 2015, 2016 e 2017. 

Esta organização das memórias e registros está me dando muito trabalho, mas eu quero deixar minha contribuição para aqueles que gostam de história, que gostam de cultura, que se interessem por seguir organizando a resistência contra o que estão fazendo conosco, a classe trabalhadora.

É isso! Abraços a tod@s!

William

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