domingo, 25 de março de 2018

250318 - Diário e reflexões - O que o futuro me reserva?



Refeição Cultural

Domingo ensolarado em Brasília. Estou sozinho há semanas, longe da família. Estou aqui pensando na vida. Já li mais um pouco da história de Nelson Mandela, autobiografia de um grande líder do povo sul-africano. Ouvindo Pink Floyd, Metallica e outras bandas que gosto.

Estive envolvido nas últimas semanas na campanha das eleições da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, a Cassi, a maior autogestão em saúde do país. Coloquei meu nome à disposição para o processo democrático, juntamente com outras lideranças que compõem a nossa Chapa 1 Em Defesa da Cassi. As votações vão até quarta-feira, dia 28 de março, e o resultado sai após as 18 horas desse dia.

Estou terminando um mandato de quatro anos à frente da Diretoria de Saúde da entidade, e minha vida mudou completamente nesse período. Nunca me dediquei de forma tão intensa e integral ao longo de anos por uma causa como esta de defender os direitos em saúde dos associad@s e o modelo assistencial de Atenção Primária e Medicina de Família. 

Não que eu não me dedicasse com a mesma intensidade quando fui dirigente sindical eleito pelos trabalhadores, mas é que para ser o melhor representante que eu pudesse ser, sabia que teria que estudar e mergulhar nas questões técnicas da área, além de manter o punho firme que sempre tive para enfrentar patrões e capitalistas e seus representantes. A intensidade do esforço ao longo do mandato foi semelhante a tocar uma greve de 30 dias ininterruptamente por quatro anos. Minha luta foi de manhã, tarde, noite, madrugadas e finais de semana. Não poderia ser de outra forma.

O período foi de tantas mudanças que quando começamos o mandato o Brasíl não havia sofrido o golpe de Estado, as condições econômicas, políticas e sociais do país eram outras. O setor de saúde suplementar tinha mais de 52 milhões de usuários de planos de saúde. Hoje tem pouco mais de 47 milhões. Grandes do setor faliram, como a Unimed Paulistana, ou estão mal das pernas. As despesas com a compra de serviços de saúde no mercado quase cartelizado crescem cerca de 15% ao ano. As receitas dos planos de saúde não acompanham nem de perto essa conta de despesa operacional. Os patrões tentam repassar os custos somente aos trabalhadores beneficiários dos planos, tentam se ver livres dos aposentados (aqueles planos que ainda incluem aposentados), se aproveitam do desconhecimento técnico da área para estimular lugares comuns e informações equivocadas sobre a eficiência das entidades de saúde de autogestão.

No entanto, os associad@s da Cassi não perderam nenhum direito histórico em saúde. A Cassi não fez reduções de sua estrutura própria de atenção à saúde, o que seria um erro fatal, porque provamos que a estrutura própria de Atenção Primária e Medicina de Família faz mais com menos. Todo o mercado está tentando fazer o que a Cassi faz. A solução para usar melhor os recursos arrecadados pelo sistema de saúde Cassi é investir mais em promoção e prevenção, programas de saúde e monitoramento de populações assistidas ao longo do tempo. Desfizemos interpretações equivocadas e lugares comuns faladas sobre a Caixa de Assistência por total desconhecimento da área. Incomodamos bastante o outro lado da representação, a patronal.

Bom, minhas reflexões não são sobre o que fizemos pela Cassi e pelos associad@s. Estou aqui pensando no momento seguinte após o resultado das eleições. Estarei à frente da Diretoria de Saúde da Cassi no período mais desafiador de sua história ou não estarei.

Fico pensando em minha família, fico pensando em minha visão de mundo social mais justo e solidário, voltado para o povo brasileiro e não para uma pequena parcela de privilegiados (o 1% dono de tudo). Fico pensando em como aguentar tanta iniquidade, tanta injustiça contra o povo. A Cassi foi minha cachaça nestes últimos 4 anos. Não fiz outra coisa que lutar para defender a entidade e seus associados.

Amanhã cedo estarei junto aos associad@s nas bases fortalecendo a democracia na Cassi e estimulando tod@s a votarem porque a participação massiva vai fortalecer as negociações sobre o futuro da entidade e dos direitos dos trabalhadores associados.

Quinta-feira 29 verei minha família. Depois vem o feriado (ufa!). Depois vem a segunda-feira 2 de abril. E depois vêm os meses seguintes. Meu futuro será de lutas, isso eu sei, afinal de contas eu pertenço à classe trabalhadora. O que não faltam são frentes de lutas, a da Cassi que estamos preparados, e as diversas frentes de lutas por uma vida melhor das pessoas.

Boa semana a todas e todos.

William

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