A simplicidade da natureza de Brasília foi algo marcante e ficará em minha memória. |
"Llaneza
A Haydée Lange
Se abre la verja del jardín
con la docilidad de la página
que una frequente devoción interroga
y adentro las miradas
no precisan fijarse en los objetos
que ya están cabalmente en la memoria.
Conozco las costumbres e las almas
y ese dialecto de alusiones
que toda agrupación humana va urdiendo.
No necesito hablar
ni mentir privilegios;
bien me conocen quienes aquí me rodean,
bien saben mis congojas y mi flaqueza.
Eso es alcanzar lo más alto,
lo que tal vez nos dará el Cielo:
no admiraciones ni victorias
sino sencillamente ser admitidos
como parte de una Realidad inegable,
como las piedras e los árboles."
(Jorge Luis Borges, Antología poética 1923-1977)
Refeição Cultural
Domingo, 1º de abril de 2018, Brasília (DF).
Começo a me despedir do Planalto Central, do cerrado, onde passei meus últimos quatro anos. Daqui algumas semanas volto para minha terra, o Mundo de Ozzz, Osasco (SP).
A natureza única em Brasília foi algo que me encantou profundamente nesses quatro anos que passei aqui a trabalho, como diretor de saúde na Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil.
Brasília com suas estações do ano bem definidas, as chuvas, a seca prolongada, as flores de cada época, os pássaros apaixonantes como as curicacas e o canto do urutau que aprendemos a amar. O céu mais azul do mundo! O pôr do sol de paralisar.
"Se abre la verja del jardín
con la docilidad de la página
que una frequente devoción interroga
y adentro las miradas
no precisan fijarse en los objetos
que ya están cabalmente en la memoria..."
O abrir a janela de onde morei era como ver um jardim, e acho que a beleza e a simplicidade da natureza e o canto dos pássaros, junto às luzes dos entardeceres, ficarão para sempre em minha memória.
Vim a Brasília realizar a tarefa mais desafiadora de minha vida de lutas e de representação dos trabalhadores. Por mais que soubesse do trabalho que realizamos na defesa dos associados da Cassi e no fortalecimento da própria Caixa de Assistência e seu modelo revolucionário de saúde preventiva, havia externado para as pessoas mais próximas, meses atrás, o quanto seria difícil obter condições ideais de disputa para seguir com o trabalho que vinha sendo realizado (eu conheço muito os espaços de disputa de poder...).
"Conozco las costumbres e las almas
y ese dialecto de alusiones
que toda agrupación humana va urdiendo..."
Já vislumbrava a dificuldade em se obter a unidade necessária no campo progressista e de representação dos segmentos dos trabalhadores associados. Já estou nesse meio há vinte anos e sei que nas horas centrais, o que prevalece é a divisão, é o foco no poder, mais que o foco no projeto coletivo. É só ver no quadro político do Brasil na maior crise de sua história como estão se comportando as forças progressistas em relação às eleições majoritárias. Teremos quantas candidaturas do campo popular? Três ou quatro? Não adianta a história ensinar... ninguém olha ou considera a história da luta de classes!
Nos próximos dois meses, período final de registro do mandato e de prestação de contas que realizamos no blog Categoria Bancária, vou registrar tudo que for possível sobre a Cassi e as áreas que atuamos. E vou registrar minhas opiniões, afinal de contas fiz isso desde o primeiro dia e assim vou até 31 de maio de 2018. Não teria motivos para esconder minha avaliação sobre o resultado das eleições e o que vislumbro pela frente em relação à entidade que aprendi a amar durante o mandato.
"No necesito hablar
ni mentir privilegios;
bien me conocen quienes aquí me rodean,
bien saben mis congojas y mi flaqueza."
Eu tenho que ir me desligando da luta em defesa da Cassi e dos associados. Conheço profundamente a realidade que enfrentamos, o que evitamos e o que se desenha adiante com a mudança de rota.
Eso es alcanzar lo más alto,
lo que tal vez nos dará el Cielo:
no admiraciones ni victorias
sino sencillamente ser admitidos
como parte de una Realidad inegable,
como las piedras e los árboles."
Muitos de nós que vivemos juntos a realidade inegável do setor de saúde suplementar e da Caixa de Assistência nos últimos anos, que protegemos a entidade e associados revertendo quadros adversos, não soubemos nos unir em prol de algo coletivo maior. A responsabilidade do que vier de futuro talvez sirva de reflexão às gerações seguintes das lideranças do movimento social organizado porque a história humana tem diversos exemplos de consequências advindas da falta de unidade em momentos decisivos.
Sabemos que sem os princípios basilares e os paradigmas de consenso - manter a solidariedade no sistema de custeio, fortalecer as unidades de atendimento em saúde nos Estados, a atenção primária e medicina de família e a participação social - a Caixa de Assistência não será uma Cassi para todos, como deve ser.
Ainda farei dois meses de registros no blog Categoria Bancária. Registros com simplicidade e honestidade nas opiniões e dados que vamos apontar sobre esses quatro anos de história da nossa querida Caixa de Assistência. Segue firme o meu compromisso de deixar disponível o material que produzimos sobre a Cassi e o mandato para entidades sindicais, associativas e Conselhos de Usuários.
Abraços,
William
Parabéns William pelo trabalho realizado!
ResponderExcluir