terça-feira, 13 de novembro de 2018

Por que o fascismo prevaleceu após a 1a Guerra Mundial?


Historiador Eric Hobsbawm.

Frases que nos colocam a pensar:

"O que deu ao fascismo sua oportunidade após a Primeira Guerra Mundial foi o colapso dos velhos regimes, e com eles das velhas classes dominantes e seu maquinário de poder, influência e hegemonia. Onde estas permaneceram em boa ordem de funcionamento, não houve necessidade de fascismo...." (Pág. 129)

(HOBWBAWM, Eric. Era dos Extremos. In: Capítulo 4 - A queda do liberalismo, Companhia das Letras, 2ª Edição, 33ª reimpressão)


Pergunto aos amigos leitores: seriam Trump e Bolsonaro consequências de processos semelhantes um século depois? 


(Além, é claro, das fraudes nos processos "democráticos", pois lá no Norte os sistemas de algoritmos influenciando comportamentos e fake news via Cambridge Analytica foram denunciados após as eleições em 2016 e, aqui no Sul, as castas golpistas de 2016 impediram por zilhões de fraudes processuais o ex-presidente Lula de disputar e vencer as eleições no primeiro turno, e as fake news de Bolsonaro, financiadas por caixa 2, via empresários apoiadores do B17, conforme denúncia da Folha de São Paulo, pesaram decisivamente no resultado do processo eleitoral)


Post Scriptum (pouco depois da postagem inicial):

Vejam aqui mais uma análise de Hobwbawm sobre aquela época que, na minha opinião, muito se assemelha ao contexto dos anos 2016-2018 do século seguinte à 1ª GM:

"As condições ideais para o triunfo da ultradireita alucinada eram um Estado velho, com seus mecanismos dirigentes não mais funcionando; uma massa de cidadãos desencantados, desorientados e descontentes, não mais sabendo a quem ser leais; fortes movimentos socialistas ameaçando ou parecendo ameaçar com a revolução social, mas não de fato em posição de realizá-la; e uma inclinação do ressentimento nacionalista contra os tratados de paz de 1918-20. Essas eram as condições sob as quais as velhas elites governantes desamparadas sentiam-se tentadas a recorrer aos ultra-radicais, como fizeram os liberais italianos aos fascistas de Mussolini em 1920-22, e aos alemães aos nacional-socialistas de Hitler em 1932-3. Essas, pelo mesmo princípio, foram as condições que transformaram movimentos da direita radical em poderosas forças organizadas e às vezes uniformizadas e paramilitares (squadristi; as tropas de assalto), ou, como na Alemanha durante a Grande Depressão, em maciços exércitos eleitorais. Contudo, em nenhum dos dois Estados fascistas o fascismo 'conquistou o poder', embora na Itália e na Alemanha se explorasse muito a retórica de se 'tomar as ruas' e 'marchar sobre Roma'. Nos dois casos, o fascismo chegou ao poder pela conivência com, e na verdade (como na Itália) por iniciativa do velho regime, ou seja, de uma forma 'constitucional'." (Pág. 130)


Comentário do blog - Há semelhanças impressionantes com o contexto da tragédia farsesca que ocorreu no Brasil nas eleições de 2018.


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